Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

A Casa dos Flynn

A casa dos Flynn era realmente grande, mas muito aconchegante. O quarto maior pertencia aos pais, que haviam viajado para o Bayou Classic, o torneio anual de futebol em Nova Orleans.

Aparentemente, eles tinham algumas manias interessantes. Ambos eram fãs de esporte e adoravam culinária. Mas enquanto a Sra Flynn era uma professora, o Sr Flynn administrava um negócio rentável.

Sarah tinha me arrastado até o quarto dos pais .

— O que eu vou contar a você fica sendo um pequeno segredinho nosso.

— Pode falar, eu sou otima para guardar segredos.

— Está vendo aquela banheira lá dentro?

— É uma banheira bem grande.

— Sim — ela sorriu de canto. — Jack e eu já usamos ela muitas vezes.

— Por favor, é informação demais  — eu apertei os lábios, rindo.

— É sério, amiga. Você precisa experimentar uma banheira um dia. Acho que não a dos meus pais.

— Com certeza não a deles. Chega, Sarah, por favor. Não quero ficar imaginando nada enquanto ando pelos corredores dessa casa, tá?

— Então, sorte da Hannah que do feriado para cá, nossos pais com certeza já trocaram os lençóis do quarto dela  — Rebeca se aproximou com seu sorriso rebelde. — A propósito, eu vou te levar até lá.

—Onde está sua mala? E a minha? —eu perguntei.

—O imprestável já trouxe para cima e levou para os quartos.

— Certo. Mas você não precisava ter cedido o seu quarto para mim, Rebeca. A gente poderia dividir.

— Isso seria ótimo —ela suspirou, com dramaticidade. —Mas quero te dar um pouco de privacidade, à noite, quando você estiver pelada, gemendo e se tocando sob os lençóis.

—Precisam de alguma ajuda?

Meus olhos se moveram para o topo da escada, onde Eric estava parado com um sorriso quente e debochado no rosto.

Eu olhei na direção de Rebeca, querendo fuzilá-la, mas ela não deu a mínima. Era totalmente alheia a qualquer tipo de inibição.

—Sim, você poderia ir dormir em outro lugar e liberar o quarto para a nossa hóspede — ela disse com um sorrisinho sarcástico.  — O que acha, idiota?

—Agradeço a oportunidade, mas não —ele atravessou o corredor daquele jeito lento e predatório que fazia minhas pernas amolecerem, me olhando com malícia indisfarçada. —Mas se ela quiser um colega de quarto, estou a inteira disposição.

— Que grande babaca. Por que isso não me surpreende? Vamos, Hannah. Vou te mostrar seu quarto. Meus pais ficaram mal por não poder receber você, mas os dois são fanáticos por futebol e não perdem o torneio por nada. Mas amanhã eles vão estar aqui para o café da manhã.

—Não tem problema. Deixa eles se divertirem. Vou adorar conhecer os dois amanhã.

Honestamente, eu só esperava sobreviver até lá, tendo Eric Flynn como meu anfitrião.

***

Eu tinha tomado um banho longo e bem quente e, agora, estava me vestindo para dormir.

Camisa de banda confortável ok, calça de pijama quentinha e confortável ok. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo baixo e chequei as mensagens no meu celular, antes de finalmente desligar o aparelho e me deitar na cama. Eu odiava quando as atualizações interrompiam o meu sono, que era muito leve.

Nossa, eu estava cansada. Não havia percebido como tinha sido longa viagem, até agora, até me deitar e sentir o corpo relaxando pouco a pouco. A viagem de trem tinha deixado o meu corpo todo tenso e dolorido.

Com a cabeça no travesseiro, pensei no internato e na minha própria casa em Nevada. Imaginei como meus pais estariam se sentindo por eu ter preferido passar as férias com amigos e não com eles, e me senti mal por achar bem-feito se eles estivessem aborrecidos comigo.

Os dois eram um capítulo a parte na minha vida. E não um capítulo bom.

Fechei os olhos, tentando dormir, mas um som baixo e melódico do outro lado me fez abri-los novamente.

Era uma guitarra? Meu coração acelerou e eu me apoiei em um cotovelo e cheguei mais perto da parede, colando meu ouvido a ela, enquanto os acordes chegavam até mim, cada vez mais baixos até cessarem completamente. Mas que droga.

Então Eric Flynn tocava guitarra? Aquilo era uma surpresa. Pensei em seus olhos maliciosos e seu sorriso depravado no rosto. Eu não tinha nenhuma experiência, exceto uns beijos sem sal trocados atrás do internato com os garotos do colégio do outro lado da rua e, de repente, me vi tentada a abrir a porta do quarto e ir procurá-lo. Com certeza, ele seria um bom professor. Seria paciente? Ou apressado? Cobri os olhos com as mãos e sorri, lembrando dos comentários que Rebeca havia feito sobre o irmão.

Vagabundo total sem a menor noção de caráter e boas maneiras.

