Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Capítulo 01 - Sexy como uma freira

“Você acredita que eles terminaram?”

“Eu não consigo acreditar que demorou tanto para ela perceber!”

“Nem eu! Quero dizer, Hunter trepava com uma menina diferente toda semana!”

“Até eu já transei com ele…”

“E precisou que a melhor amiga dela fizesse isso para que ela abrisse os olhos.”

“Coitadinha… Mas ele é lindo, obviamente queria experimentar outras mulheres além dela.”

“Ouvi dizer que ela é frígida.”

“Frígida? Com Hunter? Como alguém consegue ser frígida quando tem Hunter entre as suas pernas?!”

“Exatamente!”

Emma estava parada, debaixo da escada, escondendo-se. Era a hora do almoço e ela não conseguiu aparecer no refeitório nem para pegar o seu almoço. E pelos comentários que escutava, obviamente passar fome havia sido a melhor opção.

Frígida?! Ela não era frígida! Emma revoltou-se. Hunter que não sabia o que fazer quando tinha ela debaixo dele!

Ela sentiu vontade de sair debaixo da escada e gritar aquilo para aquelas duas vadias. E era o que teria feito, se não pensasse que aquilo poderia piorar ainda mais as coisas para ela.

O melhor a fazer era continuar com o seu plano inicial, que havia planejado naquela manhã, antes de ir para a aula.

Emma fingiria não se importar com o que estava acontecendo em sua vida, e logo os rumores sobre ela morreriam. Era isso, apenas precisava continuar com o plano.

O sinal tocou e Emma se preparou para sair de seu esconderijo e voltar para a aula. O dia ainda não havia terminado, infelizmente.

- Emma, nós podemos conversar? - Hunter entrou em seu caminho, e ela caminhava tão rápido que não conseguiu impedir a colisão, batendo de frente em seu peito, entortando o seu óculos.

Instintivamente, ele a segurou.

Ela se afastou, desconfortável com o toque dele e por estar tão perto dele. Olhou em volta e notou olhares curiosos que acompanhavam toda a conversa entre eles.

Emma já havia encontrado Tiffany pelos corredores naquele dia, e sua ex-melhor amiga traidora do inferno havia fingido que ela não existia, embora ela também não tenha feito qualquer esforço para conversar com aquela vadia, e nem pretendia, mas aquela era a primeira vez que Emma via Hunter depois daquela noite de sexta-feira em que ela descobriu que ele a traía.

- O que você quer? - Ela sussurrou, não querendo que os outros alunos ouvissem aquela conversa.

Quero dizer, de todos os lugares que Hunter poderia ter falado com ela, ele precisava mesmo fazer aquilo na frente de todo mundo? Depois que ela passou um fim de semana inteiro trancada dentro de casa, envergonhada demais para sair, esperando que ele viesse ao menos dar alguma satisfação? Qual era o problema dele, afinal?!

- Conversar. - Ele respondeu.

- Já estamos conversando. Diga logo de uma vez o que você tem para me dizer para que eu possa ir para a minha aula. - Ela falou, entredentes.

- Vamos voltar… - Hunter começou, mas Emma o interrompeu, indignada:

- Voltar para onde, se não fomos a nenhum lugar juntos?!

- Eu sinto a sua falta… - Ele tentou novamente.

- Mas eu não. - Ela o cortou novamente - Agora eu tenho que ir.

Emma começou a caminhar rapidamente, tentando manter o seu orgulho intacto, enquanto Hunter gritava o seu nome, e começava a segui-la.

- Me perdoe, por favor! - Hunter pediu, e todo o corredor pôde escutar o seu pedido de desculpas miserável.

Merda! Ela pensou, deixando a sua dignidade de lado e começando a correr para não ter que escutar aquela besteirada, ou ela iria vomitar ali mesmo.

Acaso ele não tinha noção do papel ridículo que estava fazendo?! Ela pensou, inconformada.

Como se ela pudesse perdoá-lo depois de tudo o que ele fez! Nunca!

Emma estava tão rápido que não conseguiu parar a tempo quando a porta de uma das salas de aula se abriu e alguém saiu de lá. Ela foi de encontro a outro peito masculino, colocando a mão em frente ao seu rosto para que seu óculos não sofresse o impacto novamente.

