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Capítulo 02 - Que o jogo comece...

Daniel estava tendo um momento de paz sentado naquele bar de esquina onde oitenta porcento dos estudantes de Stanford frequentavam - por ser o mais perto do campus - mas que, naquele fim de tarde, de uma segunda-feira nublada, estava quase vazio.

Algumas mesas afastadas de onde ele estava sentado bebendo a sua cerveja - e cercado por outras meia dúzia de latinhas vazias, havia começado um alvoroço de estudantes bêbados - os únicos outros estudantes que estavam no bar, naquele horário, de uma patética segunda-feira.

- Ela vai voltar para mim, vocês vão ver. - Dizia um imbecil, aparentemente, mais bêbado do que os outros.

O resto do grupo de estudantes que o cercavam, vaiaram, desacreditados.

E não é para menos, era Hunter quem estava falando, eu também não acreditaria em uma mísera palavra do que ele estava dizendo. Daniel pensou, revirando os olhos e não fazendo questão em prestar atenção àquela conversa, por mais bêbado que ele pudesse estar.

E Daniel Baker nunca fica bêbado, não depois do último porre que tomou em sua vida. O primeiro e último.

- Sim, é verdade. E vocês vão ver! - Hunter exclamou, entusiasmado. - Depois que eu conversar com ela e me explicar, ela nunca mais vai duvidar de mim!

Daniel bufou, revirando os olhos, quando aquela voz bêbada chegou até os seus ouvidos. Eles estavam falando sobre Emma Moore.

E por mais que ele odiasse aquela princesinha mimada, ele precisava admitir que, embora ela tivesse muitos defeitos e poucas qualidades, Emma Moore não tinha cara de quem não tinha cérebro para acreditar em qualquer mentira que Hunter pudesse lhe dizer, ao menos não com as notas que tirava em cálculo avançado.

Sim, ele compartilhava algumas aulas com a princesinha, e, tendo uma base pelas matérias que ambos cursaram, juntos, Emma Moore podia ser tudo, mas burra não era um dos seus defeitos.

Qualquer um que conseguia tirar uma nota maior do que um “B - ” em cálculo avançado merecia o seu respeito. E esse era o caso de Emma Moore, mesmo que Daniel preferisse perder os dois rins antes de admitir isso a ela.

Além disso, ela era muito… bonitinha para querer ficar presa a um imbecil como Hunter “sei-lá-do-quê”.

- Eu aposto cinco dólares! - Outro bêbado, ao lado de Hunter, levantou a voz, falando.

- É isso aí! É disso que eu tô falando! Você não vai se arrepender, meu amigo! Esses cinco dólares já estão garantidos! - Hunter falou, empolgado, todo enrolado por causa da quantidade de bebidas que tomou, abraçando o seu amigo.

- Não, não! - O outro falou, se desvencilhando dos braços de Hunter - Aposto cinco dólares em Emma Moore!

O grupo inteiro caiu na gargalhada. Até mesmo Daniel esboçou um sorriso de sua mesa, tentando esconder atrás de sua latinha de cerveja.

Hunter foi o único a não achar graça, continuando a pregar sobre o quanto Emma o amava e que, certamente, ela o perdoaria por um deslize quando ele jurasse amor eterno.

O típico discurso de bêbado. É só um lembrete de porquê eu nunca devo ficar bêbado. Daniel pensou, bufando.

- O que você acha? - Carter perguntou, sentando-se ao seu lado, e o sobressaltando.

- Você, por aqui? Em uma segunda-feira? Isso sim é épico. O que aconteceu? - Daniel perguntou ao seu amigo.

- Notas ruins. Não quero falar sobre isso. Quero apenas beber e me descontrair.

Daniel assentiu, compreensivo, afinal, quantas vezes ele não foi naquele bar querendo exatamente o mesmo?

Ficaram em silêncio por um instante, antes que Carter voltasse a perguntar:

- Você não me respondeu. O que você acha? - Ele apontou com a cerveja para onde o grupo estava reunido, debatendo sobre Emma Moore.

- Acho que são uns idiotas. - Daniel falou, sem vontade de participar daquela discussão que não tinha nada a acrescentar em sua vida.

- Sim, mas, a questão é, será que Emma Moore é ainda mais idiota do que eles, para cair nesse conto?

Daniel sabia a resposta. E a resposta era “Não”. Ao invés disso, ele perguntou:

- E por que eu deveria me importar?

