Empregada?
Capítulo 4
Isadora Galanis
É claro que não fiquei esperando por ele, fui atrás da Rose.
Saí da casa e andei pelas ruas. Voltei ao nosso lugar de encontro, procurando por ela, por uma pista que fosse. Algo das roupas que usamos de freiras pelo caminho. No cais ela não estava. Decidi começar a cruzar as ruas.
O local era bem movimentado, e precisei passar por um beco assustador. No final dele, havia um casal encostado na parede, e nem liguei, mas quando ouvi o que o homem disse, uma antena minha ligou.
— Cala a boca, sua puta! Se eu quiser te comer aqui, não poderá fazer nada! Você não aguenta um tapa! E, se eu tô pagando, tem que abaixar a calcinha e me dar! — aquilo me lembrou algo que já vivi, e hoje não aceito ver esse tipo de coisa, então eu simplesmente voltei, e o intimidei...
— Escuta aqui, seu filho da puta! Você vai soltar essa mulher agora mesmo, pois eu não tenho medo de você! — coloquei as mãos na cintura.
— Outra vadia? Eu acabo com as duas, não precisa ficar com ciúmes, cadela! — ele a soltou, veio na minha direção para me pegar, mas eu fui muito mais rápida...
Ele era grande, mas não era dois, então mirei o saco, e dei uma joelhada certeira lá, pisei no seu pé com força, e enquanto ele se curvava por causa da dor, eu meti a bolsa na cara dele, que caiu no chão. A mulher veio me ajudar, e cobrimos o cara no chute, ele resistiu enquanto deu, e depois levantou e correu como um covarde.
— Obrigada! Nunca vi uma mulher que brigasse tão bem! Prazer, sou Carolina Sales! — falou ela, me estendendo a mão.
— Prazer, Carol! Sou Isadora Galanis. Aquele homem... você conhece? — perguntei não querendo parecer indelicada.
— Mais ou menos. Já fiz programa com ele, mas o cara não respeita. Eu não faço em qualquer lugar, tem que pagar o quarto, não vou sair dando no meio da rua, e nem queria fazer agora, cara petulante! — respondeu ela, toda se ajeitando, e agora entendi.
— Garota de programa? — perguntei receosa.
— Sim, querida. Mas, só faço com homens! E de preferência aqueles enormes, com muitas tatuagens, braços imensos, cabelos compridos, tipo sexy, sabe... — Ela gesticulava com as mãos imaginando o homem perfeito pelo que vi, e eu só ouvia, mas aí ela parou, e... — É brincadeira, sua louca! — Começou a rir. — Pagando bem, que mal tem, não é...
A mulher era hilária. Sinto que encontrei uma amiga, ela foi a única a me fazer rir depois de tudo isso.
— Oh, Carol... eu adoraria te conhecer melhor, pois adorei você, mas agora preciso encontrar a minha irmã Rose, está desaparecida — falei com calma para não parecer indelicada.
— Sem crise, amiga, vem que eu te acompanho. Vou te ajudar a achar sua irmã — enganchou no meu braço, e foi me guiando. Carol não parava de falar por um minuto, descrevi a Rose e passamos um tempo por ali.
— Ela não está em lugar nenhum...
— Você tem pra onde ir? Vem pra minha casa. Eu não vou mais sair hoje, descansa um pouco e depois você volta aqui! — falou ela.
— Eu preciso encontrar a minha irmã... — comecei a explicar a confusão pra ela, que é um amor, e resolveu me ajudar a sair para procurar mais.
Andamos até a noite, e nada dela aparecer no local combinado. Então voltei para a casa do Pachis, talvez sua equipe tivesse mais sorte que eu. E precisava saber.
O pior é saber que agora estou noiva dele, e amanhã bem cedo estaremos casados, e só essa palavra já me assombra... tenho medo que ele me faça mal como o meu ex já fez, e não sei se suportaria.
Quando cheguei no escritório toda descabelada para descansar, fui surpreendida por uma bela voz de mulher.
— Quem é você? Adônis não me disse que contratou empregada nova! — levantei a cabeça e me deparei com uma mulher bonita, parecia uma celebridade, num salto alto, roupas de grife, cabelo escovado, e uma maquiagem que parecia ser de uma modelo, mas só pelo seu jeito, já não gostei dela.
— Eu não sou empregada nenhuma, e não te devo explicações — eu disse calmamente, pois é a verdade, e não me importo se essa bruaca gostou ou não.
— Até parece que o Don Adônis te deixaria andar livremente se não fosse empregada dele. Me poupe sua folgada, segure a minha bolsa e pendure o meu casaco, que vim passar a noite com o meu gato — olhou para a governanta. — Aonde ele está?
