Capítulo 5: Preciso saber de tudo para te ajudar.
Pigarreando, Eduarda se recompõe, enquanto Henrique é preso com a sua algema na corrente que há no meio da mesa de ferro.
Ele com um sorriso maroto a encara. Ela se sente constrangida pelo seu olhar direcionado a ela, já que parece que ela está despida na frente dele, ela nem consegue encará-lo.
O carcereiro antes de sair, dá um aviso a eles.
- Por ordens do diretor, hoje a senhora pode ficar uma hora com o seu cliente.
- Muito obrigado.
- Humpf. – O carcereiro resmunga e sai da sala.
Os dois se encaram e Eduarda desvia o olhar para se focar aos papéis que ela tem em mãos.
- Bom senhor Fontes, eu tenho aqui uma procuração que o senhor me autoriza a defende-lo perante a justiça e preciso que o senhor assine. Mas antes, preciso saber realmente do seu álibi.
- Ah, dona. Eu já disse que não posso falar. Me complicaria ainda mais. – Ele fala jogando a cabeça para trás.
Ao voltar a encará-la, ele tenta desconversar. Puxa assunto para saber mais sobre ela. Desde a primeira vez que se viram ali naquela sala do presídio, ele não irou um só minuto ela da sua cabeça. Ao ponto de que ele queria muito saber sobre ela, conhece-la mais.
- A dona é casada?
Eduarda recosta na sua cadeira com os braços cruzados e o olha séria. Ele tem vontade de rir por ver uma mulher tão pequena ser tão astuta como ela. Ele espera ansiosamente por sua resposta. Sente a imensa vontade de saber se ela é comprometida ou não. Apesar, que para ele isso é totalmente relevante.
- Primeiro que não sou dona. Para o senhor sou doutora ou senhora Medeiros e segundo, para quê quer saber?
- Calma do... quer dizer, doutora. Eu só queria conhecer a senhora um pouco mais.
- Vai me dizer o seu álibi ou posso abandonar o seu caso?
Percebendo que ele estava desconversando, ela precisava jogar com as armas que tem e uma delas, é a saída dele do presídio, por pelo menos algo que ele não cometeu. Pelo menos isso.
Olhando-a e vendo que ela não está para brincadeira, ele suspira deitando a sua cabeça sobre a mesa e ao erguer os seus olhos, ele fala.
- Está bem, eu falo. Mas, espero realmente que me ajude.
- Tudo bem. Pode começar então.
*PENSAMENTOS ON*
Henrique Fontes
Era um dia de baile no morro. A gente sempre faz um baile toda a sexta, sábado e domingo a noite. Vem de tudo que é lugar as pessoas.
A Estefane, estava lá com umas minas. Além de umas gatas, ela estava com a mãe dela que também é bonita.
O meu braço direito, o trator chegou com uma cara de quem havia visto uma assombração e começamos a conversar.
- Chefe, aconteceu uma coisa que precisa saber.
- Qual foi trator?
- Roubaram as mercadorias na cara dura.
- Como é que é?! Me leva agora aonde foi que aconteceu. Chama os vapor para resolver isso com a gente.
Quando ele saiu, a Estefane se aproximou e veio querer algo, mas eu sei que ela é menor e mandei logo a real para ela.
- Olha mina, eu não gosto de garota ainda cheirando a leite.
- Ah Alemão Dark, eu não sou menor de idade assim.
Ela passa a mão pelo meu peitoral e quando tenta me beijar, eu seguro forte o seu pulso e ela se retrai fazendo uma cara de dor. Pelo barulho alto da música, eu falo alto perto do seu ouvido.
- Prefiro pegar a sua mãe do que você.
A soltei e sai de perto. Ela ficou gritando dizendo que não ia ficar assim, mas eu deixei o baile.
*PENSAMENTOS OFF*
- Mas até aí pelo que entendi ainda não era o horário que tudo aconteceu. Ela estava em uma viela do morro saindo de uma casa em que ela diz que você a levou. De fato no horário de meia noite às duas da manhã, onde você estava? – Eduarda o indaga.
