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Capítulo 3 O Dever de Uma Esposa

Passando a noite sozinha, Agatha acordou cedo, colocou todas as roupas no armário e ocupou o quarto inteiro.

Já que ela deixou tudo claro com Rui na última noite, provavelmente ele não ia conviver com ela nesse quarto, que ficaria dela.

Sendo um casal nominal, eles não iam intrometer na vida do outro.

Para ela, até seria uma coisa boa.

Agatha se trocou e desceu, enquanto uma dúzia de empregados estavam ocupados. Com um pouco de fome, ela perguntou onde ficava a cozinha, mas inesperadamente, a empregada a empurrou para lado diretamente.

-De onde veio essa mulher? Não atrapalhe meu trabalho!

Agatha caiu no chão por descautela.

A empregada deu uma olhada arrogante a ela e de repente ficou com um olhar respeitoso.

Um par de mãos quentinhas levantou Agatha. Ela virou a cabeça e deparou com os olhos suaves desse homem.

O homem estava numa camisa branca que se mantinha limpa sem rugas, com um sorriso tão gentil como uma brisa da primavera.

Agatha ficou surpresa, mas reagiu em um instante, recuando dois passos rapidamente para manter a distância dele.

- Obrigada.

- De nada, cunhada.

- Cunhada?

- Eu sou o irmão mais velho de Rui. Me chamo Domingos.

Domingos Norberto estendeu a mão a Agatha.

Agatha se viu meio tonta por conta desse encontro ocasional com o irmão mais velho de Rui. Ele estendeu a mão com tontura e fez aperto de mãos com Domingos:

- Olá, irmão.

A voz dela estava um pouco nervosa.

- Foi a culpa das empregadas já agora. Eu peço desculpas por elas e espero que você não leve a sério. O pessoal da Família Norberto é muito simpático e explicarei a situação com elas mais tarde.

Agatha acenou a cabeça:

- Obrigada, irmão.

Enquanto Domingos sorria e estava prestes a dizer mais algo, de repente soou uma voz fria.

- Parece que eu não cheguei à hora correta.

Essa voz… Agatha olhou seguindo a origem da voz.

Pierre levou Rui rumo a eles, que estava sentado na cadeira de rodas com uma manta fina em cima das pernas.

Apesar de se sentar na cadeira de rodas, ele tinha uma imagem reinante.

O olhar dele era muito afiado, tal como uma faca que atingia o rosto de Agatha.

Agatha abaixou a cabeça nervosamente.

Espere, porque é que se sentia culpada! Ela somente cumprimentou com a família dele.

- Rui, é raro ver você em casa. - Domingos mantinha um rosto sorridente ao seu irmão mais novo, mas Rui não fez o mesmo, que ficou inexpressivo e só acenou a cabeça.

- Irmão.

- Tá, então não vou incomodar você e a sua esposa.

Depois de dizê-lo, Domingos olhou para Agatha e disse gentilmente:

- Cunhada, vou me embora à empresa.

Agatha acenou a cabeça de forma meio perdida, pregando os olhos nas costas de Domingos. Quando ela estava prestes a recolher o olhar, chegou a ironia de Rui ao seu lado:

- Mulher divorciada é tão ávida como você, que não pode esperar mais para seduzir homens?

Ouvindo isso, Agatha reagiu impetuosamente:

- O que está dizendo?

Os olhos de Rui eram muito escuros, com uma escuridão no fundo, o que fez Agatha sentir uma agressão muito forte.

Agatha mordeu o lábio:

- Eu não sou tão suja como você imaginava.

- Ah é? - O sorriso de Rui se viu muito satírico, que nem prestava nenhum respeito a ela:

- Não é suja uma mulher que acabou de se divorciar e logo buscou uma nova relação?

Apertando o punho, Agatha ficou um pouco irritada.

Foi ela que quis buscar uma segunda relação? Ela também foi pressionada.

Todavia, Agatha não ia lhe contar isso. De qualquer maneira, se ela podia ficar aqui, tudo bem.

Pensando nisso, ela afrouxou o punho apertado.

- É melhor você respeitar a sua promessa e não se mexer com a Família Norberto. Se eu descobrir você aproveitando o nome da Família Norberto para fazer algo sujo lá fora, ou tendo algum objetivo escondido, vou deixar você sofrer mais do que morrer.

- Pierre.

Pierre levou Rui para sair.

Após a saída de Rui e Pierre, uma empregada veio e falou com ela.

- Sra. Agatha, o Sr. Fernando, avô do Sr. Rui, quer falar com você.

O Sr. Fernando? É o dono da Família Norberto?

Agatha ficou nervosa imediatamente. A mãe disse que a Família Norberto nunca tinha visto Hadassa antes, por isso eles ousaram mandar Agatha para se casar em nome de Hadassa de forma tão extravagante.

