Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Cap. 06 - O clã.

O vestido de Kate estava completamente arruinado, não dava para usar aquilo. Então, enquanto Alex ia à cavalo até o castelo para pegar um vestido para ela. Kate ficou sentada onde havia tido um tórrido e apaixonado encontro com o seu marido, esperando ele retornar.

Ela estava em um bosque, cercada de árvores, onde não saberia nem por onde seguir para chegar até a fortaleza, ou era isso o que o Laird parecia pensar. Na verdade, Kate se encontrava em um local com árvores espaçadas e uma trilha de terra bem demarcada no chão, que qualquer idiota conseguiria seguir, inclusive ela, e, olhando mais para frente, dava para ver o castelo. Não parecia ser muito longe.

Kate ainda estava nua, sentada na relva, e tentando se cobrir com seu vestido rasgado, somente para o caso de alguém passar e vê-la, o que ela duvidava que fosse acontecer, já que estava entardecendo.

Então ouviu barulhos de galhos se partindo. O mesmo som de quem caminha sem tomar o cuidado de não fazer barulho.

Ela se assustou, pensando em diversas situações onde o fim seria o mesmo: ela, jogada em algum canto, morta ou violada por algum vagabundo.

Mas nada a preparou para o que realmente aconteceu.

Antes que pudesse levantar e correr para longe, gritando e pedindo por ajuda, viu sair detrás da árvore, uma mulher. Parecia ter uns 150 anos, mais ou menos, mas Kate era consciente de que, naquele tempo, as pessoas viviam menos do que de onde ela vinha, e pensou que a mulher deveria ter por volta de seus 50 anos.

Tinha cabelos grisalhos, cerca de um metro e meio de altura e as costas encurvadas. Mas o que a alertou de que não deveria subestimar a velha, foram seus olhos, possuíam uma inteligência e sabedoria que não condizia com o seu aspecto frágil. Havia certa determinação e dureza em seus olhos.

De certa forma, Kate sabia que correr não era uma opção. Algo no olhar daquela senhora lhe dizia que não haveria como fugir. Ela a encarava, fixamente, e seus olhos pareciam ler sua alma, e Kate quase acreditou nisso quando a velha disse:

- Kate, fez uma viagem muito longa, não é?

Ela não faz ideia de quão longa foi… Cerca de meia dúzia de séculos! Kate pensou.

- Sei o que procura, e tem razão. - A estranha continuou a falar - Precisa encontrar o amuleto se quiser voltar para casa, mas não pode ir ainda. Precisa ajudar o teu clã.

- Amuleto? - Ela perguntou.

- O espelho. Você sabe que estou falando do espelho. Somente o espelho pode te levar de volta para o seu tempo.

- Como sabe de onde eu vim?! - Kate espantou-se.

- Sou Morgana e, ao que tudo indica, sou sua ancestral, então não ouse me desobedecer. Vá e encontre o espelho.

- Minha ancestral? Como pode saber? - Kate perguntou, desacreditada e com certo tom irônico.

- Usou um amuleto para viajar para o passado e não acredita que eu seja a sua ancestral?

- Muitos séculos separam o seu nascimento do seu. Como pode saber que sou quem procura?

- O amuleto foi criado há muitos séculos atrás, para transportar somente aqueles que carreguem o sangue de seu criador, portanto, somente alguém que tenha o mesmo sangue que eu poderia viajar através do espelho. - Morgana explicou.

Kate não soube explicar o fato daquela mulher saber o seu nome, ou de saber que ela vinha do futuro, e que viajou através de um espelho, mas Kate era descrente, não acreditava em magia.

Pobre coitada, com certeza era só uma velha louca… Kate pensou.

- Não acredita em mim, não é? - Morgana a acusou.

- Não, senhora.

- Tudo bem, então. Não precisa acreditar. Mas não ignore o que vou dizer. Você precisa salvar o clã.

Até que Kate começou a gostar da velha, era uma mulher muito prática. O que era importante vinha em primeiro lugar, e as crenças de Kate que se danasse.

- Salvar o clã do que?

- Da maldição, é claro.

- É claro. - Kate não pôde deixar de soar sarcástica, e também não conseguiu disfarçar o tom cético de sua voz. Mas Morgana não reparou, ou optou por ignorar, e tomou a afirmativa de Kate como um indicativo de que poderia continuar o que estava dizendo.

