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Capítulo 2 O intruso

AVA

— Acredito que você tem algo que me pertence.

Suas palavras permanecem no ar por apenas um segundo antes que suspiros chocados irrompam da plateia como uma onda.

Meu coração batia tão forte contra minhas costelas que achei que fosse quebrar, e pisquei para o intruso, completamente incrédula.

Dele? Do que diabos ele estava falando?

Meu olhar encontra meu pai. Ele está congelado no lugar, seus lábios ligeiramente separados e olhos arregalados de puro choque enquanto olha fixamente para o homem que se autodenominava Nikolai.

— O que está acontecendo, Marcus! — Alessandro rugiu, seu olhar cheio de fogo e raiva fixo em meu pai. Seu rosto estava vermelho como um tomate e prestes a explodir.

Um sorriso lento e predatório surgiu no canto dos lábios do intruso enquanto ele enfiava as mãos no bolso com toda calma do mundo.

— É bem simples, Alessandro. Você foi enganado como um idiota.

Como se tivesse sido arrancado de um transe, meu pai olhou para cima, seu olhar encontrando o meu em meio ao caos. Remorso nublou suas feições como uma tempestade.

— Me perdoe, Ava — diz meu pai, me lançando um olhar de desculpas tão patético que faz meu sangue ferver.

Minhas sobrancelhas franziram enquanto uma onda lenta de pavor se instalou na boca do meu estômago como um peso de chumbo.

— O que você fez dessa vez?

— Foi há muito tempo — ele começou, sua voz pesada enquanto continuava como se carregasse o mundo nos ombros. — Os russos, eles sequestraram você porque eu estava atrasado com a remessa deles. Você se lembra?

Como eu poderia esquecer? Os três dias que passei trancada sob o poder dos russos permaneceram como a experiência mais traumática dos meus vinte e um anos na Terra. Cada segundo daquele pesadelo ainda visitava meus sonhos.

— Implorei para que me devolvessem você. Implorei para que poupassem sua vida, mas eles se recusaram a ver a razão. Disseram que se eu não trouxesse a remessa conforme combinado, eles matariam você. Eu tinha que fazer alguma coisa. Eu tinha acabado de perder sua mãe; não podia perder você também.

Meu coração afundou até o chão. Não. Por favor, não me diga que ele fez o que eu acho que ele fez.

— O pai de Nikolai decidiu que a única maneira de deixar você ir e me perdoar seria se eu concordasse com um contrato.

— Que tipo de contrato, pai? — perguntei, minhas mãos tremendo tanto ao meu lado que eu mal conseguia controlá-las.

— Ava...

— Que tipo de contrato? — repeti, elevando a voz até quase gritar.

Ele hesitou, passando a mão pelos cabelos ralos antes de me encarar:

— O contrato estipulava que você se casaria com Nikolai no dia do seu vigésimo primeiro aniversário.

Minha respiração ficou presa na garganta e meus olhos se arregalaram quando percebi o que ele estava dizendo. A realidade me atingiu como um caminhão em alta velocidade.

— Você me vendeu duas vezes.

Seu silêncio foi a única resposta que precisei para confirmar minha suspeita. A última gota de autocontrole que ainda me segurava quebrou como um galho seco.

— Como você pôde! — exigi, meu pulso batendo tão alto em meus ouvidos que quase não ouvia minha própria voz.

Eu não conseguia respirar direito. Meu pai, o homem em quem eu confiava minha vida, tinha me vendido não para um, mas para dois dos homens mais perigosos da cidade como se eu fosse uma mercadoria qualquer.

— Você era apenas uma criança. Eu não queria fazer isso, mas minhas mãos estavam amarradas. Se eu tivesse recusado, eles teriam matado você na hora. Eu não consegui. Sinto muito, Ava... se eu pudesse voltar atrás e me impedir de fazer esse acordo, eu faria. Eu não queria que as coisas acabassem desse jeito — ele se vira para Nikolai com olhos raivosos. — E você. Você não deveria estar aqui. Você deveria estar...

— Morto? — Nikolai interrompe, um sorriso sardônico se esgueirando em seu rosto como uma cobra pronta para dar o bote. — Vamos lá. Você, de todas as pessoas, deveria saber que será preciso mais do que um fogo miserável para me manter debaixo da terra.

