Capítulo 6
Uma semana depois
Juliana dos Santos
"Estou na cozinha fazendo a mamadeira da Luiza, quando sinto duas mãos na minha cintura.
-Senti saudade. -uma voz forte e aveludada murmura no meu ouvido.
Sinto meu corpo todo estremecer.
Tem algo errado... Há tempos que não sinto nenhuma conexão com nenhum homem. Porque uma simples voz grossa está fazendo com que me arrepiei toda?
-Senhor!
-Pedro, Juliana... Apenas Pedro…
-Pedro, eu não posso…
-Porque não, seu corpo me diz que sim....
-Eu sou a babá de vocês e o senhor é casado.
-Eu não me importo de você ser minha babá... Já eu ser casado, porque você não pergunta a Amanda o que ela acha?
Ela vem em minha direção, apenas com uma camisola de seda negra, com detalhes de renda no busto. Cabelos soltos e um sorriso no rosto.
-Falaram de mim?
-Sim amor, Juliana está receosa de aceitar meus carinhos…
-Porque Ju? Você não quer?
Ela chega na minha frente, alisa a minha bochecha, enquanto Pedro aperta minha cintura, retirando meu cabelo do caminho e beijando a minha nuca.
Amanda passa o polegar nos meus lábios…
-Linda!
-E gostosa…
Ele diz passeando com as mãos na minha cintura subindo para cima.
-Posso te provar, Juliana? -ela fala me olhando e passando os dedos pelos meus lábios- deixa eu sentir seu gosto.
Pedro sobe com as mãos e aperta meus seios por cima de minha blusa e eu gemo.
Amanda se aproxima mais e me beija com vontade.
-Hum, que beijo bom! -murmuro em sua boca."
- Juliana! Juliana!
Acordo meio atordoada e vejo que a luz está acesa. Olho para frente e dou de cara com o Pedro.
Me levantei com pressa e acabei tropeçando no lençol e caindo de bunda no chão.
-Merda! -sussurro.
-Tudo bem??? Desculpe te assustar-Ele me olha preocupado se abaixando ao meu lado.
Pelo jeito ele acabou de chegar. Está de jeans e camisa pólo preta.
Luísa dormiu e eu me deitei na cama do quarto dela para tirar um cochilo, até eles chegarem. Eles tinham ido num jantar com amigos.
- Não... Desculpe... eu... Eu não devia ter dormido.
Começo a levantar do chão e sinto minha bunda doendo, e gemo ao levantar.
-Você se machucou?
-Não, foi só um mau jeito.
Olho para Luísa e ela continua dormindo um sono pesado. Ela teve dificuldade para dormir na primeira semana comigo, mas agora já estava acostumada. Eles aproveitaram para comemorar o aniversário de um amigo. E eu estava tendo um sonho erótico com os dois.
Merda!
Eu preciso me controlar.
-Eu vim aqui te avisar que chegamos, se quiser ir dormir no seu quarto, sem problemas. Eu vou ligar a babá eletrônica. Mas se quiser continuar aqui, pode ficar…
- Não... Eu vou para meu quarto. Obrigada por me avisar.
- Ok! - ele sorri, pega a babá eletrônica e sai do quarto.
Merda, ele me pegou no flagra. Eu estava tendo um sonho perfeito com os dois. Gemo de frustração porque agora eu estou excitada e babando. E não é pela boca.
- Merda de vida! - sussurro, calçando os sapatos e dobrando o lençol que usei. Preciso de um banho bem frio.
********************
Pedro Cavalcante
Chego ao nosso quarto sorrindo. Amanda está na cama já de camisola e passando creme nas pernas. Ela me olha, enruga a testa e diz:
-Porque está rindo?
- Nossa babá estava tendo um sonho erótico.
Eu demorei a descobrir que era isso, cheguei no quarto ela estava gemendo e passando as mãos pelos seios. Demorei a entender que ela estava dormindo. Como Luísa não dormia no escuro, tinha um abajur ligado perto do berço. E deu pra ver tudo nitidamente.
Ela estava se tocando, passando as mãos pela blusa branca. Sua língua passando pelos seus lábios. Que vontade de beijar aquela boca carnuda.
Quando vi que a coisa estava saindo do controle e que não devia ficar observando ela , resolvi acordar ela, antes que o constrangimento fosse pior.
-O quê?
Tiro a camisa pela cabeça e começo a desabotoar a calça tirando em seguida e indo para o banheiro tomar um banho. Ela vem atrás de mim e para na porta.
-Isso mesmo... Cheguei lá para avisar que havíamos chegado, ela estava dormindo e se tocando.
-É você ficou observando?
-Claro né... Aquela menina perfeita, eu tinha que observar, não me julgue.
-Pedro…
-Tá… eu sei que ela é nossa babá, e que eu tenho que me segurar pra não tomar um processo de assédio. Mas ela é perfeita Amanda, e você sabe disso.