- És a escolhida. Só você poderá ajudá-los. E quando chegar a hora, poderá voltar pelo espelho. - Morgana se virou para se afastar, mas Kate recordou de perguntar:

- Espere! - Ela gritou - Onde está? O espelho! Quando viajei por ele, estava em Edimburgo, mas aqui não é Edimburgo! Onde ele está?

- Não reparou ainda como o espelho funciona? O espelho só pode te levar para onde ele estiver. Se caiu nas terras dos Douglas, ele está aqui, em algum lugar. Só precisa encontrá-lo.

Então, Morgana se foi.

E Kate estava só, novamente, com seus pensamentos.

O espelho estava no clã Douglas? Seria tão simples assim? Apenas teria que procurá-lo? Kate pensou.

Talvez, estivesse o tempo todo no castelo e ela, que nem uma boba, brincando de esposa do Laird ao invés de procurá-lo.

Já estava anoitecendo quando Kate ficou sabendo, por James, que fazia horas que Alex estava trancado na biblioteca com Isaac.

Ela se sentia frustrada. Gostaria de poder participar daquela reunião, mas, ao que tudo indicava, ela foi excluída. Decidiu ir até a cozinha ver como andavam os preparativos para o jantar. Embora agora fosse a senhora do clã, e não somente uma forasteira, as criadas ainda a olhavam com nojo e rancor.

Quando Kate chegou na cozinha, todas lhe deram o mesmo tratamento da última vez que esteve ali, ignorando-a e desviando de seu caminho como se ela fosse apenas mais uma parede do castelo.

Sabendo que sua paciência já estava no fim, Kate chegou à conclusão de que já estava na hora de agir como a senhora do clã e ver como andavam as coisas por ali, ao invés de se fingir de convidada apenas para evitá-las.

Ela ficou parada, olhando-as trabalhar, por um instante. Parada no meio da cozinha, como se fosse um pilar. Era para atrapalhar mesmo, para ver se assim seriam capazes de se dirigirem a ela, nem que fosse para mandá-la à merda.

Mas não mandaram. Infelizmente. Kate estava louca por uma boa briga.

Então, percebeu algumas coisas que lhe deram vontade de vomitar.

A maioria das mulheres cozinhando tinham pouca, ou nenhuma, higiene, ao lidar com os alimentos. Mãos sujas e, algumas delas, até mesmo fediam a gente suja. A carne era outra coisa que lhe deu ânsia de vômito, exposta numa parede, num local tão abafado que não seria de surpreender se a carne já estivesse estragada. As moscas pousavam em cima, e o cheiro era terrível.

Kate podia vir de um século onde existiam geladeiras, mas ela ainda sabia que aquela não era a maneira correta de armazenar carne naquele século.

Não era à toa que as pessoas tivessem uma expectativa de vida tão baixa nesse tempo. Com a noção de higiene que tinham, Kate se surpreendia que conseguissem sobreviver à primeira década de vida. Se ela fosse uma pessoa do século XV, talvez também não se importasse com a imundície daquele lugar, ou dos alimentos que pareciam aeroporto de moscas, mas sendo uma pessoa do século XXI, que tinha conhecimento do quão importante era a higiene, não poderia deixar que as coisas ficassem daquele jeito, ou Kate nunca mais conseguiria comer enquanto estivesse naquele século.

E lá estava Kate, comprando uma briga que não sabia se poderia ganhar…

Ela não deu ordens a nenhuma das moças, pois sabia que iriam ignorá-la. Teria que agir sozinha.

O primeiro que faria, seria se livrar daquela carniça fedendo na cozinha. Enquanto aquilo permanecesse lá, ela não conseguiria fazer mais nada. Ignorando a ânsia de vômito, pegou as imensas peças de carne e jogou no chão.

Isso sim chamou a atenção das moças, que gritaram como se fosse um ultraje o que ela estava fazendo, e a olhavam como se Kate tivesse ficado louca.

- O que pensas que estás fazendo?! - A cozinheira perguntou - O chão está sujo! Não se coloca a comida no chão!

Ah, agora esse povo tem noção do que é higiene. Kate pensou, irônica.

Ao invés disso, ela falou:

- Agora decidiu me fazer digna de atenção? Pois não se preocupe, pode voltar a me ignorar, não tenho interesse em lhe informar o que estou fazendo. Sou a senhora do clã, não tenho que dar satisfações de tudo o que faço. Nem a você e nem a ninguém.

Kate não parou o que estava fazendo, mas pôde ouvir mais de um arquejo de indignação por suas palavras tão pouco educadas. Ainda pôde escutar a cozinheira dizer a uma de suas ajudantes:

- Chame o Laird.