Ele inclina a cabeça para o lado, estreitando os olhos enquanto me examina de cima a baixo como se eu fosse um pedaço de carne no açougue.

— E você deve ser Ava. Nossa, você não é um colírio para os olhos — ele diz, as palavras sombrias e carregadas de um desejo mal disfarçado.

Eu não deveria achar o jeito que ele diz isso atraente. Eu sei muito bem disso, mas ainda assim não consigo evitar o leve rubor que seu elogio traz à minha pele como um fogo lento.

Ele começa a andar em minha direção com passos deliberados, mas Antonio não o deixa chegar nem perto de mim.

— Eu não daria mais um passo se fosse você — ele rosna rudemente, com a sutileza de um rinoceronte. Antonio endireita os ombros, ajusta sua postura e me força para trás dele, agindo como uma barreira humana entre Nikolai e eu.

— Você não tem ideia de com quem está lidando — Antonio ferve de raiva.

Nikolai estuda Antonio por um momento, seu olhar piscando com uma pitada de diversão enquanto ele se inclina ligeiramente para trás sobre os pés e levanta uma sobrancelha perfeita.

— Não é?

Num movimento rápido que mal consigo acompanhar, Antonio me empurra em direção ao seu padrinho e saca uma pistola preta e elegante do coldre, mirando o cano diretamente no centro do peito de Nikolai como se não tivesse medo algum.

Nikolai estalou a língua e se aproximou do cano da arma como se fosse uma brincadeira.

— Eu não faria isso se fosse você — ele comentou, usando o dedo indicador para bater levemente na ponta do cano como se fosse um brinquedo e não uma arma carregada.

— Me tente — Antonio retrucou, apertando com mais força o cabo da arma até seus nós dos dedos ficarem brancos.

— Sugiro que você vá embora. Qualquer acordo que você e o pai dela tiveram antes é considerado nulo, no que me diz respeito, nada é devido a você.

— Pelo contrário, ela me é devida — Nikolai respondeu suavemente, um brilho perigoso se formando em seus olhos verdes que pareciam quase brilhar. Ele bate no cano da arma mais uma vez com uma audácia impressionante. — Sugiro que você guarde essa coisa e ouça o que tenho a dizer.

O maxilar de Antonio fica tenso como uma pedra, mas ele não faz nenhum movimento para largar a arma.

— Claro que sim. Você não pode simplesmente entrar aqui e fazer exigências. Da última vez que chequei, os russos não fazem as regras por aqui. Nós fazemos.

O canto dos lábios de Nikolai se levantou em um sorriso presunçoso enquanto ele arqueava uma sobrancelha.

— É mesmo? Talvez você reconsidere depois de ouvir o que tenho a dizer.

Arqueei minha sobrancelha, completamente perdida. Eu não entendi qual era o ângulo dele, e nem ninguém mais, pelo que parece. À primeira vista, não havia nada em Nikolai que me parecesse o tipo de homem que agia por instinto ou impulso. Um homem como ele não entraria aqui sem ter algum tipo de carta na manga e parece que eu não era a única que pensava assim.

— Já chega, Antonio — o som da voz de Alessandro corta o ar como uma navalha, cortando a tensão entre os dois homens.

— Mas Pai...

— Abaixe a arma, Antonio — mas ele não faz nenhum movimento para fazer o que seu pai diz.

— AGORA! — Alessandro gritou com tanta força que as paredes da capela pareceram tremer.

Os dedos de Antonio se flexionaram em volta do gatilho da arma, sua mandíbula estava tensa enquanto ele mantinha sua postura defensiva como um touro furioso.

O olhar de Nikolai cai sobre o dedo de Antonio, ainda pairando sobre o gatilho, e um sorriso zombeteiro se espalha em seus lábios quando ele vê a hesitação de Antonio.

— Sugiro que você ouça o que o velho diz — ele diz, com a voz calma como a água de um lago, — A menos, é claro, que você prefira ser a razão pela qual seu pai perde sua única filha.

Alessandro enrijece como se tivesse levado um choque e a risada de Antonio ecoa nas paredes da capela.

— Boa tentativa — ele zomba, trocando a arma para a outra mão. — Mas minha irmã nem está no país.

