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O Peso Do Sangue Corrompida Por Um Mafioso

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Lêh Magalhães
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Resumo

O Peso do Sangue: Corrompida por um Mafioso Ela foi trocada como uma moeda. Ele a quis como uma arma. Mas o destino tinha outros planos. Filha bastarda de um poderoso banqueiro de Nova York, Amy Carson cresceu escondida do mundo, cercada por desprezo e isolamento. Quando a promessa de uma vida tranquila prestes a ser consagrada é arrancada de suas mãos, ela se vê obrigada a abandonar tudo o que acredita para servir ao homem mais temido do submundo: Oliver Santiago — conhecido por muitos como El Diabo. Cruel, frio e implacável, Oliver não está acostumado a ouvir "não", e muito menos a lidar com inocência. Mas Amy não é como as outras. Ela não grita, não foge, não quebra… ao menos, não tão facilmente quanto ele esperava. Entre jogos de poder, cicatrizes silenciosas e uma convivência forçada, o que começou como punição se transforma em algo perigoso: uma obsessão. E quando o tempo começa a se esgotar, Oliver percebe que talvez o maior castigo seja perder aquilo que ele nunca quis ter... até agora.

Amor trágico / Romance angustianteDominação / Conquista de poderInvencível / Todo-poderosoVingança / Retorno triunfanteSangue quente / Cheio de energiaAmor que cresce com o tempoRenascimento com vingançaVingança / Derrotar oponente humilhantemafiaFrio/Indiferente

Prólogo

As portas de vidro giratórias pareciam pesar toneladas quando Amy Carson as empurrou. Não pela força física necessária, mas pela decisão que a arrastava para o que ela sabia, no fundo da alma, ser o início de sua condenação.

Ela estava completamente deslocada naquele ambiente. O luxo dourado e vermelho do saguão do Santiago’s Club & Casino — um dos mais famosos de Nova York — contrastava brutalmente com sua figura esguia e serena, vestida com o modesto traje de uma noviça. O tecido escuro e simples envolvia seu corpo com austeridade, ocultando qualquer curva, qualquer traço feminino que pudesse atrair olhares. O lenço claro que cobria seus cabelos loiros estava amarrado com delicadeza sob o queixo, e suas mãos, pálidas e finas, seguravam uma pequena mala de couro já desgastada pelo tempo. Dentro dela, tudo o que Amy possuía de mais valioso: uma Bíblia marcada por orações, um terço de madeira que pertencia à sua mãe e duas trocas de roupa humildes.

Ela andava devagar, de cabeça baixa, os olhos verdes fixos nos próprios pés. Cada passo parecia ecoar mais alto do que o som abafado dos caça-níqueis, das risadas, do tilintar dos copos de cristal e da música ambiente que escorria das caixas embutidas no teto como veneno doce.

Amy murmurava uma prece. As palavras saíam de seus lábios em um sussurro quase inaudível, como se tentasse se proteger com cada "Pai Nosso" de um mal invisível e onipresente. Sabia que aquele lugar não era território sagrado. Estava prestes a conhecer o próprio inferno — e o homem que o comandava.

Um segurança alto, com braços grossos cobertos de tatuagens e olhos escuros semicerrados, interceptou seu caminho. Ele a olhou dos pés à cabeça e bufou com escárnio, cruzando os braços sobre o peito largo.

— Irmã... aqui não é lugar pra pregação — disse, rindo. — E pode acreditar, não vai encontrar seu Deus aqui.

Amy ergueu lentamente o rosto e encarou o homem. Por um segundo, ele recuou diante do brilho inesperado naqueles olhos verdes. Não era desafio. Não era raiva. Era uma firmeza silenciosa, quase piedosa. Como se ela soubesse exatamente onde estava e, ainda assim, tivesse escolhido caminhar direto para a boca do lobo.

— O senhor Santiago está à minha espera — disse ela, com voz baixa, porém inabalável.