Braços fortes a rodearam, automaticamente, e a mão de Emma tocou peitorais extremamente duros, antes que ela erguesse o seu olhar para pedir desculpas.

Hm, mais fortes que os de Hunter. Ela pensou, eufórica, aproveitando-se e dando uma última apertada neles antes de recuar e olhar para cima, para ver a quem pertencia aquele par de músculos tonificados.

- Bem, e não é que ela apertou mesmo? - Daniel Baker falou, sarcástico como sempre, não deixando passar o fato de que ela aproveitou-se da situação para passar a mão nele.

Que fosse Daniel Baker, e não qualquer outro homem, a deixou mortificada de vergonha, e horrorizada com o seu comportamento, porque, dentro de uma hora, todos iriam comentar sobre aquilo, dizendo que ela aproveitou-se de sua solteirice para cair em cima de um dos caras mais populares da universidade.

Seu estômago embrulhou de nervoso ao se ver envolvida em outra fofoca.

- Eu não sei do que você está falando. - Emma desconversou. - Me deixe passar.

No entanto, ele continuou segurando-a pela cintura, impedindo-a de ir embora.

Impaciente, ela olhou para trás, tentando ver onde estava Hunter. Com sorte, ele a havia perdido no meio do mar de alunos que se dirigiam para suas respectivas salas de aula.

Ela não conseguiu localizá-lo, mas também, estava complicado quando Daniel ainda a segurava contra o próprio corpo, a impedindo de se virar para trás.

- Me solta! - Ela rosnou para ele.

- Ah, me desculpe. Eu pensei que você quisesse se aproveitar do meu corpo um pouco mais. - Daniel retrucou, sorrindo, malicioso, enquanto a soltava.

- Eu não me aproveitaria de você nem se estivesse completamente bêbada! - Ela retrucou, ajeitando a sua blusa de botões branca.

- Se você diz. - Ele a provocou.

Emma odiava quando ele dizia aquilo, naquele tom provocativo. Ela tinha vontade de empurrá-lo e agredi-lo.

Dessa vez, no entanto, ela decidiu ignorá-lo, e tentou passar por ele, quando ele disse:

- Sabe qual é o seu problema? - Emma não se virou para responder, ela duvidava que ele quisesse uma resposta, Daniel diria a ela, de qualquer forma - Você pensa que é popular, mas não é, e nunca vai ser, porque você não tem o que é necessário para isso. Você subiu na escala social apenas porque o seu namoradinho ridículo era popular, agora que ele te deu um pé na bunda, você não é mais nada. Não importa as roupas que você use, e o quanto você queira parecer descolada, no fim, você é só uma nerd que parece que pegou emprestado as roupas da mãe para tentar se vestir bem.

- Cale a boca, idiota. - Emma respondeu, se virando para encará-lo de frente.

Mostrar debilidade diante de alguém que tentava diminuí-la era algo que ela superou no ensino médio, por mais que ela quisesse se esconder e chorar diante daquelas palavras duras.

Quando ela olhou para ele, no entanto, ela viu Hunter, em um canto, um pouco mais para trás de onde eles conversavam, escutando, com um sorriso no rosto, todos os insultos que Daniel poderia dizer em uma única frase, todas as suas inseguranças jogadas na cara dela, e Hunter sabia exatamente o que ela estava sentindo, mas não moveu um único músculo para defendê-la. Sim, esse era o homem que Emma um dia sonhou em ter em sua vida, como o pai de seus filhos, em seus sonhos adolescentes ridículos.

A direção de seu olhar chamou a atenção de Daniel, que virou-se para ver Hunter, então ele mudou de assunto e perguntou para Emma:

- Você está planejando voltar para ele, princesinha? - Daniel não parecia se importar se Hunter conseguia ou não ouvi-los.

- Isso não é da sua conta, Baker.

- Eu sei, mas, se quer um conselho…

- Eu não quero. - Ela o cortou, mas ele prosseguiu, como se ela não o tivesse interrompido:

- … não volte com ele. Você merece coisa melhor.

Então ele deu meia volta e foi embora, deixando Emma surpresa e sem saber o que dizer.

Hunter, obviamente, havia sido capaz de escutar tudo, e não parecia nada contente com aquele conselho que ela sequer havia pedido, não que Emma tivesse qualquer intenção de voltar para Hunter.