- Bom, é que eu pensei que, como você vem atormentando ela há anos, que você pudesse estar… você sabe… e agora que ela está solteira… - Carter começou a gaguejar sob o olhar frio de Daniel.

- Eu não poderia me importar menos com essa garota.

Mas Daniel se recordava, e provavelmente Carter também, de que já tinha sentido certa atração por aquela princesinha, quando ela era apenas uma caloura. Agora, no entanto, Emma Moore não despertava sequer uma mísera atração nele. Tudo tinha esfriado, como todas as outras mulheres que passaram pela cama de Daniel, com a diferença de que ela não precisou passar por sua cama para que, o que quer que fosse que ele sentisse por ela, esfriasse completamente.

- … Emma é apaixonada por mim desde o ensino médio. - Daniel escutou Hunter se gabar - Ela vai vir para mim implorando para ser minha novamente.

Isso calou todo o grupo que zombava dele.

Até mesmo Daniel ficou em dúvida sobre se Emma Moore aceitaria Hunter de volta. E pensar que ela pudesse ser tão absurdamente besta o fez tremer por dentro.

- Bom, tudo bem, se você não tem qualquer interesse por ela, então… - Carter continuou a dizer.

De súbito, como se levasse um choque, Daniel levantou-se, arrastando a cadeira para trás, tão rápido, que ela fez um barulho horrível, chamando a atenção de todo o bar para ele. E, como se de um robô se tratasse, ele disse, em alto e bom tom, mas guiado por sua estupidez:

- Eu aposto que a princesinha não é tão idiota de ficar com você duas vezes, Hunter. E mais, serei eu a tirar essa ilusão da sua cabeça.

- O que você está fazendo?! - Carter sussurrou para ele, tentando se encolher em sua cadeira, não querendo que qualquer um deles o associasse com Daniel Baker, embora se sentassem na mesma mesa. O resto do bar ficou em completo silêncio.

- Fique fora disso, Baker. - Hunter rosnou, cerrando seus punhos bêbados.

- Por que? Tem medo de brincar? - Daniel o provocou.

- Não tenho medo, imbecil. Apenas não quero…

- Ah, já entendi tudo. - Daniel o interrompeu - Está com medo de perder e fazer papel de idiota. Tem medo do quê, Hunter? De que eu consiga, realmente, fazer com que Emma Moore caia de amores por mim? A questão é, será que ela é idiota o suficiente para voltar para você ou é absurdamente estúpida por se apaixonar por mim? E então? O que vocês acham? Façam as suas apostas, rapazes.

Daniel tomou o resto de sua cerveja e deu as costas para o grupo, saindo do bar e ouvindo os amigos de Hunter mudarem suas estúpidas apostas, mesmo que Hunter não tenha concordado com aquele jogo.

Mas Daniel não tinha com o que se preocupar, não é? Ele estava com uma mulher diferente toda semana, às vezes, mais de uma por semana, ele não tinha sentimentos por Emma Moore e, se alguma vez sentiu algo por ela, havia desaparecido há anos.

Era apenas um jogo, não era?

Ninguém sairia ferido.

Emma Moore já o odiava mesmo, ele só daria a ela ainda mais motivos para se manter longe dele, quando tudo aquilo acabasse e o jogo fosse revelado.

Porque o jogo que Daniel Baker havia iniciado, seria revelado a ela, em algum momento. Porque assim era a vida. Havia sempre um desgraçado que daria com a língua nos dentes. Ele só esperava que fosse depois que tivesse ganhado a aposta, ou ele teria perdido.

Mas ele não tinha qualquer medo de que pudesse se apaixonar por ela ou algo pior, porque Emma Moore era sem graça nesse nível. Daniel apenas queria tempo para levá-la para a cama, para que toda a sua curiosidade com aquela princesinha mimada terminasse. Era apenas curiosidade. Curiosidade em saber o que Emma Moore escondia debaixo daquelas roupas de executiva aposentada.

Minha avó se veste melhor do que ela. Daniel pensou.

- O que foi isso?! Pensei que Emma Moore não te interessasse! - Carter exclamou, seguindo-o para fora do bar.

E não me interessa, Carter, é apenas um jogo, mas fique fora disso e me deixe mostrar a esse imbecil que ninguém, nunca, vai conseguir me superar quando se trata de mulheres!

