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Não me toque, não me siga.

— Então tira a roupa - Os olhos verdes pequenos se abriram e fecharam tentando não apenas entender, como enxergar onde foi que a atmosfera do quarto mudou. Abriu a boca para responder, mas acabou fechando sem entender nada do que estava acontecendo. Deu um passo para trás apertando outra vez a alça da sua bolsa, querendo de todas as formas, lembrar onde foi que errou, ou melhor, onde havia se metido.

— O que você disse? - Questionou.

— Eu tenho certeza que aquela mulher lá embaixo não te disse nada do que eu quero. E você não pode preencher a vaga. Mas se você está dizendo que quer o emprego e prometendo que não vai me decepcionar, então me prova, tira a roupa e vamos começar.

— Eu não vou tirar a roupa, seu tarado. - Brigou empinando novamente o nariz, a petulância assustou o outro, o surpreendendo. — Achei que servi-lo particularmente queria dizer-

— Dizer que você seria o meu passa tempo preferido. - Ela deu outro passo para trás. — Eu não quero uma empregada para me servir chá, eu quero uma mulher em que eu possa tê-la quando quiser, na minha cama.

— Então você arrume uma esposa, seu idiota. Que tipo de homem anuncia que quer uma empregada e a manda tirar a roupa?

— Eu pedi uma submissa, não uma empregada. - Ela desviou o olhar — Eu avisei que estava no lugar errado, e ainda assim, disse que estava errado. Então me prove que eu estava errado, tire as roupas e vamos nos divertir. Eu pago muito bem por momentos únicos. Se estiver precisando tanto assim do emprego, não vai se importar.

— Eu prefiro esfregar essa cara inteira ajoelhada, completamente ridícula e sem cor duas vezes por dias, ao ter que tirar a roupa e deixar que você me toque - Bradou zangada — Você é um grande babaca, será que não tem respeito?

— Como é que é? - Ele se espantou, desde quando uma pessoa lhe tratava daquela forma? Ainda mais uma mulher como aquela?

— Isso mesmo que você ouviu. Você é um doente e maluco. E não se pode chamar uma mulher assim, de submissa, você acha que é algo deus do mundo. Que ridículo. Como você é ridículo - Bradou mais alto, achando cada vez mais absurdo.

— Com… Com quem você acha que está falando? - Ele voltou a caminhar em sua direção — Você está achando que pode falar comigo do jeito que quiser? Está errada. Uma coisa é você não querer ficar, outra é me ofender e eu nem disse nada.

— Você já falou o suficiente, seu psicopata - Deu as costas a ele indo em direção a porta. Além de gritar, o ofender não lhe obedecer deu as costas como se não fosse nada. — Você não pode tratar as mulheres desse jeito, é por isso que não arrumou nenhuma para ficar ao seu lado.

— Com todo dinheiro que eu pago, não quero ter que escutar nenhum tipo de reclamação. - Bradou a seguindo. Ela não tinha o direito de sair falando aquilo como se o conhecesse.

A frase “com todo dinheiro que eu pago” a fez vacilar no caminho, mas mesmo assim, abriu a porta voltando ao corredor e seguiu adiante.

— Parece que nem mesmo com uma fortuna alguém é capaz de ficar e te aturar - Ele a alcançou no topo da escada a puxando pelo braço, o contato a fez estremecer e nem era de medo. Aquela pegada tão firme, como via em filmes, a arrepiou por completo, no entanto, não podia se deixar levar por isso. Voltou a encarar os olhos negros combinando com os cabelos dele, e até sentiu sua garganta secar. Ele era bonito, até demais. — O que está fazendo? - Sua pergunta saiu trêmula. — Me solta.

— Ninguém fala assim comigo desse jeito, e vai embora como se não fosse nada.

— Você está achando que é deus do mundo ou alguma outra coisa importante? Que deplorável ter que pagar alguém para o que? Dormir com você? O que adianta ter toda essa beleza se é tão insuportável que nem pagando uma fortuna, tem alguém? - ela puxou o braço enquanto ele articulava alguma frase para dizer, mas a surpresa de ouvir aquilo de alguém era maior. — Eu vou embora agora. E não me segure, não me toque, não me siga, não me procure. Babaca!

Desceu as escadas correndo até está fora daquele lugar. Parou do lado de fora em frente ao carro de Mirela e poderia até voltar para pedir uma carona, mas ela simplesmente correu em pela estrada e só pararia quando não pudesse nem ver a torre daquela casa.

