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Capítulo 5

Kevin 

—  Papai, a gente vai para onde? — perguntou minha filha.

— Vamos para cidade natal do papai, São Paulo, meu amor. 

— falei.

Desejei que ela adquirisse meu idioma, ela conversa fluentemente tanto em português quanto em alemão, mesmo tão novinha, ela já frequentava a escola e é tão perspicaz que aprendeu a falar português com facilidade.

Neste momento estou a bordo da aeronave refletindo sobre a minha cidade natal, onde não retorno há mais de quinze anos, meus pais já não residem lá, o que é uma bênção.

Retornar à minha cidade me fez recordar daquele período e dela, já fazia bastante tempo que não refletia sobre aquela fase, quando eu era extremamente feliz apenas por estar junto da minha amada.

Constantemente meu pensamento estava nela, no entanto, ao retornar para minha cidade hoje, algo despertou dentro de mim e do meu cérebro, fazendo com que eu não consiga parar de pensar nela. Será que ela ainda reside em São Paulo? Ou teria se mudado para algum outro local? É angustiante não ter notícias de alguém que sempre esteve em meu coração e em meus pensamentos, minha Hadiya.

Jamais tive notícias sobre o paradeiro de Hadiya, desconheço o que aconteceu com minha pequena, aquela que permanece sempre em minha memória e acredito que continuará para sempre, falam que o primeiro amor nunca se apaga, para mim foi exatamente assim, sempre a mantive presente em meu coração.

Sempre existiu um lugar especial dentro do meu coração para ela, torço sinceramente pela sua felicidade, talvez até já esteja casada e com filhos, vivendo uma vida plena. Meu coração deseja isso, mesmo que eu não saiba ao certo se conseguiria suportar vê-la com outro homem, nem mesmo em pensamento.

Desde que tomei a decisão de retornar, não consigo parar de pensar nela nem por um momento, se ela ainda estiver residindo em São Paulo e sendo casada, é bem provável que eu a encontre radiante ao lado do marido.

Ah, não suporto a ideia de imaginar minha pequena com outro homem, isso me deixa furioso só de considerar, é verdade que me casei e tive uma filha maravilhosa, mas foi só isso, nunca houve amor entre Magda e eu, eu até simpatizava com ela no início, quando era uma jovem adorável, mas agora nem isso. Preciso parar de pensar nisso, senão minha mente vai pirar.

Ao chegar em minha cidade natal, São Paulo, decido ir diretamente ao restaurante, embora a chata queira voltar para casa. Ainda tenho pendências para resolver, então, se ela quiser, terá que me esperar.

Ao chegar no requintado e elegante restaurante, entreguei minhas chaves no balcão designado, subi para minha mesa e fui agraciado com um tratamento caloroso por todos os funcionários. No entanto, Thomas se destacou por sua gentileza e atenção especial.

O ex-proprietário dos restaurantes era tão incompetente que levou os negócios à ruína. Conheci todos os funcionários, exceto a recepcionista, que diziam ser excelente. Esqueci de perguntar seu nome, então a chamei para minha sala. Ao levantar os olhos para vê-la, quase tive um infarto. Ela estava lá, real e bela como nada que eu já tinha visto. Fiquei paralisado, meu coração querendo saltar do peito.

Não conseguia articular uma palavra, apenas fixei meu olhar na bela mulher à minha frente, o desejo de abraçá-la e dizer que sou eu, Kevin, e que nunca a esqueci em toda minha vida. Não sei o que dizer neste momento, nem como proceder, estou trêmulo apenas de olhar para ela. Eu reconheço que é ela, não preciso saber seu nome para reconhecer que é minha Hadiya. Jamais poderia esquecer esses olhos, este rosto, mesmo que ela tivesse apenas doze anos quando fomos separados.

Sinto um desejo irresistível de abraçá-la e realizar algo que sempre quis desde os treze anos: dar-lhe meu primeiro beijo. Nunca antes havia sentido tamanha vontade de beijar alguém, pois até então nem mesmo gostava de garotas, imagine só beijar uma aos treze anos.

Infelizmente não consigo, ela nem mesmo reconheceria quem sou realmente, pois na época em que ela me conheceu, meu cabelo era de outro tom. Agora, não sei o que aconteceu, pois ele está castanho. Tudo mudou e quem me viu aos treze anos não me identificaria de forma alguma.

Seus belos olhos castanhos me fitam intensamente, é como se o universo estivesse conspirando contra mim. Por tanto tempo fiquei sem notícias dela, e agora, de repente, ela está ao meu lado. A nostalgia toma conta de mim, é como se meu coração fosse explodir de saudade.

Mal tinha cruzado a porta e já despejou palavras, questionando se estava prestes a dispensá-la. Suplicou delicadamente para que reconsiderasse e então desatou a falar incessantemente.

— Não, eu não vou te despedir, fique calma. 

— Eu falei. 

A acalmei, antes que caísse na minha frente, precisava acalmá-la e meu coração que não parava de bater.

— Obrigada. — Ela falou. — Eu me chamo Hadiya, senhor.

A respondi, mas eu acho bom ela parar com esse, senhor. Isso, só pensei, mas não falei. Ela está muito linda, gostosa e quando ela falou o que eu ouvi, quase infarto outra vez, que mãe dela havia morrido. 

Maithê não estava mais entre nós, porém era estranho, sua mãe atendia por outro nome.

Deus reside com a governanta na residência, lágrimas marejavam em seus olhos. Queria tanto confortá-la, dizer que tudo ficaria bem, que eu retornei, mas não posso. Tenho uma esposa e ainda preciso me separar de Magda, mesmo sabendo que ela me trai. Parece que sou o homem mais enganado do mundo.

Ela partiu, prometendo voltar ao serviço e deixando um vazio em mim, estou em apuros.

Naquele momento no local de trabalho, senti um impulso intenso de me comunicar com ela e não resisti, me aproximei de onde ela estava e durante nossa conversa mencionei meu sobrenome, que acredito que ela não conheça e ainda assim é tão comum no mundo.

Não posso revelar minha identidade real, pois temo a rejeição dela caso saiba quem sou de verdade. Peço sinceramente a Deus que ela não me despreze e que um dia possa me perdoar.

De repente, a excêntrica Magda chegou desabafando que não aguenta mais estar ao lado da própria filha. Às vezes, me sinto tentado a mandar essa mulher para longe, questiono por que a convidei, repito em pensamento. Hadiya agora está ciente de que sou casado e provavelmente acredita que tenho o casamento dos sonhos.

Caramba, é inacreditável o que está acontecendo comigo. Depois de todos esses anos, nos reencontramos e agora isso. Me afastei, observei atentamente e vi que ela nos encarava com aqueles olhos familiares, cheios de tristeza. Meu coração se apertou só de imaginar alguém fazendo algum mal a ela.

Onde estão os familiares dela? Por que a mãe decidiu deixá-la com a minha mãe que possui preconceitos?

Deixei o restaurante mais cedo e perdi o contato com minha bela. Segui para minha residência, adquiri uma casa espaçosa, adentro e percebo que tudo era simplesmente maravilhoso!

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