Você só pode estar de brincadeira.

Não, eu não estou.

Mano, eu espero que Emma Moore nunca descubra sobre isso, porque se ela descobrir… Você já era.

Sim, Daniel estava bem ciente de que Emma colocaria um anúncio no jornal oferecendo uma recompensa pela sua cabeça, quando descobrisse aquele jogo.

No dia seguinte, Emma entrou no campus com a roupa que ela batizou de “vestida para matar”, que consistia em uma saia curta de sarja bege com algumas pregas, uma blusa preta básica e botas de cano alto, pretas e de salto agulha.

A mudança nela era óbvia e, por mais que sentisse vontade de sair correndo e se esconder em sua sala de aula que, por sinal, era cálculo avançado, ela se forçou a caminhar lentamente, com a cabeça erguida, como sua mãe a havia instruído naquela manhã.

“Intimidante e sexy ao mesmo tempo. Ninguém vai mexer com você.” Foram as palavras exatas de Emily Moore.

Logo que entrou no campus, localizou Hunter em um canto, agarrado a Tiffany, mas, como todos os outros alunos, ele também parecia hipnotizado por Emma.

Ela fingiu que não o viu, nem mesmo quando ele soltou a vagabunda e correu para se aproximar dela. Emma apenas acelerou o passo e não lhe deu a chance de começar a falar.

Todos foram capazes de ver como Emma Moore esnobava Hunter, o melhor jogador que a Universidade possuía, o que, para Emma, sendo sincera, não significava nada, afinal, ela odiava futebol americano, e se dissesse que entendia alguma coisa, estaria mentindo.

Ela sentou em seu lugar de costume na aula de cálculo avançado, na segunda mesa da segunda fileira, tentando ser indiferente aos olhares que recebia dos outros alunos, e ao silêncio que se seguiu à sua entrada. Estava aliviada, no entanto, que Hunter, Tiffany ou qualquer um de seus amigos, não compartilhavam aquela aula com ela.

Cálculo Avançado não era para qualquer um, afinal. Ela pensou, esquecendo-se, no entanto, que Daniel Baker frequentava aquela aula.

E só percebeu o seu engano quando ele entrou, e fixou seu olhar irônico sobre ela.

Era como se dissesse: Bem, não precisava ter se incomodado tanto por causa do que eu disse.

Emma encolheu-se, pensando que ele viria com alguma piadinha por causa de sua mudança de visual, o que, provavelmente, desencadearia para que todos os outros alunos zombassem dela.

Daniel, no entanto, apenas puxou a cadeira ao lado da sua, ao invés de ir para seu costumeiro lugar no fundo da sala, e sentou-se ao seu lado, sem dirigir-lhe qualquer outra palavra ou olhar.

Ela respirou aliviada.

A aula começou e, quando todos estavam distraídos, não demorou muito para que um bilhete chegasse até a sua mesa.

Emma ignorou, fingindo que não era nada, imaginando o que poderia ser. O dia anterior havia sido cheio daqueles bilhetes que ela nunca sabia de onde vinha, cheio de piadinhas a seu respeito e o que diziam sobre ela pelos corredores, alguns vinham até com algum desenho grotesco dela, no que considerava o pior dia de sua vida, quando descobriu que Hunter e Tiffany a traíram.

Dessa vez, no entanto, ela decidiu que ninguém estragaria a sua autoestima com alguma frase invejosa.

No entanto, poucos minutos depois, um novo bilhete foi jogado nela, atingindo sua nuca.

Ela não foi rápida o suficiente antes de que Daniel estendesse o braço, pegando-o do chão antes dela. Depois, ele inclinou-se sobre a mesa dela e pegou o primeiro bilhete de sua mesa.

- Ei! - Emma sussurrou para ele - Me devolva!

Ele fingiu que não a escutou e abriu os bilhetes.

Emma encolheu-se em seu assento, imaginando que morreria de vergonha. O primeiro bilhete dizia: “Frígida no amor, frígida na cama.”

E o segundo bilhete era um desenho dela e de Hunter na cama, transando na posição “papai e mamãe”, e a legenda em cima dizia: “Momento Frígido”.

Ela fechou os olhos, esperando que Baker dissesse algo, mas tudo o que ele fez foi lançar a ela um olhar que Emma não soube interpretar, rasgar os dois papéis e jogá-los no lixo.

