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Capítulo 3

Ela foi indo sozinha sem olhar pra trás. O irmão dela disse que precisava acompanhar, e Camilo, cheio de segundas intenções, os acompanhou, armado como sempre. Ela falou ao chegar na porta de casa:

— Cara, por que está andando atrás de mim? Vai devolver a porra do gelo?

Ele riu debochado:

— Não, pô, derreteu tudo. Vim agradecer, na moral, valeu. Fica sussa, escolta particular, ainda reclama, que isso.

Ela entrou sem dizer nada. Ele nem voltou pra festa, foi dormir pensando nela. No dia seguinte, a festa continuou. Ele estava de plantão. Quando a Kylian estava indo, ouviu de cima da escadaria:

— Oooo, esquisita, traz uma quentinha pra mim aí, vai, cê num tá fazendo porra nenhuma mesmo. Alaaaa, mó comédia, cê, louco, num é muda, não, né?

Todos ficaram rindo dele. Ela só olhou feio e foi pra festa. Meia hora depois, subiu o procurando. Os meninos começaram a tirar sarro, falando que não tinham visto ele. A cada pergunta, as risadas aumentavam. Quando ela se irritou, ele falou sentado em uma laje, de onde estava observando ela o tempo todo:

— Tá na caçada, mudinha?

Ela só mostrou as sacolas com aquele mesmo olhar indiferente. Um dos meninos se aproximou:

— Bora lá, vou te mostrar por onde sobe.

Ela foi seguindo ele, ao chegar na laje recebeu ajuda no final da escada:

— Oi, cê veio mesmo...

Foram sentar na beirada. Ela foi abrindo os potes de sorvete cheios de comida: churrasco, arroz, feijão, maionese.

— Não, eu tô lá, é uma miragem, você tá delirando de fome, toma, come aí logo.

Ele ficou olhando rindo. Tinham duas marmitas, cerveja, refrigerante, talheres. Almoçaram juntos sem conversar. Ela foi juntando tudo se preparando pra descer. Ele interrompeu pegando as sacolas:

— Não precisa ir, bora trocar uma ideia? Na moral, senta aí. Vai, Kyssi.

Ela sentou revirando os olhos:

— É Kylian! E você? Quer conversar sobre o que? Tráfico? F1? Ah, os cu azul?

Ele riu debochado sentando ao lado dela:

— Não, né, pô, acha que eu não sei trocar ideia? Sabe, eu gosto de colar aqui à noite, por causa das estrelas. — Qualquer dia, se pá, cê pode subir comigo, né não?

Ela disse tranquila:

— Não.

Ele continuou falando sobre os seus lugares preferidos por lá, a fez rir falando mal da Daianara, imitando.

Conversaram por horas, ela riu muito e o convidou para a formatura. Teve que explicar como eram as aulas e notou que ele era diferente dos outros, porque realmente ouvia tudo e prestava atenção.

A Daianara só soube que estavam conversando um dia antes da formatura. Não gostou e ficou pior, porque teve que ir sozinha sem o namorado e sabendo que ia ter problemas quando voltasse.

Camilo era do tipo que conversava com todos, quando queria. A família toda delas estava conversando com ele. Na formatura, ele recebeu o inesperado convite para ser padrinho da Kylian. Estava bem arrumado, animado. Deram o primeiro beijinho no ônibus voltando embora. Ela tinha muita vergonha, foi um selinho demorado. Ele não estava nem aí pra nada, achou o máximo e em momento algum quis forçar qualquer situação, ainda gritou para a sogra fechar os olhos.

A Daianara passou a formatura toda de cara feia. Quando chegaram na comunidade, pararam no pagode. Ela foi abraçar, beijar o Papito, ele virou o rosto indiferente:

— Demorou mó cota, hein, achei que nem ia voltar, vai tirar essa roupa de merda, tá parecendo a puta da minha mãe.

Ela insistiu próxima:

— Esse vestido é novo, não fala assim, mô.

