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CAPÍTULO 2

JONH

Quando eu cheguei na agência, eu encontrei uma das modelos discutindo com a Flávia, naquele momento eu já sabia o motivo da discussão, mas como todo chefe, eu tinha o dever de perguntar.

— O que está havendo aqui? Já imaginaram se algum cliente entra aqui e encontra essa baderna?

Flávia: Desculpa Sr. Carter, mas a Ingrid está se recusando a fazer book vermelho

Ingrid: Eu já fiz book vermelho essa semana, o cliente quase me estrangulou com aquela gravata no meu pescoço, eu ainda estou dolorida das chicotadas que ele me deu, eu só quero um descanso pra que eu me recupere.

— Tudo bem, você pode ir pra casa e a Flávia irá encontrar uma substituta pra você.

Ingrid: Eu não vou participar do desfile?

— Você sabe como as coisas funcionam por aqui Ingrid, a passarela é como se fosse uma vitrine pros nossos clientes, eu não posso dar um "Não" pros clientes caso eles queiram sair com você.

Ingrid: Eu preciso da grana Jonh.

— E eu preciso dos clientes, agora você pode ir.

Eu vi ela se retirar furiosa, e eu não dei a mínima pra crise de fúria dela.

O dinheiro e o poder fizeram de mim um homem sem coração, mas eu tinha consciência dos limites das minhas modelos, a Ingrid jamais recusaria fazer book Vermelho se não estivesse realmente dolorida, mas tudo era negócios, eram esses negócios que comandavam a minha vida.

— Flávia, consiga outra modelo pra ficar no lugar da Ingrid, e passa pro meu e-mail o relatório dos clientes que irão estar presentes no desfile.

Flávia: Eu já mandei pro seu e-mail.

— Obrigado, eficiente como sempre.

Ela sorriu, aquele sorriso angelical da Flávia já me fez pensar em coisas absurdas que eu gostaria de fazer com ela, mas a minha ética no trabalho me impedia de ir além do contato profissional.

Enquanto eu estava no meu escritório vendo o relatório, eu ouvi a voz da Shell ecoar na agência, a minha única reação foi colocar as mãos na cabeça, esperando o tsunami invadir a sala.

A porta abriu, e o motivo dos meus maiores estresses entrou.

Flávia: Desculpa Sr. Carter, eu não consegui impedi-la.

— Tudo bem Flávia, pode sair e feche a porta.

Assim que a Flávia saiu, a Shell começou com a onda de chantagens emocionais dela.

Shell: Você desligou o celular na minha cara, e ainda teve a coragem de dizer que existem mulheres que valem mais a pena do que eu? Quando você chegou aqui, você não era ninguém, não tinha nem onde morar, eu fui teu ponto de apoio em diversas fazes da sua vida, não saí do seu lado nem por um momento, e agora que você ficou milionário, se tornou conhecido, conheceu pessoas importantes, você acha que pode me descartar assim, como se eu fosse um monte de lixo?

— Porquê você faz isso Shell?

Shell: O que eu estou fazendo?

— Toda vez que as coisas não saem da forma como você idealiza, você joga esse tanto de coisa na minha cara, como se isso fosse mudar a nossa situação, você quer o quê de mim? Que eu namore você por consideração? Que eu priorize você por gratidão? Que tipo de relacionamento nós teríamos se eu ficasse com você só porque você me ajudou a ter um teto lá no início? Teto esse que eu pagava a metade do valor?

Você acha mesmo que se não fosse você eu não iria conseguir me virar? Eu morei com você só por quatro meses e paguei por isso, eu não te devo nada.

Você precisa entender que eu não amo você, que pra mim tudo isso que rolou entre a gente foi só sexo, e isso não me prende a você.

Shell: Você é um filho da puta covarde Jonh, se você não tivesse chegado onde chegou, eu duvido que você teria coragem de me tratar assim.

— Eu vou facilitar as coisas pra nós dois Shell, a partir de hoje, nós dois não iremos ter mais nenhum tipo de relação além da amizade, isso se a minha amizade for o suficiente pra você, eu não quero que você entre aqui exigindo satisfações como se fosse minha mulher ou algo do tipo, você precisa respeitar as minhas escolhas.

Shell: Quer saber de uma coisa? Enfia essa amizade no seu cú, eu vou fingir que eu nunca conheci você em toda a minha vida, e por favor, se você me encontrar algum dia, faça o mesmo.

A Shell atravessou a porta, e foi embora levando uma amizade de anos, eu não vou negar que aquilo mexeu comigo, mas no fundo eu sabia que era o melhor, pois ela jamais me daria paz, como não me deu ao longo dos anos.

Eu passei um tempo tentando reorganizar a minha mente, e depois toda a frieza voltou a tomar conta de mim, e eu pude finalmente voltar ao trabalho.

Ao analisar o relatório, eu vi que os clientes de maior potência financeira estariam presentes no desfile, muitos daqueles homens gostavam de mulheres jovens e submissas, mulheres que aceitassem realizar os fetiches sexuais deles, fetiches esses que envolviam enforcamento, chicotadas, sexo anal, e até práticas sadomasoquistas, nesses casos, eles pagavam o triplo do valor.

Todos os contratos que as modelos faziam com a agência, deixava claro que elas concordavam com tais práticas, apesar da prostituição ser algo proibida no país, era necessário eu possuir esses documentos assinados pra minha pena ser menor, caso o esquema fosse descoberto.

Aquele era o risco que eu precisava correr pra conseguir manter a vida que eu tinha.

No dia seguinte eu sabia que eu iria ter um faturamento acima da normalidade, então eu trabalhei o dia inteiro pra que tudo saísse na mais perfeita ordem, liguei pra marca contratante e confirmei o horário do evento, depois entrei em contato com os clientes da lista vermelha e antecipei as fotos das modelos que iriam participar do desfile, no final do dia eu fui pra minha mansão completamente ansioso pro dia seguinte.

Quando eu finalmente cheguei em casa e abri um vinho pra conseguir amenizar o peso do mundo das minhas costas, o meu celular tocou, quando eu vi que se tratava de um dos clientes mais disputados entre as modelos, eu rapidamente atendi.

— Boa noite Sr. Klaus, qual o motivo da sua ligação a essa hora?

Klaus: Boa noite Carter, amanhã gostaria de ter uma reunião com você antes do desfile, é possível?

— É claro que sim, mas aconteceu alguma coisa?

Klaus: Não precisa se preocupar, eu só gostaria de fazer um pedido a você, mas quero fazer isso pessoalmente.

— Tudo bem, amanhã chegarei mais cedo e irei esperá-lo na sala de reuniões do evento.

Klaus: Até amanhã então.

Quando ele desligou, eu sabia que o pedido dele não era algo simples de se conseguir, e eu fui logo me preparando psicologicamente para tudo o que eu precisar fazer pra atender as expectativas dele.

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