Ela tampouco se importou que o Laird fosse chamado. Ela sabia que levaria um tempo até que a criada conseguisse falar com Alex e explicar qual era o problema. Ele estava muito ocupado cuidando de Isaac. E, assim como ele não a queria se metendo em seus assuntos, Kate também não o queria se metendo nos seus. Quando a criada conseguisse conversar com o Laird, ela esperava já ter, ao menos, conseguido se livrar das carnes. Além disso, James estava como um cão de guarda, proibindo a entrada de qualquer um dentro da biblioteca.

Se até mesmo a impediram de entrar!

Quando terminou de jogar as carnes no chão, passou ao processo de arrastá-las para fora da cozinha, pela porta traseira, que dava diretamente para os fundos do pátio, para que, assim, a carne fedida não precisasse passar por dentro do castelo, impregnando todos os outros cômodos com o seu cheiro podre e as suas moscas nojentas.

Kate terminou de arrastar o primeiro pedaço de carne até o pátio, quando viu um soldado, que deveria ter a mesma idade que ela, ou talvez fosse um pouco mais velho, ele a olhava com curiosidade, então ela acenou, chamando-o.

Ele se aproximou, e ela disse:

- Me ajude a tirar toda aquela carne podre da cozinha, e depois as leve onde ninguém possa trazê-las de volta.

- Sim, senhora.

Ele fez uma reverência invejável, e chamou outros soldados para ajudá-lo.

Assim seria muito mais rápido.

Satisfeita, Kate voltou para dentro da cozinha, que estava desprovida de qualquer carne apodrecendo.

As mulheres ainda estavam paradas, vendo seu próximo movimento. E, mesmo assim, ficaram surpresas quando ela disse:

- Nenhuma de vocês fará o jantar essa noite. Quero que tomem banho e se lavem. Vocês fedem! Estão sujas e nenhuma de vocês trabalhará desse jeito dentro da cozinha do castelo.

- Como?! - A cozinheira reclamou - E quem fará o jantar essa noite?!

Kate não teve tempo de responder. Alex entrou na cozinha, enfurecido, seguido de perto por James e a criada fofoqueira.

Aquela desgraçada… Kate pensou.

- O que está acontecendo aqui?! - Alex perguntou, ou melhor dizendo, gritou.

- Senhor, a senhora está louca! Não quer nos deixar fazer a comida! - A cozinheira fofoqueira falou, correndo para o lado de Alex e segurando em seu braço, como se buscasse por proteção.

Vadia, larga o meu homem! Kate pensou, fervendo de raiva.

Alex a olhou, irritado, mas, mesmo assim, Kate admirou-se de que ele esperasse por uma resposta sua, querendo saber a versão dela dos fatos, talvez esperasse que ela desse uma boa explicação de porquê estava perturbando os seus criados. Ele demonstrou confiança nela, nem que fosse apenas um pouco.

- Estão imundas, não podem cozinhar assim. - Kate explicou.

- Qual é o problema com o modo como estão, se trabalham direito?

Kate não sabia como lhe explicar o quão importante era a higiene para alguém com a mentalidade do século XV, então, talvez ela tenha sido um pouco rude ao dizer:

- Marido, não deveria se meter nos meus assuntos, assim como eu não me intrometo nos seus.

Houve um arquejo geral de indignação, pelo modo como Kate se dirigiu ao Laird, ainda mais na frente de todos.

Alex, no entanto, sequer mudou a expressão de seu rosto, somente rosnou a palavra:

- Saiam!

Em um segundo, a cozinha esvaziou. O Laird e sua esposa ficaram sozinhos. Sua expressão era tão feroz que, por um instante, Kate pensou que fosse apanhar dele, mas então, algo incomum aconteceu. A máscara de Alex derreteu, dando lugar a um sorriso malicioso enquanto ele dizia:

- Você me deixa duro quando fica atrevida desse jeito. - Em um segundo, com a graça de um felino, ele avançou e a agarrou pela cintura, encurralando-a contra a prisão que seus braços criaram, impedindo-a de fugir, e lhe deu um beijo de língua que a deixou com as pernas fracas. E ainda bem que ele a segurava com força, ou ela teria caído no chão. - Agora me explique o que significa tudo isso, por favor, não vou proibi-la, apenas quero entender.

- Sei que não acredita em mim quando digo que sou do futuro, mas, por favor, acredite quando digo que precisamos de limpeza dentro da cozinha. Não podem cozinhar para um castelo inteiro nas condições em que se encontram. Podem acabar infectando a comida, trazendo alguma doença para o clã. E as carnes, já estavam apodrecendo!