Ao ouvir que o Sr. Fernando queria ver ela, Agatha caiu em pânico.

- Sra. Agatha, venha comigo.

A empregada era um pouco velha. Visto que Agatha permanecia hesitante no mesmo local, ela perguntou diretamente.

Agatha se recuperou, acenou a cabeça e seguiu os passos dela.

A residência da Família Norberto era muito grande. Embora guiada pela empregada, Agatha ainda estava meio perdida.

Chegaram ao estúdio logo. A atitude da empregada era muito modesta.

- Faça favor de entrar, Sra. Agatha.

Agatha a agradeceu e entrou.

O estúdio, parecido como o que ela imaginava, era muito solene com as decorações e estantes de modelo clássico, além de diversas artes de pintura e caligrafia.

Agatha só deu uma olhada ao estúdio e passou a olhar a pessoa nele.

- Sr. Fernando, bom... bom dia.

Agatha deparou com os olhos do Sr. Fernando e foi presa pelo olhar esperto dele.

O Sr. Fernando estava enxergando-a.

Pensando na identidade dela, Agatha ficou perturbada em um instante e abaixou as pálpebras, com medo de deixar exposto o pânico no fundo dos olhos dela.

Quanto a Rui, ela já o convenceu. Mas caso o Sr. Fernando descobrisse que ela não era a verdadeira Hadassa, como ia fazer então?

- Hadassa Soraia!

- Ah?

Agatha levantou a cabeça inconscientemente, mas a abaixou rapidamente depois de deparar com o olhar do Sr. Fernando.

O olhar dele era extremamente severo.

- Rui tem sido débil desde pequeno. Já que você se casou com ele, então cuide dele bem. Sendo uma esposa, não precisa de que eu te ensine o que deve fazer, pois não?

- Eu sei.

- A partir de amanhã, você vai trabalhar ao lado de Rui, servindo como assistente dele.

Ouvindo isso, Agatha levantou os olhos de surpresa:

- Mas eu tenho emprego, Sr. Fernando...

- A mulher da Família Norberto não pode ficar exposta fora. Mesmo que trabalhe, tem que estar ao lado do marido.

O quê? A Família Norberto é tão conservadora? Claro que Agatha não se atrevia a dizer essas palavras na frente do Sr. Fernando, que deixou ela ir embora sem lhe dar oportunidade de abrir a boca novamente.

Saindo do estúdio, Agatha voltou ao quarto dela, ainda ressentida.

As palavras do Sr. Fernando eram muito pesadas. Agatha soube que se ela não pedisse demissão, o Sr. Fernando ia repreender ela com certeza.

Por fim, Agatha foi obrigada a demitir-se.

O emprego dela era comum. Desde que se casou com Olívio, ela servia como assistente de CEO numa pequena empresa perto de casa, com o objetivo de deixar a refeição pronta antes da volta dele para casa.

Agatha entregou a carta de demissão e o posto dela foi logo substituído por um fulano.

Quando ela tomou conhecimento disso, ficou tonta por muito tempo.

Ela acabou de entender que o lugar dela, tanto do trabalho, quanto no casamento, era sempre fácil de ser substituído.

Agatha fez um sorriso amargo.

No dia seguinte de demissão, o Sr. Fernando mandou Rui levar ela à empresa diretamente.

- Você nunca contratou assistente e eu sei o que você está preocupando. Mas hoje Hadassa já é a sua esposa, então deixe ela ficar ao seu lado para tomar conta de você.

Ao falar com Rui, o Sr. Fernando usou o mesmo tom de falar com ela. Agatha achava um pouco estranho, pois pensava que a relação entre eles deveria ser muito boa.

Enquanto ponderando, Agatha sentia um olhar afiado disparando ao rosto dela, sem precisar de pensar de quem era.

Rui olhou ela de forma irônica:

- OK.

Agatha se viu um pouco surpresa, achando que… ele ia recusar.

Inesperadamente, ele não resistiu.

-Tá, vá lá. - O rosto do Sr. Fernando ficou um pouco amenizado.

Rui, sentado na cadeira de rodas, estava inexpressivo. Pierre acenou a cabeça ao Sr. Fernando:

- Sr. Fernando, então vamos à empresa primeiro.

- Levem Hadassa.

Agatha tinha que seguir atrás de Rui.

Quando eles saíram do salão e chegaram ao jardim, Rui zombou:

- Se deu bem com o Sr. Fernando tão rapidamente? Quer me monitorar?

Agatha pausou os passos e franziu as sobrancelhas lindas.

- Não entendo o que você está falando.

Rui fez um sarcasmo:

- É melhor que você nunca entende, senão...

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