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Entregue ao príncipe vampiro

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N. Mel
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Resumo

Nina antes mesmo de nascer estava prometida a Eros, o filho do rei vampiro. Ainda dentro do ventre de sua mãe ela quase perdeu a vida, filha de uma fada e um Metamorfo uma híbrida. Para salvar a filha, seu pai chamou uma bruxa que fez uma poção, mas ela precisava de sangue de vampiro nascido. Nisso o rei dos vampiros permite doar seu sangue, salvar o bebê, mas pede para que quando ela complete 18 anos seja levada para seu reino, servir ao seu filho que na época estará em transformação para maior idade e precisa se alimentar de sangue forte. Os pais de Nina aceitam desde que ela não seja morta, o rei concorda e Nina terá a escolha depois que cumprir sua tarefa, de ficar e se transformar em um recém criada, ou partir. Na idade de 18 anos ela com suas asas vermelhas como sangue, por conta da poção vai para o reino dos vampiros servir ao príncipe que no começo a quer apenas como alimento, mas depois não consegue evitar a atração e o desejo entre eles.

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Capítulo 1

Eu observo o sol se pôr no horizonte, hipnotizada pelas cores quentes que tingem o céu. Hoje é o meu último dia na minha pequena aldeia, amanhã eu partirei para Morbóvia, o reino dos vampiros. Suspiro esvaziando a minha mente, tentando ver o lado bom da situação, mas não há nenhum. Eu estava sendo entregue aos vampiros, como um cordeiro ao abate.

Morbóvia é um lugar aninhado nas sombras das terras do reino de Meztli, onde o nosso rei Lycan governa. Fica numa pequena vila envolta em mistério e escuridão. Ali, os vampiros encontraram o seu refúgio, uma comunidade onde a noite é eterna e o sangue corre como um rio escarlate. As casas de pedra se erguem em meio a uma paisagem sombria e sinistra, envolvidas por uma névoa perpétua que ocultava os seus segredos do mundo exterior.

No centro da vila, se ergue um imponente castelo, lar do rei vampiro e seu cortejo de servos leais. Suas torres góticas se estendem para o céu, desafiando a luz do sol que nunca toca essas terras amaldiçoadas. Dentro das muralhas do castelo, corredores escuros e salões elegantes abrigam os vampiros, enquanto as criptas profundas abaixo guardam os segredos ancestrais que sustentavam o seu poder.

A vila é um lugar de contrastes, onde a beleza gótica se mistura com a ameaça latente. Ruas estreitas e sinuosas eram iluminadas apenas pela pálida luz da lua e tochas, enquanto os vampiros deslizavam sem esforço pelas sombras, observando atentamente os mortais que ousavam se aventurar em suas terras.

Nesse pequeno enclave vampírico, a noite é eterna, os desejos são insaciáveis e o poder do rei vampiro ecoa por todas as esquinas. É um lugar onde o medo e a fascinação se encontram, onde a vida e a morte dançam uma dança perigosa e onde os segredos mais sombrios são mantidos sob o véu da escuridão.

O lugar para onde eu serei enviada.

Ainda no ventre da minha mãe, eu fui dada como alimento a Eros, o príncipe de Morbóvia. Meus pais salvaram a minha vida, para me dar um destino talvez até pior. Eu não tinha esperanças de voltar daquele lugar, por mais que a minha mãe tivesse.

— Então é aqui que você está se escondendo! — Ouço a voz da minha mãe e logo depois sinto os seus braços me envolverem pelo pescoço.

— Minhas asas mãe, não me aperte. — Peço ao sentir as minhas asas serem esmagadas pelos braços da minha mãe. Elas eram um lembrete diário de que eu estava viva graças aos vampiros, já que as minhas penas são vermelhas como sangue, por conta da poção que a bruxa fez.

Eu estava morrendo e só o sangue de um vampiro nascido na poção poderia me salvar. Eu imagino como foi difícil para o meu pai essa escolha, me entregar aos vampiros quando eu completasse 18 anos para alimentar o príncipe em sua transição para a maioridade ou ver a minha mãe morrer comigo no ventre. Uma decisão difícil e ambas dolorosas, com as suas consequências. Mas o meu pai optou pela poção da bruxa e foi até Morbóvia pedir ao rei a autorização de colher o sangue de um vampiro nascido. O rei, claro, concedeu o seu próprio sangue com o preço que era eu.

Sou uma híbrida, meio fada e meio metamorfa, e com isso tinha habilidades de me curar mais rápido. O rei considerou que eu seria mais forte por causa da minha linhagem e que suportaria sem problemas a tarefa de alimentar Eros. Um príncipe que eu nunca vi e na verdade nem queria ver.

A transição pelo que sei é dolorosa aos vampiros nascidos, e eles tem de se alimentar de sangue fresco por um tempo. Até que suas forças cresçam e se tornem adultos. Por mais que isso aconteça quando eles já estão com seus 25/30 anos, só aí vampiros nascidos são considerados adultos pois, tem todo o seu poder correndo nas veias.

Meu papel é simples, entregar meu sangue e deixar que Eros se alimente e se sacie comigo, enquanto eu tenho de ser forte e rezar aos Deuses para que ele não sugue até a última gota acabando com a minha existência.