As pessoas voltaram a sussurrar sobre ela, talvez criando uma nova fofoca emocionante, dessa vez, envolvendo ela e Daniel.

Emma percebeu que as coisas estavam prestes a piorar.

Ela precisava sair dali. O mais rápido possível.

A última aula que se danasse. A vida dela era mais importante, e Emma já estava vendo a raiva que aquele rumor causaria nas outras alunas quando descobrissem que ela foi vista conversando com Daniel Baker.

Emma foi em direção a saída e começou a longa caminhada até a sua casa.

Ela não tinha carro. Seus pais não achavam necessário que ela tivesse um quando Hunter passava para buscá-la todos os dias, e a levava de volta, fizesse chuva ou fizesse sol, ele estivesse doente ou não.

Como seu pai havia dito, o homem era perfeito demais para que tudo não passasse de um sonho.

Nenhum homem era tão perfeito assim. Devidamente anotado, pai, obrigada. Emma pensou, irônica.

Não havia nenhum ônibus que ela pudesse pegar que a deixasse perto de casa. A Universidade de Stanford, onde ela estudava, era completamente contra-mão de onde ela morava.

Bairro residencial de merda. Ela pensou, desejando ter feito outra escolha de faculdade, alguma que fosse longe de casa, onde ela tivesse que dividir um alojamento com algum estranho, mas não precisasse ver Hunter todos os dias.

Emma não desejava se ver livre de seus pais, mas, naquele momento, desejava não ter seguido Hunter quando ele desejou ir para Stanford.

Mas ela estava apaixonada demais, e era burra demais.

Ingênua demais.

Idiota demais.

Tudo bem que fazia apenas dois dias que havia deixado de ser tudo aquilo, ela nem sabia se já podia falar que ela era idiota e ingênua, no passado, ou se ela ainda é, afinal, faziam apenas dois dias.

Um relâmpago cortou o céu. E Emma amaldiçoou a sua constante má sorte dos últimos dias.

Agora que ela não tinha mais carona para casa, parecia que estava chovendo todos os dias, religiosamente.

Emma suspirou quando a primeira gota de água a atingiu, e não fez qualquer menção de apressar os seus passos e chegar logo em casa. Afinal, ela estava muito longe, e jamais poderia vencer a chuva. Ela chegaria encharcada de qualquer jeito.

Enquanto caminhava, ao menos Emma tinha tempo de pensar, e se revoltar, com o que Daniel havia dito a ela.

Quem ele pensava que era para falar com ela daquele jeito?!

O que ela havia feito para que ele a odiasse tanto?!

Qual era o problema dele, afinal? Uma noite sendo “gentil” e oferecendo carona e, depois, falando todas aquelas verdades que ela não estava pronta para ouvir, embora devesse admitir que, talvez, apenas talvez, ele tivesse razão.

Não que ela acreditasse naquela gentileza toda que ele demonstrou na sexta-feira, oferecendo carona em uma noite chuvosa. Teria sido romântico se fosse qualquer outra pessoa que estivesse oferecendo. Mas não Daniel Baker.

Daniel Baker sequer era humano. Ele não tinha sentimentos por ninguém, e menos ainda por ela.

O mais próximo do romantismo que Baker conseguiu chegar era quando transava com alguma garota debaixo da arquibancada em dia de jogo.

Emma estava quase chegando em casa - naquela mesma rua onde Daniel parou sua moto na sexta e ofereceu carona para ela - quando escutou mais de uma moto acelerando. Ela, instintivamente, se virou, sabendo que Baker estaria entre eles, imaginando se ele pararia e iria oferecer carona novamente, mesmo que estivesse com os seus amigos.

Mas ele não parou.

Na verdade, quando passou por ela, fez questão de passar na poça de água, espirrando água nela.

E, obviamente, ele sabia que era ela, porque Emma viu quando ele olhou para trás e acenou com a mão.

Mas não era um gesto de tchau.

Era um gesto obsceno.

Isso deixou Emma ainda mais furiosa, e acreditando que Daniel Baker realmente era bipolar.

Quando chegou em casa, tarde, bem tarde, fechou a porta com força, descontando toda a sua frustração, aproveitando que seus pais ainda não haviam chego em casa do trabalho.