Na manhã seguinte, eu tinha me conformado em morrer de tédio. O Sr e a Sr Flynn foram aproveitar o sábado ensolarado em uma pescaria, em um lago próximo. Os dois despediram-se de mim, depois do café, e saíram, sorridentes, enquanto Sarah acenava da porta. Eles eram como a família perfeita e eu me sentia muito bem fazendo parte daquilo, mesmo que por pouco tempo. Meus pais eram duas pessoas frias e distantes, preocupadas demais com o mercado imobiliário para perder tempo com a própria filha.

Sarah tinha saído para ir encontrar com o namorado logo cedo, e Rebeca ainda estava no quarto, com uma cólica insuportável. Então, liguei para os meus pais, avisando que tudo estava correndo muito bem, obrigada, e não ... eu realmente não pretendia voltar para casa agora. Minha mãe acusou-me de estar querendo brincar de casinha na casa dos outros, e disse que minha rebeldia não tinha sentido algum. Então, eu desliguei o telefone sem dizer mais nada. O sábado estava bonito demais para permitir seu tom de dondoca da alta sociedade ferir os meus ouvidos.

Fui até o quarto, coloquei um jeans e um suéter azul de manga longa, e calcei botas de cadarço. De jeito nenhum, o pântano ia me pegar de surpresa. Tinha decidido dar uma volta pela região, fazer um reconhecimento de área, e estava me sentindo empolgada. Sarah e Rebeca já haviam me falado tanto sobre a floresta que era quase como se eu a conhecesse.

Quando saí, olhei para trás, para a casa que ficava no alto de uma colina, rodeada por ciprestes. O ar estava frio e denso, mas eu relutei em voltar e pegar um casaco, por isso, respirei fundo e comecei a minha expedição pela floresta que tinha uma entrada pela lateral da propriedade dos Flynn. Pensei em procurar o tal lago, mas não queria atrapalhar o romance do Sr e da Sra Flynn, então tomei a direção contrária.

Andei por vários minutos, dentro da floresta espessa, de árvores compridas e de aparência fantasmagórica. Eram os tais ciprestes que Sarah havia falado. Por aqui, eles pareciam ser enormes, muito maiores do que os que havia perto da casa. O pio dos pássaros fez o medo cravar suas garras geladas no meu coração.

Eu tinha me perdido.

Depois de voltas e voltas sem chegar a lugar nenhum, meus pés estavam doloridos e eu não fazia a menor ideia de como voltar. O celular não tinha sinal e, sem outra alternativa, continuei andando, torcendo para reconhecer algum sinal, alguma pista, que me fizesse crer que estava no caminho certo.

O medo me fazia suar apesar do frio que estava fazendo. Meu cabelo foi se soltando do rabo de cavalo e, agora, caía em mechas na frente do meu rosto. Depois de um tempo, comecei a sentir fome e m e lembrei, com raiva de mim mesma, que tinha dispensado o café da manhã para fazer aquela expedição idiota. Meu estômago roncava como se não visse comida há dias.

— Você é uma imbecil, uma grande imbecil —  reclamei, furiosa, enquanto me equilibrava por cima de um punhado de pedras que pareciam ser uma trilha.  — Que tipo de pessoa sai sem rumo por um lugar que nunca viu na vida?

— O tipo de pessoa está fugindo de alguma coisa.

A voz rouca atrás de mim me fez girar sobre os calcanhares e eu me desequilibrei, mais uma vez indo parar nos braços de Eric. Arfei com o coração  aos pulos, seus olhos consumindo os meus e me deixando sem fôlego.

A casa dos Flynn era realmente grande, mas muito aconchegante. O quarto maior pertencia aos pais, que haviam viajado para o Bayou Classic, o torneio anual de futebol em Nova Orleans.

Sarah tinha me arrastado até lá para confessar, naquele tom baixo que a gente usa para contar sacanagens, que usava a banheira dos pais para transar com o namorado sempre que eles estavam fora.

— Por favor, é informação demais  — eu apertei os lábios, rindo.  — Não quero ficar imaginando nada enquanto ando pelos corredores dessa casa, tá?

— Então, sorte da Hannah que do feriado para cá, nossos pais com certeza já trocaram os lençóis do quarto dela  — Rebeca se aproximou com um sorriso felino. — A propósito, eu vou te levar até lá.

—Onde está sua mala? E a minha? —perguntei.

—O imprestável já trouxe para cima e levou para os quartos.

— Certo. Mas você não precisava ter cedido o seu quarto para mim, Rebeca. A gente poderia dividir.

— Isso seria ótimo —ela suspirou, com dramaticidade. —Mas quero te dar um pouco de privacidade, à noite, quando você estiver pelada, gemendo e se tocando sob os lençóis.

—Precisam de ajuda?

Meus olhos se moveram para o topo da escada, onde Eric estava parado com um sorriso quente e debochado no rosto.

Eu olhei na direção de Rebeca, querendo fuzilá-la, mas ela não deu a mínima.

—Sim, você poderia ir dormir em outro lugar e liberar o quarto para a nossa hóspede — ela disse com um sorrisinho sarcástico.  — O que acha?

—Agradeço a oportunidade, mas não —ele atravessou o corredor daquele jeito lento e predatório que fazia minhas pernas amolecerem, me olhando com malícia indisfarçada. —Mas se ela quiser um colega de quarto, estou a inteira disposição.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.