Biblioteca
Português

Amor Nebuloso

67.0K · Em serialização
Deypi
54
Capítulos
359
Visualizações
8.0
Notas

Resumo

Essa é a história do complicado relacionamento entre pessoas muito diferentes em suas personalidades, que se encontram em um mundo muito distante, em um espaço povoado por diversas espécies, com características e políticas contrárias, mas que procuram a mesma coisa, não estarem sós. O amor pode surgir entre seres tão racionais e de criações tão diversas? No meio dessa descoberta, em pleno espaço intergaláctico, mercenários, cientistas, predadores de mundos e traidores das nações, a maior batalha será a sobrevivência do amor.  Em um universo distante… Não, não é mais uma aventura de Star Wars! Mas realmente, em um universo distante, a iminência de explosão de um planeta, faz com que seus habitantes fujam em naves espaciais diversas e se espalhem pela galáxia. Com a explosão, um imenso pedaço do planeta, parecendo um meteoro gigante, é lançado muito distante e se instala em uma nebulosa. As naves maiores e mais potentes, localizaram essa parte do planeta e se dirigiram para lá. Enviaram mensagens com as coordenadas, para que as outras naves pudessem encontrá-los. Chegando lá, com todo material que levaram, começaram a se instalar. Aos poucos, outras naves foram chegando e com a união de todos, projetaram e construíram um mundo em seu interior. Passado séculos, o povo instalado naquele, vou chamá-lo planetóide, formaram divisões e subdivisões subterrâneas. Por fora, o planetoide era cercado por um escudo, como a camuflagem de uma imensa nave. Só que, quem se aproximasse, não veria nenhum sinal de habitação ou vida no planetóide pois por fora, parecia-se com um lugar estéril. Distante dali, na cidade de comércio intergaláctico Kira, depois de abastecer, uma nave cargueira, saiu do hangar em direção ao planetóide. Em sua carga, sem que eles saibam, está alojada uma clandestina.  Aidéa fugiu de um outro cargueiro, que por descuido do controlador do veículo de carga e descarga de perecíveis, deixou uma caixa cair. Com a queda, a caixa quebrou, a gaiola onde estava presa Aidéa, amassou e suas grades se abriram o suficiente para ela passar. Correndo como um lagarto se arrastando pelo chão, ela conseguiu entrar nesse outro cargueiro que já estava terminando de ser carregado. Assim partiu sem saber seu destino, somente feliz por ter se livrado de seus sequestradores. O capitão Keplow sentia-se satisfeito por suas aquisições. Poderiam finalmente criar os defletores das naves de combate, em um sistema de proteção individual, mas que se necessário, se unirão para formar a rede de defesa chamada colméia. Deram-lhe esse nome por ela, depois de pronta, se parecer com uma. Criaturas humanóides, diferentes mas unidas, vivendo num sistema socialista, mantido a séculos, com uma liderança honesta e sábia, cujas únicas preocupações eram: o bem estar do povo e a defesa do planetóide. Como se comportará o capitão e o povo por onde Aidéa passar, ao ouvir sobre outros povos e costumes diferentes. Como um povo tecnológico, acostumado ao racional em detrimento ao emocional, se comportará, diante do combate que a convivência com Aidéa causará? Muitas questões internas para resolver e a chegada de invasores na área externa para combater. Esta será a maior batalha a ser enfrentada pelo povo de Rehrdar, que um dia habitava um planeta e hoje vive no interior do que sobrou desse planeta. Uma história de superação, onde o inimigo pode ser o maior amigo e o amigo, o pior dos inimigos.

distopíarenascimentoamorromancemenina boa

Descobertas

Aidéa continua escondida entre as cargas quando finalmente pousam em um hangar, a voz no interior da nave avisa sobre as precauções de pouso. Pelo que pôde perceber, levou um tempo considerável para chegarem, o que significa que fica distante de Kira e se quiser voltar, terá que esperar uma nova viagem deles. A não ser que eles recebam visitas de naves estrangeiras.