— Você está certo — Nikolai concordou sem perder o ritmo, como se já esperasse essa resposta. — Sua irmã deveria estar na França hoje. Na verdade, o avião dela acabou de pousar, exceto... — ele faz uma pausa dramática, um sorriso maníaco se curvando em seus lábios, — ela não está nele.

A risada de Antonio desapareceu instantaneamente, transformando-se em um olhar de descrença absoluta. Seus olhos se arregalaram quando a realidade das palavras de Nikolai se estabeleceu como um soco no estômago.

— Você está mentindo, seu filho da puta — Antonio retrucou, mas o tremor em sua voz trai sua incerteza. Olho para frente e para trás entre os dois homens, tentando acompanhar o jogo de poder que acontece diante dos meus olhos.

— Estou? — ele inclinou a cabeça para o lado como um predador curioso, — Posso garantir que você não vai pensar assim depois de verificar seu telefone.

Como se fosse uma deixa ensaiada, o som de telefones zumbindo se filtra pelo ar. Alessandro foi o primeiro a pegar seu celular, e eu observei seu rosto empalidecer com o que quer que estivesse na tela, como se tivesse visto um fantasma.

— O que é? — Antonio pergunta, seu aperto na arma vacilando enquanto ele sente a reação do pai. A mão de Alessandro tremeu enquanto ele segurava o telefone na frente dele, a luz da tela iluminando sua expressão tensa e derrotada.

— É... É um vídeo da Clara — ele diz e então olha para Nikolai com o medo estampado nos olhos, — Ele a tem.

A expressão de Antonio mudou de descrença para raiva ardente enquanto ele encarava Nikolai como se pudesse matá-lo apenas com o olhar.

— Como você ousa. Se você tocar em um fio de cabelo da minha irmã, eu juro que vou...

— Cuidado agora — Nikolai o interrompe com frieza glacial. — Você vai querer pensar duas vezes sobre o que vai dizer em seguida. Você não gostaria que algo terrível acontecesse com sua preciosa irmãzinha agora, gostaria?

Antonio cerra os dentes com tanta força que posso quase ouvir o rangido, seu rosto tenso com a força da raiva crescente que parece prestes a explodir.

— Largue a arma e afaste-se — ordena Nikolai com a calma de quem já ganhou a partida.

Antonio cerra o punho livre, a tensão nos ombros apertada enquanto respira fundo como um touro prestes a atacar, e então, para minha surpresa, joga a arma para o lado. Ela faz um barulho metálico contra o piso de mármore, ecoando pela igreja agora silenciosa como um cemitério.

— Excelente escolha — Nikolai sorriu, um brilho predatório dançando em seus olhos verdes enquanto ele olhava em minha direção como se eu fosse seu prêmio. Não era a primeira vez que fazíamos contato visual durante toda essa loucura, mas dessa vez parecia diferente, mais intenso. Meu coração bate forte contra minha caixa torácica enquanto o vejo subir lentamente no altar, tomando seu tempo. Ele fica na mesma posição em que Antonio estava há poucos segundos, como se assumisse o lugar que sempre foi seu. Antonio se afasta no momento em que seu padrinho solta meu braço de seu aperto como se eu queimasse. Nikolai estende a mão, uma oferta silenciosa, me pedindo para pegá-la.

Eu não faço isso. Não vou dar esse gostinho a ele.

— Você está delirando se acha que vou me casar com você — as palavras saem dos meus lábios antes que eu possa impedi-las, mais ácidas do que eu planejava. Meus ombros ficam tensos e um suspiro nervoso escapa da minha garganta quando ele se aproxima, ficando bem na minha frente como uma parede intransponível.

Ele levanta um dedo, arrastando o dígito ao longo do meu pescoço em uma carícia tão leve que parece quase uma brisa, o movimento frio e deliberado antes de descansar seu dedo em meu queixo. Minha respiração fica superficial enquanto ele agarra meu queixo entre seu polegar e indicador, inclinando minha cabeça para trás até que nossos olhos se encontrem sem escapatória.

E eu gaguejo como uma idiota.

Seus olhos eram do tom de verde mais extraordinário que eu já tinha visto na vida. Como um ímã poderoso, eles pareciam me puxar para dentro, me sugando para suas profundezas até que tudo que eu conseguia ver era a escuridão que estava por baixo daquele verde hipnotizante.