- Estava com o trator. A gente estava com os vapor resolvendo sobre a carga no morro da miséria perto do morro que eu comando.
- Que carga era essa?
Henrique dá uma lufada de ar. Por mais que ele não queira quebrar a má impressão que ela tem dele, ele precisa falar a verdade.
- A carga era de peixe que tem na nota fiscal. Mas...
Arqueando a sobrancelha, ela sabia que tinha mais do que isso nessa carga.
- Mas o que?
- Dentro dos peixes tinham sacos de azulzinhas.
- Azulzinha, o que é isso?
- Anfetaminas.
Incrédula, Eduarda abre e fecha a boca sem emitir nenhum som processando tudo o que ouviu. Após respirar profundamente, ela o questiona sobre a nota fiscal dos peixes.
- A nota fiscal dos peixes estão aonde?
- Com o trator.
Ela anota tudo o que ele fala. Algo que ela resolve perguntar que provavelmente ele saiba.
- O que aconteceu com ela, tem noção de quem tenha feio aquilo com ela?
- Se eu disser, a senhora vai ter que procurar a pessoa que fez isso. Porque é alguém que já queria dar um corretivo nele há muito tempo. – Ele fala com os dentes cerrados e o maxilar travado.
- Quem? Porque depois do que me disse, eu preciso solicitar o exame de DNA da amostra coletada nela para comprovação da sua amostra e de quem você suspeita que tenha feio isso para comparação.
- A senhora me xingou todo, mas eu vou falar quem é.
- Então diga logo de uma vez homem? – Eduarda pergunta exaltada pela ansiedade.
Henrique sorri e antes de revelar quem é, ele resolve provoca-la um pouco.
- Sabia que você fica linda nervosinha.
Eduarda revira os olhos e bufa. Ela o encara como se tivesse adagas afiadas nos seus olhos.
- Olha só, acho bom nem começar com as brincadeiras senhor Henrique Fontes.
Henrique faz uma careta por ser chamado pelo nome e sobrenome. Ele responde sem emoção alguma na voz.
- É o pai dela Antônio. Se é que posso chamar aquilo de pai.
- O que?! O pai dela, como tem certeza?
Ele sorri e balança a cabeça em negação incrédulo por ela parecer chocada com tamanha revelação. Ele se aproxima com o seu corpo inclinando para frente e murmura baixo.
- O pai dela há tempos tem esse comportamento. A irmã mais velha saiu de casa por causa disso. A Estefane como é mais nova, ele não fazia nada além de espiar ela tomando banho, trocando de roupa. Eu sou a lei na minha comunidade que assim preferem chamar. Mas eu prefiro o meu morro. Lá eu cuido de tudo e todos desde sempre. Só estava esperando a oportunidade de fazer ele pagar. Já tinham me reclamado. Mas, não esperava que ele fosse agir naquele dia. Só pode ser ele.
Suspirando, ela assente.
- Sim, entendo. Então já tenho tudo traçado aqui.
- Tem como não deixarem saber que eu estava resolvendo a carga roubada?
- Sim, após a amostra de DNA. Bem, agora preciso ir. Volto com novidades para você em breve. Vou solicitar um Habeas Corpus.
- Estarei ansioso por isso.
Ele sorri e pisca para ela, Eduarda revira os olhos fazendo uma careta engraçada. Antes que ele a pergunte novamente se ela é casada e que ela não o respondeu, ela se aproxima dele e responde antes de sair após recolher todo o seu material e colocar na sua pasta.
- Antes que me pergunte de novo, não.
- Não o que? – Henrique pergunta sem entender o que significava o não.
Ela sorri timidamente batendo na porta para o carcereiro abrir. Assim, que a porta é aberta, ela olha de relance e responde quase como um sussurro.
- Não sou casada.
E sai mexendo o seu quadril de forma sensual o deixando ali sorrindo feito bobo.
Continua...
