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A Bruxa Voraz

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Evangeline Carrão
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Resumo

A escola de magia Sorcere guarda segredos obscuro. Angelique Lacey, uma nova professora, trás com ela o poder de abalar as estruturas do colégio, principalmente depois de conhecer Alan, um professor mais velho e ranzinza que cria uma obsessão por ela. Mas ele não é o único.

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Capítulo 1

Spring's Ville parecia um povoado interessante de primeiro momento,pacato e silêncio, um bom lugar para descansar mas fazia dois dias que eu estava hospedada ali e já vira tudo, felizmente o início das aulas não demorou. Os alunos chegariam no dia seguinte, mas recebi um telegrama informando de um jantar de recepção para professores e funcionários e a presença não era opcional. Então às seis da tarde peguei o caminho até a Sorcery Academy pela estrada de terra, passando pela ponte.

Como uma bruxa elementar da terra, andar por caminhos sinuosos na natureza sempre trazia surpresas, dessa vez não foi diferente. No meio do caminho e circulando toda a estrada havia um círculo de cogumelos. Parei bem em frente a ele, tão ameaçador.

É só uma lenda, uma crença popular mas mesmo assim, círculos de cogumelos não me traziam boas lembranças, era um símbolo de mau agouro que eu queria evitar. Mas não havia outro caminho, dei um passo à frente pisando com o pé esquerdo no centro, péssima escolha, e pulei para o outro lado. Parei por um minuto para respirar melhor antes de continuar caminho.

A academia ficava literalmente no meio do mato, o prédio antigo tinha a forma de U e servia como sanatório antigamente, o lado de fora parecia destruído e abandonado, parecia um pesadelo. Não que eu sonhasse ser professora, essa era apenas uma oportunidade de ajudar os jovens a alcançar seus objetivos já que eu não pude alcançar os meus.

A quem eu quero enganar? Eu estava fugindo mesmo sem ninguém para me perseguir mas sentia que se ficasse em movimento, meu passado não ia me assombrar.

O lado de dentro era limpo e amplo, apesar de manter o estilo antigo do sanatório com uma longa recepção de madeira escura e as paredes verde oliva.

- Ah, Professora Lacey - Rodolf vinha ao meu encontro pelo hall de entrada, ele abraçou meu ombros me fazendo caminhar ao lado dele - venha, vamos conhecer os outros professores.

Entramos em uma sala ampla, com poltronas surradas e que não combinavam, uma lareira acesa onde queimava um fogo alaranjado e uma mesa estreita e comprida na parede oposta que abrigava garrafas de vinho já pela metade.

Haviam ali cerca de trinta pessoas, todas mais velhas, entrei seguida de Rodolf e senti vários olhares me fitando, minhas bochechas queimaram e notei que estava vermelha, a última coisa que eu queria no momento era virar uma atração.

Fui apresentada primeiro a duas mulheres Linda Monroe e Marge Blair, que pareceram muito simpáticas e receptivas, meu olhar correu a sala parando em um homem alto com um longo sobretudo preto assim como suas vestes interiores, seu cabelo na altura dos ombros também chamava atenção, tao negros quanto o tecido, sorri para ele que respondeu com um leve aceno de cabeça.

- Alan - disse Rodolf me guiando pela cintura, um pouco mais de vinho nas veias do que deveria um diretor - Essa é Professora Angelique Lacey, substituirá Susana - e se virando para mim - esse é o Professor Alan Wright, mestre em magia obscura.

- É um prazer conhecê-lo, Professor.

- É recíproco - sua voz era arrastada e grave, falava de modo calmo quase sem mover os lábios e me olhava de cima com indiferença.

- Acho que está em boas mãos Angie, vou ver como está, Turner - Dumbledore se afastou me deixando sozinha com Snape.

- Gostaria de uma taça - disse Wright apontando para a mesa.

- Claro - caminhamos até a mesa, Alan apanhou duas taças as enchendo de vinho tinto seco, ambicioso.

Um homem loiro de vestes tão azuis quanto seus olhos se aproximou sorridente.

- Obrigado, Alan - disse o homem tirando uma das taças da mão de Wright e se virando para mim - a propósito, você já deve me conhecer, sou John Collins, professor de magia elementar mas não se sinta intimidada, me chame apenas de John.

- É um prazer conhecê-lo Professor Collins - lancei um olhar de cumplicidade a Alan que me entregava a outra taça - a propósito, eu sou elementar. Darei aula de energia da terra.

Nós elementares tiramos nosso poder do elemento que nos guiava podendo em último caso atrair poder dos outros três. Diferente de bruxos comuns que obtêm magia através de pedras mágicas, amuletos e muito estudo. Há também os bruxos obscuros que tiram sua magia da morte e das trevas.