Ele sorri, seus lábios se curvando para cima em um sorriso que faria qualquer mulher derreter, mas é desprovido de qualquer calor real.

— Não me lembro de ter lhe dado uma escolha — ele se inclina ainda mais, seu nariz roçando o meu até que seus lábios roçam minha orelha, causando arrepios em toda a minha pele como choques elétricos. — Você é meu, Solnyshko.

Solnyshko? O que diabos isso significava? E por que soava tão estranhamente familiar? Minha cabeça latejava enquanto eu tentava juntar as peças, tentando entender por que tudo sobre esse homem me dava uma sensação de familiaridade que eu não conseguia explicar.

— Eu não pertenço a você — retruquei com toda a força que consegui reunir, tentando ao máximo manter minha respiração e mente sob controle antes que ele percebesse o efeito que tinha sobre mim.

Devo estar ficando completamente louca. Por que eu estava irritando ele dessa forma? Uma pessoa inteligente saberia que irritar um chefe da máfia perturbado, especialmente um que estava atualmente mantendo a filha de outro chefe da máfia como refém, era uma péssima ideia que poderia me custar a vida.

Mas aqui estava eu fazendo exatamente isso, como se tivesse perdido todo o instinto de sobrevivência.

Seu olhar cai para meus lábios como um predador escolhendo onde atacar, e meu corpo fica rígido como uma estátua. Ele sorri de forma perigosa, como se soubesse exatamente o efeito que causava.

— Vamos consertar isso, sim? — ele diz com uma promessa sombria na voz, então abaixa a mão e se afasta, me soltando de repente. Eu tropecei para trás, piscando rapidamente enquanto lutava para processar o que diabos tinha acabado de acontecer entre nós.

Ele volta sua atenção para o padre que estava como um espectador silencioso e apavorado das armas e da guerra que ameaçavam eclodir em sua igreja.

— Termine a cerimônia — ele ordenou, a voz grossa e despojada do tom provocador que ele tinha momentos antes. O padre hesita, seus olhos se arregalando enquanto ele abre a boca para protestar, mas antes que ele pudesse dizer uma palavra Nikolai saca sua pistola com uma velocidade impressionante, mirando o cano no centro da testa do padre sem hesitação. O padre engole nervosamente enquanto seu olhar dispara para a arma sendo pressionada em sua testa.

— C-bem, eu vou f-fazer isso, s-só guarde a g-arma, p-por favor — ele gaguejou com a voz trêmula como uma folha ao vento.

O sorriso de Nikolai retornou triunfante e ele abaixou a arma, satisfação brilhando em seus olhos como um felino que pegou sua presa.

— Boa escolha. Pule direto para os "eu aceito", e se você tentar algo engraçado, não hesitarei em acabar com você aqui mesmo.

O padre assente rapidamente, obviamente traumatizado por sua experiência de quase morte.

— Hum... Você, Ava Blackwood, aceita esse homem Nikolai Volkov como seu legítimo marido?

Abro a boca com a intenção de protestar com todas as minhas forças, mas as palavras morrem na minha garganta quando vejo meu pai pelo canto dos olhos, seu rosto pálido como papel.

— Com uma condição — declaro, minha voz surpreendentemente firme enquanto olho para o homem cujo sorriso maníaco desapareceu mais uma vez.

— O que é? — ele pergunta, curioso e cauteloso ao mesmo tempo.

— Se eu fizer isso, você tem que proteger minha família dos Morettis. Meu pai e meu irmão.

— Ava... — meu pai começa a dizer com voz fraca, mas eu o encaro com tanta intensidade que ele se cala imediatamente.

— Por mais que eu odeie você agora, não estou pronta para perder você ainda. Você pode pensar que estou fazendo isso porque ainda me sinto obrigada a proteger você, mas não se engane, pai, esta será a última vez que você me verá.

Virei-me para Nikolai com toda determinação que consegui reunir:

— Então, temos um acordo?

Algo muda na expressão de Nikolai, oscilando entre as linhas de intriga e diversão como se eu fosse um quebra-cabeça que ele estava tentando resolver:

— Você quer que eu proteja o homem que te vendeu para salvar seu próprio pescoço?

