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1- O Início

Nunca pensei que a minha vida chegaria a isso. Que eu me casaria com um homem que me odiasse ou que me submeteria a um contrato que me aprisionasse. Mentiras, segredos, impulsos... 

Eu me arrependo de quase tudo o que fiz, tudo o que não fiz, de tudo o que deixei acontecer… Sem dúvida, não estaria aqui, deitada nesta cama, sendo acusada, novamente, de algo que não fiz. Descobrindo da pior forma como é o homem com quem me casei.

— É dinheiro que você quer? — Ele me agarra forte pelos braços e me joga na cama, pressionando o seu corpo contra o meu. Ele me olha com um olhar sombrio, enquanto segura os meus pulsos. — Ou não consegue manter sua roupa no lugar por muito tempo? Sexo ou dinheiro são duas coisas que mulheres como você sempre procuram.

— Me solta, Noah! Você está me machucando.

— Você ainda não viu nada, Ava! Eu te avisei para não brincar comigo e o que você faz? Fica cheia de segredos, agindo como uma vagabunda, sem me dar uma satisfação sequer. O que é típico de uma puta! — Ele grita e se aproxima, ficando a poucos centímetros da minha boca.

— Me solta! Você sabe que não pode me tocar, nós temos uma claus…

— Foda-se a cláusula, Ava! Não é isso que você quer? Um homem que te foda? Já que não consegue ficar sem se comportar como uma puta, vou te dar o que você quer, exatamente como deve ser. Vamos consumar esse casamento de uma vez, e quem sabe assim você para de tentar me fazer passar vergonha.

— Noah, por favor... — digo com a voz embargada, enquanto sinto as lágrimas escorrerem pelos meus olhos — Me solta, não faça isso, por favor!

"Algumas semanas antes…"

Termino o meu terceiro drink e entrego o copo para que o barman me sirva outro, enquanto busco me concentrar numa conversa com a minha amiga.

Apesar de me esforçar, as dificuldades que estão me afligem ocupam os meus pensamentos, frustrando a minha intenção de ter chegado até aqui para esquecer de tudo. 

O barman me entrega a minha bebida e eu resisto à vontade de virá-la toda de uma vez. Desde a última ressaca, aprendi que o álcool não irá entorpecer o desespero e a preocupação que sinto constantemente. 

Se isso ocorresse, com certeza eu teria me tornado uma alcoólatra irresponsável nos últimos três meses.

Sorrio de forma mecanizada para o barman, que retribui o sorriso e se afasta, enquanto tento voltar a minha atenção para Emma.

— Ava! — Emma me chama, ao estalar os dedos na frente do meu rosto. — Viemos para aproveitar a nossa noite, mas estou ficando entediada ao vê-la tão dispersa.

— Me desculpe, amiga, mas está tão difícil me esquecer de tudo. O problema com a minha mãe, a traição do Liam…

— Você sabe como resolver isso. A solução está sob o seu nariz, mas você insiste em querer fugir. 

— Não irei me humilhar novamente para o meu pai, Emma. Você sabe que desde que optei por ficar do lado da minha mãe, ele deixou claro que não me daria nenhum centavo além do meu salário.

— E é justo deixar a sua mãe correr risco de vida por isso? — Emma passa uma das mãos nas minhas costas, ao ver os meus olhos marejados. — Como você irá resolver isso?

— Eu não sei, pensarei em alguma solução ao decorrer da semana. Enfim, vamos nos esquecer… — Corto minhas palavras quando vejo um dos meus principais problemas, dançando alegremente na pista de dança com a mulher que ele me traiu. — É sério isso?

— Eu não acredito que ele tenha essa coragem, Ava! Meu Deus, não faz nem uma semana que você descobriu a traição dos dois.

— Enquanto eu estou aqui, sofrendo, ele sequer se lembra que eu existo. — Solto um longo suspiro, enquanto me viro de costas para eles e termino a bebida do meu copo. — Mas isso vai mudar hoje, vou mostrar a ele que não estou afetada com o que ele fez.

— Ou fingir, não é? Anda, vamos dançar!

Emma termina a sua bebida e me puxa para o outro lado da pista de dança, onde deixamos o nosso corpo se mexer de forma sexy ao acompanhar o ritmo da música. 

A quantidade de álcool que bebi faz com que eu ignore completamente a presença do Liam, e me sinto tão confiante que noto os olhares dos homens ao redor.

— Boa noite, senhorita, me pediram para entregar isso. — Um dos garçons interrompe a minha dança e cochicha ao me entregar um pedaço de papel. — Com licença.

— O que está escrito aqui? 

— Bem… — Leio mentalmente o que está escrito antes de falar para a Emma. — Linda senhorita de vermelho, se continuar a dançar dessa forma irá despertar a inveja das outras mulheres. Que tal dar a chance delas brilharem também? Tenho certeza que a senhorita precisa de uma bebida, então venha ao meu encontro, no bar.

