Capítulo 2
- Não, ele é brasileiro.
Seu rosto ficou sombrio. Juro que vi um lampejo de raiva em seus olhos.
- Entendo... Há outra razão pela qual você escolheu o Brasil.
— O que você quer dizer? Minha única razão é minha família. Já lhe disse .
- Por que não o Peru, então? -
Para ir à escola. Ele não pode deixar tudo para vir me ver no Peru, e eu estava com muita vontade de ver as crianças. Além disso, meus pais são aposentados, então podem ir ao Brasil quando quiserem. A precaução não é mais uma desculpa.
- É bom saber.
O comissário de bordo trouxe nossa comida. Ele olhou para o meu prato, depois para o dele, cortou sua carne e me ofereceu um pedaço. Dei uma mordida e estava delicioso! Sabia a glória.
- Muito bom...
— O quê? Que delícia!
- Você não vai me oferecer um pouco de lagosta? -
- Você me deu sua carne para que eu lhe desse minha lagosta? -
- É justo, Sanches.
- Você é estranho, Dornan.
Eu sorrio e dou um pouco de lagosta para ele.
- Gosto do seu sorriso, você é relaxante.
—Sinto-me tranquilo. Você não é má companhia.
De repente, começou a haver turbulência. Eu me virei para olhar para ele e seu lindo rosto empalideceu. Peguei sua mão e a segurei para consolá-lo. Ele prestou atenção em mim e o avião começou a voar normalmente. Ele levou minha mão aos lábios e a beijou.
—Obrigado, querida! Que espetáculo! Não é mesmo?
—Sim, foi mesmo.
Fiquei olhando para minha mão, que ainda formigava pelo toque dele. Acho que estou apaixonada por esse homem!
Aterrámos em São Paulo às: am. A aterragem não foi fácil para ele e voltámos a dar as mãos. Estou a habituar-me ao seu toque. Em todas estas horas juntas, descobri muitas coisas que não sabia sobre ele, como que tem uma banda e adora cantar e tocar guitarra; nem é preciso dizer que isso o torna ainda mais sensual.
Ele é um cavalheiro; me ajudou com toda a minha bagagem e teve muitos gestos que derreteram meu coração.
Quando passamos pela alfândega, eu tinha o maior sorriso da minha vida, ansiosa para ver minha família. De repente, ele me parou e segurou meu rosto com as duas mãos enquanto me olhava nos olhos.
— Nossa, você está linda! Posso sentir sua felicidade.
— Estou feliz. Quero abraçar as crianças.
Assim que chegamos à área de encontro, ouvimos duas vozes:
- ...
- Caio! Renato! -
E os dois meninos correram na minha direção. Eu os abracei com força. Como se não houvesse amanhã.
- Você trouxe muitos brinquedos, tia? - Caio me perguntou com tanto entusiasmo que fez todos rirem.
- Maca, você está linda! -
—Você também, Anto! Que alegria ver você! E eu a abracei com carinho. Ela é minha irmã mais velha, que sempre cuidou de mim. Ela é anos mais velha que eu, então foi como uma segunda mãe para mim. É tão bom estar com ela!
—Maca! Como está a menina?
- Roberto! Tudo bem! Senti saudades de vocês, pessoal!! -
E abracei esse homem bonito que roubou o coração da minha irmã enquanto ela vivia sua experiência como Au Pair em Chicago. Ela diz que, assim que o viu, soube que ele faria parte da sua vida. Agora eles estão casados há anos, depois de terem dois filhos lindos, e ainda se amam apaixonadamente.
—Então você trouxe um menino! Olá, amigo! Bem-vindo ao Brasil!
Obrigado. Vocês são muito gentis em me convidar.
Não há problema, amigo! Qualquer amigo da Maca também é meu amigo!
Vi a cara da minha irmã quando ela o reconheceu. Ela também ficou impressionada com a beleza dele.
Olá, Manuel! Bem-vindo ao Brasil! Espero que aproveite sua estadia conosco e que consiga o que veio buscar.
—Obrigado, Antonia. Com certeza. Você tem uma família linda.
—Obrigado. Eu também acho. Você ainda não conhece meus pais. Eles estão esperando por você em casa. E nosso irmão Santiago, que mora em Sydney...
— Mal posso esperar para conhecer todos vocês.
E ele sorriu, piscando para ela. Juro que vi minha irmã corar e prender a respiração. Sei como ela se sente. Ele me afeta da mesma forma.
Minutos depois, estávamos no carro a caminho de Poços de Caldas, a pequena cidade onde mora minha irmã, a uma hora de São Paulo.
As crianças adoram. Eu sabia que elas iriam adorar. É muito divertido. Estou ansiosa para ver o que meus pais vão achar dele. Vai ser uma aventura e tanto.
A viagem para a casa da minha irmã foi muito divertida! As crianças queriam brincar com ele e foi muito fofo vê-las praticando inglês com ele.
Essas crianças me impressionam. Como podem falar idiomas tão pequenas?
Na verdade, não há nenhum segredo: a mãe fala espanhol, o pai fala português e eles estudam em uma escola inglesa. Só que o bebê às vezes se confunde, mas é porque está começando a falar.
- Isso é ótimo! -
—E o que você achou dos meus pais? Minha mãe te intimidou?
São pessoas muito simpáticas. Você tem uma família maravilhosa. Sua mãe é intimidante, mas linda. Seu pai é simplesmente fantástico.
