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Capítulo 6

Eva - um mês depois

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Depois de mais ou menos, um mês conseguimos marcar um final de semana para nós, dessa vez eu que estou indo ao encontro dele. Pretendo ficar hoje e voltar amanhã de tarde. Ele marcou de me buscar na rodoviária, nesse meio tempo, nos falamos quase todos os dias por mensagem e telefone.

Estou na reta final do oitavo período da faculdade.

Ano que vem começarei estágio, se eu consegui um remunerado, poderei deixar de lado o pet shop. Já me inscrevi em vários, principalmente fora da faculdade e também me inscrevi em monitorias, o primeiro que sair, pego a vaga.

Meus horarios estarão mais flexíveis pois adiantei bastante materia no começo, visando um final mais tranquilo, para praticar tudo que foi ensinado.

Nem acredito que falta 1 ano para me formar. Quando começar a residência as coisas começarão a melhorar, se Deus quiser.

Vejo que já estou chegando na rodoviária e me preparo para soltar, quando o ônibus para, já vejo ele sentado no banco de frente.

Ele sempre chega cedo, ele nunca se atrasa e eu amo isso nele, porque eu odeio esperar.

Solto do ônibus, saio correndo e dou um pulo no colo dele.

Ele me pega, mais sinto que ficou meio rígido com o meu impulso.

-Isso tudo é saudade? (Ele diz rindo)

-Muita saudade.

Ele me beija e me põe no chão.

-Me dá a mochila.

Eu dou a ele, ele segura minha mão e vamos andando para o estacionamento.

-A viagem foi tranquila?

-Sim, sem trânsito.

-Eu acho que de campo grande pra cá é mais perto do que a distância da sua faculdade né?

-Sim, muito mais.

Ele abre a porta pra mim e eu entro. Da a volta e entra no carro, me agarra na hora e me dá o beijo que eu esperava que me desse lá na rodoviária. Bom, nem todo mundo gosta de demonstrar carinho em público. Eu não gosto também, então porque eu me empolguei lá?

-Como foi a semana de provas?

-Boa. Estou quase entrando de férias.

- Vai pra casa nas férias?

-Só para as festas, depois volto, preciso trabalhar, podemos marcar algo em janeiro.

-Janeiro não dá, eu entro de férias e aí vou viajar com meus pais.

-O mês todo?

-Sim.

Ele fala com a atenção na estrada.

Mais se ele entra de férias e eu estou de férias na faculdade, não seria a oportunidade perfeita para nos vermos?

Ele vai viajar sua tonta, esqueceu?

Chegamos num prédio chique, não é prédio de ricos, mais sim de classe media alta, coisa que não sou. E nem ele se fosse apenas um policial, mais sei que os pais dele tem posses, e que no mesmo prédio, a irmã dele mora num outro apartamento.

Ele desce, pega minha mochila e abre a porta para mim, me dá a mão e me guia para o elevador. Aperta o botão do quinto andar.

- Esse prédio são dois apartamentos por andar, no quinto é o meu e o da minha irmã. -Ele informa.

- Vou conhecer sua irmã?

- Ela está de plantão, então provavelmente não.

O elevador abre para um hall de entrada todo branco, com duas portas de madeira escura. Uma de cada lado.

Ele vai para a porta direita e eu vou atrás. Abre a porta e se afasta para eu entrar, fico embasbacada com o que vejo.

O apartamento não é imenso, mais para um solteiro ele é bem espaçoso. Tem uma sala com móveis modernos, um sofá branco, tapete felpudo no centro. A sala é separada da cozinha por um balcão, toda feita de móveis planejados.

Que lugar aconchegante!

-Estou com vergonha de te amostrar o minha casa.

Digo sorrindo pra ele.

-Nem ligo muito pra isso, eu ganhei esse apartamento e quem decorou tudo, foi minha esposa. Só mantenho limpo, quando dá pra vir pra cá.

-Você não mora aqui?

Ele para, coça a cabeça e diz:

-Quase não venho, gosto de dormi mais na casa dos meus pais. Vamos, que vou te amostrar os quartos.

Desconversa me chamando.

-Esse é o quarto principal.

Ele me amostra um super quarto com uma cama enorme, uma poltrona no canto. Com uma porta. Ele vai até a porta, abre e vejo um closet e logo depois um banheiro. Tudo de bom gosto.

Sai do quarto e eu vou atrás.

-Tem um escritório.

Abre a porta e vejo uma escrivaninha e uma cadeira. Uma estante ao lado com livros. Deve ser ali que ele fala comigo.

-E mais um quarto, que é o que uso.

Claro que é, o quarto tem o cheiro dele.

Ali a parede é cinza claro e os móveis claros Uma cômoda com uma poltrona do lado. Também tem um closed, bem menor que o outro e um banheiro também menor.

