Mal trapilha
CAPÍTULO 5
Isadora Galanis
Antes que ela respondesse, eu sorri debochada, pois não deixaria aquela mulher me humilhar. Que fique claro que não tenho nada contra ser empregada, inclusive eu era uma um pouco antes de vir pra cá, mas eu não deixaria ela me humilhar coisa nenhuma...
— Escuta aqui... “Eu” sou a noiva de Adônis, então você pode dar meia volta que ele não precisa mais dos seus serviços! — ela ficou enfurecida.
— Eu sou atriz e modelo, sua empregadinha de merda. Venho aqui nas terças e sextas-feiras, que são os dias em que estou no país, e conheço muito bem o Adônis, ele nunca se amarraria à um casamento, ainda mais com uma maltrapilha como você! — fiquei com raiva. Eu sei muito bem que não estou nada apresentável, mas essa mulher é nojenta demais.
— Maltrapilha, eu? — respondi irritada, pronta para um ataque, quando arregalei os olhos ao ouvir a voz do grandão.
— O que é que está acontecendo aqui? — olhei para ele apavorada. “Só falta o maldito me desmentir e eu ficar com cara de taxo na frente da beldade nojenta!“ Penso, rezando para que ele leve em conta que o contrato já está sendo redigido.
— Querido, você me assustou deixando essa mulher andando pela casa, assim! Acredita que ela teve a audácia de falar que é a sua noiva? Diz pra ela que somos muito mais do que isso — falou com voz melosa, se aproximando do Don, passando a mão no braço dele como se realmente fossem íntimos.
— Karina... ela disse a verdade — abri e fechei a boca e os olhos várias vezes, ao ver que ele realmente me assumiu como noiva, pensei que negaria, já que ainda não assinamos o documento oficial de casamento.
— Do que está falando, Don Adônis? Já olhou pra ela? Parece um rapaz com essas roupas horrorosas e masculinas. Esse cabelo nunca viu um shampoo ou uma escova, ela não serve para te satisfazer. Não estou te entendendo, e nós?
— Karina, não pedi a sua opinião! — ele reclamou, mas eu o cortei.
— Olha querida... não te devo explicações da minha vida, mas te garanto que sou muito mais mulher do que você. Se dando ao trabalho de vir em dias agendados na casa de um homem sem ter um compromisso com ele, e ainda se dar o direito de opinar na vida dele? Se toca.
— Você quer saber o que venho fazer? — me disse enfurecida e veio mais perto do Don. Jogou a bolsa em cima da governanta, e depois tirou o casaco de luxo, praticamente pulando nos braços do grandão que pareceu gostar da surpresa. Por isso não confio em homem nenhum, são uns malditos fracos, manipulados pelo pau que carregam.
Ela levou a mão no peito dele e enfiou por baixo da camisa, e não consegui resistir. Eu precisava virar o rosto, olhar para outro lado, sei lá..., mas a verdade é que olhei. Olhei bem para o movimento da mão daquela vadia que chegou a abrir o botão da camisa, e o acariciou no pescoço e no peito, e só agora reparei na quantidade de tatuagens que ele tem em todo o pescoço.
— Meu bem, vamos para o quarto pra eu cavalgar gostoso no seu pau? Ou já esqueceu que te deixo louco facilmente... — sorriu safada, e vi que fiz um péssimo negócio.
Esse Don Adônis é um safado, deve trazer muitas amantes para esta casa, e terei que ficar passando vergonha e explicando a nossa situação para os outros, pois irão rir de mim ser traída na minha própria cara.
Não vou ser hipócrita e dizer que me importo com o que ele faz ou deixa de fazer com essas mulheres na cama, nem sei por que fiquei olhando e senti raiva, então vou ignorar.
Percebi que a mulher o beijaria ou faria algo a mais na minha frente, e nem quis ver, virei de costas pra eles junto com a governanta, disfarçando enquanto olhava o jardim, e ainda precisei ouvir:
— Gato, não precisa me evitar... estou vendo que está de pau duro... — abri a boca incrédula, aquela mulher era muito vulgar.
— Karina, já chega! Eu estou mesmo noivo da... é... — Parecia ter esquecido o meu nome. Que imbecil! — Isadora! E então você não poderá mais frequentar esta casa...
— Você não pode fazer isso comigo. Ela é garota de programa por acaso? Está me trocando por uma puta mal vestida? — me virei na mesma hora e voei naquela mulher a empurrando com força pra longe do Don, e ela caiu no sofá.
— Vou te ensinar a lavar a boca antes de falar de mim, sem me conhecer! — puxei ela pela roupa de novo, mas o Don não gostou nada, e gritou comigo.
— Isadora, o que significa isso? Larga a Karina, agora mesmo! Depois a gente conversa sobre isso, mas não te dei o direito de bater em nenhum convidado meu! — ele estava vermelho de raiva, mas eu também estava.
— Ela me chamou de...
— Tá, bem! Eu ouvi, e entendo! Mas deixa que eu resolvo os meus problemas, não gosto que se intrometam nas minhas coisas! — fiquei em silêncio... quero só ver o que ele fará agora...
