Capítulo 3
—É o terceiro pedaço que você come. -
Ele olhou para mim e eu olhei para as ondas. —Você os contou? -
— Seu treinador não lhe diz para comer de forma saudável? -
—Você vai contar para ele? -
"Talvez", eu brinquei.
Ouvir nossas risadas naquele silêncio abismal me trouxe a paz que aquela casa estava me tirando. Não trocamos mais nenhuma palavra e finalmente meu coração parou de bater descontroladamente.
- Sinto quente? - olhei para ele. “Você está suando”, disse ele imediatamente depois.
Suor frio, muito diferente. "Sim, um pouco", menti.
O suor se acumulou em seu pescoço e peito. Elijah olhava demais para ele, enquanto eu olhava para suas roupas: jeans largos e uma camiseta branca simples de manga curta. Eu tinha que descobrir se ele era mais atraente assim ou com uma roupa de surf.
Ele se concentrou em meus dedos ainda no meu pulso. Eu estava monitorando minha frequência cardíaca, o que me fez acelerar ainda mais. Ela pegou meu pulso e o trouxe para mais perto dela, removendo o rabo de cavalo que eu sempre carregava comigo. Colocou o bolo sobre a lenha, bem coberto com um guardanapo, e esforçou-se para se levantar.
- O que você está fazendo? Eu perguntei enquanto ele se agachava atrás de mim.
Ela prendeu meu cabelo em um rabo de cavalo alto. Essa sensação me trouxe frescor e calor ao mesmo tempo. Eu me senti estranhamente desconfortável, incapaz de dizer qualquer coisa, e isso não era do meu feitio.
— Você está tão tenso... — Ele tocou meus ombros com a ponta dos dedos para me fazer uma massagem.
Eu queria fechar os olhos e relaxar de verdade. Fiquei tão deprimido que não tive vontade de afastá-lo e ser desagradável. Certamente estava me ajudando a me distrair.
—O bolo era para você. Coma e você se sentirá melhor”, ele disse suavemente perto do meu ouvido.
Ele se levantou, deixando aquele contato, enquanto eu já queria levá-lo para a cama.
Eu deveria saber. —Você vai ficar apenas durante o verão? - Eu perguntei.
Ele já estava entrando na casa. - Não. -
Então você está fora dos limites. - De acordo... -
- Porque me pergunta isso? -
Encolhi os ombros e olhei novamente para o mar, logo após ouvir seus passos cada vez mais distantes.
Eu olhei para aquele guardanapo. Abri e quebrei um bolo. Comi um pedaço, faz tempo que não faço isso.
Aquela explosão de açúcar me animou instantaneamente.
Ficou muito bom, igualzinho a mamãe fez.
Elias
—Você vai ficar apenas durante o verão? - ele me perguntou. Você me achou interessante o suficiente para se perguntar se teria tempo para me conhecer?
Bebi um suco de laranja e meditei sobre ele pela manhã, após o jantar. Ele estava brincando na praia com seu golden retriever – ele disse Shell? - e eu estava olhando para ela da janela da cozinha. Ela estava usando um biquíni laranja.
Essa cor combinava muito bem com seu corpo bronzeado. Não é muito escasso? Ou talvez seja meu autocontrole que quer me pedir para usar um corte de calcinha simples?
Faziam apenas sete dias e eu já queria colocá-la na cama. É inevitável não tocar nesse pensamento com essas pernas longas e esse rosto astuto.
Habituada a relações casuais – porque os meus objetivos sempre estiveram em primeiro lugar – questionava-me se o meu vizinho cederia, mais cedo ou mais tarde.
Ou talvez eu devesse não ceder a uma alma frágil como a sua.
Antes de nossa chegada, meu pai nos informou de sua situação. Eu me perguntei o que ele pensava toda vez que molhava os pés na praia. Perguntei-me se, mais cedo ou mais tarde, teria tempo para fazê-lo me amar tanto quanto eu o amava.
Ela sentou-se na toalha e colocou o tubo de protetor solar na palma da mão. Ele passou pelas pernas. Qual será a altura? metro e ? Aquela garota poderia praticar qualquer esporte ou modelo. Depois continuou com os braços, barriga e peito. Foi uma tortura para minha concentração ver aquelas mãos tocando seu próprio corpo.
Desviei o olhar e me concentrei na tela do computador para voltar a escrever o e-mail perfeito. Tem que ser perfeito.
Porém, finalmente, pelo canto do olho percebi que aquelas lindas mãos não conseguiam estender a proteção nas minhas costas. Sacrificarei minha agenda lotada para ajudá-lo.
Levantei-me da cadeira, enchi um copo gelado com refrigerante de laranja e meus pés descalços roçaram a areia para levá-lo comigo. — Com esse calor você ficará desidratado. —Levando em conta que você não pulou no mar nenhuma vez.
Ela tinha acabado de ir para a cama, então não percebeu minha chegada. Ele cobriu os olhos com a mão para não ficar cego pelo sol. - Então, o que você sabe? Você estava me espionando? - Ela se sentou. —Você não se desculpou? -
Sem perguntar, abri espaço em sua toalha e ele não pareceu incomodado. —Você não pode simplesmente dizer obrigado? — Entreguei-lhe o copo. Ele era extremamente bom em desviar de perguntas embaraçosas.
