Capítulo 3 A visita
Por Ramiro
Estava a descer os dois últimos degraus quando ouvimos a campainha tocar.
Uma criada apressa-se a atender, mas os meus sobrinhos vêm a correr para a porta, gritando e batendo palmas.
-Tia!
Matias grita alegremente e Tomy repete a palavra, acho que tenho a certeza que ele não sabe quem é, apenas segue o irmão.
Quando a porta se abre, entra uma mulher loira, que eu não vi bem, porque se baixa imediatamente para pegar nos meus dois sobrinhos ao colo.
Fá-lo com os dois ao mesmo tempo.
Enche-os de beijos e palavras doces.
Alguns minutos depois, senta-se e a minha cunhada vem cumprimentá-la.
Estou a pensar que a demonstração de afeto parece exagerada, quando o meu irmão aparece por detrás da sua mulher e também a abraça calorosamente.
Ainda não vi a cara dela.
-Sentimos a tua falta", diz Facundo.
Diz o Facundo.
Aparentemente estava numa viagem para algo assim.
Apresento-te o meu irmão, este é o Ramiro, esta é a Karen.
Fiquei sem palavras quando descobri que esta mulher é a bela loira com quem passei a tarde.
O sorriso instalou-se no meu rosto e o resto do mundo desapareceu.
Ela olhou para mim com espanto.
-Olá, voltamos a encontrar-nos.
digo, quando penso que era altura de falar e não apenas de a olhar.
Todos olham para mim com espanto, até a Karen.
Ela sorri imediatamente para mim.
-Parece que sim.
Conhecemo-nos esta tarde, na praia.
Eu explico.
-Recusaste o meu convite, mas jantámos juntos na mesma.
Ela fica corada.
-Eu disse-te que tinha um compromisso.
-Estou muito feliz... por ter este compromisso e por te voltar a ver.
Facundo olha para mim, estudando todos os meus gestos e todas as minhas palavras.
Não costumo ser galante com uma mulher, pelo menos à frente da minha família, mas sinto que esta linda loira, apaixonei-me por ela.
-Adorei esta surpresa.
Aproximei-me dela e beijei-a na bochecha, morrendo de vontade de tomar a sua boca.
Assim que me aproximei, tudo em mim latejava por dentro.
Ela também parecia perturbada.
Sentei-me ao lado dela à mesa, querendo apenas roçar nela e aproximar-me lentamente, mas acabando por me agarrar ao seu corpo.
Tentei acalmar-me.
Tinha de me controlar, mas juro que todos os outros deixaram de existir.
O Matías, o meu sobrinho, falou comigo várias vezes e, sem paciência, zangou-se porque não sabia do que eu estava a falar.
Ele estava mesmo perdido por Rocío.
A certa altura, a minha cunhada diz que lhe queria mostrar uma coisa, ou fazer uma consulta, não sei sobre o quê, mas em privado, por isso vão até ao quarto de Karen, quando estão a subir as escadas, não conseguia tirar os olhos do rabo de Rocío, juro que tive de me acomodar até lá abaixo.
Assustei-me com o riso do meu irmão.
-Merda, estás tão chocado!
-Não fazes ideia do quanto.
Respondi com sinceridade.
-É bonito, sim.
Ele disse quase com indiferença.
-Ela é mais do que bonita, eu perdi a cabeça hoje quando a vi na praia.
-Eu estou a ver.
-Juro que nunca fiquei tão impressionado com uma mulher, ela tem uma conversa agradável, nota-se que é culta e ....
-Ela não te disse a sua profissão?
Ele pergunta-me com surpresa.
-É modelo?
Facundo ri-se alto.
-Não, não é, concordo que poderia ser, é bonita e atraente, mas garanto-te que está longe disso.
No entanto, não me disse a sua profissão, também não me interessa muito, por outro lado, vou descobrir, porque vou voltar a vê-la, aquela mulher prendeu-me só de olhar para ela.
Além disso, não vou ficar longe dela até voltar para o meu país, porque se antes pensava que em dois ou três encontros me ia aborrecer, agora acho que não o vou fazer durante muito tempo.
Quando as raparigas estavam a descer, aproximei-me da Rocío e estendi-lhe a mão para que descesse os últimos dois degraus, mas não saí do meu lugar e estávamos muito próximos.
Nesse momento, contive-me para não a beijar.
Facundo olhou para mim mais espantado do que antes, eu nunca fui muito demonstrativo e para Rocío dei-lhe muita atenção durante toda a noite.
As raparigas falavam de amigos comuns e eu, que as ouvia com atenção, não conseguia manter uma conversa coerente com o meu irmão.
