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3- De volta ao pesadelo

Por Anna Green

Eu estou igual uma estátua agora, olhando para a cara dele com medo. O grupo que não estava com ele estava chegando agora. Droga, estão todos aqui!! Menos as meninas. Já estava criando uma roda de curiosos em volta de nós, e ele continuava com aquele sorriso idiota — e lindo — no rosto.

O quê?? DO QUE ESTOU FALANDO??

Tentei sair dali, mas foi em vão. Eles se espalharam caso eu tentasse fugir de novo.

— Já estava sentindo nossa falta, nerd?? — disse o Stefan, sorrindo de braços cruzados, como se tudo fosse uma grande piada.

Senti meu estômago revirar. O coração batia tão alto que parecia ecoar nos meus ouvidos. Engoli seco.

— Graças a Deus, não!! Eu estava perfeitamente bem longe de vocês. — disparei, encarando o Scott com o máximo de coragem que consegui reunir. Meus olhos tremiam, mas mantive o olhar firme.

Eles riram, é claro. Como se cada palavra minha fosse motivo de diversão.

— Ah, qual é... Acredito que pelo menos sentiu a minha falta. — Scott entrou na conversa, com aquele sorriso de deboche que me fazia querer desaparecer.

— Jamais. Você era o primeiro que eu não queria ver nem pintado de ouro. — minha voz falhou no final, e o olhar caiu para o chão.

— Uau... Essa doeu. — disse, colocando teatralmente a mão no peito, fingindo que estava magoado. Depois, se endireitou, e o sorriso sumiu. — Mas tudo bem... Vamos começar com estilo. Me dá seus materiais. — ele estendeu o braço como se tivesse todo o direito de ordenar aquilo.

Dei um passo para trás, instintivamente protegendo a mochila.

— Ah... Quer fazer do jeito difícil? Tudo bem. Daryl, Stefan... Podem ajudar nossa querida colega a tirar os materiais da mochila. Afinal, ela veio para estudar, não é mesmo, nerd??

Os meninos arrancaram minha mochila de mim e entregaram para ele.

— Não!! Por favor! — disse num grito. Ele já tinha aberto todos os zíperes da minha mochila.

— O que me impede de fazer isso?? — segurou a mochila com as duas mãos.

— Por favor, eu te imploro, meu notebook está aí dentro. — ele sorriu, com um jeito maldoso, e simplesmente virou a minha mochila e sacudiu.

Caiu tudo no chão, literalmente tudo. Meu notebook quebrou no meio. Eu me ajoelhei e comecei a chorar. Algumas pessoas riam, outras me olhavam com pena e medo. Eu só chorava, enquanto eles saíram rindo.

Peguei um pedaço do notebook. Juro que eu não sei de onde tirei tanta força, mas joguei o pedaço nas costas do Scott. Levantei, preparada para outra. Ele se virou, e os "marias-vão-com-as-outras" fizeram o mesmo.

Ele veio em minha direção e me segurou no braço, com um aperto forte. Estava me machucando.

— Me solta, você tá me machucando!! — com lágrimas ainda nos olhos, o encaro.

— Você não sabe com quem tá mexendo, Green!! — ele fala perto do meu rosto.

— Pelo contrário, eu sei sim, Wood!! — falei, dando um sorriso fraco.

— Ah é, sabe? E o que eu sou?? — ele fica a centímetros do meu rosto. Desvio o olhar e não tinha mais ninguém. Todos foram para a sala. Só estava eu e os babacas.

— Eu não sei, mas vou descobrir já. — todos olharam para a voz da pessoa que falou. — Todos para a diretoria, agora!!

Ele é o novo diretor? Ou será professor novo?

— Aaah, qual é... — o Stiles foi interrompido pelo homem.

— Eu disse agora!! Ou querem ser expulsos? Eu acho que não. — ele falou com superioridade. Sim, ele é o novo diretor.

— Você se livrou dessa, mas saiba que vai ter volta. — ele me soltou, e eu dei língua para ele. Ele me olhou sorrindo. Não sei por quê, a intenção era irritá-lo.

Me abaixei para pegar meu material escolar. Estava todo espalhado. O novo diretor me ajudou a recolher.

— Olá!! Me chamo Mark, sou o seu novo diretor. Aqueles moleques machucaram você?? — eu levantei, coloquei a mochila nas costas e sorri, negando com a cabeça.

— Ótimo. Preciso de você também na minha sala. — ele mostrou a direção com um gesto cavalheiro.

— Tudo bem. — sorri meio sem graça. — E obrigada por me ajudar. — estávamos indo em direção à sala dele.

— Não tem que agradecer. Isso é mais que minha obrigação. — sorriu para mim.

— Não, eu quis dizer do meu material. Obrigada!! — disse, sorrindo, e ele devolveu o sorriso, concordando com a cabeça.

— Lamento pelo seu notebook. Queria ter chegado antes. — ele me olhou de lado.

Ele deve ter uns 30 ou 35 anos, por aí. Tem cabelos em um topete curto, moreno bronzeado — acho que é queimado de sol —, olhos escuros (não sei dizer se são pretos ou castanhos), usa óculos, tem um sorriso perfeito.

— Está tudo bem, eu acho. — falo sem graça e pensando.

Chegamos na sala dele. Os meninos estavam todos sentados. Como só tinha duas cadeiras (que ficam de frente para o diretor Mark) e um sofá com dois assentos, deu certinho: eles se acomodaram, e eu fiquei em pé. Dylan e Stiles estavam no sofá, jogados, e Scott e Stefan, de frente para o diretor Mark.

O diretor Mark olhou para o Scott e Stefan, que estavam com os pés em cima da mesa.

— Tirem os pés de cima da mesa, e por favor, deem lugar para a moça sentar!!

Eles tiraram o pé, olharam para mim e começaram a rir.

— Mais uma risada e chamarei os pais de vocês. — disse em um tom sério, arrumou o terno e sentou em sua cadeira.

— Affs, qual é, nem rir pode mais? Pelo amor, hein. — Scott disse, revirando os olhos.

— Já levantaram?? — o diretor Mark encarou os dois, que se entreolharam, e depois olharam para mim.

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