Capítulo 4 Investigador
No dia seguinte ligou a um investigador privado da sua confiança, costumavam chamá-lo para investigar as empresas que iam adquirir, antes de o fazerem, claro.
Informaram-no de tudo sobre o caso e disseram-lhe que queriam descobrir duas coisas, possivelmente relacionadas.
Queriam saber se alguém tinha sabotado a empresa, ou seja, se depois do acordo para iniciar os trabalhos, alguém tinha mudado os planos, queriam saber quem era e em que momento tinha mudado os documentos, e também queriam saber se Paolo Simone tinha sido assassinado.
Oscar Yuri, o investigador, ficou espantado, ele próprio tinha investigado aquela empresa, há alguns anos, para eles, antes de a comprarem.
-A empresa Simone pertence-lhes, eu próprio a investiguei quando foi à falência.
-Claro, mas precisamos de saber o que aconteceu realmente à empresa e ao seu proprietário.
-Está bem, vou começar pela empresa.
-Onde quiseres.
Não lhe disseram que tinham documentos que lhe facilitariam o trabalho, mas sim que queriam saber onde é que a investigação levaria se ele começasse do zero.
Por outro lado, reuniram-se com um engenheiro amigo deles, especialista em telecomunicações, para desbloquear as mensagens e os áudios encriptados de um dos telemóveis de Paolo.
Isso ia demorar algumas semanas.
Lourenço estava ansioso, por isso apressou o amigo.
-Nada é mágico.
Leonardo, o seu amigo, responde-lhe.
-Eu percebo, mas despacha-te, por favor.
Eu dou-lhe prioridade, levo-o aos técnicos.
-Tratem-no com cuidado.
Orlando aconselhou-o.
-Estou completamente intrigado, do que é que se trata?
Os sócios entreolham-se, confiam em Leonardo, é por isso que lhe dão o telemóvel, têm uma profunda amizade com ele.
O Lourenço falou.
-Tem a ver com Paolo Simone.
- Aquele que se suicidou?
-Acreditamos que não se suicidou, que o telemóvel lhe pertencia, estamos a investigar e acreditamos que foi morto.
-Não percebo o que é que isso tem a ver contigo ou porque é que tens o telemóvel dele.
Leonardo está totalmente confuso.
Explicaram-lhe o que se tinha passado nos últimos dias.
Eu conheço a mulher dele, é linda, aliás os pais dela viviam perto da casa dos meus pais, quando era adolescente deixava-nos a todos a suspirar cada vez que passava.
-Ela ainda é assim, juro que te vai tirar o ar, assim que tiver oportunidade, vou comê-la.
Lourenço disse muito claramente ao amigo que a tinha na mira, caso se cruzassem, não queria ter de disputar aquela mulher com Leonardo, estava mesmo chocado com a beleza daquela mulher.
Leonardo desatou a rir, divertia-se com a forma como Lourenço marcava o seu território, tendo-a visto apenas uma vez.
Ela comeu-te a cabeça.
disse ele, à espera que o amigo negasse.
-Sim, completamente.
Depois, Lourenço pede ao departamento de pessoal os horários dos empregados do sector de Facundo, nem sequer pede à secretária para o comunicar.
Leonardo e Orlando olham-no com incredulidade.
Quando o rapaz sair, eu vou ter com ele e levo-o para casa.
Ele disse muito determinado.
-Perdeste a cabeça.
O Orlando disse-lhe.
-Ainda não, depois de a comer, digo-te.
-Estás a delirar.
Lourenço riu-se, mas pensou que sim, que estava, que estava a delirar com aquela mulher.
Ele tinha de mergulhar naquele cu e naquelas mamas.
Combinaram com o seu companheiro e o seu amigo de irem jantar fora no dia seguinte.
Quando chegou a hora de Facundo sair, Lourenço foi para a saída do prédio, estava dentro do carro, com o seu motorista, à espera que o seu empregado saísse, o motorista não percebia porque não arrancavam.
Passados 20 minutos, Lourenço vê Facundo sair e diz ao motorista para lhe buzinar, enquanto baixa o vidro.
Olá Facundo, estava a sair e vi-te.
-Boa tarde, senhor.
-Entra, eu dou-te boleia.
-Não quero incomodá-lo.
Depois digo-lhe o que estamos a investigar.
Facundo sobe as escadas, hesitante.
Pensava no interesse que o homem ao seu lado poderia ter em fazer justiça pelo seu pai.
Não era ingénuo e sabia que empresários tão poderosos como Orlando e Lourenço não se preocupavam tanto com o próximo, sabia que tentara salvá-los de uma catástrofe, mas a promoção era suficiente, embora também compreendesse que os documentos que lhes dera, não sobre a investigação da morte do pai, mas sobre o erro, eram importantes para eles, há erros que não se devem repetir.
Lourenço estava a pensar em sair em casa do jovem, estava desejoso de ver a mãe.
Não conseguia parar de pensar naquela mulher.
Ele não falou muito durante a viagem, por isso Facundo pensou que teriam de falar sobre o assunto na privacidade da sua casa, até achou lógico, porque era um assunto muito delicado.
Quando estavam a chegar, o jovem tirou o alarme do bolso e abriu um portão para o motorista entrar no carro.
Assim fizeram, estacionaram na garagem descoberta, havia lugar para 5 carros, um certo sentimento de culpa passou pela cabeça de Lorenzo, pois o valor que tinha pago pela empresa a Paolo Simone era muito inferior ao que realmente valia e neste momento até se sentia parcialmente responsável, não pela sua morte, mas pela situação geral.
Entraram na mansão e foram diretamente para o gabinete de Paolo.
