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Capitulo 1 - Brenda

Eu sempre fui uma mulher que nunca se deixou abater. Sempre fui atrás dos meus objetivos tal qual minha condição física nunca me impediu de conseguir o que sempre desejava alcançar.

Sou uma mulher de poucas palavras, sorriso verdadeiro e sim, me considero linda! Tenho uma autoestima elevada mesmo que ser uma cadeirante não me possibilite de ter os homens aos meus pés, mas consigo alguns paqueras que me veem como verdadeiramente sou, uma mulher!

Me chamo Brenda Travis, tenho 28 anos e moro na Itália, mas precisamente em Trento. Sou uma das administradoras na vinícola da minha família. Sim, somos produtores de um dos melhores vinhos da região.

Não, atualmente não tenho namorado. Mas não deixo de ter os meus paqueras por aí. Hoje, virá um novo funcionário para a área de publicidade e propaganda. Soube que vem de Veneza.

- Brenda, você conseguiu fazer a proposta para levar ao senhor Capelo está pronta? – Meu pai me tira dos meus afazeres frente ao meu notebook sentando-se a minha frente na minha mesa me indagando no escritório.

Assinto com o meu sorriso cativante de sempre.

- Sim senhor Travis. Estou com ele impresso aqui mesmo. – Pego a pasta e lhe entrego com duas cópias.

Abrindo a pasta, ele analisa rapidamente e a fecha em seguida me olhando e sorrindo.

- Ótimo minha querida! Como sempre eficiente. Mas não deixe de curtir a vida filha, tem estado ultimamente muito aqui nesse escritório.

Reviro meus olhos, mas prefiro não falar nada para não me aborrecer e nem discutir com o meu pai. Apenas concordo com a cabeça olhando para a tela do meu notebook novamente.

Ouço o seu suspiro e a cadeira se arrastar. Olho de soslaio e o vejo com o semblante triste porém, ele muda a sua feição para um sorriso fraco quando percebe que o encaro.

- Tudo bem filha. Mas não se afunde somente no trabalho.

Sorrio e assinto.

- Pode deixar pai.

Meu pai sai da sala me deixando com os meus pensamentos. Por mais que seja do meu jeito espontâneo e que siga em frente, sempre que chega a uma certa data, eu me fecho e muitas vezes demoro para voltar a ser como sou.

Dois anos antes...

Estava saindo de um bar em que havia encontrado uns amigos e o meu namorado Matt. Era o dia em que havia conseguido um bom contrato com uma importadora de vinhos para a nossa vinícola e tinha ido comemorar.

Radiante era o meu sobrenome nesse dia. Eu estava realmente feliz e tinha uns 2 anos de namoro com Matt.

Andava sobre meus saltos vermelhos combinando com um vestido da mesma cor de alças finas com um decote V e saia de pontas na altura dos joelhos. Cabelos loiros presos num rabo de cavalo e maquiagem que realçava ainda mais a minha pele alva.

Ainda não tinha uma vida adaptada e nem sabia que veria algo que me deixaria despedaçada.

Matt estava num canto do bar mesmo cheio consegui reconhece-lo ao longe. Ele estava conversando animadamente com uma menina. Muito bonita por sinal.

Cada passo que dava em sua direção, sentia uma sensação estranha, até que os dois se beijaram. Ali, o meu mundo havia caído.

Do jeito que estavam, nem o vento passava por eles para os separar. Pareciam que iam se fundir daquele jeito.

Estava em choque e minhas pernas travaram no caminho. Até que um dos nossos amigos que olhou na minha direção me vendo parada parecendo uma estátua encarando o mais novo casal, ele ainda não tinha visto o que estava olhando tão fixamente.

Até que os seus olhos recaíram sobre o seu amigo e uma garota que nem me preocupei em saber o nome.

Quando Matt que estava irritado por ser incomodado percebeu o que havia feito, se virou para onde estava e ficou pálido.

Tentando se aproximar eu tive forças para lhe desferir um tapa no rosto e sair. Aquilo tinha acabado para mim.

Corri porta afora sob os gritos dele e dos nossos amigos e a única coisa que ouvi ao estar no meio da rua foi, “Amor, quem é ela?” e o choque em seguida no meu corpo sendo arremessado para longe.

Depois disso, a escuridão foi o meu consolo naquele momento.

Atualmente...

Desde aquele dia não fui mais a mesma. O Matt se tornou o ex-namorado, eu não o queria mais pois, a mesma menina que estava com ele no dia do fatídico acidente, me visitou dois meses depois que acordei do coma.

Me falou que estavam juntos há um tempo e que ela jamais sabia que Matt tinha uma namorada. Sentia-se culpada pelo que me houve mas eu, não quis muita conversa.

Terminei tudo com ele e em virtude do seu remorso e culpa querendo reatar sem sucesso, foi embora de Trento. A moça que ele estava junto no dia que descobri chamar-se Natasha, foi embora também da cidade onde morávamos e acredito até que estejam ainda juntos.

E infelizmente por conta do meu desespero na hora pois, só queria sair dali o quanto antes, fiquei paraplégica.

Sei que posso reverter o meu quadro, mas optei em não fazer isso. Aceitei as minhas atuais condições e por me amar muito, desejo quem sabe um dia encontrar alguém que me aceite do mesmo jeito.

O importante, é que optei de não fazer a cirurgia para reversão, porque não quero sentir dor e nem frustração de não ter conseguido voltar a andar.

Eu sei, você está pensando que sou egoísta, mas não me sinto a vontade em ter minha pele rasgada e sem a possibilidade de ter os 99 ou até mesmo 100% na probabilidade em voltar a andar e de frustrações e até mesmo decepções eu estou cheia até o talo.

Mas segundo minha tia Liz e o tio Dan, e por incrível que pareça até o meu pai concorda com ela, que só estou protelando, mas no português claro que sempre fala, “empurrando com a barriga”, enquanto eu não deixar a mágoa, tristeza que habita no meu coração, eu não irei fazer a cirurgia.

Bem, eu acredito que não, mas ela afirma que em alguns momentos, acho que ela tem razão e o mais interessante é que passa na minha mente que eu acho que estou me punindo por ser uma burra e até mesmo por ter me deixado enganar que um homem como o Matt, jamais esperaria o tempo que fosse para me entregar à ele.

Mas, eu prefiro pensar nisso e não revelar nada para ninguém, já que eu sei que irão me crucificar horrores por pensamentos tão depreciativos.

Sim, é meio contraditório da minha parte, mas prefiro pensar e guardar só para mim, do que revelar para alguém esses meus pensamentos, apesar que tenho quase certeza que a tia Liz e talvez até a Melinda minha amiga já saibam e porque digo isso, é obvio, porque são bruxas.

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