De certa forma, aquilo pareceu desencorajar os outros a não continuar suas provocações.

E Emma agradeceu por isso, embora nunca, jamais, em hipótese alguma, pudesse ter coragem suficiente para chegar em Daniel Baker e agradecer a ele por aquilo.

Ela sequer tinha coragem de olhar em sua direção, seu rosto extremamente vermelho de vergonha, e desejando poder abrir um buraco e se enterrar, para sempre.

Daniel olhava para a prova de cálculo avançado que a professora jogou em sua mesa, corrigida.

D-.

Ele não se surpreendeu com a sua nota horrível. Todos os seus pensamentos sobre Emma esquecidos e substituídos pela sua preocupação em não passar naquela matéria.

Aquela aula era horrível.

Aquela professora era horrível.

E ele começava a suspeitar que nunca chegaria perto de passar naquela aula sem ajuda.

Daniel deu uma olhada para a prova de Emma, imaginando que ela deveria ter tirado um “B+”.

Caralho! Aquilo era um A?! Ele pensou, no momento exato em que ela percebeu que ele estava espiando sua prova, e a guardou na bolsa.

O sinal tocou e Emma saiu correndo da sala, primeiro do que qualquer outra pessoa, não dando a chance de Daniel fazer a ela a proposta indecente que estava em sua mente.

Obviamente, ele já sabia que não seria nada fácil começar a sair com Emma. Ela era a única garota do campus que não se derretia de amores por ele. E embora isso fosse revigorante, também era frustrante para os planos dele. Daniel se lembrava das apostas no bar, e mesmo que tivesse dito aquilo apenas para que Hunter parasse de se gabar, ele ainda planejava mostrar a Hunter que ele não era nada.

Apenas no dia seguinte, quando a bebida deixou o seu sistema, foi que percebeu que aquela aposta também não seria nada fácil para ele, embora, talvez, tivesse mais chance de ter êxito do que o mauricinho.

Agora, sentado em sua mesa, na sala quase vazia de Cálculo Avançado, Daniel percebeu que, se quisesse se aproximar dela, não poderia chegar e perguntar algo, casualmente, a ela, pois ele já a havia ofendido e feito piada com Emma, que ela entenderia tudo como um insulto, uma piada, ou uma brincadeira de mau gosto.

Se ele quisesse se aproximar dela, ele percebeu, precisava ser à base de chantagem.

Nas próximas aulas até o intervalo, Daniel não prestou atenção em quase nada do que os professores diziam, criando o seu plano que a faria estar perto o suficiente dele para que ele pudesse jogar todo o seu charme para cima dela.

Emma estava tomando coragem para aparecer no refeitório, na hora do almoço. E tentando pensar em um plano para que conseguisse pegar sua comida e sair antes que Hunter tivesse tempo de chegar até ela.

Entre uma aula e outra, ele não fez outra coisa além de segui-la e tentar falar com ela. Teve sorte até o momento, de que ele não conseguiu, mas sua sorte não ia durar para sempre.

Ela deveria acabar logo com isso? Ou continuar se escondendo?

Não queria ter que ficar sem comer novamente por causa dele.

Não podia ficar sem comer para sempre, apenas para evitá-lo. Apenas a ideia de fazer isso era ridícula.

Esse medo é ridículo. Emma pensou.

Caramba, ele foi seu namorado por três anos, o que havia de errado em terem uma conversa?

Talvez fosse porque a conversa que tiveram no dia anterior não foi nada promissora antes dela fugir. Mais do que isso, aquele fracasso de conversa foi, no mínimo, asfixiante. Emma sentia que não conseguia respirar enquanto ele falava sobre voltar a ter um relacionamento, e aquela patética tentativa de pedido de desculpas da parte dele.

Ela respirou fundo, e entrou no refeitório lotado.

Seu plano era pegar a comida e sair correndo.

Simples.

Fácil.

Se não fosse a fila imensa.

Emma entrou no final da fila, ignorando todo mundo que a encarava abertamente ou os sussurros que pareciam segui-la.

- Podemos conversar? - Uma voz perguntou às suas costas, na fila.

Emma suspirou ao perceber que era Hunter.

- Eu tenho escolha? - Ela retrucou - Porque, se eu tiver, eu escolho não ter essa conversa. Mas parece que você não está me dando essa opção.