Do topo da escada, Levi encarava a porta ainda aberta, seus punhos se fecharam com tanto ódio que mal conseguia caber em seu grande corpo. Como que uma mulher daquela aparecia do nada falava tudo aquilo para si e saia correndo? Ninguém falava assim com ele. Encarou toda a sala embaixo avistando os olhos arregalados de Mirela perto da porta da cozinha e podia adivinhar que as outras estavam por perto.

Ele desceu as escadas a vendo tentar fugir, mas não foi rápido o suficiente, sabia que viria briga.

— O que você acha que está fazendo? Quando mandei que buscasse outra das minhas garotas, achei que estivesse procurando no lugar certo, então você me traz uma desclassificada sem contar o que tinha que fazer. Sentiria pena da garota se ela não fosse tão petulante e respondona.

— No lugar certo? Quantas e quantas mulheres eu te trouxe aqui nas últimas semanas e as mandou ir embora. Achei que estivesse procurando algo novo. Já que nenhuma das outras foram aceitas. - Explicou calma, não queria se estressar. — Você é exigente demais e age como se todo mundo tivesse errado, e não fosse o suficiente.

— E nenhuma é. - Cruzou os braços — Traga outra. Eu pago você muito bem para fazer o que eu mando e quando eu mando. Então faça o seu trabalho. - Mirela assentiu ainda com ódio. Ele deu costas para ir embora, mas parou. — Qual é o nome daquela mulher?

— Mel Albuquerque.

— Mel. - Ele repetiu o nome dando um sorriso de lado. — O nome é doce, mas ela é amarga. Pode me trazê-la novamente?

— Tenho certeza que você é bem amargo e duvido que ela volte aqui, você assustou a menina. - Ele fechou a cara e Mirela tomou seu rumo rapidamente.

De fato, poderia ser que ele tinha assustado, sabia que ela não era aquele tipo de garota, mas ela veio pelo dinheiro, e estava disposto a pagar para tocar seu rosto bonito, o cabelo longo e ruivo. Linda e sorridente.

Quanto mais andava para longe daquela casa, mais queria sumir e não voltar nunca mais. Quando parou no meio daquele labirinto sem saber para onde caminhar, ela olhou ao redor, procurou saber onde realmente estava e o que podia fazer, mas nada, nada. De repente se assustou até com o toque do celular dentro do bolso, o tirou na mesma hora e o desespero tomou conta do seu peito quando viu que era o número do hospital.

— Alô? - Ela engoliu a seco — Já estou a caminho.

E desatou a correr ainda mais até chegar ao hospital.

— Como esta meu irmão? – Perguntou desesperada quando chegou à porta do quarto. — Ele piorou, ficou melhor? Por favor, não me assuste desse jeito.

— Sim, sim, apenas a pressão subiu ele ficou um pouco mal. O médico veio rápido e tudo ficou bem. – Disse a mulher. Mel sentou no banco do lado da porta.

— Ah meu Deus, eu fiquei com medo de algo ter acontecido. Estava muito longe, eu corri peguei alguns ônibus. Saco!

— Não preciso repetir o que digo todos os dias; ele precisa de uma cirurgia o mais rápido possível. Acha que câncer é alguma brincadeira?

— Eu sei que ele precisa – olhou para o irmão do vidro que tinha na porta do quarto. — Estou procurando um emprego.

— E quando vai conseguir? – a menina se calou. — Espero que seja antes dele passar mal, e não conseguimos mais salvá-lo – deu seu aviso antes de ir embora. Mel sentou no banco de novo, derrotada.

Ela precisava do emprego, de verdade, mas não tinha como arrumar algo tão rápido e que pagasse o valor necessário, quer dizer… tirar a roupa para aquele homem? Dormir com ele? Nem mesmo tinha ficado sozinho num quarto com um homem e de repente aquele arrogante lhe deu uma ordem? Não. Obvio que ela não aceitaria ser obrigada a fazer nada. Não era esse tipo de mulher.

Bateu a cabeça na parede ao lado de fora do quarto, o corredor não estava tão movimentado, mas sua alma estava o coração agitado. Sentia que a qualquer momento tudo iria desabar, mas ela não podia desistir, não podia e não iria. Levantou devagar parando novamente em frente à porta do quarto de Maurício, o olhou pelo vidro, a criança dormindo tranquilamente, parecia um anjo, um anjo que ela não deixaria morrer.

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Ele podia ter qualquer mulher na sua cama para seu prazer imensurável, contudo, nem todas as mulheres vêm com a função obedecer a um homem tanto na cama como fora dela.

Levi não era um homem tão ruim assim, era sorridente quando estava perto de uma de suas submissas e gostava de esta no comando. Dava tudo que elas queriam desde dinheiro a casas e joias desde que elas fizessem o que gostava.

