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FACULDADE

MAJU

FELICIDADE ! GRATIDÃO! Essas palavras descrevem tudo que estou sentimento nesse momento. Nunca pensei que entre tantos participantes, e após ter ouvindo várias pessoas sussurrando que alguém como eu nunca teria a chance de ser aprovada entre tantos candidatos que estudaram em escolas de alto nível , ao contrário de mim que sempre estudei em escolas públicas. Hoje vejo que tudo depende da nossa capacidade, do esforço , dedicação e nunca desistir dos nossos objetivos. Com os olhos fixos no papel a minha frente um misto de sensações pairou sobre mim, ao mover minha cabeça vejo que todos os olhares estão voltados em um único alvo "EU". Algumas patricinhas as mesma que ouvir sussurrando alguns meses atrás que eu jamais seria aprovada , agora tudo que vejo em seus olhos e ódio, raiva e inveja pelo fato de uma negra , filha de uma empregada doméstica ter seu nome estampado como o primeira da lista do curso de direito de uma das faculdades mais renomadas e privada do Rio de Janeiro.

Entrar na Escola de Direito do Rio de Janeiro (FGV-Rio), sempre foi o meu maior sonho e jamais teria chegado até aqui se não fosse por Deus e pela minha mãe que sempre fez de tudo para que eu concluísse os meus estudos . Com um giro rápido nos calcanhares e com vários pares de olhos me avaliando de cima a baixo, em passos largos caminhei pelo enorme corredor que dava acesso a saída do lugar. Assim que passei pela grande porta sentir um vento frio bater em meu rosto, a vontade que eu tinha era de saí gritando a todo vapor que eu tinha conseguido, a minha felicidade era tanta que meus batimentos estavam no ritmo alucinante, uma sensação tão boa atravessou todo o meu corpo e a única coisa que se passava em minha mente era chegar logo em casa e dizer para minha mãe que eu tinha sido aprovada.

Horas depois....

Depois de passar quase duas horas em pé imprensado dentro de uma lata de sardinhas ambulante com várias de pessoas, enfim cheguei ao meu destino, eu estava tão eufórica que nem me importei com o incomodo em minhas pernas . Assim que o veículo parou próximo a minha casa , em passos precisos comecei a caminhar na direção da minha casa mais de repente toda sensação boa de segundos atrás que se apoderou de mim se esvaiu e assim que dona Maria a nossa vizinha gritou o meu nome sentir um calafrio atravessa a minha espinha deixando todo o meu corpo em total alerta.

- Até que fim você chegou menina - Pela sua expressão eu sabia que algo tinha acontecido.

- Aconteceu alguma coisa vizinha?

- O motorista do trabalho da sua mãe veio avisar que a deixaram no Hospital municipal Lourenço Jorge.

Ela continuou falando mais tudo que ficou em minha mente foram suas palavras que a minha mãe estava no hospital. MEDO! DESESPERO! Um misto de sensações ruins se fizeram presentes. Agradeci pela informação e correndo feito uma louca fui em direção a parada de ônibus , não demorou muito eu já estava no veículo. Embora tenha se passado somente alguns minutos mais a sensação que eu tinha era horas e horas se passaram e o ônibus nunca chegava onde eu queria . Quando cheguei em frente ao hospital aumentei o ritmo das passadas e adentrei o ambiente, ao chegar na recepção que estava completamente lotada, tive que passa um bom tempo aguardando até que chegou a minha vez.

Assim que deram autorização fui em direção ao quarto onde minha mãe estava , ao entrar no ambiente o médico estava ao seu lado. Em segundos a pequena distância que me separava de estar ao seu lado foi quebrada, ela ao perceber minha presença tratou de colocar um sorriso em seu rosto, mas no fundo eu sabia que ela não estava bem. Sua voz mesmo fraca logo se fez presente.

- Doutor eu já posso ir embora? Deixei muita coisa para ser concluída no meu serviço.

- Dona Isabel eu sinto muito, mas depois dos exames que foram feitos e pelo seu quadro clínico enquanto a senhora estiver em tratamento não poderá trabalhar. Como eu já suspeitava a senhora tem Hérnia de disco cervical e qualquer esforço só vai afetar ainda mais a sua medula espinhal e caso insista em não fazer o tratamento tem grandes chances de nunca mais consegui andar, assim como pode vim a óbito.

Eu estava petrificada, desnorteada, pois o meu mundo tinha acabado de desabar diante dos meus próprios olhos. Olhei para minha mãe que tinha o rosto banhado pelas lágrimas grossas que caiam em sua face e antes que eu tivesse qualquer outro pensamento sua voz entrecortada pelo choro ecoou no ambiente.

- Eu não posso ficar sem trabalhar , nos temos que pagar a prestação da casa em dia ou o banco colocará a leilão. Eu tenho certeza que a minha filha foi aprovada para fazer o curso que sempre sonhou e eu não deixarei que nada falte a minha Maju - Assim que ela terminou de fala tentou se levantar e um grito estrangulador saiu entre seus lábios a fazendo cai novamente em cima da cama.

Ouvir as palavras da minha mãe e vê o estado em que ela se encontrava, só me fez perceber o quanto ela vem se sacrificando todos esses anos para não deixar que nada me faltasse , meus sonhos não são nada perto da saúde da pessoa por quem eu daria a minha vida. A única que me restava a fazer para apaziguar o sofrimento pelo qual ela estava passeando, era cuidar dela como vem feito todo esse tempo por comigo . Segurei em suas mãos e minha voz ecoou no espaço.

- Eu cuidarei da senhora como sempre fez comigo, nada e ninguém vai tirar a nossa casa. Amanhã mesmo eu irei saí a procura de um emprego e não importe o quanto eu tenha que trabalhar não deixarei que tudo que você fez durante todo esse tempo seja em vão. Eu te amo mãe e por você eu farei até o impossível.

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