- É só uma conversa, Emma. Fomos namorados por três anos, e agora não conseguimos sequer ter uma conversa?

- Está bem. - Emma se rendeu - Diga o que tem para dizer, e depois desapareça da minha frente.

Hunter abriu a boca para começar, mas ela ergueu a mão, silenciando-o, e perguntou:

- Pode fazer isso ou não?

- Fazer o que? - Ele franziu o cenho em confusão.

- Desaparecer e me deixar em paz depois que falar tudo o que quer me dizer.

- Sim.

- Certo, estou ouvindo. - Emma resmungou, fazendo cara de aborrecimento.

- Eu te amo. - Foi o primeiro que Hunter disse, e Emma odiou que ele começasse aquela conversa daquele jeito, ela tinha vontade de dizer “E daí?!”, mas manteve a boca fechada e o deixou continuar. Quanto antes aquela conversa terminasse, mais rápido ela poderia escapar. - Eu te amo e o que aconteceu sexta não passou de um mal-entendido que eu posso explicar…

Nossa, mas que fila demorada! Emma pensou, desligando o seu cérebro da conversa que Hunter pensava que estavam tendo, não querendo realmente ouvir toda aquela baboseira. Ela pensou no que teria de almoço, que cheirava esplendidamente bem.

- … você de volta. - Hunter terminou o seu discurso. Como ela não falou nada, ele perguntou - E então?

- Não. - Foi a resposta dela.

- Não? Você sequer estava ouvindo o que eu estava falando?

- O suficiente para saber que qualquer frase que tenha as palavras “você” e “de volta” juntas, a resposta sempre vai ser “não”. - Emma retrucou, chocada por Hunter pensar que ela seria ingênua o suficiente para acreditar em toda aquela besteira que ele dizia. Sequer fazia sentido!

- Mas nós somos bons juntos. E eu posso te provar isso. - Ele falou, e, enquanto Emma estava distraída, ele a agarrou pela cintura e a beijou.

Imediatamente, ela o empurrou, gritando:

- HUNTER! QUE MERDA FOI ESSA?!

Ela não estava mais preocupada em não chamar atenção das outras pessoas para si, apenas queria se livrar dele. Estava irritada e gostaria de dizer muitas coisas para aquele idiota e presumido que um dia pensou sentir algo mais do que asco por ele.

Enquanto todos os observavam e Emma pensava no que dizer para acabar de vez com aquela ideia na cabeça de Hunter, uma voz disse:

- Ah, aí está você, amor. - E braços fortes e tatuados rodearam a sua cintura.

Surpresa, Emma olhou para cima, reparando em um peito duro e ombros largos que fizeram a sua calcinha molhar, embora nunca fosse admitir isso em voz alta, ainda mais quando percebeu a que rosto pertencia aquele corpo maravilhoso que a fazia esquentar em um milissegundo.

Daniel Baker.

Mas o que ele pensa que está fazendo?! Emma pensou, mas o seu choque era tanto que ela não conseguiu pronunciar qualquer palavra.

Estava muda.

E o pior de estar sem reação, era que Daniel continuou agindo estranho na frente de todos os alunos que frequentavam o refeitório, e Emma não era capaz de fechar aquela boca com um golpe.

- Amor, vamos sair daqui, eu preciso muito ter um momento a sós com você. Depois do que fizemos na noite passada, não acho que posso suportar sequer mais um minuto longe de você. Vem, querida, vamos até o quarto do zelador. O homem está tão velho que não vai se importar se usarmos a cama dele por alguns minutos, ou horas…

Daniel continuou falando enquanto a arrastava para longe da fila e para fora do refeitório, debaixo dos olhares atônitos de todos.

Emma também se encontrava no mesmo estado.

Ninguém nunca havia escutado Daniel Baker falar de forma tão carinhosa com mulher alguma.

E ele estava falando assim com Emma, o que era ainda mais surpreendente.

Ela sequer foi capaz de apreciar Hunter cerrando seus punhos de raiva, e tendo o que parecia ser uma crise de ciúmes.

Quando a porta do refeitório fechou atrás deles, Emma finalmente voltou a si, batendo com seus punhos naquele peito que, poucos segundos atrás ela estava cobiçando, embora nunca fosse admitir isso, nem sob tortura, e exclamou:


- O que você pensa que está fazendo?! Agora todo mundo pensa que estamos juntos! Ou pior!