Collins tinha muito amor próprio e demonstrava ao excesso, logo a conversa se tornou maçante.

- Com licença rapazes, acho melhor conhecer meus outros colegas antes do banquete - notei algo parecido a desprezo no rosto de Wright à medida que me afastava, mas não podia culpá-lo.

Conversei rapidamente com todos os outros, me demorei com Ben Turner, um homenzinho espirituoso e astuto, então fomos chamados por Linda para nos sentarmos à mesa, logo o jantar seria servido.

Me sentei com Turner, deixando uma cadeira vaga na esperança que Alan ocupasse o lugar, ao invés disso John se adiantou, Alan passou por trás de minha cadeira até o outro oposto da mesa, o segui com os olhos me sentindo decepcionada.

A cerimônia de início foi linda, o diretor disse palavras de carinho e incentivo para cada um presente.

Fui apresentada aos funcionários como professora, apesar de correto era estranho ouvir essa palavra e depois Collins foi apresentado, me deixando surpresa.

- Ele acaba de chegar e já se acha o rei da Academia - cochichei para Turner o fazendo engasgar.

O jantar estava ótimo, não fosse pelo narcisismo de John. Após o banquete fui direcionada aos meus aposentos do outro lado no último andar, eu ajudaria Linda Blair com os alunos mais velhos, os mais difíceis de controlar, quando eles atingem a maioridade começam a agir como donos do próprio nariz. Mais adiante ficavam os aposentos dos alunos do primeiro ano, crianças de doze anos, para onde Professor Wright se encaminhara.

Na manhã seguinte quase me atrasei para a primeira aula, a sala de Instrução ao Elemento Terra era no lado oposto ao meu quarto muito afastada do centro do prédio e dois andares abaixo, o interior porém era até acolhedor, almofadas coloridas e puffs vibrantes, mesas cobertas com toalhas roxas e estantes repletas de chás, ervas e pedras além de uma pequena e abarrotada estufa em uma ampla varanda..

A minha presença foi muito bem aceita e elogiada pelos alunos que conheceram minha antecessora, a matéria era obrigatória para os bruxos de elemento terra e eletiva para os bruxos comuns então os alunos que ali estavam realmente se interessavam pela matéria.

Ao final do dia eu estava exausta, a caminho do salão principal avistei Alan, permitindo que ele seguisse a frente, assim eu poderia escolher um lugar próximo a ele, fiquei imensamente satisfeita quando esse plano deu certo, infelizmente a cadeira que ocupei era entre ele e John, que pareceu bem satisfeito com minha presença.

- Sabia que se sentaria ao lado da melhor companhia - Collins disse piscando para mim.

Ignorei-o me virando para Wright e assim permaneci todo o tempo, não queria ser rude mas estava esgotada. Alan era misterioso, parecia gostar de me ouvir falar mas nunca falava de si mesmo, apenas sobre sua função como mestre obscuro, que Ben insistia em diminuir.

Eu não tinha uma opinião formada sobre esse tipo de magia, claro que alguns bruxos obscuros mantinham práticas absurdas como sacrifício e assassinato e eram caçados como tal mas a maioria usava insetos ou pequenos roedores.

Voltei para meu quarto sem deixar Wright sair de meus pensamentos. Eu não sabia como era a visão de Sorcery sobre relacionamento entre professores, isso nunca me ocorreu, mas Alan mexia comigo de um jeito impossível de ignorar.

Setembro passou depressa, outubro já estava no fim, dois meses nessa escola no meio do nada, sem companhia, eu já estava ficando louca. Eu via Wright pelos corredores e durante as refeições imaginando como seria debaixo daquelas roupas escuras e cheiro do seu cabelo, mesmo que os alunos o detestassem pela sua rigidez.

A festa de dia das bruxas chegou, os alunos estavam animados. Eu e Linda nos encarregamos da decoração do refeitório, as abóboras que Ben trouxe eram enormes e ocuparam boa parte da lateral do local.

Antes da festa fui me preparar e vesti um belo vestido preto um pouco mais decotado que de costume e justo, cheguei ao refeitório enquanto os alunos entravam correndo e rindo alto.

Me sentei ao lado de Alan que olhou disfarçadamente para meu decote, eu sorri para ele e cruzei minhas pernas fazendo o vestido subir até o meio de minha coxa, Wright se ajeitou na cadeira e respirou fundo.

- Fizeram um bom trabalho - ele não era bom com elogios, mantinha a postura séria o tempo todo.

- Se foi um elogio, obrigada.