-É aí…
-Quando vi que ela estava ficando mais agitada e que poderia acordar de repente e me encontrar ali, resolvi chamar ela... Aí ela murmurou... "Que beijo gostoso!" E gemeu Amanda... Gemeu... De verdade…
Eu olho para o meu pau e ele está ereto. Só em lembrar daquele gemido.
Ela abre a boca e fecha... Olha para meu pau e pra mim…
-Então era um sonho erótico mesmo…
-Claro que era... Enfim ela acordou. Ficou tão assustada que caiu da cama de bunda no chão.
Amanda solta uma gargalhada.
- Com quem será que ela estava sonhando?
-Com um beijo gostoso! -Falo pegando a toalha e me enxugando.
-Estranho ela ter um sonho erótico em nossa casa. Afinal ela está trabalhando, nem sonho deveria ter…
-Talvez ela estivesse sonhando conosco …
Eu vou em direção a ela e beijo a sua boca.
-Agora quem está sonhando é você.
-Só sei que você vai ter que me ajudar... Essa guria me deixou animado…
-É... Percebi…
Ela segura meu pau e começa a me masturbar com carinho.
-É se eu te chamar de Juliana...
-falo no ouvido dela lambendo sua nuca.
-Só se eu puder te chamar de Juliana…
Eu solto uma gargalhada.
-Ju pode…
-Hum... Boa ideia!
Eu a beijo e seguro na barra de sua camisola, a tirando pela cabeça em seguida…
-Vem cá Juliana, vem sentar no meu pau…
-Tô indo Ju…
Eu sorrio para ela e vou pra cama.
Há uma semana Juliana tem tumultuado as nossas noites recheadas de sexo.
É questão de tempo, até ela está aqui, no meio de nós dois, num sanduíche gostoso. Eu não tenho nem dúvidas disso.
Eu só preciso descobrir quem é essa guria...
******************
Alguns dias depois.
Estou tomando meu café dentro da minha sala na sede da polícia federal, quando meu celular toca... DDD 21, deve ser o Tancredo.
"-Alô… "
"- E aí meu chapa, está a fim de vir me visitar?"
"-Cidade maravilhosa?!? Quem sabe nas férias…"
"-Poxa, estava contando com sua ajuda para subirmos o morro do Adeus."
Me aprumo na cadeira. Isso muito me interessa.
"-O que descobriu…"
"-Antes vai ter que me dizer porque o interesse na menina…"
"-Ela é babá da minha filha…"
"-Merda!"
"-O que foi Tancredo... Desembucha…"
"-Acho que não vai querer saber o que descobri …"
"-Se põe minha família em risco, quero saber sim…"
"-A menina nada mais é que a mulher do chefe do morro do Adeus... Fubá... Já ouviu falar?"
"-Claro... Eu estou investigando ele na operação "playgame". -Todos os pelos da minha nuca e do braço se arrepiam. Merda! Um traficante conhecido e a ficha dele é extensa, desde traficante, assassino conhecido em espancar suas vítimas até a morte. Segundo as investigações, ele tem um ringue no alto da favela, onde tortura seus adversários, além de traficante de armas conhecido e inclusive, eu faço parte de a investigação em que ele passou armas do exército para México dentro de embalagens de brinquedo. Que merda Juliana fez da vida dela...-Me explica isso direito Tancredo."
"-A menina sumiu no mundo, depois que perdeu o filho. Eu estou com a cópia da certidão de nascimento e óbito do menino aqui... Adriano Miguel Souza dos Santos. Pai, Brian Sousa e mãe, Úrsula Juliana dos Santos. Ele morreu com diversos traumas. Não encontrei certidão de casamento, mas encontrei registros dela na UPA perto da favela."
"-Você não perguntou por ela lá né Tancredo?"
"-Claro que não... Ia usar um informante que tenho lá, mas fiquei com medo de ele descobrir e ir atrás dela."
"-Você acha que ela fugiu dele?"
"-Provavelmente. O cara é perigoso, Cavalcante, suas vítimas são crianças, mulheres, velhos. Ele não faz distinção! Se ela perdeu o filho desta forma, pode ter o dedo envolvido nisso. Procurei por alguma reportagem da época e não encontrei muita coisa. Procurei por ocorrências do dia que o menino morreu e encontrei algo. Houve um acidente de carro próximo ao morro. Teve destaque porque foi táxi. O motorista e a criança morreram, só sobreviveu a mãe da criança. Pelo o relatório, o táxi estava sendo seguido."
"-Então ele a perseguia?"
"-Não posso te dar certeza disso, Cavalcante, mas foi o que achei na data que o menino morreu e condiz com os ferimentos dela quando deu entrada no hospital."
"-Quais foram os registros que você encontrou do hospital?"