Foi então que Alex olhou para as prateleiras, agora vazias, reparando, pela primeira vez, que não havia carne alguma ali.

- Por Deus, mulher! O que fez com as minhas carnes?! Acaso sabe o trabalho que deu, e quanto tempo eu e os meus homens levamos para caçar tudo aquilo de carne?! Deveria durar meses!

- Alex, estavam podres. Podíamos passar mal comendo aquilo. - Kate suspirou, tentando ser paciente ao explicar.

O semblante de seu marido dizia que ele ainda estava contrariado com o que estava acontecendo, então Kate apenas repetiu, de forma gentil:

- Peço que me deixe cuidar dos assuntos pertinentes à senhora do clã, da mesma forma que te deixo cuidar dos assuntos pertinentes ao Laird do clã, no qual você não quer que eu me intrometa.

- Ficou brava por ter ficado de fora da reunião com Isaac, não é? - Ele perguntou, suspirando.

- Sim, um pouco. O que vai acontecer com ele? - Ela mudou de assunto, curiosa.

- O expulsei do clã.

- Não é uma decisão muito radical que…

- Esposa, - Alex a interrompeu - não se intrometa nos meus assuntos, assim como não me intrometerei nos seus. - Ele falou, gentilmente.

- Não me meto, só quero entender. - Ela repetiu as mesmas palavras que ele havia dito apenas poucos minutos atrás.

- Não tem o que entender. Expulsei-o, e não voltarei atrás em minha decisão.

Kate assentiu. Seria melhor fingir que concordava enquanto ele parecia lhe dar o consentimento para fazer o que quisesse, mudar o que quisesse, no funcionamento do castelo.

- Então eu posso continuar…

- Pode fazer o que quiser, Kate. - Ele tornou a interrompê-la - Agora é a senhora do clã.

Kate sorriu para ele, contente por ele estar consentindo-a daquela maneira, quando não precisava fazer aquilo. Se aproveitando da situação, e tentando seduzi-lo para que Alex não conseguisse dizer “não”, ela o abraçou pelo pescoço, se aproveitando daquela proximidade, e lhe deu um selinho nos lábios enquanto dizia:

- Então você poderia dar a ordem às criadas, de que hoje elas não vão ajudar na cozinha, e que é para tomarem um banho e esfregar todas as partes de seus corpos imundos? - Ela deu ênfase naquela última parte, a mais importante.

- E quem fará o meu jantar?

- Eu farei. - Ela respondeu. Alex lhe lançou um olhar incrédulo, e ela acrescentou - Com a ajuda de algumas mulheres da vila. Diga a James para buscá-las.

Ele suspirou, cansado daquele assunto.

- Tudo bem, faça como quiser. Lhes direi para tomarem banho.

Então, Kate ficou sozinha na cozinha, e aproveitou aquele momento para dar uma olhada na despensa. Havia uma grande variedade de itens, só não haveria carne, mas tudo bem, ela conseguiria se virar com o que tinha ali.

Pensou na quantidade extravagante de comida que havia naquele lugar, e seu coração se apertou ao pensar que, enquanto isso, outros morriam de fome na vila. Isso não era justo. Era outra coisa que precisava de mudanças imediatas. Embora Isaac tenha sido expulso, o problema não tinha acabado. A miséria não tinha acabado.

Ela pegou o que era necessário, decidindo que o jantar naquela noite seria simples. Kate tinha a intenção de distribuir parte daquela comida com os aldeões, na manhã seguinte.

Não muito tempo depois, enquanto começava a preparar o jantar, sozinha, surgiram algumas mulheres para ajudar. Dentre elas, estava a mulher grávida com quem ela conversou outro dia. Megan, Kate lembrou de seu nome.

Kate inspecionou-as, minuciosamente, uma por uma, olhando suas mãos e unhas, se suas roupas estavam limpas e seus cabelos presos.

Quando se deu por satisfeita, distribuiu o serviço, começando a dar ordens do que cada uma deveria fazer. Elas assumiram seus postos e começaram a trabalhar.

Não demorou muito para que tudo estivesse pronto. Ali, naquela cozinha antiga, cozinhar era diferente para ela, e dificultoso. Tudo era mais rústico e pouco prático, mas assim que se pegava o jeito da coisa, se tornava tão prazeroso cozinhar quanto no século XXI.

