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Prólogo

Os guerreiros estavam banhados em sangue, certa vez o céu tinha se aberto e dado a tribo um grande poder. O preço era não poder mais andar a luz do dia, não como homens comuns, mas eles eram mais rápidos, mais fortes e famintos por sangue, mas não qualquer sangue — somente o sangue de suas verdadeiras companheiras os manteria saciados, menos ferozes do que eram naquele momento.

Mas eles não tinham mais companheiras, os forasteiros tinham matado todos. Mulheres, crianças, seus homens sábios. Todos mortos. Pelo que? Pedras brilhantes?

Então eles se vingaram, mas ali já não era seguro para eles. Tudo o que restou eram não mais que dez homens.

Mas eles eram fortes suficientes para matar dezenas de homens e se fartar em seu sangue, só que beber o sangue era só para assombrá-los, isso não os manteria saciados por muito tempo. E então se tornariam selvagens, monstros guiados pelo instinto básico de beber sangue.

E agora? — mesmo que a pergunta não tenha sido feita em voz alta, por nenhum deles, ela pairou ao seu redor.

O olhar do jovem filho do falecido líder da tribo vagou pelos corpos de seus inimigos, a raiva tinha tomado conta deles. E mesmo que todos tenham sido ensinados a jamais beber o sangue de outro homem, não importando o motivo, que somente deveriam trocar sua força sua companheira, ver toda sua família morta e seu lar destruído encheu os guerreiros de fúria.

Ele olhou para o mais jovem , apenas uma criança, que assim como eles que perdeu os pais e tudo o que um dia conheceu, mas que não tinha de contaminado com sangue.

Os sons noturnos silenciaram por um momento e um brilho prateado os envolveu, todos se ajoelharam imediatamente, as cabeças baixas, sabendo que a punição viria de quem um dia tinha dado a eles o poder que agora tinham usado de forma tão errada.

— Vocês me desapontaram. — a voz fez os fortes guerreiros estremecerem.

— Minha senhora... Nós...

— Deixaram que o ódio e a raiva guiasse seu coração...

— Nossas famílias, nosso lar foram destruídos. O que mais podíamos fazer?

O mais inflamado deles esbravejou, ira pura brilhando em seus olhos, agora carmesim graças ao sangue de seus inimigos.

— Destruir seu inimigo? — ela sorriu, mas nenhum deles além daquele que gritava ousou olhar para mulher de pele dourada e olhos vermelhos vivos. — Sim, era uma punição correta. Se afogar em sangue, deixando seu lado mais sombrio e animalesco falar mais alto? Não.

As feições delicadas se transmitam, virando algo tenebroso para o qual o jovem guerreiro cheio de ódio se quer tinha nome. Ele caiu de joelhos gritando em agonia, enquanto os outros permaneciam de joelhos olhando fixamente o chão.

— Não devem me olhar nos olhos, a menos que eu permita. Não devem erguer a voz para mim...

Os gritos cessaram e um silêncio anormal os envolveu.

— Vocês deixaram sua sede falar mais alto, então serão punidos por isso.

— Senhora... — o filho do líder da tribo sussurrou — Pode me punir, deixe os outros livres. — ele não ousou erguer seus olhos. — Nosso mais jovem é só um menino, eu sou o mais velho eles são minha responsabilidade.

— Então está disposto a pagar por todos?

— Estou.

Se o jovem tivesse se atrevido a olhar teria visto o sorriso nos lábios dela, sua entidade em mais alta conta. Aquela que tinha dado a eles a benção de sua força, vitalidade e a paz que veio com isso. Que fez dos fracos fortes e dos tolos sábios.

— Pois bem. Vocês ainda serão punidos, mas não com a morte. Mas com a espera, um sono que os levará finalmente ao que precisam. Sigam a luz da lua, por três dias, então encontraram um caverna com meu símbolo de vermelho. Quando entrarem vão sentir um sono impossível de resistir, aceitem. Quando acordarem terão pago sua dívida de sangue e terão a chance de recomeçar.

— E nossas companheiras? — uma voz hesitante perguntou.

— As predestinadas viram até vocês, quando a hora chegar. Sejam pacientes e resistam a sede de sangue pela morte.

Os guerreiros aceitaram as palavras dela, e seguiram suas instruções. Quando chegaram ao local indicado como ela disse o sono os tomou e eles adormeceram e aquele lugar foi protegido, sem ninguém pudesse encontrá-lo não importa quanto procurasse e os guerreiros foram encerrados no coração da caverna por anos sem jamais acordar.

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