"-Quando ela deu à luz, o menino viveu só um ano de vida. -Isso bate muito com o que Amanda me contou da amamentação.- E quando ela foi parar no hospital, no mesmo dia que o menino morreu.Teve uma fratura exposta na perna e levou pontos no supercílio. Foi operada, e mais ou menos uma semana depois, ela sumiu do hospital. O registro do hospital não diz se foi um acidente."
"-Provavelmente ele a tirou de lá."
"-Provavelmente, ou ela fugiu…"
"-Com uma fratura exposta, não podendo caminhar direito? Acho difícil. Só se ela tiver ajuda!"
"-Cavalcante, tudo leva a crer que a menina está fugindo dele. Ela não tem ficha na polícia e não consegue encontrar a tia que você disse. Se ela existiu, sumiu do mapa."
"-O menino morreu há quantos anos?"
"-Seis anos atrás."
Ela chegou em São Paulo um ano depois da morte do menino.
"-É sobre o dinheiro?"
"-Dados bancários eu preciso da justiça para saber o que rolou... Então eu não sei dizer... Mas se ela era mulher dele, provavelmente ela roubou da fonte."
"-Provavelmente…"
"-Dê resto, só você encostando ela na parede para te responder…"
"-Obrigada pela ajuda, Tancredo. Me mande esses documentos por email ou fax."
"- Considere feito."
"- Qualquer coisa eu te aviso quando for ao Rio. A investigação "play game" está em pleno andamento, talvez eu tenha que ir aí para colher informações do seu banco de dados."
Ele gargalha.
"-Seria ótimo, meu amigo!! Se eu souber de algo mais, te aviso! Se cuida!"
"-Você também!"
Então quer dizer que Juliana é ex mulher do fubá... O cara que eu estou investigando há meses. Quase nunca é visto em público, mas algumas pessoas dizem que ele parece um modelo. Além disso, ele tem um verdadeiro arsenal que pode explodir o morro todo. Como Juliana foi se meter nisso?
A intuição da Amanda nunca falha!
Pqp!!!
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Amanda Lima Cavalcante
-O que vamos fazer, Pedro?
Ela fala olhando os documentos que o Tancredo me mandou. Ela está uma pilha de nervos. Acabei de chegar da academia, e havia deixado o envelope dentro da cômoda e avisado a ela que estava ali.
Quando cheguei ela estava com os documentos na mão sem acreditar no que estava lendo.
-Calma Amanda, não tire suas próprias conclusões.
-Como pudemos pôr a esposa de um traficante dentro da nossa casa?
Ela murmura, porque estamos em pleno horário de trabalho da Juliana. Ela está lá embaixo, dando a janta da Luísa.
- Ela não é mais mulher dele... Você leu que ela fugiu dele…
- Ele disse "Provavelmente"... Ele não deu certeza sobre isso Pedro... O fato é que ela é mulher de um traficante de armas perigosíssimo. Não importa se ela saiu do Rio fugida. Se ele descobrir ela aqui, ele vai vir atrás de nossa família.
-Como disse... Não sabemos. Talvez eles tenham se afastado por livre e espontânea vontade.
Ela fecha os olhos e balança a cabeça.
-Ninguém consegue se livrar de um homem desse, Pedro. E se ela fugiu dele, é porque ele ainda procura ela…
Eu suspiro... Ela tem razão, mas eu não tenho forças de fingir que não estou preocupado com Juliana. Eu estou... O que será que esse vagabundo fez com ela, que faz com que se esconda do mundo. E o mais importante, o que aconteceu com o menino. Será que ele morreu num acidente mesmo? Precisamos confrontar ela…
-Amanda precisamos dar uma chance para ela nos contar a verdade…
-Pedro…
-Me escuta... Precisamos ouvir o que ela tem a nos dizer... Ela sabe que eu sou delegado e você é juíza, acha que ela ia aceitar um emprego num lugar onde se respira a lei?
Correndo o risco de ser desmascarada e presa? Ela tá fugindo meu bem... E nós precisamos descobrir o que aconteceu…
-Mesmo se for isso, ainda corremos risco.
Eu me sento ao lado dela e suspiro.
-Então, quer se livrar dela? Vá em frente…
Começo a tirar o tênis sem olhar para ela.
Quando termino vou para o banheiro tirando o short e entrando na ducha.
Quando olho ela está parada na porta me olhando.
- Quando conversamos com ela?
-Mudou de ideia?
Ela suspira..
-Você sabe que eu não sou esse monstro... Que me tornei juíza para ajudar pessoas inocentes.
-Eu sei…
-Então quando, Pedro?
-Amanhã... Conversamos com ela antes de ela ir embora…
-E se ela não quiser contar nada?
-A demitimos e esquecemos disso…
-Ok!
Ela suspira e sai do banheiro.
Convencer a Amanda a ajudar a menina? Feito…
Agora convencer a Juliana que só queremos ajudar ela? Não tenho tanta certeza assim…
*****