Ela fica atenta ao desembarque das diversas caixas que estavam na nave e se esconde entre algumas, se camuflando, de forma que não a vejam. Parece um camaleão, mudando de cor para se proteger. Se olharem para o lugar onde está,  não a enxergarão, tal perfeição é sua camuflagem. O transporte das caixas onde está, segue por um corredor rústico, depois sobem por um elevador de carga e chegam no andar agrário. Pôde observar a temperatura amena, alta umidade do ar e um aroma forte de vegetação.

Descarregadas as caixas no setor, Aidéa se arrastou pelo chão e se grudou por baixo de uma das prateleiras de plantas.

**

Abrindo um parênteses aqui, vou explicar como é o local. Lembremos que esse lugar foi construído no subterrâneo do planetóide, ali não há luz solar, nem espaço para fileiras de canteiros no solo, então foi usada tecnologia para copiar toda a atmosfera necessária ao plantio de alimentos. Uma iluminação especial provoca a fotossíntese nas plantas e o oxigênio produzido é armazenado e modificado para abastecimento das cidades.Todo um andar do planetóide é utilizado para o desenvolvimento vegetal.

O plantio é realizado em diversos níveis de prateleiras, como imensas estantes vegetais. Tudo muito bem estruturado e organizado. Aidéa não teria escolhido um lugar melhor para se esconder. Sua estrutura física permite que consiga se camuflar em qualquer lugar, tornando-a um espécime muito desejado pelos traficantes. Muitas centrais de espionagem pagam uma fortuna para ter um ser racional dessa raça em seu quadro de espiões. 

Mas Aidéa não quer isso para si, quer ter uma vida tranquila, sem sustos ou perigos. Mas não foi isso que teve em sua vida. Desde que se entende por gente, vai de laboratórios em laboratório, sempre dentro de gaiolas,  tratada como um bicho e não como um ser racional, não tem direitos como os outros humanóides. 

Não conheceu seus pais, nem sua terra natal, a princípio, pensou que tinha nascido de um ovo no laboratório. Os enfermeiros que cuidavam dela, faziam pilhéria sobre sua aparência e cutucavam-na para que mudasse de cor. Mas à medida que foi crescendo, percebeu que compreendia qualquer língua que falassem, conseguia enxergar e ouvir a grandes distâncias, além de ter um raciocínio rapido e aprender com facilidade, o que aproveitou para aprender o máximo possível, sobre tudo. 

Quando já possuía o necessário de informações,  usou seus atributos de camuflagem e fugiu daquele lugar. Foi sua primeira fuga de muitas, que a aprimoraram cada vez mais na técnica da camuflagem. Na última captura, caçadores a pegaram para levar a um planeta diferente e servir de cobaia para a criação de uma auto defesa aos habitantes que eram atacados a todo momento, por usurpadores de fontes naturais planetárias, mas conseguiu fugir graças a sorte.  

Agora está camuflada ali, grudada por baixo de uma prateleira de plantas,  como um grande camaleão. Seus dedos, nos pés e mãos, têm ventosas embutidas que surgem quando necessário e aderem a qualquer superfície. O incrível é que sua aparência normal, não sugere nada dessa transformação defensiva. Sua pele possui células repletas de pigmentos que produzem cores escuras e quentes, já as cores claras vêm da luz refletida nos nanocristais contidos nas células refletoras. Aidéa não é híbrida, é uma espécie em extinção,  talvez seja a última da espécie, o que faz dela um "produto" de primeira linha e alto valor comercial.

Mas agora, ali em um lugar completamente estranho, diferente,  desconhecido e com oportunidade de mostrar quem é realmente. Quem sabe consegue viver livre de perseguições. 

Olhando em volta, percebeu várias pernas com calças brancas, todos parecem usar a mesma roupa, talvez seja uniforme. O pessoal da área de carga vestia o mesmo, só que de cor cáqui. Talvez as cores identifiquem os setores.

Ficou ali por mais um bom tempo. Guardaram as caixas, estudaram as plantas, trocaram mudas de lugar e pareceu a ela, que terminou o turno, pois desligaram as luzes e ligaram os irrigadores. Ela saiu de seu esconderijo, esticou o corpo, alongando-se. Fez uma pesquisa rápida no local e identificou algumas portas. 

