No Quarto de Eric
No dia seguinte, quando cheguei a mesa do café, Eric já estava lá.
Evitava olhar para Eric ao máximo, sabendo que minha maldita timidez denunciaria tudo aquilo o que eu estava sentindo. O frio na barriga, o estômago revirado, a sensação de calor se espalhando pelo meu corpo.
Mas sempre que nossos olhares se cruzavam, ele sorria daquele seu jeito pervertido, ou piscava maliciosamente, mostrando que suas intenções de me corromper para o mundo dos pequenos delitos ainda não haviam sido inteiramente satisfeitas.
Na madrugada anterior, subimos as escadas silenciosamente e ele me surpreendeu com outro beijo, ainda mais deliciosamente perfeito, quando me deixou na porta do quarto.
Fui dormir com malditas borboletas voando no meu estômago. E elas ainda não haviam se dissipado pela manhã.
— Hannah, o que acha de a gente conhecer a cidade, hoje? — Rebeca abriu o sorriso do gato da Alice. — Quero dizer a cidade de verdade, sabe? Não isso aqui.
Foi quando eu senti um pé me cutucar sob a mesa, subindo pela minha canela.
— Eu? É .. — me atrapalhei toda, sentindo Eric brincar com o pé na minha canela subindo até quase o meu joelho. Olhei na sua direção. Discretamente, ele fazia um sinal de negativo com a cabeça.
Rabiscava alguma coisa em um guardanapo e não participava da conversa. Não parecia nem um pouco interessado.
— Não — Rebeca revirou os olhos. — A porra da minha avó... Hannah Flynn. Você já conheceu? É uma velhinha adorável que mora no porão.
— Não seja grossa, Rebeca — ele disse, sem tirar os olhos do papel. — Ela pode simplesmente não querer ficar seguindo você como um cachorro pelos seus passeios chatos, o dia todo.
Aparentemente, os Flynn não gostavam de empregados rondando a casa, então, diferente da minha própria família, era a Sra Flynn quem cuidava pessoalmente de tudo na casa. E, nesse momento, ela estava recolhendo a louça do café e olhou para Eric com reprovação.
— Se Hannah não vier comigo, vai fazer o que trancada nessa casa? Essa droga de cidade é um tédio.
— Eu gosto daqui — Sarah opinou.
— Você gosta do homem que não sai daqui, né? — Rebeca jogou um guardanapo amassado nela.
— Rebeca tem ciúmes de Sarah e o namorado — Eric provocou, do outro lado da mesa, de frente para mim.— Agora ela não tem mais a irmãzinha companheira de farras e confidente de baboseiras, entendeu?
— Olha só, falou a autoridade — Rebeca parecia a ponto de saltar sobre a mesa e arrancar os olhos dele. — Afinal, se alguém aqui entende de farras é você, não é mesmo?
Os cantos da boca de Eric se curvaram para baixo.
— Cala a boca, Rebeca.
— Por que? Logo agora que o assunto ficou interessante?
— Cala... já... a boca.
— Você sabia, Hannah, que o Eric tem metade da cidade contra ele por causa de todas as merdas que ele aprontou? — ela sorriu de lado. — E a outra metade, bem... a outra metade não se importa muito com ele.
— Eu mandei você calar a boca — Eric rosnou, se levantando tão rápido que derrubou a cadeira. Quando percebeu o que fez e todos os olhares voltados para si, ele cerrou os punhos e murmurou baixo: — Me desculpem.
Ele se virou e subiu as escadas, de dois em dois degraus, até desaparecer de vista. O silêncio só terminou quando ouvimos o baque da porta do quarto sendo fechada.
Meu coração batia forte, martelando nas costelas.
O que Rebeca quis dizer com aquilo? Por que Eric tinha metade da cidade contra ele?
— E aí, Hannah, nós vamos ou não vamos? — Rebeca insistiu como se nada tivesse acontecido. Depois disso, começou a falar sem parar e eu não ouvi absolutamente nada, com a minha cabeça fervilhando.
Quando dei por mim, só estávamos nós duas à mesa e ela me olhava, inquisitiva.
— Sabe o que é, Rebeca? Eu não estou muito bem para sair hoje. A gente não pode deixar para amanhã?
— Não quer sair de casa? Aposto que isso tem a ver com você ter chegado bem tarde a noite passada, não é?
— Rebeca...
— Tudo bem, eu não vou irritar você com isso. Só toma cuidado, tudo bem? O Eric tem o dom de decepcionar as pessoas, acredite em mim quando digo isso. Já fui vítima dele.
— Como assim?
— Deixa para lá — ela arrastou a cadeira para trás, então se levantou. — Até mais tarde.
— Até mais.
***
Subi as escadas e bati na porta do quarto de Eric, sem saber muito bem se estava tomando a atitude certa.