Com um sorriso sádico, ele derrubou o copo todo de bebida na cabeça dela, molhando tudo:

— Vai tirar essa merda, sua puta!

Eles estavam no canto encostados na mesa de brilhar. Perto, Camilo e a Kylian estavam abraçados trocando carinho. Deram o primeiro beijo de verdade e tomaram um susto com uma bola de brilhar que quase acertou os dois e quebrou uma janela.

A Fúria de Daianara e a Crise de Camilo

A Daianara jogou, quase acertando o Papito. Ele ficou rindo, cantando, dançando, afrontando ainda mais. Ela foi embora surtada, se trocou, voltou bebendo todas, colou na Kylian e literalmente a arrastou para andar. Super atrapalhou o casal, deixou a prima muito bêbada, que teve que ir embora carregada. Como a casa da Daianara era mais perto, foram para lá. Não tinha ninguém. Assim que entraram, a Kylian quis por vontade própria ir para o quarto, sua prima lhe encheu a cabeça incentivando aquele comportamento, por essa razão ela bebeu tanto.

Camilo foi indo no embalo, mas hesitou, nada além de uns pegas aconteceu. Ele nem chegou a tocar ela intimamente, logo ela apagou e ele achou melhor ir embora. Daianara estava na sala deitada semi nua:

— Foi tão rápido assim? Que foda meia boca. Se quiser foder com uma mulher de verdade, pode vir. Minha buceta cê já conhece, né? Olha!

Ela estava se tocando, ficando nua, foi indo para perto. Ele a grudou pela garganta com força:

— Sua buceta todo mundo conhece e não vale porra nenhuma, num vem arrumar perrengue pra mim, não, vagabunda, sua talarica do caralho. Se eu for pras ideias por causa de cao teu, cê vai acordar com a boca cheia de formiga. Cê tá ligada que eu tô com a Kylian, ela nem precisa fazer nada, dá dez a zero em você!

Ele a jogou no chão e foi embora, crente que ela não ia abrir a boca. No fundo, eles dois sabiam que aquela implicância era um desejo mútuo recolhido.

Nos dias seguintes, tiveram problemas com os corres, ele ficou super ocupado, estressado, teve uma recaída forte, desandou muito usando drogas e por isso deu um tempo da Kylian.

Quando foi procurá-la, ficou na porta chamando. Ela mandou dizer que não estava e o irritou, porque ele tinha certeza que era mentira.

Ele foi beber, voltou de madrugada transtornado, quase derrubando a porta, acordou todo mundo no susto, a família dela foi ficando com medo. Ela saiu para atender chorando:

— O que você quer? Para de gritar, caralho, olha a hora que é.

Ele se aproximou para abraçar, beijar:

— Eu sei, eu sei, foi mal aí. Porra, só queria te ver, essa semana foi do cão.

Ela o empurrou super hostil:

— É, foi uma merda! O que quer de mim? Ninguém sabe o que você fez. Eu achei que gostava de mim!

Ele não entendeu o que estava acontecendo:

— Qual foi? Mano, desenrola. Não fiz nada, tá louca? Porra, Kylian.

Ela estava se afastando da porta de casa, falando baixinho:

— É claro que não vai assumir. Quero ver quem vai segurar o B.O. se eu ficar grávida, não usou nem camisinha, né, seu maldito? Acha que pode fazer o que quer com todo mundo nessa droga de lugar.

Ele ainda sem entender:

— Cê tá louca? Eu gosto de você, não aconteceu nada, eu te deixei lá e fui embora. Que papo errado é esse? Eiii, porra, fala comigo, Kylian!

Ela estava em um beco, o empurrou contra a parede:

— Então quem me fodeu dormindo e me deixou cheia de porra? Toda machucada, eu mal consigo ir no banheiro, não consigo dormir, comer e não posso falar pra ninguém. Porque você é um soldado, né, seu filha da puta, vai matar minha família, me levar pras ideias como ameaçou minha prima, eu sei de tudo, bateu nela quando ela foi tentar te impedir de me estuprar. Covarde, eu era virgem, você acabou com a minha vida!

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