Capítulo 10
—Mmm. —Eu concordei. —Você está reservando a noite de sexta-feira para mim, certo? O baile?
—Tenho que ir a isso? —Seu sorriso vacilou, assim como o meu—. Perguntei isso há uns dois meses... Isso é muito importante para mim, e tenho certeza de que poderia conseguir um vestido de grife para você.
—Agora você me convenceu. —Ele brincou e eu ri, virando o rosto para lhe dar um beijo na bochecha e demorando um pouco—. Vai ser divertido. É a última noite em que podemos nos embriagar e não ter responsabilidades.
— Isso é na próxima sexta-feira? —
—Mhm. —Eu concordei.
Ele verificou sua agenda no celular: —Sim, eu tinha planos com os rapazes, mas vou cancelar.
— Obrigada.
Deixei escapar outro bocejo e Patrick percebeu o quanto eu estava cansada: - Você já comeu? -
Eram quase dez da noite e eu balancei a cabeça negativamente. —Não, fiquei no escritório a noite toda. Cheguei em casa há uns vinte minutos —disse com voz cansada.
— Quer pedir pizza e assistir a um filme na cama? — sugeriu Patrick, e eu concordei com entusiasmo. — Parece incrível! Você pode pedir enquanto eu tomo um banho rápido? Estou me sentindo nojenta.
Ele deu uma risada e pegou o celular: “Claro”.
Peguei um pijama no armário e atravessei o corredor para ir ao banheiro, trancando a porta. Balancei um pouco ao ritmo da música que vinha da sala enquanto prendia o cabelo em um coque e lavava o rosto na pia enquanto a água do chuveiro esquentava.
Uma batida na porta me tirou dos meus pensamentos. “Ocupado”, respondi rapidamente.
“Preciso fazer xixi.” Reconheci a voz de Gabriel enquanto ele suspirava. “Você não pode usar o banheiro de baixo?”
— Dave está ocupando.
“Ah, meu Deus!”, murmurei enquanto fechava a torneira do chuveiro e abria a porta. Gabriel estava encostado na moldura da porta, com um olhar preguiçoso nos olhos, enquanto me dedicava um sorriso torto.
— Se apresse, por favor. Preciso me livrar de quatorze horas de trabalho. — Eu ri entre dentes enquanto me afastava.
Ele vestia uma camiseta preta folgada com botões e jeans pretos justos com botas de camurça enquanto sorria para mim: - Você ainda está bonita. -
Arqueei uma sobrancelha. —Obrigada. Estou horrível, mas vai valer a pena.
—Semana da moda na próxima semana?
Gostei que ele se lembrasse de todas as minhas divagações sobre a semana da moda no início da semana. —Sim. A semana mais ocupada do ano para mim. —
— O que você tem que fazer lá exatamente? — perguntou ele, arrastando um pouco as palavras. O tamanho dos olhos dele e a maneira como falava me fizeram pensar que ele estava um pouco bêbado.
Mudei de postura enquanto me apoiava na moldura da porta, cruzando os braços. —Tenho que acompanhar Carlo em todos os desfiles, conhecer um monte de gente nova, ir a um jantar todas as noites. Há muitos jornalistas e fotógrafos. Tenho que liberar a agenda dele sempre que alguém quer uma reunião e tenho que tomar notas em todos os outros desfiles. Claro, o evento mais importante é o desfile da Vivienne Westwood na quinta-feira. Estarei nos bastidores com as modelos para garantir que ninguém estrague tudo.
-Isso parece... ocupado.- Gabriel falou com os olhos bem abertos e eu concordei: “Sim, é. Mas eu gosto bastante e é gratificante. Conheço muitas pessoas e vejo muitas coleções novas. É realmente inspirador e, sem dúvida, a melhor parte do meu ano”.
Gabriel abaixou-se um pouco e parou, e quando olhei para baixo, vi que meus braços cruzados levantavam meus seios e deixavam um pouco do decote à mostra. Limpei a garganta e abaixei os braços, e Gabriel saiu de seu pequeno transe, lançando-me um sorriso tímido. —Desculpe.
Você está um pouco bêbado, não? — perguntei, inclinando a cabeça para o lado.
—Mmm —ele admitiu enquanto balançava levemente no lugar—. Dave me preparou um coquetel.
—Oh, o famoso Dave na Praia! Ele é bastante letal.
— Ele não me disse o que tinha dentro, isso deveria ter sido o primeiro sinal de alerta.
Eu dei uma risada. —Não sei se ele sabe o que tem dentro. Sinto que ele simplesmente joga tudo o que encontra nos armários. Não se preocupe, você não é sua primeira vítima e temo que não será a última. Acho que você aprendeu a lição.
Ficamos em silêncio por um momento antes de Gabriel dar uma olhada no banheiro. —Você estava prestes a tomar banho? —
—Sim.
Ele sorriu levemente: —Que bom.
Arqueei as sobrancelhas ao ver sua expressão de satisfação e estava prestes a perguntar o que ele queria dizer com isso, mas ele não me deu a chance.
—Você é bonita. —Ele suspirou, repetindo as palavras de um minuto atrás. Ele apoiou a cabeça na parede, ao lado da minha, e eu soltei uma gargalhada, divertida com suas confissões de bêbado. —Você é engraçada quando está bêbada.
—Mmm, pessoas bêbadas dizem a verdade, não é? Você tem... um corpo bonito. —
—Gabriel! —Eu ri enquanto jogava a cabeça para trás, incrédula—. Oh, meu Deus.
—O quê? É verdade —ele se defendeu com uma risadinha, baixando o olhar—. Pernas bonitas. Eu te vi no bar na segunda-feira com saia. Que pernas bonitas! —ele repetiu, levantando os olhos novamente enquanto me olhava fixamente—. Que cara!
—Que rosto eu tenho? Bem, obrigada —disse eu, divertido.
“Que bonito”, murmurou, e eu revirei os olhos com um sorriso. “Tudo bem, vá fazer xixi para que eu possa tomar banho.”
— Você pode me ajudar? —
Arqueei as sobrancelhas. — Te ajudo a fazer xixi? —
— Mmm.
—Gabriel, você já é um homem adulto de um ano. Dave te deu um coquetel e você ficou louco. Acho que você consegue tirar as calças sozinho, não é?
Ele fez beicinho e foi adorável: — Preciso de ajuda. —
—Tenho certeza de que você vai conseguir sozinho. —Eu tentei, mas ele balançou a cabeça negativamente—. Não, meus dedos são grandes demais para abrir o botão. —Ele levantou a barra da camisa para mostrar a fivela do cinto e eu ri—. É um cinto normal e um botão normal. Você consegue.
—Vamos lá. —Ela apontou com a cabeça em direção ao banheiro. —Só alguns minutos, ninguém precisa saber.
Eu ri da sua proposta e balancei a cabeça: “Você é louco”.
— Caneta? A pizza já está a caminho. — A voz de Patrick soou perto quando ele abriu a porta do meu quarto e apareceu, vendo Gabriel e eu conversando. Corri instantaneamente, esperando que ele não tivesse ouvido o que Gabriel acabara de me dizer.
Basicamente, ele me convidou para uma rapidinha no banheiro em seu estado de embriaguez e eu dei um pequeno sorriso para Patrick: — Tudo bem, pizza. —
— O que ele está fazendo aqui? — Patrick franziu a testa, apontando com a cabeça para Gabriel, que estava bêbado demais para perceber.
“Ele precisa fazer xixi.”