- O que aconteceu? - Sua mãe perguntou, vinda da cozinha, e dando um susto em Emma.

- O que você está fazendo em casa? - Ela perguntou.

- Saí mais cedo.

- Por que? Desde quando você sai cedo do trabalho?

- Quando eu quero ter uma conversa séria com você eu costumo sair cedo do trabalho.

- Eu não lembro disso. - Na verdade, Emma não se lembrava de uma única vez que sua mãe teve uma conversa séria com ela. Ela nem sabia o que qualificava uma conversa como “séria”.

- Não importa. Vamos ter uma hoje. Sente-se.

- Eu tô molhada. - Ela argumentou, lembrando-se da reação de sua mãe na sexta quando ela tentou “estragar” o estofado da cadeira ao tentar sentar.

- Sente-se mesmo assim. Você não vai fugir dessa conversa.

Emma puxou a cadeira, sentando-se lentamente, tentando ver se sua mãe surtaria. Mas nada disso aconteceu e ela franziu o cenho, perguntando-se o quão séria aquela conversa era.

- Seu pai e eu… - Sua mãe começou, e ela sabia que não ficaria nada satisfeita com aquela conversa, ainda mais quando seu pai era envolvido mas não queria participar da conversa. - acreditamos que precisamos conversar sobre o que aconteceu sexta.

- Mãe, o que tem para conversar? - Emma suspirou.

- Primeiro, antes de mais nada, eu não quero que você se sinta mal pelo namoro não ter dado certo. Nós, como pais, não queremos que você pense que todos os homens são assim.

- Eu sei. Eu só preciso encontrar um cara que não seja como Hunter.

- Exatamente!

- Alguém que não seja tão perfeitinho.

- Exatamente!

- Talvez alguém que não esteja tão preocupado com o que os outros pensarão a respeito dele, porque isso, definitivamente, me irritava em Hunter.

- Exatamente!

- Talvez eu devesse procurar um cara que já tenha sido preso por agredir uma mulher. - Emma continuou.

- Exat… O quê?! - Sua mãe exclamou.

- Ou então algum babaca que não…

- Espere. Espere. - Sua mãe pediu - Não acha que está indo um pouco longe demais?

- Talvez. - Emma suspirou, admitindo sua derrota, e deixando seus ombros caírem em direção à mesa - Todos os homens são assim?

- Assim… Como? - Emily perguntou, duvidosa. - Infiéis?

- Não. Babacas insuportáveis como Daniel Baker.

- Daniel Baker? Quem é Daniel Baker, Emma? Eu pensei que estivéssemos falando de Hunter.

- Hunter é o menor dos meus problemas. Daniel Baker é… é… - ela gaguejou.

- Insuportável? - Emily tentou ajudar - Intragável? Um idiota? Um retardado?

- Tudo isso, e muito mais. - Emma admitiu - Acredita hoje ele…

- Espera. - Sua mãe a interrompeu - Você está me dizendo, que o que esse cara faz, é pior do que o que Hunter fez?!

- Exatamente.

- Misericórdia, o que ele fez?! - Emily exclamou, mais preocupada em saber a fofoca, e sobre os sentimentos de Emma por esse garoto, do que pela conversa que ela ensaiou em frente ao espelho a manhã toda.

- Você acredita que ele me disse que eu pareço uma nerd que pegou emprestado as roupas da mãe para tentar se vestir bem?!

- Que absurdo! - Emily exclamou - Obviamente ele não conhece o meu excelente gosto para roupas!

- Mas o que você está dizendo?! - Emma irritou-se - Você deveria estar do meu lado! E não contra mim!

- Mas é claro que ele disse isso! Olhe só para você! - Emily exclamou, defendendo-se.

- O que tem de errado comigo?!

- Se veste como uma executiva quarentona! Até o seu cabelo é entediante. Pior do que isso só se você se vestisse como uma freira!

- Você acabou de chamar o meu cabelo de entediante?!

- Você é entediante por inteiro, e não apenas no cabelo! Nem parece minha filha!

Emma respirou fundo, deixando aquele óbvio insulto passar, e perguntou:

- Qual é o seu problema com a vestimenta das freiras?!

- Problema nenhum desde que não seja a minha filha a usá-las! Aliás, uma freira consegue ser mais sexy do que você com essas roupas e esse cabelo!