Seus lábios carnudos pousaram no copo e ela tomou um longo gole, olhando para mim com aqueles lindos olhos castanhos, que lembravam mel. Engoli em seco e me concentrei em seu pescoço brilhando com creme e um colar dourado. Eu tinha muito para ver e nenhuma palavra para dizer.
Ele guardou o copo e lambeu os lábios com uma lentidão cuidadosamente estudada. "Obrigado", ele finalmente disse, com um pequeno sorriso no rosto.
Ele sabia como usar as táticas certas com um cara, mas eu sabia fazer o mesmo. Não prometi a mim mesmo não dar nenhum passo com aquela alma frágil? Agarrei o guarda e abri a tampa.
"Sim, não se preocupe, aceite", disse ele sarcasticamente.
Você achou que era para mim? Coloquei uma pequena quantidade na palma da mão e abri espaço atrás dela.
- O que você está fazendo? -
Em poucas horas entendi que ela não estava preparada para coisas imprevisíveis e que queria tudo sob controle. Assim como aquele bolo, eu avisei que aquele creme era para ela.
—Enquanto eu espiava você com cuidado, também vi que você não alcançou atrás de você. — Eu espalhei para ele antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, para evitar que ele se rebelasse.
"Obrigado..." ele disse suavemente.
Este vizinho amargo está ficando mole?
A pele dela estava exatamente como eu imaginava: macia, isso porque ela usava protetor solar mesmo já estando bronzeada. Meus dedos estavam se acostumando a tocá-la, o suficiente para me sentir confortável atrás dela e massagear seus ombros. Eu senti como se eles estivessem bloqueando seu pescoço.
—Por que você é tão bom em massagens? - igrejas. Ela relaxou as articulações, não ficando mais reta como um tronco.
—Meus treinadores sempre me deram conselhos. Muitas vezes tenho cólicas dolorosas devido ao esporte que pratico. Principalmente nas panturrilhas. -
—Por que você fica tenso na prancha de surf? -
– Hum, hum. — Fui até o pescoço.
—O que acontece se você tiver cãibra no mar? -
-Isso nunca aconteceu comigo. -
Seu peito subia e descia quando ele soltou um suspiro profundo. - Eu entendo... -
O silêncio com Karla foi agradável, talvez porque gostasse do som do mar. O silêncio, porém, me levou a focar em outra coisa. Como por exemplo nas minhas mãos sobre ela, no seu perfume, naquele maiô triangular e no seu polegar acariciando o vidro daquele copo.
Eu precisava de um banho. Felizmente eu não estava usando trajes de banho justos ou meu traje de surf.
Tirei minhas mãos e me levantei. Ela me seguiu com o olhar, levantando a cabeça. — Eu vou... — apontei para o mar sem perguntar se ele queria vir comigo; Eu não queria fazê-la se sentir desconfortável.
No caminho encontrei Shell cavando na areia. Ele veio em minha direção e aquele cachorro abanando o rabo era uma grande distração.
Eu o encorajei a me seguir até o mar, jogando-lhe um pedaço de pau. Porém, não tive tempo de molhar meu abdômen antes que a voz de Karla me fizesse virar.
- Não brinque com ela desse jeito. —Ele enterrou aquele copo na areia e caminhou em direção à costa para se juntar a nós. —Se ela for embora eu não poderei pegá-la. —Ela parecia irritada, assustada.
- Ele é um cachorro, sabe nadar. - olhei para ele. Ela já havia pegado a vara que joguei nela e também estava voltando para Karla na praia.
- Não estou interessado. Eu nunca levo isso tão longe dele. Ela é minha cadela e eu decido o que fazer com ela. -
- Tão longe? Está na costa. -
Odiei minha insistência, pude perceber, mas não pude fazer mais nada. Ela ficou com raiva e com medo de coisas que não existiam para uma garota da minha idade ou um pouco mais velha. Ninguém percebe?
Ela agarrou a coleira, furiosa, amarrou na coleira e me deu as costas para pegar suas coisas.
"Karla..." Saí da água para me juntar a ela. -Por que você está tão bravo? Não disse nada. -
- Me deixe em paz. -
Sua voz quebrou? Ele afundava os pés na areia a cada passo em direção à sua casa e tudo que me restava era um copo - agora quente - de suco de laranja pela metade e um sermão da minha mãe quando cheguei em casa.
- Que fizeste? ele perguntou com os braços cruzados.
Deixei aquele copo na pia. —Eu estava brincando com seu cachorro. – Tentando jogar, na verdade.
— Cuidado com aquela garota. Seu comportamento pode perturbá-la depois de tudo o que ela passou. -
- Vá devagar? Mãe, eu não fiz nada. Eu ficarei com o cachorro para você se precisar. -
Ele suspirou depois de tomar um gole de café.
- E esse é o problema. Você é intrometido e não está acostumado a interagir com as pessoas... - Esperei ele continuar. - Como . -
Então, o que você faz com pessoas assim? Eles se deixam sozinhos?
