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|NICOLE|

Caramba, qual é o meu maldito problema nesse raio de vida? Qual é, pelo amor de Deus? Por que às vezes parece que meu cérebro foi sugado para fora da minha cabeça ou se derreteu durante o meu longo percurso até a faculdade onde estudo? Pois só pode ser essa explicação para minha mente estar em completo estado de alerta, em pânico e um tanto perdida nesse exato instante, em que tudo não faz o menor sentido. Eu sequer consigo respirar feito uma pessoa normal, e provavelmente posso ter uma parada cardíaca muito em breve, logo após ter escutado as provocações sem sentido que saíram da boca do cara mais incoveniente e irritantemente gostoso que conheço nessa vida.

E o pior é que o malandro e baita sem vergonha, tem plena consciência do efeito que causa nas pobres vítimas que acabam inutilmente caindo em sua teia de charme e lábia baratos. Maldito Max Resende que adora fazer hora com a minha cara de trouxa, só porque sou mais nova e talvez por isso, mais tola do que ele. Um grande e verdadeiro bobão!

O idiota sabe que está atiçando algo em mim, que como qualquer outro ser humano normal com sangue quente correndo nas veias, acabaria sentindo, e que também está começando a despertar sensações e desejos estranhos, os quais eu não deveria ter por uma pessoa como ele. Não mesmo. Um cara muito distante de mim e da realidade do mundo em que vivo. Somos completamente diferentes um do outro, como água e óleo. Então não há mínima possibilidade, por mais remota e longínquoa que seja, de que em algum momento a gente possa ficar juntos, se não for como amigos ou conhecidos no meio dos nossos familiares, que já se conhecem há décadas por causa dos nossos pais e irmãos.

Não, não, não... eu não posso ser otária dessa forma. Não posso misturar as coisas e confundir ainda mais a situação em que nos encontramos, sendo que deve ser só mais uma invenção da minha cabeça maluca e avoada que está cansada de tanto estudar. Tudo não passa de apenas provocações infantis, as quais Max está constantemente habituado a fazer comigo, desde que me entendo por gente, ou seja, há pouco tempo atrás... há alguns meses, na realidade.

Ele não sente nada por mim de verdade. É idiotice da parte dele, eu sei, mas... mesmo assim, isso não me impede de sentir um baita calafrio subir pela minha espinha com o mero contado do seu corpo no meu, o qual faz minha mente gritar em alerta "o que diabos você esta fazendo comigo, cara?" Pois é uma tarefa muito díficil ter que me controlar e tentar fingir que não estou abalada com isso, quando na verdade eu estou. E muito, para ser bem sincera. Eu sinto algo grande crescendo e se avolumando dentro de mim feito uma bola de neve que está rolando e rolando sem parar, me levando diretamente para uma queda alta e certeira de um precipício.

Não se deixe levar por um rosto bonitinho, Nicole Fonseca! Seja firme, focada e persistente. É o que digo a mim mesma em silêncio dentro da minha própria cabeça. Você não é esse tipo de pessoa. Você é uma garota estudiosa, centrada e sabe quais são suas metas e objetivos. Você tem apenas que se concentrar em terminar seus estudos, se formar muito em breve no curso de medicina e exercer sua profissão, para ter uma vida tranquila, segura e sem mais complicações desnecessárias.

Então nada de inventar moda a essa altura da vida, ok? Eu me repreendo mentalmente com dureza e um menear de cabeça rápido e vigoroso, que faz com que eu me arrependa logo em seguida. As pessoas devem achar que eu estou enlouquecendo diante do comportamento estranho que estou tendo agora, mas é tarde demais para fazer algo a respeito, então não ligo.

Tudo o que realmente importa para mim nesse instante é colocar a minha cabeça em ordem, de volta no lugar e manter isso, toda essa besteira que se passou por minha mente durante alguns minutos, apenas para mim mesma, como se tudo estivesse igual como sempre foi durante toda a nossa vida. Porque senão... se as pessoas um dia souberem o que andei fantasiando sobre Max... caramba! Será o fim da picada! Eu estarei completamente perdida e envergonhada na frente de todos das nossas famílias. Serei taxada como uma garotinha tola que não soube brincar com o amiguinho, que fez somente uma brincadeira boba e inocente uma vez.

E eu detesto ser vista como uma simples menininha tola, idiota e infantil que é facilmente engana por qualquer um. Então é hora de cortar o mal pela raíz agora mesmo e assumir o controle das minhas emoções, sentimentos, hormônios e tudo o mais o que for necessário, para ter a minha vida de volta nos trilhos certos.

Esse será apenas um segredinho sujo meu, pois não há motivos para que eu conte a alguém sobre um momento de falha humana, um lapso momentâneo de fraqueza que tive acerca de um homem, mas o qual me recuperarei rapidamente. Eu só tenho que enterrar toda essa história maluca no passado, bem no fundo das minhas memórias e seguir adiante como se isso nunca tivesse ocorrido. Eu não preciso de mais confusão e dor de cabeça em minha cabeça nessa fase da vida. Pelos céus, não mesmo! Principalmente envolvendo um cara como Max Resende, o filho bonitão, famosinho e super descolado da família Resende. Além de tudo, o mais idiota também, vale lembrar esse importante detalhe.

Eu sei muito bem que é isso que tenho que fazer, que essa é a atitude mais correta a se tomar em tais circunstâncias, e a escolha mais sensata a ser realizada. Porém, como dizer isso para meu cérebro amolecido e tentar fazê-lo compreender a verdadeira realidade que me cerca? Como convencer esse estúpido órgão em meu corpo de uma ideia totalmente contrária do que ele deseja, depois do jeito que aquele homem acabou de me olhar, direto e intenso, abalando todas as minhas estruturas por completo, e fazendo com que eu me sinta como se estivesse no paraíso, somente por ter sido tocada por seus dedos mágicos e sua barba eletrizante? Como farei isso, meu Deus? Como? Essa é a pergunta que não quer calar por nada dentro da minha cabeça!