Todas as outras submissas que passaram por suas mãos, foram bem tratadas a sua maneira, contudo, nem todas elas sabiam diferenciar um sexo por prazer e dinheiro e ter um relacionamento. Se apaixonar ou casar não estava nos seus planos, não estava e nunca estaria e ele sempre deixou isso bem claro, então porque elas insistiam nisso?

Casamentos não terminavam bem, não importava o quanto um homem fizesse para mantê-lo de pé. Afinal, o seu pai tentou, ele deu amor, carinho, deu tudo de si para sua mãe, e mesmo assim, ela foi embora com o melhor amigo achando que estava saindo por cima, deixando para trás um rastro de dor, sofrimento e um filho esquecido.

Por esse motivo, um relacionamento sério com casamento e filhos não estava em seus planos. Não corria o risco de se apaixonar por nenhuma mulher, porque todas elas eram iguais. Não importava o quanto desse amor, carinho e desejo, elas sempre iriam embora sem se importar. Ganhavam dinheiro, jóias, um quarto com todas as regalias que uma mulher merecia. E novamente, elas iam embora. Mas, amor de verdade? Isso ele não sentia, então não daria a ninguém algo que não tinha.

Parado em frente a grande janela do quarto, a única coisa que ele conseguia pensar era na garota que saiu de sua casa há exatamente duas semanas sem olhar para trás. Correu dali como se ele fosse uma praga. Será que ele era algum tipo de praga? Se fosse, ele entendia, não é? Todos foram embora.

— Droga… - Murmurou zangado. Mirela ainda fazia seu trabalho em trazer algumas garotas, mas nenhuma parecia como ela… não estava procurando por Mel e seus cabelos ruivos, mas não iria negar o quanto ela era bonita e charmosa, e aquela língua afiada?

Faria mal ir atrás dela? E fazê-la entender que quem deveria está no comando de tudo era ele.

Voltou para sua mesa trabalhando ardentemente durante todo aquele dia até o anoitecer. Tomou um banho quente e até pensou em ligar para seu pai, mas não iria voltar a trabalhar lá. Aquele lugar era uma droga. Não tinha silêncio, não tinha paz. Ele era o auxiliar do pai, na empresa de publicações Santiago em Seant.

Só assumia o cargo de líder quando o pai viajava para outras cidades, enquanto isso ele preferia trabalhar em casa para não ter estresse e o melhor de tudo, teria mais tempo para suas fantasias sexuais.

Parou em frente à mesa grande, poderia voltar a trabalhar, mas nada o fazia se concentrar direito. Andou pelo quarto, tomou outro banho, e assim que voltou para o quarto, escutou as batidas e a voz de Mirela do outro lado no corredor. Mandou-a entrar enquanto ia para sua mesa.

— Espero que tenha tido mais sorte. - Murmurou zangado a vendo desfilar por seu quarto até a mesa.

— Trouxe o que me pediu. - Por um momento, Levi ergueu a cabeça achando que veria aquela mulher novamente atravessar o quarto com toda sua timidez à língua afiada, mas tudo que ganhou foi uma pasta marrom jogada em cima da mesa. — É pra você, pode abrir.

— Documentos? - Perguntou ao olhar para do documento para a secretária. — Não acha que já tenho muitos para olhar e analisar?

— É sobre a garota que você assustou. Talvez depois de você ler tudo isso, vai entender porque ela foi embora, correu de você. - Revirou os olhos. — Eu vou continuar buscando alguém para ficar aqui, mas isso fica sendo difícil sabendo você não é o tipo de homem que consegue atrair mulheres quando abre a boca.

— Vou ignorar o que você acabou de falar e crê que está apenas querendo ser engraçado, o que é um erro porque também detesto piadas sem graça, e as que têm graça também - Jogou de volta o envelope na mesa. Cruzou os braços fixando o olhar em Mirela que apenas suspirou abaixando a cabeça.

Queria surtar e dar no rosto, mas tudo bem. Tudo bem.

— Eu não quero um documento e ler sobre a garota que saiu dessa casa correndo como se eu fosse uma praga - Mirela o olhou — O que? Acha que sou algum tipo de praga? É isso? - Ela não respondeu. Se dissesse que sim, podia ser que ele a mandaria embora, e ganhava tão bem, ainda que sentisse ódio o tempo todo.

— Sr. Levi, eu não faço ideia de onde ela pode está no momento.

— Se todo mundo soubesse onde ela está no momento, não a mandaria procurar. Vai. - Ordenou e a outra deu a volta surtando, mas foi.

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