Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Capítulo 3: Montando o caso.

Se arrumando para ir ao jantar na mansão onde o seu pai mora atualmente com a sua avó Yolanda, ela pensa no seu cliente de mais cedo.

Como pode um homem em tão pouco tempo abalar as estruturas de uma mulher que prometeu a si mesma que jamais se envolveria ou sentiria algo por um homem sendo ele quem fosse. Mas o que mais a deixava pensativa, era que o homem quem abalara as suas estruturas nada mais era que um homem totalmente oposto a ela em todos os sentidos.

Tirada dos seus pensamentos, o toque do seu celular que a traz de volta a realidade. Ao olhar o visor, ela sorri, é a sua avó.

- Grootmoeder (avó em holandês), como é bom ouvir a sua voz. – Eduarda fala com um sorriso largo.

- Se eu não ligo para a minha kleindochter (neta em holandês), não consigo falar com ela não é?

Eduarda engole em seco. Mas sabe que a sua avó está fazendo o seu dramalhão de sempre.

- Não fale assim mijn liefde (meu amor em holandês). Sabe que tenho andado ocupada, mas estou saindo daqui agora para jantar com a senhora e o meu pa (pai em holandês).

Sua avó abre um imenso sorriso e gargalha do outro lado da linha.

- Então se apresse para vir logo. Quero beijar muito a minha kostbaar (preciosa em holandês).

Eduarda sorri e assente.

- Certo minha linda e kostbaar. Já chego aí. Kus (Beijo em holandês).

- Kus.

Ao encerrar a ligação, ela sorri. Dá uma última olhada no espelho e fica muito feliz do jeito que está vestida. Uma rasteirinha preta com um vestido branco com listras pretas e os seus cachos soltos e volumosos. Um gloss leve e nada de maquiagem. Pegou a sua bolsa branca e saiu.

O trânsito do Rio para onde ela ia estava tranquilo dessa vez. Ao parar em um semáforo, ela vê um pequeno garotinho fazendo malabares. Ele passa por entre os carros para conseguir uns trocados e por mais que ela soubesse que o risco é grande devido a violência que cada vez aumenta, ela abre um pouco a janela do seu carro com uma nota de R$20,00 na mão. Quando o garotinho passa pelo seu carro, ela coloca o dinheiro no chapéu vermelho dele e ele arregala os olhos.

Para ele, era muito dinheiro, já que quando recebe algum trocado, sempre é R$2,00 em nota, moedas de dez, cinquenta e até um real. Mas aquele valor, era a primeira vez que ele recebia.

Coçando os seus cabelinhos, ele devolve a Eduarda aquela nota. Ela acha estranho e arqueia a sobrancelha.

- O que foi, você não quer?

- Não dona, não posso aceitar. É muito dinheiro.

- Pode ficar, estou dando de coração. – Ela sorri e o sinal abre.

Uma buzina logo atrás fica mais alta por ela estar parada no lugar. Antes que ele devolvesse o dinheiro, ela coloca novamente o dinheiro, sorri e arranca o seu carro, deixando o menino olhando ela partir no meio da rua.

Ela olha pelo retrovisor e o garotinho sorrindo, pega o dinheiro e coloca dentro do bolso da sua calça e corre em direção a calçada. Eduarda sorri por ver a honestidade de uma criança mesmo com os problemas que a sociedade enfrenta e impõe as pessoas menos favorecidas a fazer algo de mais grave até.

Saindo da estrada movimentada, ela segue uma rua que ela conhece bem. A rua que dá ao final onde a bela mansão da família Medeiros está lá intocável com vários seguranças ao redor.

- Boa noite senhorita Medeiros.

- Boa noite Lucas. Vim ver o meu pai.

- O senhor nos avisou. Vou abrir para a senhorita.

- Obrigada.

Os portões são abertos após Eduarda falar no interfone e o carro percorre aquele longo caminho até chegar ao pátio que dá na entrada da mansão.

Uma mansão digna de novelas e filmes. Mas era a mansão da família que ela ama.

Caminhando até a porta, ela encontra a governanta que ela chama de Nana. Uma senhora que a viu nascer e esteve com ela em todos os momentos da sua vida.

