Capítulo 10
Cezar narrando:
Ela está me encarando com olhos apreensivos, chega a ser perturbador o quanto ela está nervosa.
— Por que não me entrega isso? — com um golpe habilidoso eu retiro a espada de suas mãos e ela rapidamente tenta correr, eu a seguro pelos cabelos fazendo-a parar de imediato.
Oh, belos cabelos.
— Solte-me! — tenta escapar,debatendo-se — seu fedido! Solte-me!
Ela está claramente me insultando e dentro dos seus olhos eu posso ver faíscas de raiva.
Quem essa insolente pensa que é para sentir raiva de mim?
Seguro seus braços e prenso-a novamente contra a pedra, a moça me olha com um olhar de desafio, porém é notável o desespero.
— Eu tenho que te agradecer por ter cabelos tão compridos! — Sorrio pegando em seu cabelo macio, são massagens para as minhas mãos — ou eu teria de correr atrás de você, — aponto o dedo indicador — é claro que eu teria te alcançado no terceiro passo, porém, isso iria me fazer perder mais tempo ainda e eu e o meu amigo já perdemos tempo demais, não é mesmo Estevan? — Estevan não me responde e eu me sinto constrangido, viro-me para trás e repito em voz alta — NÃO É MESMO ESTEVAN?
Estevan está entediado, olhando por todos os lados, quando me ouviu assentiu com a cabeça e gritou:
— SIM! — aposto que nem sabe do que eu estou falando.
A moça olha de Estevan para mim e respira fundo. Não consigo entender o seu comportamento em relação à mim, certamente ela realmente não acredita que eu sou o príncipe.
— Qual é o seu nome? — questiono, divertindo-me com a sua irritação — posso te chamar de gadeia? vou te chamar de gadeia! — gargalho com a minha brilhante ideia.
Eu é quem deveria estar irritado aqui! Uma moça aparece do nada e vem apontando uma espada no meu rosto, e pra piorar, me olha com olhos superiores! ela não é superior à mim! Deveria me respeitar por quem eu sou.
— Você é algum tipo de doente que gosta de saber o nome das pessoas que vai matar? e não me chame de gadeia! seu... seu careca! — insultou-me e em seguida analisou rapidamente o meu corpo e claro que chegou a conclusão de que não estou nenhum pouco apresentável, — o senhor é um pirata? onde está o seu navio?
— Me chamou de careca? — questionei furioso com a ousadia dessa louca.
Ninguém nunca me chamou de careca antes, e eu não sou careca! tenho uns meio centímetros de cabelo em cada fio! E é escolha minha! Eu não gosto de cabelo comprido.
— Olha aqui, sua gadeia, se me chamar de careca mais uma vez, você será presa por insultar o príncipe herdeiro! qual é o se nome? diga ou se cale até a sua prisão!
Apesar de surpresa com a minha repentina mudança de humor, ela não murcha esse olhar desafiador que me deixa com raiva. Será que essa moça tem problemas mentais? Se eu fosse um homem ruim com certeza já a teria feito mal. Ela não deveria estar aqui, eu poderia ser um assassino, ou pior, um estuprador, quem sabe um mercador de escravos, ela realmente não deveria estar aqui.
O que custa ela me tratar com o devido respeito que mereço?
— Meu nome é Davina, careca — proferiu com o nariz empinado, espera, ela disse que o nome dela é Davina?
Imediatamente lembrei-me de minha mãe e percebo que estou sendo muito rude com esta moça, estou descontando minhas frustrações nela, quando eu deveria estar à caminho do castelo, a rainha deve estar chorando a minha morte.
Lentamente afrouxo minhas mãos que estavam prensando-a na rocha e ajeito seu vestido passando as mãos em seus ombros.
— O que está fazendo? não toque em mim! — pede agitada e amedrontada.
Será que ela se sente desrespeitada?
Estou prestes a pedir para que se acalme, mas Estevan me interrompe antes que eu possa dizer qualquer coisa:
— CEZAR! TEMOS DE IR LOGO! TRAGA A MOÇA JUNTO! — apressou-me.
Ele está certo, devo levá-la conosco. Eu não sou homem de abandonar uma moça sozinha no meio do nada.
— Venha, — trago-a pelos braços arrastando-a comigo.
— Solte-me! meu primo está vindo! ele irá matar os dois! — ameaçou e eu gargalho, — não posso deixar o meu cavalo sozinho, ele está ferido, machucou a pata!
— Cale-se! deveria se sentir agradecida por ter sido eu quem a encontrou, senhorita Davina, seu cavalo deve ser sacrificado, onde eke está?
Ela me lança um olhar mortal, como quem está dizendo "se eu pudesse te matava!"
— Você não vai matar o meu cavalo, digo, o cavalo dos meus senhores.
— Onde está o animal? — perguntei segurando em seus ombros.
Chega a ser ingênua. Pobre moça.
Com bastante insistência eu a fiz falar, felizmente o animal estava adormecido, Davina virou o rosto e eu passei a espada no pescoço do pobre animal e o sangue jorrou.
(...)
— Você não tem alma, — Davina disse enquanto eu a arrastava pelo braço.
— Se a senhorita diz isso por causa do cavalo, lhe asseguro que ele está muito agradecido lá do céu.
— Eu nunca o perdoarei.
Tudo o que eu faço é gargalhar, Estevan revira os olhos entediado, ele deve estar pensando que eu me interessei nessa moça, ela até que é bonitinha, só que eu tenho coisas muito mais importantes para pensar agora, como na cara de espanto do rei Luiz quando me ver diante dele. E por outro lado, em minha mãe querida...
(...)
Estamos caminhando há uns vinte minutos, o castelo já esta à vista, estamos pelo caminho menos frequentado, não queremos ser reconhecidos, seria o maior falatório e pessoas atrás de mim.
— Estão indo para o castelo real? o que vocês planejam fazer? por que vão me levar junto com vocês? seus malditos! Brando vai matar aos dois! — a jovem Davina tagareleia incansavelmente, se eu não tivesse arrancado a espada das mãos dela, eu seria atacado pelas costas.
Eu tenho uma lista de coisas que planejo fazer com a minha volta, porém livrar-me dessa moça é a minha prioridade.
— Já lhe falei que serei seu rei, é normal que eu vá até o castelo, não concorda? — respondo sem olhar para trás, ela já tentou escapar algumas vezes nesses poucos minutos, disse alguma coisa sobre eu vou pagar por ter matado o cavalo, pediu pra eu a deixar ir diversas vezes, mas eu só a deixarei ir quando estiver em segurança, com um acompanhante, a partir do momento em que eu a encontrei ela passou a ser minha responsabilidade, infelizmente.
Eu deveria ter escolhido outro lugar para desembarcar.
— Moça, eu lhe aconselho a falar com muito respeito com ele — Estevan a repreende impaciente, — ele realmente é o seu príncipe, ele não está morto, como pode ver.
Viro-me para olhar a sua reação diante dessa afirmação do meu amigo e a encontro revirando os olhos, é muita insolência.