Ri alto e ele quase sorriu, o banquete correu animado, mas acabou depressa, quando notei que Alan já havia se retirado.

Voltei para meu quarto me sentindo frustrada e sozinha mas não ia desistir fácil, se não fosse agora talvez eu não teria mais coragem.

Apanhei uma garrafa de vinho na cozinha e segui pelos corredores vazios até o final do corredor parando em frente a porta de Alan..

Respirei fundo e bati, escondendo a garrafa nas costas.

Ele abriu alguns segundos depois parecendo surpreso.

- Professora Lacey? A que devo a visita?

- É dia das bruxas... eu queria um pouco mais de companhia - falei da forma mais inocente possível - a sua companhia.

- Isso não é apropriado - Wright disse em tom de reprovação.

- Trouxe vinho - eu disse tirando a garrafa das costas.

Ele colocou a cabeça para fora olhando para os dois lados se certificando de que o corredor estava vazio e abriu espaço para que eu entrasse.

O quarto era pequeno, apenas uma cama na parede à direita, uma cômoda ao lado e uma escrivaninha onde coloquei a garrafa quando entrei.

Me apoiei na cômoda enquanto Wright fechava a porta, seus movimentos eram lentos o que o tornava ainda mais sexy, eu ansiava por ele.

Alan pegou dois cálices na cômoda e abriu a garrafa com um movimento rápido do abridor.

- Você se divertiu hoje, eu imagino.

- Acha mesmo que vim conversar e tomar vinho? - Alan não pareceu nada surpreso com minha pergunta.

- Quer me dizer então a que veio, Professora Lacey?

Me sentei na beirada da cômoda e subi o vestido pelas minhas coxas, Wright caminhou até mim devagar, meu coração saltitando, ele pegou sua taça e a passou pelas minhas pernas, subindo pela minha barriga, seios, pescoço e a usou para levantar meu queixo. Alan se abaixou e tocou meus lábios com os seus.

Suspirei e segurei seu pescoço o puxando para um beijo, ele retirou minha mão bruscamente e a segurou em minhas costas fazendo o mesmo com a outra depois de soltar sua taça atrás de mim.

Ele se inclinou sobre mim e meu corpo se estremeceu com a proximidade, ele beijou meu pescoço, sua boca estava quente, estava demorando demais, tentei mexer minhas mãos e Alan as apertou ainda mais. Dominante como eu gostava.

Ele desceu beijando meus seios até o limite do decote, eu gemi baixinho com a sensação.

Então ele soltou meus pulsos levando as mãos para minha cintura, apertando um pouco demais, era forte e gostava de usar a força, ele levou a boca do meu pescoço para minha boca e me beijou de forma intensa.

Levantei minhas pernas e apertei seu corpo entre as minhas coxas, Alan subiu as mãos para meus ombros, deslizando as alças do meu vestido e expondo meus seios que ele tocou de leve passando os polegares pelos bicos.

- Por favor Snape...

Ele deu um sorriso de superioridade e desceu uma mão para minha intimidade e a outra para minha bunda, gemi com o toque sobre minha calcinha, Wright aos poucos foi deslizando seus dedos para debaixo do tecido.

Joguei meu corpo para trás e rebolei incentivando-o a enfiar seus dedos em mim ao que ele atendeu, começando bem devagar, mas aos poucos ele foi intensificando até ficar tão forte e tão intenso que logo me faria chegar ao ápice

Seus lábios tocaram os meus e eu abri mais as pernas permitindo que ele fosse mais rápido, meu interior estava sensível mas eu sabia que podia aguentar.

Quando acabou, levou alguns minutos para que eu me recuperasse e então ele levantou as alças do meu vestido cobrindo meus seios.

Me levantei e calcei meus sapatos, Alan estava sentado na cama com os pés apoiados no chão. beijei seu rosto e ele deslizou a mão pelo meu cabelo, deixei a garrafa de vinho e fui até a porta.

- Angelique...

- Já sei - disse olhando por cima do ombro - não contar a ninguém e voltar assim que possível.

-Não será tão simples na próxima vez.

Depois daquela primeira noite com Wright eu preferi me afastar um pouco, não que eu quisesse, mas ele parecia ter muita sede e precisava testar até onde ele aguentava. No fundo eu sabia que ele era capaz de muito mais do que tinha feito até ali.

Eu passava por ele nos corredores tocando de leve suas vestes apenas para dizer que eu estava ali. Olhava para ele com os olhos injetados de desejo, porém de nada adiantou. Alan parecia ignorar meus sinais, as semanas passaram sem que ele me procurasse.