-Quanto tempo vais ficar?
perguntou Karen à sua bela amiga.
-Vou ficar mais duas ou três semanas.
Vou apertar-te, minha amiga.
disse a minha cunhada enquanto eu pensava em prolongar as minhas férias e que quem ia apertar a Rocío era eu, não a Karen.
-Sim, mas não te esqueças que eu também vou ficar para cuidar do meu pai.
-Eu sei, meu amigo, e lamento imenso.
-Obrigado, acho que vou ficar aqui até começar a estudar, não tenho problemas com o meu trabalho, com o meu patrão....
-O teu patrão está apaixonado por ti, tenho-te dito isso.
-Não sei, em todo o caso é um amigo.
-Ro, o teu chefe é louco por ti, todos sabemos isso.
-Possivelmente.
Ela acaba por admitir e eu não gostei de saber que há um homem com poder, pelo menos com poder sobre ela, que aparentemente está apaixonado e possivelmente a fazer algo para a conquistar.
É estranho que ele lhe dê tantas semanas de férias.
Eu disse-lhe para não me pagar as semanas extra que tirei.
O Gabriel vai pagar-te na mesma, isso é certo.
-Mas não está certo.
-Tu fazes horas extraordinárias todos os dias.
Ele paga-as a mim como um bónus.
Rocío responde e eu descubro nela uma nova virtude, não se aproveita do seu amante.
Mais uma vez incomoda-me pensar que há alguém que está apaixonado por ela, embora olhe para ela e seja óbvio que deve ter muitos candidatos, é bonita, delicada, concentrada, culta, sensual, muito sensual.
Finalmente, ela fala um pouco do pai e parece atormentada.
Não lhe quis dizer que era médico e que ela me podia consultar, porque aparentemente o pai dela está muito doente e não quero criar falsas expectativas.
Ela conhece todos os meandros da doença dele, vejo que se exprime com familiaridade sobre o assunto, deve ser ela que fala com os médicos e memorizou os nomes de tudo.
-Antes que me esqueça, toma os medicamentos.
disse o meu irmão.
-Diga-me quanto é.
-Estás doido? Como é que te vou cobrar?
-Não é justo para ti.
Não me parece justo cobrar-te, tu és irmã da Karen. - Está bem, elas são amigas íntimas.
Ok, elas são amigas íntimas, é estranho que eu nunca a tenha visto na casa do meu irmão.
-Obrigada.
-Só espero que...
Facundo começa a dizer.
-Que melhore a qualidade da vida dela, dos seus últimos meses.
Disse a bela loira com a voz embargada.
O silêncio que se seguiu significa que ela não estava enganada.
-Bem, pessoal, vou-me embora, amanhã tenho de me levantar cedo.
Eu acompanho-vos.
disse eu apressadamente.
-Não te preocupes, estou a seis quarteirões daqui e o sítio é sossegado.
-Você veio a pé até aqui?
pergunta Karen, enquanto o meu irmão me pisca o olho.
-Sim, sabes que adoro passear pelo bairro.
Estava a pensar levar-te de carro, mas se quiseres, podemos ir a pé.
digo-lhe eu, pensando que ele não se vai afastar de mim facilmente.
Está bem, vamos de carro, é um pouco mais fresco, embora eu goste da brisa do mar, mas não quero constipar-me e contagiar o meu pai.
Gosto da forma como ela cuida dos seus.
Gosto de tudo nesta mulher.
Cumprimentaram-se com Karen como se fossem despedir-se durante meses.
A minha cunhada é exagerada.
Entrámos na minha carrinha Mercedes, não é o maior modelo, mas é o último modelo.
Não era minha intenção chocá-la, por outro lado acho que ela não é mulher para ficar chocada com um carro, por mais moderno e novo que seja.
A Rocío mostrou-me onde tinha de virar.
Chegámos em 3 minutos, estacionei e desliguei o motor, não para sair com ela, mas porque não tencionava deixá-la ir tão depressa.
-Não te esqueças que temos um encontro.
-Vejo-te na praia.
Ela respondeu-me.
-Sim, e também combinámos jantar juntos amanhã à noite.
Ela sorriu largamente.
Eu indiquei um restaurante conhecido.
-Acho que tens de reservar, porque não sei se há lugar nesta altura do ano.
Ela pensa por um momento e depois ri-se abertamente.
-O dono é um amigo do Facu.
-É por isso que consigo a reserva à última da hora.
Confessei-lhe.
Depois fiquei mais séria.
-Gosto muito de ti.
disse quase sem jeito.
Sem hesitar mais, aproximei-me da sua boca e finalmente provei-o.