O segurança arqueou uma sobrancelha e sorriu, achando que se tratava de mais uma das garotas excêntricas que tentavam chamar a atenção do chefe. Linda, sim. Mas certamente louca.

— O quê? — zombou ele. — O Diabo vai confessar seus pecados hoje?

Amy não piscou.

— Diga a ele que Amy Carson chegou.

O nome caiu como uma pedra na garganta do segurança. Ele empalideceu ligeiramente, tentando esconder o impacto. Era impossível. Nenhuma mulher com aparência tão frágil e devota podia estar ligada à família Carson — muito menos ser a filha bastarda que o próprio Oliver Santiago exigira dias atrás.

Desconcertado, o homem ergueu o rádio preso ao ombro.

— Senh—senhor Santiago… tem… tem uma mulher aqui. Uma freira, na verdade. Disse que o senhor está esperando por ela. Nome dela é... Amy Carson.

Do outro lado, o silêncio durou pouco. Uma única resposta atravessou o rádio com uma clareza assustadora:

— Traga-a até mim. Agora.

O segurança engoliu seco, abriu passagem com um gesto e indicou que ela o seguisse.

Amy agradeceu com um leve aceno de cabeça e caminhou atrás dele em silêncio, sem desviar os olhos do chão, evitando os rostos curiosos que a observavam como se ela fosse um tipo estranho de entretenimento. Sentia o cheiro do álcool, o perfume forte das mulheres, o odor de cigarro e ganância impregnando as paredes.

Subiram por corredores acarpetados até um andar superior, mais silencioso e escuro. Diante de uma grande porta dupla de madeira escura entalhada com símbolos de cartas e serpentes, o segurança parou, olhou para ela com certa hesitação e empurrou uma das folhas, abrindo passagem.

— Entre.

Amy hesitou. Por um instante, seu coração quase gritou em desespero. Mas o destino que deixava para trás era mais cruel que o que a aguardava à frente.

Com a mão livre, traçou o sinal da cruz no próprio peito.

Então entrou.

O salão era outra realidade. Uma mistura perversa de luxo e decadência, de prazer e poder. As paredes eram cobertas por veludo escuro e espelhos. Candelabros modernos pendiam do teto, banhando o ambiente em uma luz quente e dourada. Sofás de couro vermelho, poltronas com detalhes dourados, mesas com garrafas de uísque caríssimo, cartas espalhadas, fichas de pôquer... e corpos.

Mulheres seminuas riam, dançavam, sentavam-se no colo de homens de terno caro que as acariciavam sem qualquer pudor. Beijos lascivos, toques íntimos, gemidos abafados por risadas e brindes. Um cenário que mais lembrava um clube de prazeres secretos do que um cassino de fachada. Homens armados vigiavam todos os cantos, imóveis como estátuas. Todos notaram sua entrada. Todos a encararam com surpresa e deboche.

E no centro de tudo, sentado como um rei em sua poltrona de couro negro, estava Oliver Santiago.

Seus olhos azuis eram como lâminas de gelo. Fixos nela. A expressão, primeiro de espanto, logo se transformou em algo mais sombrio. Um sorriso curvou seus lábios lentamente, como o de um predador diante da presa mais improvável.

Ele se levantou com elegância cruel, afrouxou o nó da gravata e deu uma risada profunda que silenciou o salão.

— Uma noviça? — disse, ainda rindo. — Isso é melhor do que eu imaginei.

Amy permaneceu de pé, imóvel, segurando firme a alça da mala. Ele se aproximou alguns passos, os olhos percorrendo-a de cima a baixo com interesse perverso. Então, abriu os braços, como quem anuncia um espetáculo.

— Que comecem os jogos — declarou com voz baixa, carregada de sarcasmo e desejo. — Vai ser um prazer destruir você.

Amy não respondeu.

Mas por dentro, enquanto seu coração batia como um tambor de guerra, ela fazia apenas uma prece:

"Senhor... não me deixe quebrar."