— Desculpe filha, mas venha. Fiz bolo de castanhas para você. — Ela sorri, mas eu vi a tristeza em seus olhos.

— Sente aqui comigo. Vamos ver o pôr do sol. — Peço e ela se senta, segurando a minha mão.

— Filha, vai dar tudo certo. Você é forte, e quando tudo isso acabar, você estará de volta para o seu lar. — Ela sorri, olhando para o horizonte, e eu sorrio também.

— Vou voltar logo mãe. Pelos Deuses, não me faça chorar. — A minha mãe me abraça e faz um carinho nos meus cabelos.

— Você é o meu tesouro Nina. A minha filha preciosa.

— Se continuar falando assim, não vai ajudar. — Eu digo, tentando ser forte.

— Sinto muito por você estar passando por isso. Eu não queria, eu… — Antes que ela começasse a chorar e dizer como se arrependia de ter concordado com a decisão do meu pai, eu a abraço forte, passando as minhas asas vermelhas em suas asas brancas.

— Tudo bem mamãe, não se preocupe. — Ela limpa o rosto e sorri, não deixando as lágrimas caírem.

— Vamos antes que seus irmãos comam tudo.

Levanto-me depressa e mamãe sorri, tenho dois irmão mais novos, que comem até às paredes de casa se deixar.

— Então vamos. — Digo a ajudando se levantar.

Parabéns para mim. Hoje é o meu aniversário e eu estou a caminho do meu destino. A carruagem que veio me buscar balança conforme anda na estrada. Com a mão apoiando a minha cabeça, eu olho para fora, vendo a minha aldeia ficar para trás. As suas casas simples de madeira e palha agora estavam tão longe que eu sinto o aperto no meu peito quase me sufocar.

Limpo a lágrima que desce, me lembrando das últimas palavras da minha mãe. "Obedeça ao príncipe e ao rei, seja invisível para os outros. Procure manter distância deles". É isso que eu ia fazer.

Encosto a minha cabeça, olhando a carruagem com cuidado. O estofado é vermelho sangue como as minhas asas, já do lado de fora a madeira é preta. O cocheiro nem me olhou quando abriu a porta para eu entrar. Mesmo assim eu pude notar como ele é pálido, de olhos fundos e vermelhos.

Eu não conheço nenhum vampiro pessoalmente, apenas fadas, humanos, metamorfos e licantropos. Todas essas raças existiam no reino de Meztli, e eu sabia que existiam outras no nosso grande mundo de Helmel.

Eu sempre tive vontade de bater as minhas asas e voar por aí, para longe e conhecer os outros reinos. Mas eu não podia. A minha vida toda foi trancada na aldeia com poucas pessoas. Me alimentando bem, para ser forte ao mesmo tempo que ficava isolada por pertencer ao príncipe.

As pessoas da aldeia tinham receio de me tocar, me machucar e com isso atrair a ira do rei vampiro sobre eles.

A minha vida sempre foi vazia, sem graça e sem amigos. Por mais que eu tentasse, quando eu dizia o meu nome Nina Meliovik, todos se afastavam com medo.

Ninguém nunca me quis por perto. Eu era apenas um fardo, uma oferenda aos vampiros.

A carruagem adentrou na floresta de Iamem, onde o frio me abraçou como um espectro. Morbóvia fica nas terras do reino de Meztli, mas na divisa com a terra do nada. A terra dos pesadelos e da morte. Uma terra que ainda esperava o seu rei e a sua rainha prometida.

As árvores se contorciam como serpentes, o cinza dominava essa floresta e a neblina a envolvia como um véu. Logo avistei algumas tochas acesas, que iluminavam o caminho como olhos de fogo. As casas de pedra surgiram entre as sombras, mostrando a vila de Morbóvia. Era a primeira vez que eu estava ali, mas reconheci as descrições do meu pai. As pedras brancas e cinzas no chão contrastavam com as pedras negras das pequenas casas. Pareciam tumbas, onde os mortos-vivos se escondiam. Logo vi fêmeas e machos nas ruas, vestidos de preto como corvos. Suas peles eram tão claras que pareciam translúcidas, e seus olhos vermelhos me fitavam com curiosidade e desprezo. A carruagem parou com um solavanco na escadaria de um grande e imponente castelo de pedras cinzentas. No topo da escada, a família do rei me esperava. Rei Vlademir Carliste, sua esposa e seus dois filhos, apenas sangue nascido podia procriar, já sangue transformado não, raramente um mestiço conseguia. Um frio percorreu toda a minha espinha ao olhar para eles e ver seus rostos severos, seus olhos sangrentos e suas peles brancas. O cocheiro abriu a porta e eu saí, mas antes mesmo de dar um passo ele murmurou.

— Espero que tenha sorte em alimentar o príncipe. Só esse ano é a terceira fêmea de alimentação que trago para cá. — Olhei para ele pelo canto do olho e perguntei sussurrando.

— O que aconteceu com as outras?

— Morreram. — Virei em direção à família no topo da escadaria e meu corpo gelou.

Será que eu estava indo direto para a morte?