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5. Filme, pizza e refrigerante...

Daniel estava desesperado para sair daquela cidade. Brasilia nunca fez tanta falta como agora! Se não fosse a jovem Alexia, Daniel já teria pedido arrego fazia era tempo!

A jovem loira era divertida, inteligente e lhe servia muito bem na cama. Se morasse em Brasilia Daniel até poderia pensar em ter um relacionamento sério com ela.

Mas ali naquela cidade do interior, não tinha a menor probabilidade. Ainda que gostasse da companhia de Alexia, o sentimento que tinha criado por ela, não era o suficiente.

Daniel tinha consciência que se continuasse a passar tanto tempo com a loirinha, poderia se ver apaixonado por ela. Filha de médicos conceituados Alexia só gastava seu tempo estudando e agora, em algum lugar da cidade com Daniel, quando ambos não estavam estudando.

Ele chegou a ir busca-la na escola algumas vezes, conheceu os pais da jovem quando foi busca-la para irem ao cinema. As coisas iam caminhando para mais do que ele esperava, mas Daniel nunca foi de se importar com suas responsabilidades. Quando fosse preciso, apenas terminaria seu relacionamento com a jovem alegando que não iria mais ficar na universidade dali. Como relacionamentos a distância são uma merda! Faria isso com facilidade. 

Daniel se envolveu com Alexia apenas para obter informações sobre Sara, de fato todas as informações que ela lhe dera, foram de total serventia, Alexia deu-lhe informações preciosas, a mais preciosa delas foi saber que a jovem Sara estava perdidamente apaixonado por seu "irmão" Henrique. 

"Garotas apaixonadas fazem qualquer coisa por suas paixões."

Esse foi o álibi usado para conseguir convencer o superior dele a usar Sara como informante.

Daniel só não esperava um resultado tão positivo e rápido. Quase que imediatamente o telefone de Pedro toca e seu superior manda que ele absorva o máximo possível de informações.

Pedro se recusa, tenta argumentar, mas no final, a voz de seu superior é a que prevalece.

...

Alexia tenta consolar sua amiga que estava desolada depois de outra briga com o pai. Eles estavam brigando muito nos últimos dias, e isso estava magoando muito a jovem.

Ela precisava muito de um abraço, um carinho que fosse. Uma palavra amiga... Qualquer coisa! Mas Alexia parecia não ter a menor ideia disso, ficou lá falando e falando... Outras vezes apenas passava sua mão nas costas da amiga que parecia nunca parar de chorar!

Alexia tentou de todas as formas alegrar a amiga, ou pelo menos amenizar a tristeza, falou de seu estranho romance com Daniel, sobre as fugidas dos dois, até alguns detalhes relativamente estranhos dos dois. As duas eram amigas desde a quinta série, eram inseparáveis, uma sempre ajudava a outra, ou apenas tentavam ajudar...

Naquele dia, porém, Alexia estava perdida. Tentou até mesmo fazer amiga sair um pouco, mas foi em vão. Então depois de desistir se sentou na cama passando a mão nas costas da amiga que ainda chorava deitada na cama.

Alexia só parou quando seu telefone tocou.

_Oi, Dani.

_Não, não posso sair hoje. - Responde triste.

_Porque a Sara não está bem... eu vou ficar aqui com ela hoje.

_Bom... Não acho que ela não vai querer... Talvez não seja boa ideia...

_Tá, tá! Vou perguntar...

_Sara!? O Daniel... perguntou se você não quer dar uma volta... O Henrique vai...

A jovem apenas balança a cabeça, dizendo que não.

Henrique não a procurou por semanas, e agora mudou ideia!? Provavelmente ele estava com se pegando outra. Ela não serviria para ser um brinquedo para ele. Não mesmo!

_Ela disse que não, Dani. Eu disse, ela não está bem...