Quando a porta abriu, paralisei ao vê-lo tão lindo, usando uma box preta e branca, listrada, e nada além. Ele tinha um corpo musculoso e bem definido, em exageros, e não parecia tímido com a sua falta de roupas. Nem tampouco satisfeito.
Deu um passo para o lado e eu percebi que aquele seria o melhor convite que receberia. Entrei no quarto, olhando bem ao redor. A maior parte dele era decorado em branco e cinza chumbo. A colcha sobre a cama era azul marinho, com uma aparência macia.
— Não dá pra entender esse lance da Rebeca, sabe? Às vezes, eu acho que ela realmente me odeia. — Eric secava o cabelo com uma toalha. Tinha acabado de sair do banho, o que explicava o fato de não estar usando roupas, mas não acalmava a fúria hormonal dentro de mim.
— Claro que não — dei uma risadinha nervosa. — Ela é louca por você, esse é o problema. Ela não sabe lidar com isso porque tem que dividir você com o resto do mundo, é só isso. Para ela, seria somente você e ela, e mais ninguém.
Ele me encarou com um misto de incredulidade e gratidão. Depois, abriu um sorriso de canto que tornou seu rosto menos torturado.
— Você é boa nessas coisas, Coelhinha.
— Que coisas?
— Mentir para proteger.
Fiquei um pouco corada e ele se aproximou, atirando a toalha sobre a cadeira giratória que ficava atrás da mesa do computador. Chegou perto o bastante para eu sentir o calor emanar do seu corpo e minhas entranhas se derreterem.
— Por que está me olhando assim?
— Estou tentando decidir que tipo de consolo você queria oferecer, quando bateu na porta desse quarto.
O que eu senti foi uma mistura única de vontade de bater nele e arrancar suas roupas.
— Você é mesmo um babaca.
— Então agora concorda com a minha irmã?
— Vou descer — dei meia volta, mas Eric agarrou meu braço e me fez virar de frente para ele de novo.
Seu cheiro de sabonete e loção era enlouquecedor. Ele estendeu a mão livre e seu polegar roçou minha bochecha, fazendo as borboletas no meu estômago voltarem a vida.
— Estou pensando no beijo que te dei ontem — ele chegou o rosto tão perto do meu que poderia muito bem me beijar de novo. Sua voz era rouca, baixa e arrastada. Abri os lábios com a sensação de pálpebras pesadas. — Não sei se foi uma boa ideia. Na verdade, provavelmente foi uma ideia péssima. Mesmo assim... quero provar da sua boca de novo e ver se ela ainda é deliciosa a luz do dia.
Respirei com dificuldade quando seu nariz encostou no meu. Inclinando a cabeça para cima, para encontrá-lo no meio do caminho, deixeibque cubra meus lábios com os seus. Eric me beijou com suavidade, uma carícia morna que foi se tornando molhada a medida que sua língua entrava em ação. Ela passeou, primeiro, ao redor da minha boca, provando e experimentando.
— Deliciosa — ele gemeu, com os olhos verdes abertos e vidrados. — Preciso de mais.
O beijo agora não teve nada de delicado. Eric explorava minha boca com a sua língua, me fazendo gemer de prazer. Ele era bom demais nisso. Não parecia só um beijo, de jeito nenhum. Parecia que estávamos fazendo amor sem tirar minhas roupas.
Fiquei mole e preguiçosa, meu corpo se derretendo junto com minha sanidade mental, enquanto ele arrastava sua maravilhosa boca pelo meu pescoço. Os pelinhos da minha nuca se eriçaram instantaneamente. Ele envolveu meu rosto com as duas mãos e eu segurei seus braços para que não parasse.
Eric parou o beijo e me olhou de um jeito que deveria ser proibido. Meu corpo oscilou no chão e eu me agarrei ao seu peito. Meu Deus, como era quente e tinha um cheiro tão bom.
— Vista uma roupa confortável — ele mordeu a boca com um sorrisinho malicioso. — Tenho planos para essa manhã, Hannah Scott.
Eu apenas balancei a cabeça e deixei o quarto, zonza. Dei uma conferida no quarto de Rebeca e ela já tinha saído para o seu passeio pela cidade. Sarah, àquela hora, já devia estar na casa de Jack - e em seus braços, certamente. Os únicos em casa, éramos o Sr e a Sra Flynn, Eric e eu.
Tomei um banho e coloquei um vestido curto e solto, com estampa floral. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo alto. Estava mais quente do que no dia anterior, então esperava que nossa aventura de hoje envolvesse água, sombra e ar fresco.
Quando Eric desceu as escadas, sexy e perigoso, seu sorriso colocou fogo na minha calcinha. Ele usava uma camisa preta, que realçava a cor incrível dos seus olhos, e jeans que marcavam seu corpo com perfeição, especialmente as pernas muito bem torneadas.
— Pronta? — seu ar era profundamente misterioso.
Meu estômago dava voltas, mas consegui assentir uma vez antes de segui-lo até a picape
