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Capítulo 8

Rei Luiz Cezar narrando:

— Querida, ouça o que eu tenho a te dizer... — me ajoelho ao seu lado passando as mão em seu rosto — eu jamais mandaria o nosso filho se ele corresse um perigo real, era apenas um teste! fui traído por Garth! Ele me traiu matando o meu único filho! — Davina me olha confusa, — vamos vingá-lo! vou preparar nosso exército e iremos atacar Kahabe sem ao menos um aviso, Haian está preso porque a maioria da culpa foi dele... olha para mim, você precisa ser forte! — Davina volta a chorar puxando-me para um abraço.

— Meu menino... meu pobre menino... — lamentou-se em meus braços e choro junto com ela.

Não é suportável a dor de perder um filho, e a única coisa que está me mantendo em pé é a sede de vingança.

Quinze dias depois...

Louise narrando:

Tudo está uma correria em Filipinas, homens estão sendo convocados de todas as províncias para se juntar ao exército que atacará Kahabe em honra do Príncipe Cezar, eu sei disso porque meu pai é do conselho real, entretanto, essa é uma informação completamente sigilosa.

A mensagem que foi posta em todas as cidades convocando as moças ainda estão nos mesmos lugares, me pergunto se meu pai estava certo quando disse que seria o tal concurso para a rainha, já que normalmente os comunicados deveriam estar sendo retirados...

Estou praticando as minhas partituras de piano, Davina está discretamente ao meu lado e meus pais estão apreciando enquanto eu manejo o instrumento.

— Oh! — minha mãe exclama assustada — meus vestidos chegarão hoje de Parthis! como eu fui me esquecer? chegarão dentro de duas horas!

Parthis é um país aliado de Filipinas que fica ao lado de Kahabe, Parthis é rico em confecções de vestidos e minha mãe e eu usamos vestidos apenas costurados pela madame Luiza, a mais talentosa de todas.

— Que ótimo, querida! — meu pai finge alegria — Davina! Prepare-se para ir até o porto buscar nossa encomenda! — meu pai a encarrega.

Pelo menos a Davina pode sair às vezes e não é presa como eu, que só saio em companhia dos meus pais para lugares chatos onde só frequentam pessoas mais chatas ainda.

Davina narrando:

Tudo isso me comove. O fato de que o príncipe morreu tão cedo e de uma forma tão drástica me fez chorar, por mais que eu não tivesse o conhecido eu ouvia bastante falarem sobre ele, ele não teve a chance de aprender nada sobre a vida. Não teve a chance se quer de tentar mudar.

Estou dentro de umas das mais pequenas carruagens dos Lennes, essa é aquela que eles nunca entram, é especialmente para os criados, ainda assim é muito bonita. No caminho, observando o mar logo ao lado, vou me perguntando se algum dia terei vestidos tão lindos quanto os de Louise, sou uma jovem com grandes anseios, porém, conformada, ela já tentou dar um deles para mim, aceitei de bom gosto o presente de uma querida amiga, entretanto o guardião revista-me toda vez que saio e entro na casa deles, e em uma dessas revistas eu descobri que não posso receber presentes da Louise, ordem da senhora Lenne. Bom, o jeito é eu aproveitar as belezas naturais que ninguém pode arrancar de mim, por exemplo, a alegria que me toma olhando essas rochas que enfeitam a praia de uma riqueza de azuis...

A carruagem pára de repente quando ainda estamos alguns quilômetros do porto.

— Por que paramos, Brando? —questiono abrindo a cortina.

Brando, é um atraente rapaz loiro de estatura mediana, trinta anos, nos conhecemos desde quando eu cheguei aqui em Lurhuis, ele é sobrinho da falecida mulher do meu tio Barnabé.

— Davina, lamento, infelizmente o cavalo machucou a pata traseira, teremos que parar — explica praguejando alguma coisa.

— Não acredito! coitado do cavalo! Você deveria prestar atenção sobre onde guiá-lo! —

desço da carruagem com a ajuda desnecessária de Brando que insiste em ser um cavalheiro.

Caminho em rápidos passos até o pobre animal.

— Coitadinho — lamento acariciando o rosto do animal, — o que faremos? — encaro Brando que me devolve o olhar preocupado.

— Estamos na metade do caminho, você escolhe se quer voltar ou prosseguir, se quiser prosseguir nós alugaremos uma condução lá no porto para retornarmos.

— Brando, fique aqui com o cavalo que eu irei até o porto e voltarei logo... - Digo já me preparando.

— Não, nem pensar! Não pegará bem para você se estiver no porto sozinha sem nem um acompanhante! Sem falar que é perigoso! — Explicou.

— Brando, não podemos deixar o coitadinho sozinho! Prefere que eu fique na carruagem, então? — pergunto confusa.

— O que poderá acontecer ao animal? Ele está ferido, ninguém conseguirá roubá-lo... certamente será sacrificado pelos Lennes.

— Não irei permitir que tal coisa aconteça com ele! e a carruagem ainda poderia ser levada... não importa, não deixarei que nada aconteça ao cavalo.

— Hadassa, não seja teimosa! quem irá ouvir você?

— Eu prefiro não receber o meu pagamento, receberei o cavalo no lugar.

— Mas ainda assim, terá que deixá-lo sozinho para irmos ao porto, mesmo que roubem a carruagem, você é muito mais valiosa, e outra, não diga tolices, um cavalo com a pata quebrada não serve para nada.

— Não importa, não sairei daqui, vá até o porto buscar as encomendas, permanecerei exatamente aqui — bato o pé para reafirmar a minha decisão — irei me esconder caso alguém apareça e nada irá me acontecer, não discuta comigo.

Brando parece pensar por alguns segundos e então sua expressão se relaxa, com muito esforço escondemos a carruagem e o cavalo atrás de uma rocha enorme.

Ele me conhece. Ele sabe muito bem que quando eu me decido não adianta ele discutir comigo.

Já que com os meus empregadores eu não posso responder, eu o faço para todo o resto.

— Aqui está a minha espada, — Brando mostrou, sabe usar, né? eu te ensinei — lembrou-me.

— Sei... mas eu te garanto que não vai chegar a tanto... — balanço a cabeça negativamente, divertindo-me com as preocupações absurdas do meu amigo.

Brando começa a se distanciar, olhando-me com preocupação.

— SE CUIDE, VOU CORRENDO O MAIS RÁPIDO QUE EU POSSO! — Gritou, já correndo.

Vou para trás da rocha fazer companhia ao cavalo.

— Vou chamar você de... deixe-me pensar... Magnífico! que tal? — converso animada com ele que parece estar dormindo, — não vou deixar que sacrifiquem você, vamos dar um jeito.

O cavalo realmente adormeceu, deixo-o e vou caminhar na areia, é pertinho e posso ver tudo o que acontece aqui. Eu adoro fazer isso, andar com os pés descalços, sentir o vento bruto marítimo brincar com os meus cabelos, me trás uma sensação de carinho, como se o mar me amasse, o meu tio sempre me trás. Alguns minutos depois eu avisto de longe que dois homens esquisitos estão se aproximando, descendo de um pequeno barco, aproveito para me esconder entre uma das rochas, espero que eles se afastem logo, ainda bem que eu trouxe a espada comigo.

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