Biblioteca
Português

Atrevida

111.0K · Finalizado
Maah
65
Capítulos
51
Visualizações
8.0
Notas

Resumo

Nanda sempre viveu de forma leve e despreocupada, tratando cada interação como um jogo. Mas essa postura gerava atritos, deixando corações incertos pelo caminho. O amor, para ela, era distante, algo idealizado nos livros, até que um encontro inesperado mudou tudo. Confrontada por um sentimento avassalador, ela finalmente compreendeu a profundidade dos laços afetivos, aprendendo a valorizar a sinceridade e o respeito nas relações.

Amor trágico / Romance angustianteArrogante mas adorávelAmor mais jovemInteligente e travessaGravidezTraíçãoSangue quente / Cheio de energia

Capítulo 1

Radaela, aos 24 anos, trabalhava como atendente de farmácia. Solteira, havia tido alguns relacionamentos breves, mas nenhum a havia marcado de verdade. Nada muito grandioso.

Há algum tempo, no trabalho, Radaela conheceu um rapaz de sorriso largo, corpo definido e pele negra, muito charmoso. Ele sempre comprava o mesmo item: um remédio para alergia. Um dia, o produto que ele queria estava em falta, e Radaela indicou um semelhante. Ele, em tom de brincadeira, disse que, se não fosse bom, reclamaria com ela. Radaela, sorrindo, respondeu que sim, seria um prazer, particularmente. Ela também indicou um creme depilatório e, de forma atrevida, sugeriu que, se ele tivesse dúvidas, pedisse auxílio à mulher dele. Ele respondeu rindo:

— Que mulher o que, moça? Não tenho não.

Radaela já o tinha visto com uma moça novinha e muito bonita comprando coisas para ela, e pensou que talvez fosse a esposa ou uma ex. Foi ótimo tirar essa dúvida. Ela sempre o achou um gato, um "pretinho do poder", vaidoso, estiloso, o tipo dela.

Um dia, ele voltou para comprar algo para dor, pois havia se machucado no futebol. Pegou uma pomada e, no caixa, brincou que precisava de ajuda para aplicá-la. Radaela entendeu a indireta, mas ficou sem saber o que dizer por estar no trabalho, então apenas deu risada. No entanto, junto com o troco, ela entregou seu número de celular em um pedaço de papel. Foi ousada. Ele não viu na hora. Dois dias se passaram e nada de mensagem ou ligação. Radaela ficou desanimada, carente e querendo beijar. Ela nunca foi de sair para muitas festas, sempre foi caseira, vivendo para trabalhar e estudar. Às vezes, ficava com alguém, mas passava meses sem um beijo. Os rapazes a entediavam.

Por insistência de uma colega de trabalho recém-separada e sem amigas solteiras, Radaela aceitou o convite para sair. Com dó da colega, elas foram a uma balada. Radaela vestiu uma calça flare jeans escura e um cropped de renda vinho, que parecia um sutiã. Estava se sentindo linda, poderosa, e caprichou no look. Pensou: "Hoje eu não volto para casa sem ficar com pelo menos uns cinco." Saiu "no veneno", querendo beijar muito. Foram apenas as duas, no carro da colega. Chegando lá, elas se sentiram completamente deslocadas, sem conhecer ninguém, como dois peixinhos fora d'água. Ficaram encostadas no balcão, bebendo e procurando um alvo, de preferência um duplo, naquela velha história de "gostei de você e minha amiga do seu amigo". Como estava difícil! Alguns rapazes vieram conversar, sempre um feio com um bonito, ou dois feios; nenhum muito interessante. Radaela começou a desanimar.

Elas foram dançar um pouco e Radaela viu um grupo em uma mesa com pelo menos quatro rapazes muito bonitos, todos bem vestidos, com barba e cabelo arrumados. Um espetáculo! Ela começou a fixar o olhar, escolheu um e disse à colega para escolher outro daquela mesa. Voltaram para o balcão. Radaela ficou encostada, "secando" o rapaz de longe, jogando charme. Logo, eles perceberam e as chamaram para a mesa deles. Com a insistência, elas aceitaram. Não foi o rapaz que Radaela gostou que a chamou, foi outro. Começaram a conversar e a se conhecer.

Duas meninas lindas e super simpáticas chegaram, e os meninos as apresentaram. Uma delas era irmã de um deles, justamente do rapaz que Radaela havia gostado. Havia quatro rapazes e as duas meninas, além delas. Começaram a pagar bebidas para Radaela e sua amiga. Todos ali pareciam ser muito bem de vida. O rapaz que Radaela gostou se aproximou e começou a puxar assunto com ela mais diretamente, dando-lhe atenção, falando, pegando em sua mão, em seu cabelo. Ela pensou: "Hoje tem." Aquele chamego todo estava quase resultando em um beijo, e Radaela estava se fazendo de difícil, brincando com o psicológico dele.

Ela foi ao banheiro para dar um "perdido". Quando saiu, ele estava esperando na porta. Sua colega viu e voltou para a mesa sozinha. Eles foram para um cantinho. Ele a pegou pela mão e a beijou sem falar nada. Trocaram beijos demorados. Se Radaela pudesse, teria feito mais ali mesmo. Adorou a pegada dele, o cheiro, a boca, tudo. Ele voltou primeiro para a mesa, e ela o seguiu logo depois de retocar a maquiagem.

Quando Radaela chegou à mesa, deu de cara com Dimas, o "pretinho do poder", seu cliente gato do trabalho. Ele estava cumprimentando todo mundo. Quando a viu, deu um sorriso lindo e muito simpático, beijou seu rosto e a abraçou de leve. As garotas olharam com aquela expressão de "o que está acontecendo aqui?", cheias de curiosidade. Radaela ficou sem saber o que fazer, como reagir. Cumprimentou-o, sorriu, e ficou um pouco mais reservada. Saiu de lado e foi falar com sua colega, dizendo que era afim dele há tempos e que era uma pena ter beijado o outro.

O rapaz com quem ela havia ficado a devorava com os olhos o tempo todo. Radaela voltou para a mesa enquanto conversava com Dimas e mais um rapaz, tentando fingir que não estava notando nada, fazendo-se de boba. Na verdade, os dois estavam olhando para ela. Radaela achou meio chato. A irmã do rapaz com quem ela ficou perguntou de onde ela e Dimas se conheciam. Ele deu uma risada maliciosa. Radaela disse que ele era apenas cliente em seu trabalho. Ela olhou com ironia e disse:

— Ah, tá.

Coisas que só mulher percebe: o pouco caso dela com Radaela.

Radaela passou seu número para uma das meninas que pediu e havia passado o dela, sem ninguém ver, para o rapaz com quem ela ficou. Ela queria sair e ir embora sem que ninguém percebesse, mas seria muito feio e sem educação. Despediu-se de todos igualmente, agradecendo pela companhia. Não deu tempo para nenhum dos dois lhe falar nada ali na frente de todos. Foi rapidinho para longe.

Ao pagarem a comanda no caixa, Radaela sentiu uma mão em sua cintura. Virou devagar, achando que era o rapaz com quem havia ficado. Mas não, era o outro, o cliente, Dimas. Ele perguntou se ela não queria carona. Ela disse que não precisava, que sua colega estava de carro. Ele a acompanhou até a saída e saiu atrás dela. Radaela perguntou se ele já ia embora. Ele disse que tudo dependeria dela. Radaela não tinha coragem de ficar com ele, sendo que havia ficado com o amigo dele na mesma noite; isso seria ridículo até para ela. Mas provocar, ela podia.