_Que tal um filme amiga? Lá na casa dos meninos... Com pizza e refrigerante... Daniel tá falando que tem sorvete... - Sara acha graça da situação, porque tanta insistência? Não entendia muito bem... - Amiga sorvete! S.o.r.v.e.t.e!

Sara se levanta da cama e olha para a Alexia pela primeira vez desde que tinha entrado no quarto.

_Vai ter de chocolate? - Sara pergunta com um pequeno sorriso.

_Vai! - Sua amiga responde sorrindo.

_Não posso ficar até muito tarde, tenho prova amanhã. - Sara responde um pouco incerta se deve mesmo ou não ir.

_Yes!!! - Alexia praticamente grita animada. - Ela aceitou, mas só pelo sorvete. - A garota enfatiza. - Chegamos em uma hora. - Certo. Beijo amore.

_Vou tomar um banho... - Sara se levanta e caminha até o banheiro.

_Eu te disse que o Henrique gostou de você... Ele só é meio turrão! E é muito mais velho... Ele acha que a diferença de idade de vocês pode atrapalhar e...

_Eu não estou indo pra ficar com ele, estou indo pelo sorvete! - Sara diz de forma rude quase desistindo da ideia de sair.

_Certo... Certo... - Alexia sorri não acreditando na amiga.

...

As garotas chegaram na casa logo depois que a pizza chegou. Sara vestia uma calça com rasgos na coxa e nos joelhos, uma blusa branca estampada com a palavra em inglês PEACE em grandes letras negras garrafais, calçava tênis brancos. Já Alexei cobria seu corpo com um vestido preto sem estampas e tênis rosa.

Elas entram e se sentam na sala, em frente a grande a TV

_Qual filme vamos assistir? - Pergunta Sara um pouco tímida.

_Vingadores. - Responde Henrique demonstrando mau humor e sai em direção a cozinha.

_Vamos trazer a pizza e o refrigerante, fiquem a vontade. - Daniel diz educadamente.

_ Então, porque seu pai brigou com você? - Alexia pergunta curiosa.

_ Não quero falar sobre isso... - Alexia muda sua expressão para uma muito engraçada, algo que Sara entendeu como "conta logo". Ela ri balançando sua cabeça e pensa um pouco.

_ Foi o de sempre. - Responde por fim. 

_Qual dos de sempre!? Sara, seu pai briga com você as vezes porque sai toda semana, briga porque está namorando algum "moleque". -;Alexia faz aspas com a mão, briga porque você deu algo a alguém, briga por causa do trabalho... Seja específica. - Alexia suspira.

_ Eu ajudei uma mulher hoje... Ela sempre vai lá pelo uma vez por mês a procura de emprego. Hoje ela perguntou se poderia limpar alguma coisa em troca de mantimentos. Ela me disse que não tinha o que comer, nem pra ela e nem filho menor! Pode imaginar!?

_ Não mesmo! Como eu conheço você sei que ajudou a mulher... - A questão é como seu pai descobriu.

_ Sim, ajudei... - Sara responde e olha para o chão envergonhada. Nesse momento os rapazes chegam com a pizza, os copos e refrigerante.

_ Conta o que aconteceu! - Sara olha para os homens na sala e balança a cabeça. - Ah! Tá brincando fala logo, você tem que parar de ter vergonha dessas coisas, isso que você faz legal! Você tem um bom coração amiga... - Alexia coloca a mão sobre as mãos de Sara que estavam sobre seu colo. - Ninguém aqui vai te julgar ou falar qualquer coisa para seu pai.

_ Eu não estou aqui! - Henrique diz se sentando ao lado de Sara.

_Eu quero saber, adoro uma fofoca! Daniel fala em tom de brincadeira e Alexia dá um tapa de leve no braço dele.

_ Tem que ficar aqui esse assunto, não quero mesmo que ninguém saiba. Uma mulher chegou na loja do meu pai, lá no mercado. Ela pediu para trocar trabalho por alimento, claro que eu jamais faria isso! É meio que absurdo! - No tom de voz de Sara era notável sua revolta.