— Eu te disse que esse vestido chamaria a atenção de qualquer pessoa! — Emma fala, num tom animado. — O que está esperando?

Olho para o bar e logo encontro um homem alto, de cabelos curtos e escuros, penteados para trás. Ele usa uma camisa social branca e uma calça jeans, que realçam o seu corpo musculoso. Sua barba bem aparada e uma tatuagem no braço direito completam seu visual perfeito. 

— Eu não vou lá, não quero terminar...

— Ah, mas você vai, Ava! — Ela me interrompe e me vira na direção onde o Liam está sentado, trocando beijos ardentes. — Esqueça da sua vida certinha por algumas horas e vá se divertir; amanhã é um novo dia e você nem se lembrará do que aconteceu aqui hoje.

Emma sorri e me empurra, incentivando-me a ir até o bar. Dou alguns passos tímidos quando noto o homem me olhando fixamente ao ver que estou me aproximando. 

Sinto as minhas mãos suando pelo nervosismo, mas decido seguir o conselho da Emma e me sento, de forma sexy, ao lado do homem.

— Boa escolha! — Ele sorri enquanto chama o barman. — Outro uísque e a senhorita vai beber um...

— Dry Martini, por favor.

— Prefere bebidas amargas, senhorita...?

— Que tal sem nomes? Você me ofereceu uma bebida, mas isso não quer dizer que seremos íntimos.

— Gostei disso, mas como devo chamá-la então? — O homem se aproxima e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Ele me olha nos olhos com uma intensidade que me faz tremer. — Tive uma ideia, senhorita misteriosa. Que tal a primeira letra do seu nome?

— Que tal o sobrenome?

— Você é bem exigente, mas te darei a sorte de escolher novamente.

— Pode me chamar de senhorita M., Senhor...? — Tento sorrir de forma sedutora quando o barman entrega a minha bebida. 

— Pode me chamar de senhor E.

Quando me sinto tonta, provavelmente pelos três drinks que consumi, decido que está na hora de encerrar esse jogo de sedução.

— Obrigada pela bebida, Sr. E., mas preciso ir, a minha amiga está me esperando.

— Acho que a senhorita está errada. — Ele dá um gole em seu uísque e aponta para uma das mesas, onde Emma está aos beijos com um homem. — Por que não tornar a nossa noite interessante? Não nos conhecemos, sequer sabemos os nossos nomes verdadeiros… 

Ele se aproxima, me abraça pela cintura e me puxa para mais perto dele. 

— Tenho certeza de que não irá se arrepender, senhorita M.

Um sorriso malicioso se desenha nos lábios do Senhor E. enquanto seu olhar percorre o meu corpo. Em questão de segundos, decido liberar-me da timidez habitual e agir de forma contrária ao que faria. Após quitar a conta, ele estende a mão para mim, conduzindo-me em direção à saída da boate até chegarmos diante de uma deslumbrante Lamborghini Aventador 

Ao adentrarmos o hotel mais luxuoso da cidade, uma pitada de curiosidade me acomete, despertando o desejo de desvendar a identidade desse homem. Começo a ponderar sobre a ideia de estar na companhia de um estranho.

— Eu preciso de um banho. — Digo assim que entramos na suíte, sem esperar por sua resposta.

Encaro o meu reflexo no espelho por alguns minutos, ouvindo metade de mim clamar para aproveitar a noite nos braços desse homem irresistível, enquanto a outra metade me aconselha a chamar um táxi e partir. 

Quase consigo visualizar um anjo e um demônio, um de cada lado dos meus ombros. 

Retiro a minha roupa e entro para o banho, deixando a água fluir e levar o pouco de nervosismo que ainda sinto. Sinto o vapor quente envolver o meu corpo e o cheiro de sabonete floral invadir as minhas narinas.

De costas, ouço a porta do banheiro se abrir, e logo a porta de vidro se abre, me mostrando o corpo perfeitamente esculpido do homem. Ele tem um sorriso safado nos lábios e um olhar faminto nos olhos. Ele entra no boxe e se aproxima de mim, me abraçando por trás e beijando o meu pescoço.

— Ainda melhor sem roupa, senhorita M. — Ele diz com a voz rouca e me vira para ele.

— Posso dizer o mesmo, senhor E.

Uma onda de eletricidade percorre por todo o meu corpo e se concentra entre as minhas pernas, assim que sinto os lábios dele tocarem nos meus, seguido da língua dele pedindo passagem.

Quando o desejo toma conta de nós dois, ele rapidamente me pega no colo, sem se importar com nossos corpos molhados, e me deita na cama macia, me proporcionando a melhor noite da minha vida.

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