Em uma manhã particularmente tediosa, enquanto os alunos se preparavam para uma partida de quadribol, fui para a sala dos professores tentar encontrar companhia, na verdade, eu esperava encontrar Alan a fim de provocar um pouco mais, John conversava com Ben de maneira muito condescendente, o homenzinho sorriu aliviado quando me aproximei. Notei Alan lendo um jornal em uma poltrona próxima.

- Bom dia rapazes.

- Angie, eu estava aqui contando a Turner da vez que derrotei dois trasgos com um único feitiço.

- E como foi? Eles fizeram uma fila em frente as suas mãos? - Bem tentou em vão conter uma risada mas John fingiu não ouvir.

- Mas é bom que você tenha chegado - disse John me guiando pela cintura alguns passos para longe mas ainda onde Alan podia nos ouvir - eu notei seus olhares para mim.

- Meus olhares?

- Ah não se preocupe, eu não a culpo, aliás eu tomei a liberdade de consultar e Sorcery não tem políticas contra relacionamentos entre professores. Como não temos muitas opções aqui, nem poderiam.

- Certo, Professor Collins.

-John

- Certo, John. Mesmo assim, não é uma boa ideia, os alunos podem ter uma visão diferente.

- Os alunos ficaram felizes pelo professor preferido deles encontrar o amor em um lugar tão deprimente quanto Spring's Ville.

Olhei para Alan que parecia ignorar a conversa mas notei que desde que eu entrara ele fitava o mesmo artigo sem virar a página ou correr os olhos para baixo.

John não era tão ruim, seus olhos azuis, pele bronzeada e cabelos claros o tornavam realmente muito atraente, o problema era quando começava a falar. Mas se ficasse de boca fechada poderia ser uma boa distração.

- Eu não sei como me sinto em relação a isso Professor, mas talvez possamos conversar mais.

- Perfeito, essa noite depois do jogo - Gilderoy abriu o maior sorriso que eu já tinha visto - gostaria de jantar comigo em minha sala?

Concordei, Alan dobrou seu jornal e se levantou deixando a sala.

Sorcery tinha um campeonato entre os alunos para promover o trabalho em equipe, se tratava de um jogo de críquete, mas ao invés de tacos os jogadores lançam as bolas com seus feitiços.

Depois do jogo então eu me arrumei com a maquiagem um pouco mais pesada, um vestido sereia azul escuro e salto alto. Segui para a sala de aula do professor Collins. Bati a porta e um segundo depois ele a abriu.

Ele estava sorridente e usava um terno cinza chumbo perfeitamente alinhado que contrastava com seus olhos claros, ele beijou minha bochecha e me deixou entrar.

A sala estava iluminada por velas com uma mesa redonda coberta por uma toalha branca e brilhante e arrumada de forma sofisticada.

Collins puxou a cadeira para que eu sentasse e me serviu vinho antes do jantar caminhar para nossos pratos com o toque de sua magia.

A conversa, como esperado, se concentrava apenas em seus feitos, que apesar de grandes eram duvidosos, mas algumas taças de vinho depois acabou se tornando divertido.

John parava vez ou outra para fazer algum elogio e olhava meu corpo todo a cada vez que fazia isso, não me importei pois eram apenas olhares. E essa atenção eu adorava ter.

Era tarde quando decidi voltar para meu quarto, John me levou até a porta e então me puxou para um abraço que eu retribui mantendo certa distância mas ele era mais forte e me apertou, meu rosto acabou pressionado contra seu terno manchando o batom.

Sai para o corredor um pouco tonta pelo vinho e me deparei com Alan vindo na direção oposta.

- Professor Wright - eu tentei focalizar seu rosto, vi que ele olhava minha boca com atenção, percebi que estava manchada como se eu tivesse usado a boca para um beijo - não é o que você está pensando.

- Não me importa nem um pouco - ele disse secamente partindo para o lado oposto.

-Espere - eu tentei alcançar mas estava tonta pelo vinho, tropecei nos sapatos e Alan se virou repentinamente me segurando antes que eu chegasse ao chão. Me vi nos seus braços, forte e intenso.

-Devia voltar para o seu quarto. Está tarde.

-Mas não aconteceu nada, eu apenas…

-Manchou seu batom na taça? Dessa maneira - ele me colocou em pé - você pode fazer o que quiser Srta. Lacey. Mas terá consequências.

-É professora - eu disse áspera.

Ele não respondeu, me deu as costas outra vez seguindo para seu quarto. Voltei para minha cama com dificuldade, a cabeça rodando e uma estranha sensação de que aquela ameaça de Alan era muito mais do que parecia.

Sinceramente, eu estava ansiosa para descobrir.