_ Também não deixaria ela na mão! -  Alexia disse com um sorriso acusador, para romper um pouco da tensão que se formava.

_Com certeza não! Eu dei a ela um carrinho, pedi que ela comprasse tudo que precisava, inclusive iogurtes para o filho, quando fosse para o caixa que falasse comigo primeiro. Ela encheu o carrinho, eu peguei a compra dela passei no caixa, mais de quatrocentos reais. Daí coloquei as compras dela como sendo minhas no sistema, você sabe que tenho acesso a tudo lá. Fala olhando para Alexia. -  Como era muita coisa e a pobre mulher morava no Jardim de Flores azuis...

_Nossa! Longe... - Alexia diz franzindo o cenho.

_Sim... Muito. Por isso pedi aos rapazes da entrega para levar as compras para mulher, e que a dessem carona. - Flávio viu e como esperado contou ao meu pai.

_Filho da ... Não gosto dele, tenho uma raiva, um ódio dele!

_Pois é. Ai meu pai veio com aquela conversa de que o mercado vai quebrar desse jeito, que sou muito boba, que era mentira da tal mulher, que as pessoas vivem me enganando porque sou muito inocente, que eu acredito em todo mundo! Eu odeio quando ele fala isso de mim...

_Em certo ponto ele tem razão. - Alexia diz.

_Sim, eu sei. Mas se eu ajudei alguém que na realidade não precisa é um problema dela, ela é que é desonesta. A desonestidade dos outros não é minha responsabilidade!

_Concordo! - Respondeu Henrique ainda pensando nas palavras da jovem.

Henrique sempre pensou daquela forma, apesar, de hoje saber que as coisas são um pouco mais complexas. 

_Mas a mulher não era desonesta. Ela estava mesmo precisando de ajuda. Os meninos que fazem entrega me disseram, eles entraram na casa da mulher. Além do filho pequeno que ela me disse ter, ela ainda tinha uma mocinha de uns treze anos. Imagina!? Eles não tinham o que comer! Isso é absurdo! Se essa cidade tivesse mais comércios, mais empregos...

_Ok... Já entendi, você ainda está chateada. Se formos ficar te ouvindo vamos até amanhã. Seus ideais de civilização são uma utopia. - Alexia disse revirando os olhos.

_ Não são uma utopia! Eu sou muito capitalista, sabia? Entendo o que e para que o capitalismo existe. O que não aceito, é saber que meu pai e o prefeito dessa cidade desviam dinheiro ou sei lá o que fazem, mas essa cidade não anda!

Daniel e Henrique se olham e conversam sem usar palavras. Sara sabia de alguma coisa! Ela com certeza poderia ser usada como fonte na investigação, agora tinha certeza absoluta.

_Você não tem provas! Tudo o que tem é um documento que talvez nem exista mais...

_Documento!? - Daniel pergunta num sobressalto.

_É coisa da Sara e essa mania de conspiração dela! Já disse para parar de ler esses livros policiais. Você anda ficando paranóica. - Sara pensa um pouco, talvez Alexia tivesse razão, talvez não. - E mesmo se fosse verdade, você teria coragem de denunciar seu pai?

Henrique quase abraça e beija Alexia, essa era exatamente a pergunta que queria fazer. Daniel sorri e olha para Henrique com nítido orgulho.

_Eu não sei... Acho que se soubesse que ele só ficaria preso, se tivesse certeza que não iriam mata-lo, ou a mim... Acho que sim! Mas no fundo tenho medo.

_Se tivesse uma proteção policial? Você faria? Denunciaria seu pai!? - Pergunta Daniel deixando claro seu interesse.

_Acho que sim... O problema é congelarem os bens do meu pai, eu nem tenho emprego, quem garantiria meu sustento? Eu não tenho um namorado, não tenho família... Acho que é algo para pensar... Além do mais a polícia não encontrou nada que incriminasse meu pai, nunca a polícia foi até a minha casa, então...

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