- Porque não usa o quarto principal?

Depois que perguntei, me arrependo, porque é meio óbvio o motivo de ele não usar.

-Aquele quarto me trás lembranças. Para usar ele teria que mudar todos os móveis, então como não tenho muito saco, prefiro ficar nesse.

-Desculpe por perguntar.

-Tudo bem!

-Ela morreu tem muito tempo?

-Três anos. Você vai ficar aqui comigo, né?

-Claro que sim.( Sorrio para ele. )Vim pra ficar com você.

Chego perto dele e o abraço.

-Você não vai encontrar nada dela por aí, já não tem mais nada aqui. (Suspira) Agora estou achando que não deveria ter te trago para cá, parece que eu estou querendo te confrontar com lembranças dela. Mais não é isso...

-Tudo bem! Não é por que você mora no apartamento que vocês viveram, que eu vou me ofender com isso. São suas lembranças.

E eu não estou aqui para mudar isso.

Ele me beija e me segura forte.

-É tão bom ter você aqui.

-Achei que não tinha ficado contente.

-Porque achou isso?

-Quando pulei no seu colo na rodoviária, ficou tenso.

Ele fica tenso novamente e me olha.

-Sou meio tímido, e você fez meio que um escândalo.

Gargalhei agarrada no pescoço dele.

-Era pra ser fofo!

-E foi ... Perdoe minha tensão.

Revira os olhos.

- Vem que eu vou fazer o  almoço.

-Alem de gostoso, é prendado.

-Menina, menina, olha a boca...

-Vai fazer o que para nós?

-O melhor macarrão com carne moída, que vocy já comeu na vida.

-Opa, está pra nascer um melhor do que o da minha mãe.

-Aí você está querendo demais, comida de mãe é complicado competir.

-Quer ajuda?

-Não, quero que você sente essa bunda gostosa nesse banco, e assista eu fazer a mágica.

Ele suspende as mangas da blusa de frio que está usando, e esfrega as duas mãos. Faço o que ele diz e apoio a cabeça com meus braços na bancada.

-Quer beber alguma coisa? Tem cerveja, suco, vinho.

-Quero cerveja.

Ele vai até a geladeira e volta com duas long neck abrindo-as, e me entregando uma.

Brindamos e tomamos um gole.

Começa a encher uma panela de água e põe no fogo, logo depois põe a carne para cozinhar em outra panela. Começa a picar o tomate e a cebola que pôs na pia.

Ele olha pra mim e diz:

-Que foi?

-Além de lindo e gostoso, sabe cozinhar. Me diz um defeito seu? Tá perfeito demais.

A fisionomia dele muda, fica sério por um tempo e depois tenta voltar no clima anterior.

-Sou teimoso, cético para algumas coisas e radical para outras.

- Eu posso lidar com isso. Eu só não posso lidar com mentira, hipocrisia e falta de respeito.

Ele não fala nada, continua picando os legumes super concentrado.

-E você? Quais são seus defeitos.

-Nenhum, eu sou perfeita! -Ele sorri olhando para o tomate. -Eu falo demais, não tenho filtro. Sou teimosa e bem orgulhosa. E bem chata, eu sou aquela pessoa que guarda, pra depois dizer...

-...Eu te avisei (ele completa) Eu também sou assim...

- Já fez a programação da minha estadia?

-Bom, se dependesse de mim, você não ia sair da cama.

-É uma ótima idéia Senhor, mais eu queria visitar a praia, rapidinho, só pra ver o mar... faz tempo que não faço isso.

- Podemos ir amanhã.

-Ok Senhor!

-Do que me chamou?

-Senhor!

-Eva...

-O que? Meu Senhor ranzinza.

Ele deixa a faca em cima da pia, dá a volta no balcão e para nas minhas costas, virando o banco giratório e me pondo de frente para ele.

-Repete isso

-Senhor ranzinza?

-Não, só a primeira parte.

-Senhor???

-Isso, olha o que você fez comigo Eva.

Eu olho para a calça dele e o volume está bem nítido ali. Passo a mãos por cima da calça e falo.

-Acho que estou com fome. (Ele enruga a testa como se não tivesse entendendo.) -Não fome de comida, Senhor. Vontade de pôr a minha boca aí de novo, cheguei até a sonhar com isso.

Ele rosna e me dá um beijo bruto.

-Você está brincando com fogo.

Eu olho para ele e sussurro em seu ouvido.

- Eu gosto de me queimar.

Ele me agarra novamente e a gente começa a sentir um cheiro de queimado.

-Murilo...

-Oi...

-Acho que a carne está queimando.

-Merda!

Ele sai correndo para o outro lado e desliga o fogo.

Pega a cerveja e toma de uma vez.

Eu começo a ri tomando a minha.

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