Ela mandou que uma das criadas fosse arrumar as mesas do salão enquanto a comida estava quase pronta. Se havia algo que Kate odiava era comer comida fria, e desde que chegou, tudo o que comia estava frio.

Ela pôde ouvir os soldados chegando para o jantar. Já estava na hora. A comida estava pronta também.

Bem a tempo. Ela pensou.

Kate deu a ordem para que levassem as travessas, e seguiu logo atrás, sentando-se à mesa, ao lado de Alex.

Ambos comeram em silêncio, em meio ao tumulto de conversas dos homens. Vendo a cara de apreciação dos soldados, ao provarem a comida, Kate olhou para seu marido, buscando qualquer elogio, mesmo que fosse apenas um aceno de cabeça ou um olhar de quem havia gostado do que estava comendo. Mas seu semblante era neutro, e isso a deixou ainda mais nervosa.

Talvez, a cozinheira servisse tudo frio porque o Laird gostava de comer comida fria. Kate pensou.

Alex não olhou para ela uma vez sequer, durante toda a refeição. Estava calado. E Kate ficou cabisbaixa, seu marido não havia gostado da comida. Ela se sentia horrível.

Quando a refeição terminou, enquanto as pessoas iam para perto da lareira, para socializar, Kate se despediu, subindo para o quarto da torre.

Ela tirou suas roupas e deitou na cama, sem a menor vontade de conversar com o Laird ingrato.

Custava dar um elogio? Ela perguntou-se. Tudo bem que Kate tinha consciência de que era um pouco sensível a críticas, mas nem sequer lhe lançou um olhar.

A porta se abriu e Kate instantaneamente fechou seus olhos, fingindo dormir.

Ela ouviu enquanto Alex tirava suas roupas, e se juntava a ela na cama. Ele a abraçou por trás, enquanto Kate continuava fingindo. Ela pensou que o tivesse enganado, até que ele falou em seu ouvido:

- Porque está me evitando?

Kate suspirou e abriu os olhos.

- Estou brava. Não me dirigiu um único olhar durante todo o jantar.

- Apenas tentava apreciar a comida em paz.

- Esse é o seu jeito sutil de dizer que não te dou paz?! - Ela gritou, ofendida.

- Não foi isso o que eu disse. - Alex se defendeu.

- Mas foi o que eu entendi! - Ela retrucou.

- Mulher, qual é o seu problema hoje? Está tentando nos deixar loucos?!

- Meu problema é você e a sua falta de elogios! Custa elogiar a sua esposa de vez em quando?! E, de preferẽncia, quando eu faço algo para te agradar!

- Você é linda quando fica brava. - Ele elogiou. Ou melhor, pensou que estivesse fazendo um elogio.

- Não tente mudar de assunto!

- Era um elogio! - Ele se defendeu - Não era o que queria?!

- Mudei de ideia! Não quero mais! Melhor não me elogiar, se for para fazer dessa forma! Enfie o seu elogio no buraco em que você senta!

- Esposa! Isso são modos de falar com o seu marido?! - Ele espantou-se com o linguajar dela.

Ambos ficaram em silêncio, após aquela discussão em que não eram conscientes de que estavam gritando um com o outro, a plenos pulmões, como loucos. Suas respirações eram pesadas, e seus rostos estavam muito próximos um do outro.

Depois de um tempo, quando as respirações normalizaram, Alex falou, dessa vez, mais calmo:

- O que quer que eu diga, Kate?

- O jantar estava bom?

- Estava delicioso, esposa, e sabe disso. - Ele falou, gentilmente, e Kate ficou satisfeita, até que ele tornou a abrir a boca e acrescentou - Ordeno que faça a minha comida todos os dias!

- Já lhe digo onde você pode enfiar a sua ordem! - Kate exclamou, rindo, imaginando que ele estivesse brincando quando lhe deu aquela ordem.

De qualquer forma, ela não levaria a sério, mesmo que fosse uma ordem de verdade. E se ele insistisse, ela lhe diria, dessa vez com todas as letras, onde ele poderia enfiar aquela maldita ordem.

Onde já se viu?! Um homem tentando mandar nela!

- Obrigada, Alex. Era só isso que eu queria saber.

- Então, será que agora você pode retirar sua camisola e abrir as pernas? Por favor? É quase um pecado ter uma esposa tão linda e fogosa, sem estar entre as suas pernas todas as noites.

Kate ruborizou, o desejo corroendo suas veias.

Aquilo sim, havia sido um elogio de verdade.

Alex estava melhorando… Ela pensou.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.