- Nana! – Eduarda sorri e a abraça.

- Minha princesa. Minha pérola. Cada dia mais linda!

- Saudades de você meu amor.

- Também estou com muitas saudades. Tem que vir mais vezes, está tão magrinha a minha pérola.

- Ah Nana, como sempre achando que eu tenho que viver empanturrada de comida.

- Humrum. Atrapalho?

Yolanda, interrompe a conversa das duas. Sempre elegante, mas com uma pitada de ciúmes em ver a sua doce neta em uma conversa com Leandra e não ter ido falar com ela.

- Jamais minha amora. – Eduarda corre e abraça a avó lhe dando um beijo estalado na bochecha.

- Hum, sei.

- Nossa, que avó mais ciumenta que eu tenho, já viu Nana.

Leandra sorri timidamente e assente de cabeça baixa. Ela pede licença deixando as duas sozinhas na entrada da mansão. As duas caminham juntas até a sala e Eduarda pergunta pelo seu pai.

- E o meu pai?

- No escritório.

- Minha linda, eu vou falar com ele. Estou estudando um caso e preciso falar com ele.

- Vá. Eu vou até a cozinha ver como está tudo para o jantar.

Eduarda sorri e segue após dar um beijo na sua avó para o escritório. Ao bater na porta, o seu pai não escuta por estar em uma discussão calorosa ao telefone e ela entra, escutando parte da conversa dele.

- Não quero saber. Não quero que ela se envolva com esse tipo de gente.

- Pai?

Ele se assusta ao olhar para trás e ver a sua filha com os braços cruzados olhando-o.

- Depois conversamos melhor. Agora preciso desligar.

Assim que ele encerra a ligação, Eduarda fica desconfiada pela ligação do seu pai. Ele caminha até a sua filha sorrindo e lhe dando um abraço. A mesma lhe retribui da mesma forma.

- Minha querida. Está cada dia mais linda.

- Oi pai, estava falando com quem?

Ao afastar-se da sua filha, ele a encara fixamente com um sorriso e desconversa.

- Era somente trabalho minha filha. E você como está?

- Hum, eu estou bem. Estou estudando um caso que o escritório vai defender.

Eduarda olhando para o seu pai, percebe que ele ficou tenso. O seu corpo se enrijeceu. Mas, ao olhar para a sua filha o encarando, ele disfarça.

- Ah, é mesmo. Eu soube por alo. Mas não sabia que iria ficar com o caso.

Por mais que ela quisesse caminhar com as suas próprias pernas, o seu pai sempre achava um meio de se meter. Ela ficou logo com raiva. Por mais que ela falasse calmamente, não adiantava nada discutir ou se exasperar com ele. Sempre ele iria dar um jeito de se meter e saber da sua vida.

- Pai!

- Eu mesmo filha.

- Te pedi tano para não fazer mais isso.

- Isso o que filha?

- Ah pai, isso de ficar se metendo em tudo que faço até o meu trabalho poxa!

- Filha, mas eu faço isso para o seu bem.

Antes que a discussão começasse a ficar acalorada, Yolanda entra no escritório para avisar sobre o jantar.

- Sei que vocês querem conversar mais, só que o jantar já está na mesa.

- Hum, estou morrendo de fome Moeder (mãe em holandês). Vamos então?

Emílio desconversa e sai arrastando a sua mãe. Eduarda, que vem logo atrás revira os olhos e balança a cabeça em negação e dá uma lufada de ar por ver que o seu pai não passa de um caso perdido. Pensando nisso, ela sorri ao lembrar de falar isso para Henrique mais cedo naquela sala no presídio. Ela vai até a sala de jantar sorrindo.

Seu pai e a sua avó se entreolham por ver um lindo sorriso no rosto dela. Ao perceber que estão a olhando, ela fecha logo o seu semblante, ficando séria.

Os dois então, acham melhor não falar nada para não estragar o jantar entre eles, já que cada vez mais tem se tornado escasso entre eles devido ao dia a dia corriqueiro.

Continua...

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.