Uma levava para a estufa, outra parece ser o depósito para onde levaram as caixas, a próxima porta deve ser a entrada e saída, fica no final daquele espaço. Tem um visor na porta e olhando por ali, ela viu um corredor. Foi para a outra porta e estava aberta, não havia ninguém, entrou e contemplou feliz, todo um sistema de comunicação, com arquivos e telas que mostravam todos os setores daquele andar.

Foi para o computador que só uma pessoa que entende e conhece, sabe localizar. Um cabo desce do teto e com um simples toque, aparece o teclado, a tela e outros equipamentos. Ela digitou o que queria e as imagens foram aparecendo na tela, rápido, muito rápido ela digitava e as imagens apareciam, uma seguida da outra, e várias juntas. Em poucos minutos ela se conectou ao computador central e guardou na própria memória todas as informações sobre aquele complexo ao qual chamam Planetóide. 

— Olha só,  esse Planetóide é a ressurreição de uma nação. Reconstruíram todo um sistema de sobrevivência e foram evoluindo e crescendo de forma programada, cada um fazendo sua parte sem questionar a organização. Seja lá quem estiver no comando, consegue uma proeza. Manter todo esse povo sob controle, não deve ser fácil. 

Desligou tudo e agora sabia onde deveria ir. Entrou em outra porta, onde sabia ser um vestiário, seguiu até um aparelho digital, parecido com um micro-ondas ligado a uma estrutura maior. Digitou alguns dados no painel e esperou, quando uma luz piscou, ela abriu a porta e retirou um uniforme novinho. 

Foi até uma cápsula, fechou-se lá dentro e imediatamente o aparelho iniciou uma limpeza a seco em seu corpo. Saiu de lá,  sentindo-se melhor, vestiu-se com o novo uniforme e saiu daquele setor. Foi andando pelo corredor até chegar a um painel. Passou a mão sobre o detector luminoso e ouviu uma voz feminina, mas totalmente impessoal, sair da máquina:

— Seja bem vinda, Aidéa de Rehrdar. Seu identificador está  confirmado,  coloque o pulso no espaço indicado e boa moradia. Seu ciclo é de 50 stens e seu dic é no setor F, Limiar 12, conforme sua designação hierárquica. 

Ela riu,  colocou o pulso no local indicado, recebeu uma pequena tatuagem subcutânea, totalmente invisível a olho nu, mas que a tecnologia local identificaria ela onde fosse. Como? Ela mesma registrou-se e liberou sua entrada e permanência em sua nova "casa". O sistema que rege todo o planetóide é bem complexo, elaborado e com toda segurança possível para evitar invasões, nada impossível para a capacidade mental dela.

Durante seu tempo em alguns laboratórios de pesquisa, expuseram ela a diversos raios de luz e energias, algumas não lhe causaram nada, mas outras mexeram com seu cérebro, aumentando seu quociente de inteligência, tanto que ela burlou todas os testes feitos e os cientistas nunca descobriram o total potencial dela. Dessa forma, toda tecnologia que passava por seus olhos eram identificadas e codificadas de forma fácil, dando poder a ela de total manipulação. 

Andando tranquilamente se dirigiu ao seu dormitório. O setor F era o andar do segundo escalão, setor inteligência. O primeiro escalão  era dos administradores de cada área e eram vários. O presidente não ficava ali, por motivos pessoais seu dormitório ficava no mesmo andar do setor de administração e presidência. 

Agora que Aidéa estava instalada, poderia descansar e repor suas energias, gastas naquela fuga tão trabalhosa.

**

No escritório central, o presidente Dervish, olhava o monitor com atenção dobrada. Havia notado uma discrepância nas atividades tecnológicas de usuários do setor agro, logo depois sumiu e tudo foi formalizado. Achou aquilo estranho e como se não bastasse, encontrou um registro de pessoal novo no setor tecnológico. Ligou para o comandante keplow e solicitou sua presença imediata na sala de controle. 

Tudo indica que temos um intruso em Rehrdar!