- Mas nós estamos juntos, querida. Depois da noite que tivemos, você não pensou que eu me apaixonaria por você, amor? Quando você me chup…

- Cale a boca! Não se atreva a dizer isso aqui! Está todo mundo olhando! - Emma sibilou para ele.

- Então entre no personagem e vamos conversar no quartinho do zelador. - Daniel sussurrou em seu ouvido.

Ele a arrastou até uma porta que Emma nunca tinha entrado, e a empurrou para dentro, fechando a porta atrás de si e os isolando de ouvidos e olhares curiosos.

- Você está bêbado, Baker?! - Emma rosnou.

- Não.

- Então, que merda foi aquela?!

- Apenas eu sendo possessivo e ciumento. - Ele respondeu, tranquilamente, como se dissesse aquilo todos os dias.

- E por qual motivo, se não somos nada um do outro?!

- Você acreditaria em mim se eu dissesse que estou apaixonado por você desde o momento em que te vi pela primeira vez, e a pedisse em namoro nesse instante? - Daniel falou, dando a ela o seu melhor sorriso malicioso.

- Não! - Emma respondeu, curta e grossa, mas com o coração um pouquinho acelerado, que ela associou ao fato de que nenhum homem nunca havia se declarado a ela abertamente.

Ai, essa doeu. Daniel pensou, tentando não se encolher.

- Desde quando você sabe o que é namorar?! - Emma perguntou, incrédula.

- Posso ser um namorado melhor do que o seu principezinho de merda. - Daniel retrucou, sentindo-se, inexplicavelmente, insultado, e irritando-se por isso.

- Bom, mas esse é um caso hipotético, não é? Você não está realmente apaixonado por mim, então, por que não me diz o que você quer com tudo isso? - Emma cruzou os braços na frente do peito e esperou por uma resposta.

- Me ensine Cálculo Avançado e eu namoro com você. - Daniel soltou, de súbito, a sua proposta.

- E quem disse que eu quero ter você como namorado?!

Ai, de novo. Daniel pensou.

- Você não quer se livrar dos rumores que o seu namoradinho de merda causou? - Ele perguntou.

- Sim, mas a que preço? Não preciso de ninguém especulando sobre você e eu. Isso sim seria a morte para mim, ser associada a alguém como você. Além disso, eu não acredito que você consiga ser fiel em um relacionamento de verdade, imagine então em um de mentira.

- Eu posso ser fiel. - Daniel argumentou, sério, sabendo que tudo o que ela disse a seu respeito era verdade, e ele tentou não se ofender com aquilo de forma alguma, afinal, ele havia criado aquela reputação - E eu pensei que você quisesse se livrar dos rumores sobre ser frígida na cama, acima de qualquer coisa. E que melhor jeito de fazer isso do que namorar o cara mais desejado e mulherengo do campus?

- Para começar, por favor, não se chame dessa forma novamente, é nojento. E, em segundo lugar, Hunter é o cara mais desejado do campus, não você.

- Pare de pensar nele como uma mulher apaixonada pelo amor de Deus! É ridículo! Tenha um pouco de respeito e amor próprio ou esse nosso relacionamento nunca vai dar certo! Obviamente, ele te fez acreditar em coisas que estão longe de ser verdade. Hunter se acha “O Comedor”, mas as únicas duas infelizes que ele conseguiu traçar foram você e Tiffany.

- Ei! Isso não…!- Emma exclamou.

- O que eu falei sobre ter amor próprio? - Daniel ergueu a mão, interrompendo-a - Por favor, não o defenda.

Ela se manteve em silêncio, consciente de que defenderia Hunter apenas para não ter a própria reputação esmagada junto com a dele, como Daniel estava fazendo naquele momento.

Ele respirou fundo e juntou as mãos na frente do corpo, como se estivesse implorando, antes de acrescentar:

- Pelo amor de Deus, vamos dar o troco naquele imbecil, porque até eu já estou me retorcendo de vontade de me vingar por você.

E aquela foi a primeira vez que Daniel Baker disse algo que chegou remotamente perto de parecer gentil.

Suas palavras eram, por vezes, duras e, muitas vezes, a machucavam, mas, naquele momento, fizeram o coração de Emma acelerar, inexplicavelmente.

E talvez tivesse sido o seu coração, um pouco amolecido por suas palavras, que a vez dizer:

- Tudo bem, eu topo.

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