Capítulo 1
Reino Felipinas, século 12.
Filipinas: um lindo reino grande próspero e feliz, governado com sabedoria pelo rei Luiz Cezar III, que
Cezar narrando:
— Oh, senhor, seja um pouco mais cuidadoso, seu membro é muito grande, oh, ah...
— A senhorita gosta disso, estou certo? Gosta que eu te cavalgue com tanta ferocidade, assume para o seu senhor!
— Aahh, eu sou toda sua, vossa alteza, me possua, aperte os meus seios, me usa como quiser, isso!
(...)
Não me julgue pelas fofocas que já ouviu sobre mim... Se o fizer resolveremos da seguinte forma: se você for um homem, acertarmos isso em uma luta com espadas, e se for uma mulher, deixe-me só fazer uma observação: a senhorita está lindíssima hoje.
Aqui quem vos fala é o príncipe Luís Cezar IV, conhecido como o príncipe temido, o sublime herdeiro do trono de Felipinas. As pessoas costumam me confundir com um deus e isso me aborrece, pois o fato de eu ser filho do rei me torna melhor que os outros, porém mesmo se eu não fosse o filho do rei eu seria melhor que os outros, pura realidade.
Tenho o cabelo cortado curto e escuro, olhos acinzentados e lábios vermelhos, queixo duro, o que me proporciona um rosto marcante, sou alto e como todo homem de boa saúde carrego peso. Ontem fiz meu vigésimo sexto aniversário, o que fez com que o rei, meu pai, me submetesse a uma espécie de entrevista, perguntando quais eram os meus planos para o futuro e quando pretendo me casar... eu fui sincero, respondi que não tenho plano nenhum, isso seria perca de tempo, já que o meu destino foi decretado no momento em que nasci: serei rei; já a parte de esposa eu respondi que sou muito jovem, o que não é mentira, meu pai não gostou de nenhuma das respostas.
— Obrigada, alteza — Estevan se reverencía perante mim depois de termos terminados nosso treino matinal com espadas, ao qual ultimamente eu venho saindo vencedor, esperado.
Eu o surpreendo com um golpe de corpo a corpo, fazendo com que fique preso sob os meus pés, deixando-o completamente imóvel.
— Para que você aprenda de uma vez por todas que é simplesmente Cezar!
Assim que soltamos as espadas, corro até Rajão, meu cavalo que estava me esperando com um soldado ao lado de uma árvore.
Estevan não respondeu, ele não me trata como de costume perto dos soldados, mas se estivéssemos à sós com certeza eu levaria um golpe doloroso.
Galopo entre os jardins do Castelo de Lurhuis, fazendo com que todos me olhem revoltados.
Gargalho.
Por que eles insistem em desaprovar o meu passeio pelo jardim?
— ALTEZA! ALTEZA! — uma jovem e bela serva corre atrás de mim, eu finjo não ouvir e rindo apresso os passos de Rajão, provavelmente o rei deve estar procurando por mim já há essa hora da manhã.
Não consigo me recordar se foi ao lado dessa serva que eu amanheci hoje, só me lembro do farto par de seios dos bicos rosados que me levaram à beira da loucura.
— ABRAM OS PORTÕES! — ordeno assim que me aproximo das enormes grades de ferro, e em questão de segundos minha ordem foi cumprida. Saio galopando ferozmente caminho à frente.
Até o mar.
Ah, como eu amo o mar.
Nosso país é rodeado pelas águas, uma imensa ilha e não temos vizinhos, pois há séculos os conquistamos, tornando-os Felipianos também.
Desço de Rajão e tiro as minhas vestes reais, ficando apenas com as roupas de baixo.
- Cezar, por que demorou? - Estevan me surpreende saindo por trás de uma rocha, derrubando-me sobre a areia fina.
Eu dou-lhe um contragolpe fazendo-o ficar por baixo.
- Levante-se de mim! Não quero ser confundido com uma moça! - exclama afastando-me de si.
Estevan é loiro com os cabelos até os ombros, alguns centímetros a menos que eu, porém quatro anos mais velho. Nos conhecemos desde a infância, quando ele participava das minhas festas de aniversários por ser filho de Petrov Julius, o primeiro ministro de meu pai.
- Com este cabelo amarelo e longo não duvido que te confundem com uma donzela em perigo! - provoco e ele parte para cima de mim.
Corro para o mar, tirando minha túnica no caminho, ficando completamente nu. Estevan Também.
Estando no mar eu me sinto bem, me sinto livre, como se eu pudesse ser e fazer qualquer coisa, entretanto, como eu dificilmente tenho liberdade para ser e fazer qualquer coisa, dentro de pouco mais de dez minutos soldados invadem a areia.
- ALTEZA! ALTEZA! - Haian, o general em pessoa, o rei é exagerado demais.
Saio da água completamente contrariado e Estevan me acompanha.
- Por quê me incomoda? - pergunto recebendo a minha túnica que um soldado entregou encarando a minha nudez.
- O rei requer sua presença, alteza, e a de Estevan também - responde estressado.
- O que o rei deseja com Estevan? - passo as mãos no cabelo, fazendo espirrar água e acidentalmente molhei Haian, ele faz uma cara de quem chupou limão azedo.
- Isso terá de perguntar para ele, alteza. - respondeu irritado, passando as mãos no rosto com desgosto.
- Tem alguma coisa contra mim, Haian? Sabe que não precisa temer me dizer a verdade, quando eu for o seu rei saberei que me é sincero, - caminhei pela frente dele indo em direção ao Rajão.
Haian ficou parado no mesmo lugar e eu percebo que Estevan já está ao meu lado montado em Bela, sua égua.
- O que será que seu pai quer conosco?
- Tranquilize-se, Estevan, não fizemos nada de errado - Estevan revira os olhos, - bom, não hoje!
Já montados eu disparo com velocidade, gargalhando.
O que o rei quer dessa vez?
Do que adianta eu ser o jovem mais importante de toda Felipinas se eu não possuo o domínio sob mim mesmo?
Detesto seguir regras, não gosto de saber que o meu destino já está traçado. Isso deve ser clichê pra quem vê de fora, afinal, ser um príncipe deve ser o sonho de qualquer pessoa, e realmente seria muito bom, se não fosse a parte de não ter vida própria.
Lamentável.
Que maldade existe em ser eu mesmo?
Não. Agir diferente disso seria um pecado contra mim mesmo e eu não serei esse pobre infeliz.
O rei não pode me culpar a vida toda por isso.
E depois, sou eu o errado, o rebelde, o libertino.
Não. Isso é o que eles me fazem parecer ser. Bando de hipócritas. A começar pelo rei.
Eu posso imaginar o que meu pai quer comigo.
