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O homem de pijama

LINDA FONSECA

Acordei sentindo muita dor na cabeça. Estava num lugar que não reconhecia. Um quarto pequeno e branco. Procurei na memória a minha última lembrança e só me veio o momento em que aquele subordinado me ordenava para entrar na casa do Rômulo Guimarães. Eu só poderia estar dentro da casa dele. Então será que quando eles viram a minha recusa, me forçaram a desmaiar com um golpe?

Eu sinto como se novamente tivesse batido a cabeça, mas agora sinto essa dor do lado esquerdo. É uma dor latejante. Passei a mão atrás da cabeça e senti uma coisa colada nela. Sentei na cama e a tontura me fez deitar novamente. Existia uma luz que vinha de um abajur neste quarto. Somente uma cama e uma mesa de cabeceira com um abajur.

Por que me trouxeram para cá? — eu me pergunto. Não pode ser para me ajudar.

Aquele monstro me jogou com tanta frieza dos degraus de sua casa, que se fosse uma escada mais alta, eu certamente não estaria viva agora. Um verdadeiro monstro. Quando eu sair desta casa, não terá perdão para ele. Irei expor Rômulo Guimarães para que todos saibam como ele trata seus funcionários e os familiares destes. Direi que ele negligenciou a morte de meu pai e quando o procurei ele me agrediu. Sua carreira vai para o buraco assim como meu pai foi.

Tentei sentar novamente e mesmo com a tontura, permaneci na posição, esperando que ela passasse e assim pudesse levantar e sair dali. Ao menos eu não estava presa a nada.

Esperei alguns segundos e a tontura passou, mas ao levantar, a tontura voltou. Me apoiei na parede e esperei que ela passasse. Fui até a porta, com a cabeça latejando de dor, e a abri. Estava escuro fora do quarto, mas ainda existia uma luz de fora, que entrava por algumas janelas de vidro. Era uma sala. Eu procurei uma porta por onde poderia sair. Cada passo era como se alguém me batesse na cabeça com um martelo.

Dei passos bem pequenos, que não sacudissem a minha cabeça ou exigissem muito o meu equilíbrio. Segurei na parede e andei numa direção para ver se encontrava uma porta. Depois de alguns passos, a minha cabeça doeu muito e eu fechei os olhos apertado. Respirei fundo, segurando as lágrimas, pois esta dor era das que fazem a gente querer chorar de tão fortes que são.

Então eu abri os olhos e vi um par de chinelos na minha frente, pernas e quando ergui minha cabeça, vi um homem de pijama na minha frente.

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