- Será que você pode deixar o meu cabelo de fora disso?!

- Não! Ele é horrível! - Emily retrucou.

- Afinal, você é minha mãe ou não é? - Emma perguntou, irritada.

- É claro que eu sou! O que isso tem a ver com a nossa conversa?

- Você não deveria me amar incondicionalmente, independente do que eu uso?!

- Querida, eu posso não ser uma mãe “tradicional”, mas eu sou original. E a minha originalidade não admite que eu tenha uma filha tão genérica e sem graça quanto você! Você deveria se sobressair entre a multidão de garotas comuns, e não se esconder.

- E o que eu deveria usar, então?! - Emma perguntou, na defensiva. Sua intenção não era pedir um conselho para sua mãe, mas, mesmo assim, de forma não intencional, acabou pedindo. E logo se arrependeu, consciente de que Emily Moore não conseguiria ficar de fora disso.

- Não se preocupe, mamãe cuida disso. Apenas troque de roupa, porque nós vamos sair.

- Onde vamos e por que não posso ir assim?

- Vamos fazer compras. E a verdade é que me dá vergonha de ser vista com você usando essas roupas. Vão pensar que você é minha mãe e não posso deixar isso acontecer! Uma dica: use algo que mostre as suas pernas de modelo e seus seios de atriz pornô. - Emily deu uma piscadela cúmplice para Emma.

- Eu não tenho seios de atriz pornô! - Emma defendeu-se.

- Tem sim. Não discuta comigo. Eu tenho mais experiência do que você nessas coisas.

Emma revirou os olhos e suspirou, inconformada, subindo para o seu quarto, bufando, e consciente de que nunca poderia vencer aquela discussão.

Emily Moore saltou de empolgação, feliz por ter tirado o dia de folga para conversar com a sua filha, embora o estado emocional em que Emma estava não fosse o que esperava. Ela pensou que Emma estaria triste com a traição da melhor amiga e ainda mais triste com o rompimento do namoro que, segundo ela, era o cara dos seus sonhos, seu primeiro amor. Qual não foi a surpresa de Emily quando tudo o que estava na mente de sua filha eram as críticas de um garoto do qual Emily nunca ouviu falar. Ela nunca diria isso a Emma, mas conhecia a própria filha e sabia o quanto podia ser teimosa. Se Emma quisesse, ninguém a faria mudar de ideia sobre as roupas que usava ou deixava de usar. Mas esse garoto, Daniel Baker, havia feito o impossível. Emma estava disposta a mudar o seu visual por causa de uma crítica, quando Emily tentava fazer isso há anos.

Emily Moore só tinha uma certeza. Ela precisava conhecer Daniel Baker e agradecer a ele. E, talvez, deixar claro que ele seria bem-vindo como membro permanente de sua família, se ele assim desejasse. Vai saber se esse cara não era tão devagar para algumas coisas quanto a sua Emma… Emily pensou.

Oito horas, vinte e cinco lojas depois, e Emma estava desesperada para se ver livre de sua mãe.

Já era noite quando chegaram em casa. Elas não haviam parado nem mesmo para comer.

E Emma só queria deitar e dormir.

E mesmo assim, precisou dar uma última olhada em si mesma diante do espelho de corpo inteiro em seu quarto para acreditar que tudo aquilo era real.

Embora estivesse cansada e sua mãe estivesse levando Emma ao limite de sua irritação, ela estava satisfeita com o resultado, e não podia deixar de pensar que Emily pudesse ter razão sobre ela ser uma mulher para se destacar por entre a multidão, e não para se esconder e camuflar.

Uma mulher alta e curvilínea encarava Emma pelo reflexo do espelho, com o cabelo curtinho, emoldurando o seu rosto e suaves luzes ruivas que causavam um belo contraste contra o seu cabelo loiro, rebelde e sem graça.

Emma estava de tirar o fôlego. Não parecia uma garota comum. Até o seu olhar estava diferente, mais sexy e selvagem. E ela sabia que era tudo graças à mudança de roupas, ou talvez fosse graças ao seu cabelo, que lhe dava esse aspecto. Afinal, ela nunca havia feito uma mudança tão radical e ousada.

Sim, essa, definitivamente, era a palavra que se adequava à imagem que Emma via através do espelho. Ousada.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.