PACIÊNCIA EXASPERADA
De repente, a porta daquele quarto escuro se abriu, e a luz do dia inundou o espaço, cegando suas pupilas. Ela cobriu o rosto com o braço, sentindo o calor queimar sua pele.
«Levante-se!»
Victoria reconheceu instantaneamente aquela voz grave e saltou para os pés.
«Ah! Então você voltou? Vou denunciá-lo à polícia, seu maldito sequestrador! Olhe a que estado você me reduziu! Tem ideia de quanto tempo passará na cadeia quando descobrirem que você me sequestrou? Você vai pagar por isso», Victoria parou diante dele, repreendendo-o furiosamente.
Salvatore cruzou os braços e a olhou com uma expressão severa.
«Vamos, você precisa tomar café da manhã. Não é bom para você passar fome em sua condição.»
«Eu não vou comer. Não tenho apetite. Eu só quero que você me deixe ir, me deixe ir!» Victoria gritou mais uma vez. Salvatore revirou os olhos e agarrou seu braço, tentando puxá-la para fora, mas ela resistiu.
«Me solte, seu idiota!»
À beira de perder a paciência, as pupilas de Salvatore escureceram. Sua expressão mudou instantaneamente, e ele alcançou seu cinto, gesticulando em direção à sua arma. Ameaçá-la com ela pareceu funcionar.
«Droga, Victoria, não me desafie. Você está me levando ao limite da minha paciência!»
Vendo que sua fúria havia atingido um ponto crítico, ela se arrancou de seu aperto abruptamente e acenou com a cabeça. No entanto, ele não a deixou ir e a arrastou à força para a mansão. Um lugar cheio de excentricidades e luxos — típico de um mafioso. No final do corredor, a sala de jantar estava posta, repleta de comida, e algumas empregadas estavam ao redor da mesa, prontas para atender a hóspede.
Victoria olhou ao redor, incapaz de acreditar na magnificência do lugar. O cheiro de comida despertou abruptamente sua fome; seu corpo a estava traindo, lembrando-a de que não sabia quando havia sido a última vez que ela havia comido. No entanto, seu orgulho permaneceu intacto.
«Sente-se!» Salvatore ordenou, puxando a cadeira de jantar à sua frente. Mas ela não se moveu, não moveu um músculo, simplesmente ficou ali, olhando para a comida com desdém.
«Eu disse, sente-se!» Salvatore gritou. Victoria arregalou os olhos, surpresa e com medo, mas não estava disposta a ceder; permaneceu de pé.
«Eu nunca me sentarei nesta mesa, nem provarei uma única mordida desta comida. Imagino que esteja manchada de sangue. Quantos você teve que matar para enchê-la?» Victoria não mediu suas palavras, e a paciência de Salvatore estava começando a se esgotar.
«Eu não dou a mínima para o que você pensa sobre a comida. Não estou preocupado com o seu bem-estar, apenas com o do bebê que cresce dentro de você. Se eu tivesse outra forma de protegê-lo, acredite, eu já teria matado você», Salvatore respondeu friamente. Victoria sentiu sua respiração acelerar; ela não conseguia conter a fúria que cada palavra de seu captor acendia.
«Ha! Então eu prefiro morrer de fome e levar o bebê comigo, porque eu não vou ceder às suas exigências. Faça o que diabos você quiser, mafioso!»
Ela cruzou os braços, e as bochechas de Salvatore coraram de raiva. Ele não podia acreditar na audácia dessa mulher — ela o estava enlouquecendo. Ele levantou a mão e estalou os dedos, fazendo as empregadas desaparecerem. Ele caminhou até Victoria, que o encarou de volta sem piscar. Seu peito subia e descia, tremendo de ansiedade, enquanto ele a observava com intenção perversa. Então, parado extremamente perto dela, ele rasgou sua camisa e começou a acariciar seu peito, deslizando a mão perigosamente perto de seus seios. Ela entreabriu os lábios ligeiramente, enfraquecida, incapaz de resistir ao toque.
