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Procura

O capitão estava cismado e acionou as câmeras de segurança do hangar. Keplow lembrou de tudo que fez, desde que saiu de Kira até chegar ali, passo a passo, mas a única coisa que notou de diferente, foi o peso da nave na saída do hangar de desembarque da cidade de comércio, mas naquele momento parecia tão ínfimo, que deixou para lá. Procurar onde estava a diferença daria trabalho e gastaria tempo que não tinham.  

Agora, fazia mais sentido o que o presidente Derwish suspeitava. Uma figura azul apareceu rapidamente na tela, se camuflando, mudando de cor conforme o local que estava, por isso era difícil distingui-la na tela.

Mas, se entrou na nave durante o carregamento, deve ter se escondido na área de carga. Acionou as câmeras do hangar durante o descarregamento da carga e lá estava a sombra azulada.

Parecem as caixas do andar de agricultura. Se ela foi para lá, deve haver algum vestígio dela, mas é certo que tem um novo cidadão em Rehrdar.

Enquanto keplow procurava nas imagens do computador, Aidéa dormia tranquilamente em seu novo quarto, de sua nova casa, em seu novo mundo. Quando pesquisou o planetóide no computador, entendeu perfeitamente o sistema prático de vida de seus habitantes. No quesito orgânico, eles eram similares, seus corpos têm ossos, músculos, órgãos e sistemas com funcionamento iguais. A diferença que mais chama a atenção é a pele morena, alguns têm tonalidades diferentes, mostrando diferenças de raça dentro da mesma espécie. A miscigenação formou seres muito interessantes e únicos,  assim como ela. Sendo que ela tem o tom azul como cor original da pele.

Será muito interessante ver ela interagindo com eles, podendo mudar sua cor conforme interage com cada indivíduo que encontrar. Enquanto dorme, um pequeno programa que instalou no computador do setor 9 (agricultura), colhia informações das atividades de segurança e caso localizarem ela, soará um alarme no dispositivo em seu pulso. Além desse vigia digital, fez também algumas modificações em algumas fórmulas de vegetais híbridos que estão criando em laboratórios, mas ainda não haviam descoberto as combinações certas. Assim que os trabalhos começassem,  perceberiam as mudanças e às testariam, confirmando a eficácia das modificações. 

Dessa forma teria uma vantagem a apresentar,  como validação de sua presença naquele novo mundo. É claro que pode ajudar em muitas outras coisas, mas é melhor manter ocultas suas outras qualidade. Estava tão empolgada, que se não estivesse tão exausta por tudo que passou, teria começado sua exploração antes mesmo de conhecer seu quarto. Mas seu cansaço logo seria sanado e ela teria muito a conhecer.

***

Passado o período de descanso dos habitantes do planetóide, todos se puseram em suas funções, se arrumando em seus costumes matinais de higiene pessoal e alimentação.  Cada grupo de 100 pessoas, morava em uma ala específica próxima do local de trabalho e antes de seguirem para suas funções,  participavam de um momento de atividade física de alongamentos, em uma área comum.

Aidéa estava nesse meio, utilizando sua identificação, entrou no salão junto com os profissionais de programação e organização de setores bélicos e segurança planetária. Assim estaria sempre a par da situação de defesa do planeta, a fim de saber de antemão se havia alguma nave a caçando. Também saberia se os líderes daquele planeta já haviam detectado. Seria um pouco difícil,  pois sua pele estava no mesmo tom de todos, um castanho claro, com riscas azuis e laranjas, formando símbolos que apareciam nas partes do corpo expostas. 

Quando chegou ao seu setor designado (por ela mesma), se dirigiu ao encarregado e se apresentou, sendo direcionada a uma sala gradeada e protegida por vidros blindados, de tamanho considerável,  onde se encontravam várias traquitanas digitais e dispositivos de conexão para explosivos e os próprios explosivos. Explosivos de tamanhos mínimos mas de poder destrutivo grande o suficiente para acabar com uma ala inteira de 100 pessoas.

Entrou, se dirigiu a mesa cercada de painéis de plasma sintético, envolvidos em películas muito finas, de tamanhos regulares com média de 30' cada. Estavam enfileirados, suspensos por pequenos dispositivos que mantinham eles flutuando no lugar. Tecnologia avançada para muitos planetas, com materiais que muitos nem sabem que podem ser utilizados para esse fim. A transmissão é feita por ondas vindas de um provedor geral, conectando todo o planetóide. 

Para ativar era só passar o pulso perto dos dispositivos de identificação e todos os equipamentos ligavam automaticamente. Começou a trabalhar, manuseava tudo tão rápido e seus olhos identificavam cada imagem, ficando gravado em seu cérebro como em arquivos. Depois de analisar tudo, criou um novo esquema de organização para os materiais mais perigosos e deixou mais próximos os que eram utilizados juntos. Concluiu tudo em poucas horas e aproveitou para dar uma olhada na sala do presidente, constatando que já estavam tentando localiza-la.

— Olá, Aidéa,  já completou seu serviço? Que eficiência, ficou muito bom. — Falou um dos organizadores do setor.

Aidéa fechou a imagem rapidamente e se virou para o interlocutor, prestando atenção na identificação que seu dispositivo pessoal lhe passava sobre ele.

— Olá  Gio, gosto do que faço e me aplico para melhorar  sempre que posso. — explicou sabendo que ele não entenderia.

Ele, franzindo a testa indagou:

— Ao que você se refere quando diz: gosto do que faço? 

— Ao fato de me agradar estar a manipular esses dispositivos e organizar as coisas. Você não sente o mesmo? — Perguntou como quem não entendia alguém não gostar do que fazia. 

— Gostamos de comer e nos agrupamos para diversões coletivas, mas trabalho é uma função obrigatória e necessária, o prazer nesse caso atrapalha o bom andamento. 

— Você acha que o meu prazer em fazer o meu trabalho atrapalhou o que fiz aqui? — Ela indicou com a mão,  toda a organização do espaço,  que tornou muito mais prático manusear os dispositivos. 

— É, ficou ótimo, mas o estatuto diz para fazermos tudo com foco na utilidade e com seriedade, sem distração. Como vamos sentir prazer varrendo o chão, por exemplo? — ele parecia confuso.

— Simples! O prazer de se varrer o chão está em vê-lo limpo, simples assim. Tudo que fazemos, no que trabalhamos, tem o prazer da realização,  se assim não for, não há aprimoramento e tudo ficará sempre igual.

Um sinal tocou antes que o organizador respondesse, todos fecharam seus dispositivos e se encaminharam, formando uma fila de acordo com seu setor, indo em direção ao refeitório. 

*

Em seu gabinete, Keplow parou um pouco à procura da intrusa, recostou-se na poltrona confortável, massageando a nuca. Estava sentindo os efeitos das horas que passou olhando para as imagens ma tela do aparelho e também os efeitos do tempo em seu organismo. Precisava encontrar sia destinada urgentemente, ou envelheceria rápido, já começava a sentir os efeitos. Achou melhor fechar tudo e ir comer e descansar, precisava estar atento e o cansaço não estava ajudando, deixaria para o próximo ciclo, a continuação de sua caça.

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