Concordo com a cabeça, já me arrependendo da minha decisão mas seguindo em frente mesmo assim:

— Se isso significa que você protegerá minha família, estou disposta a fazer o que você quiser.

Seus lábios se erguem em um sorriso irônico que faz meu estômago dar voltas:

— O que eu quiser? — Seu olhar escurece vários tons, como uma tempestade se formando. — Você tem certeza disso?

Havia um tom perigoso em sua pergunta que faz meu peito apertar como se fosse difícil respirar.

Concordando com a cabeça mesmo assim, eu respondo:

— Sim — minha voz treme com minha resposta, apesar dos meus melhores esforços para parecer firme.

Nikolai inclina a cabeça para o lado, examinando-me com um olhar tão atento e calculista que parece que ele está vendo através da minha alma.

— Muito bem — ele diz depois do que pareceram horas de silêncio, e o alívio percorre meu corpo como uma onda quente, fazendo a tensão sair dos meus ombros.

— Obrigada — murmuro, baixando o olhar.

A cerimônia continua em um borrão de palavras e quando o padre me pergunta novamente se eu aceito Nikolai como meu marido, não há hesitação em minha voz quando digo que sim, selando meu destino para sempre.

— Com o poder investido em mim, eu agora os declaro marido e mulher. Vocês podem... hum, vocês podem beijar sua noiva — o padre termina, claramente desconfortável com toda a situação.

Nikolai não perde tempo e se abaixa, capturando meus lábios em um movimento fluido que me pega de surpresa.

Começo a me afastar instintivamente, mas ele não permite. Agarrando meu quadril firmemente com uma mão forte, ele me puxa para perto dos planos rígidos de seu corpo como se eu pesasse menos que uma pena.

Um gemido traiçoeiro sobe pela minha garganta contra minha vontade. É suave e quase inaudível, mas está lá, e ele ouve. Ele faz um som no fundo da garganta, entre um rosnado e um gemido, que vai direto para o meu centro como uma flecha certeira.

Coloco uma mão em seu peito firme, meus lábios hesitantes enquanto eu tentava imitar seus movimentos experientes. Caso não esteja claro, eu não beijei muitos homens na minha vida. Na verdade, só beijei três, e dois deles foram antes do ensino médio, então duvido que eu pudesse contá-los na minha lista de conquistas amorosas.

Sua mão grande e quente segura minha nuca, me puxando para ainda mais perto e engolindo os sons que ameaçavam escapar dele, como se não quisesse mostrar fraqueza.

Sua língua separa meus lábios com facilidade e eu gemo vergonhosamente com o gosto dele. Há algo sobre esse beijo que me afeta de forma incontrolável. Algo que me faz sentir como se o mundo inteiro fosse sair do eixo se seus lábios deixassem os meus por um segundo. O que é completamente insano pensar porque há apenas alguns minutos o homem que eu admito estar gostando demais de beijar ameaçou acabar com a vida de uma garota inocente.

Eu me afasto abruptamente, encerrando o beijo antes que perdesse completamente o controle de mim mesma.

Os lábios de Nikolai pairam sobre os meus por um momento e nossos olhares se encontram apenas por um breve segundo que parece durar uma eternidade. Meu coração martela contra meu peito como um tambor desenfreado enquanto leves baforadas de ar escapam dos meus lábios inchados.

Eu não deveria ter gostado tanto disso. Não deveria ter sentido o que senti.

Uma pitada de desejo escuro brilha em suas íris, acendendo algo dentro de mim que eu não sabia que existia.

Ele me quer. De verdade.

Essa percepção envia uma emoção inesperada por todo o meu corpo como uma corrente elétrica.

O padre pigarreia desconfortavelmente e nós dois nos viramos para encontrar o padre e todos os outros nos encarando sem jeito, como se tivessem testemunhado algo íntimo demais.

Meu corpo formiga quando Nikolai levanta o polegar até o canto dos lábios, limpando com calma a mancha que meu batom deixou em seus lábios durante nosso beijo intenso. O gesto é tão íntimo que quase me faz corar novamente.

— Os noivos, pessoal — o padre anuncia, recuando rapidamente e nos apresentando a uma plateia completamente atônita.

Olho para o homem que agora era oficialmente meu marido e meu coração despenca até o estômago. O que diabos aconteceria comigo agora?

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