—Eu sei, não é? Você vai ficar bem neste quarto pequeno? Podemos nos registrar em um hotel.
—Tudo bem! Ainda estou me perguntando onde você dorme.
—Bem, minha mãe e meu pai ficam no quarto de hóspedes e eu durmo com as crianças. Sinto muito que tenham te dado o quarto de serviço.
—Tudo bem! Sério! Se tiver uma cama, está bom para mim.
No dia seguinte, tomamos café da manhã em casa. Minha irmã e Roberto voltaram às suas atividades habituais, as crianças foram para a escola e meus pais foram às compras. Eu queria levá-lo para passear. Ontem ele foi muito legal; brincou com as crianças, ensinou-lhes a usar o walkie-talkie que trouxe para elas. Foi uma cena incrível! Ele é um homem especial.
Prontos? Vamos explorar a cidade!
-Vamos usar transporte público? -
- Não, meu cunhado nos emprestou sua motocicleta. -
-Você sabe dirigir motocicleta?
— Calma, Dornan! É só uma moto!
—Bom, estou pronto. Para onde você vai me levar? Para algum lugar proibido?
- Não, só a duas cachoeiras, uma montanha e tomar um sorvete na praça - .
Sorvete na praça! Isso sim é especial!
— Seja gentil, Manuel! E talvez a gente dê as mãos! —
Algo para esperar com ansiedade, Maca!
Passamos alguns dias com minha família. Ela comeu comida peruana e brasileira, tentou dançar samba e salsa, brincou com as crianças, começou a aprender português e espanhol, principalmente palavrões, e assistiu a jogos de futebol com Roberto. Eles se conectaram, era fofo vê-los passando tempo juntos.
Nós, por nossa vez, nos acostumamos com o contato físico, a energia estava presente, mas nos acostumamos. Ele aprendeu a dançar com Antonia, minha mãe e eu. Quando era minha vez, ele me abraçava mais forte para poder sentir seu cheiro, uma mistura de perfume, gel de banho e Manuel.
Ele fez amigos; todas as noites nos reuníamos na varanda da minha irmã para tomar cerveja e nos conhecer. Ele me contou que, antes de começar a filmar, namorava uma inglesa. Também me falou sobre sua carreira, como modelo e ator. É curioso que, quando vi Maria Antonieta, achei-o muito bonito e nem imaginei que um dia estaria com ele conversando tranquilamente enquanto tomávamos cerveja brasileira.
Tem certeza de que quer me levar para o Rio amanhã? Quer dizer, eu adoraria ir com você, mas você não quer aproveitar um pouco mais a sua família?
Minha família sempre estará aqui. Além disso, prometi a você passar um tempo na praia, então vamos lá! Nunca quebro uma promessa, Dornan!
Que bom saber, senhorita Sanches!
Tudo bem. Saímos cedo para o aeroporto. Sinto que você tenha que pegar outro avião. Será rápido.
Eu já estava em um, meu companheiro de viagem foi ótimo, então tudo bem para mim. Não é tão ruim assim segurar sua mão.
Ele sussurrou essa última frase no meu ouvido, colocando a mão na minha parte inferior das costas, e eu juro que cada fio de cabelo do meu corpo respondeu à sua voz rouca. Não consigo superar o quanto me sinto atraída por esse homem. Ele é brincalhão e está plenamente consciente do efeito que tem sobre mim. Se ele quer bancar o durão, eu também posso!
- Se você se comportar bem, talvez eu te beije. - Dei meu melhor sorriso sedutor, piscando os olhos. Ele ficou lá me olhando com a boca aberta. Ai! Já estamos empatados.
A última noite com minha família foi perfeita. Desfrutamos de um jantar delicioso preparado pela minha mãe e bebemos vinho. As crianças ficaram desapontadas porque o cúmplice delas estava indo embora, mas ficaram muito animadas com a promessa de que ele voltaria para o Natal. Essa promessa também me emocionou e me deu esperança. Roberto queria nos levar ao aeroporto, mas sabia que tinha reuniões de negócios. Decidi chamar um táxi; afinal, íamos pegar um avião para Rio de uma cidade próxima.
Acordei com o coração pesado, pela segunda vez depois de conhecê-lo. No fundo, eu sabia o motivo. Estávamos prestes a passar dias inteiros sozinhos e, a julgar pelo que sinto por ele, qualquer coisa poderia acontecer nesses dias.
Antes de ir, precisava passar um tempo com minha irmã para saber a opinião dela.
—Maca, relaxe! Você está me deixando nervosa. Pare de morder o lábio! Acredite em mim, ele está tão afeiçoado por você quanto você por ele. É totalmente normal. Vocês dois são solteiros e bonitos, passam muito tempo juntos; aconteça o que acontecer, será maravilhoso, então relaxe!
— Não sei se foi uma boa ideia levá-lo para o Rio, afinal. Da última vez que saí do Rio, ele partiu meu coração.
—Eu sei, querida! Tudo vai ficar bem, eu prometo! Mesmo que você encontre o Cauã, será bom que ele saiba que você tem outra pessoa.
Ela estava certa. Cauã não é mais notícia.
O Rio de Janeiro é uma cidade que te faz sentir feliz. Não sei se é a água, mas todos têm um sorriso para oferecer; cada experiência é única e fica gravada na sua memória para sempre.