- Não vais avisar a tua mãe que já chegaste?
perguntou ele, como se fosse um descuido.
-Não, ela já foi para o trabalho.
Não, ela já foi trabalhar.
pensou Lourenço.
Mas, de momento, não fez mais nenhum comentário.
Informa-a de quem se tinha ligado, fá-lo de cima para baixo, não queria dar-lhe toda a informação, com a ideia de passar por lá noutra altura, queria ver essa mulher.
-Acho que devíamos falar com a tua mãe, para lhe explicar que estamos a investigar tudo de novo.
Não sei se será conveniente, ela sofreu muito com a morte do meu pai, eles adoravam-se muito.
Lourenço não gostou de ouvir que ela adorava o falecido marido, não sabia porque é que tinha um sentimento estranho em relação a isso.
-De qualquer modo, ele teria de saber.
-Se não te importas, então eu falaria sobre isso.
-É um assunto delicado, eu teria de estar presente, para o caso de ele fazer perguntas específicas.
-Não o quero incomodar, ele está a fazer muito por mim, por nós.
-Facundo, não fazes ideia de como foi importante teres visto o erro.
-Sim, bem, não sei bem, mas sei as consequências que esse erro, na altura, trouxe à minha família.
-O que é que a tua mãe faz na vida?
perguntou, tentando parecer educado.
Facundo não respondeu de imediato, tinha vergonha de não poder sustentar a mãe e de não poder ser aquele que, com os seus rendimentos, a podia ter como uma rainha.
Naquele momento nem sequer tinham criados, já não havia nada do esplendor que tinham tido.
O pior é que ela tinha de sair para trabalhar para manter a casa.
Lourenço viu a cara de tristeza da sua empregada.
-Ela é... empregada de mesa em festas privadas.
Confessou com muita vergonha.
O diretor-geral ficou surpreendido e algo o incomodou ainda mais.
-Ela tem uma amiga que, quando se separou, o marido praticamente a deixou na rua, ofereceu-se para trabalhar com ela... pagam-lhe bem e até ela me arranjar e eu poder manter a casa e mantê-la como uma rainha, temos de nos desenrascar.
-Desculpa, mas acho que a tua mãe preferia que estudasses e te licenciasses, que te formasses profissionalmente e que fosses tu a tomar conta da casa.
-Sim, ela é maravilhosa, trabalha sem se queixar e tem sempre um sorriso para mim.
Lourenço achava que, para além do seu físico e do seu rosto, ela era uma grande mulher e queria ser o dono dos seus sorrisos, pelo menos os sensuais, aqueles que tinha de fazer quando seduzia alguém.
Ela é jovem e bonita, seria fácil para ela arranjar um candidato e fazer com que ele a sustentasse, ao filho e à casa.
Pensou que não devia ser económico manter a casa e o carro. Naquele momento, não se lembrava da marca do carro que ele lhe tinha dito que tinham, mas era topo de gama.
Perguntou-se como é que, com um emprego de empregada de mesa, podia manter a casa e o carro.
Ela não comentou, mas a dúvida permaneceu.
-Diga-me quando é que podemos falar com a sua mãe.
-Se não for incómodo, pode ser no sábado... Não sei o horário dela, a minha mãe não se costuma levantar muito cedo, trabalha até tarde.
-Não te preocupes, eu não tenho problemas, também não me levanto cedo em muitos sábados.
-Muito obrigado, não sei como lhe agradecer... Quer uma cerveja ou um café?
Lourenço ia recusar o convite, mas queria saber mais sobre aquela mulher que lhe roubava horas da sua vida, a pensar nela.
Nesse momento, o telefone toca, era a namorada.
-Sinto muito.
Disse ele ao atender o telefone.
-Olá Majo.
-Olá amor, há três dias que não nos vemos.
-Tenho muito trabalho para fazer, ainda estou no escritório.
Facundo ouve, sem querer, a conversa, ou melhor, a mentira que o patrão conta.
-Quero que te vás embora, vamos jantar.
Majo perguntou a Lourenço.
Eu ligo-te, depende da hora a que eu acabar, falamos quando eu sair.
Ele interrompe-se, pensando que não tinha saída naquele dia, porque Majo insiste.
-Mulheres, está bem, eu pago-te uma cerveja.
Facundo estava confuso, parecia que ela era sua namorada e estava a mentir-lhe descaradamente.
O jovem foi à cozinha e regressou com duas latas de cerveja.
-Tenho cerveja preta, se preferir.
-Tudo bem, obrigado.
Lourenço sentou-se, acomodando-se no cadeirão.
A casa era aconchegante, mas não deixava de ser uma mansão, ele não parava de pensar em como a mantinham.
-A minha mãe prefere cerveja forte, mas compra a mais suave.
Ele ficou satisfeito com essa informação.
-As mulheres tendem a beber cervejas suaves.
-É verdade, ela é assim para muitas coisas, gosta de música pop, embora quando treina ouça música disco.
- O que é que ela treina?
perguntou ele, curioso, mas seguindo a conversa.
-Ela dança, mas diz que treina.
Facundo sorri, lembrando-se da mãe.
-O ginásio está bem equipado, o meu pai não se poupou a despesas para a minha mãe, embora ela nunca lhe tenha pedido nada, felizmente ela não é exigente, senão teria sido muito mais difícil para ela sair e trabalhar como empregada de mesa.
Algo estava a fazer barulho na sua cabeça, Lourenço não acreditava que o salário de empregada cobrisse todas as suas despesas.
Conversam durante mais algum tempo, até o diretor-geral sair.
Ele estava a pensar investigar Edith Donato também, só porque precisava de saber mais sobre ela.