«Não se atreva a machucar meu filho, porque eu juro que vou garantir que você engravide novamente», Salvatore sibilou, abaixando a mão diretamente para o cós de suas calças de algodão e arrancando-as à força. «Quantas vezes forem necessárias», declarou.
Victoria ficou apenas com a delicada lingerie que usava desde o dia anterior, um presente de seu marido para o mafioso. Ela se cobriu com os braços, tentando proteger seu corpo. Salvatore sorriu com satisfação e se afastou dela indiferentemente. Ele se aproximou da mesa e, em um acesso de raiva, arremessou vários pratos ao chão. Comida voou pelo ar junto com cacos de vidro, fazendo Victoria pular, assustada e amedrontada.
«Não quer café da manhã? Ótimo! Não há café da manhã esta manhã. Em vez disso, vou mostrar a você o que acontece com aqueles que ousam me desafiar.»
Sem aviso, ele se virou para ela e agarrou seu braço novamente, arrastando-a para fora da sala de jantar e em direção à entrada principal. Aterrorizada, ela começou a se cobrir e a gritar desesperadamente.
«Aonde você está me levando? Não!»
«Você é tão difícil, Victoria.»
Com força, ele a empurrou para o banco de trás do carro. Minutos depois, o veículo parou em frente a um clube-cassino de prestígio. Era um clube de reputação duvidosa, e na entrada, outras mulheres estavam vestidas como ela — não porque Salvatore as havia despido, mas porque era seu traje usual. Salvatore puxou o capuz para trás, e ela, horrorizada, olhou ao redor para tudo.
«Que lugar é este?» ela perguntou, confusa.
«Bem, este é um dos estabelecimentos que seu marido recebeu em troca de você. Veja, ele não acha que você vale nada.»
Victoria baixou o olhar, sentindo o peso de suas palavras. Naquele exato momento, um carro blindado chegou e dele saiu ninguém menos que Eder — mas ele não estava sozinho; Alondra estava com ele. A mulher estava vestida elegantemente, usando óculos escuros e carregando uma bolsa de couro. Alguns homens que trabalhavam no clube vieram parabenizá-lo e elogiá-lo por sua última conquista.
Ao vê-los, Victoria sentiu como se tivesse levado um tapa. Um dos homens de Salvatore abriu a porta para que eles saíssem.
«Vamos, Victoria», Salvatore ordenou ao sair do carro, e ela balançou a cabeça.
«Não, claro que não.»
Salvatore a olhou ameaçadoramente, e aquele gesto sozinho foi suficiente para fazê-la ceder. Relutantemente, ela estendeu a mão, e Victoria também saiu do carro. Ao fazê-lo, seu olhar encontrou o dos recém-chegados. Eder notou a presença de sua esposa ao lado de seu antigo chefe e a olhou de cima a baixo, ignorando os outros.
«Bem, que surpresa, Victoria. Eu não sabia que você ia trabalhar aqui. Comigo, você sempre se vestiu como uma flor murcha; agora que está saindo com meu antigo chefe, você se veste como uma prostituta. Ei! Você realmente manteve isso bem escondido.»
Humilhada e destituída de dignidade, Victoria se abraçou, tentando cobrir seu corpo enquanto lutava para conter as lágrimas que se recusava a deixar cair. Ela queria responder, mas Salvatore a antecipou, avaliando Eder de cima a baixo.
«Eder, você chega cedo ao trabalho. Como é ser o maldito rei deste território em seu primeiro dia?» ele cuspiu com ironia, enquanto Eder exibia um sorriso desdenhoso. Ele estava pronto para responder, mas aquele sorriso desapareceu no momento em que Salvatore puxou uma pistola da cintura de suas calças e, sem hesitar, apontou-a diretamente para sua testa.
Dois tiros soaram, e o corpo sem vida de Eder desabou no chão enquanto sua cabeça explodia. Victoria cobriu a boca com as mãos, consumida pelo pânico, enquanto o sangue de seu marido a encharcava, manchando-a completamente.
