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CAPÍTULO 2 NATALY

Nada está certo e eu posso provar isso, sinto uma tensão no ar, sempre tive uma vida confortável, nunca meu pai me deixou faltar nada. Mas tem uns dias que estou percebendo meu pai inquieto, minha madrasta bem nervosa, algumas coisas tem faltado, inclusive nossa alimentação tem mudado, sei que tem algo acontecendo! Eles tentam disfarçar para eu não perceber, estou sentada no refeitório da faculdade com os pensamentos a mil e Lisa minha melhor amiga chega.

— Nataly vejo preocupação nos seus olhos — Lisa fala e me pede um abraço.

— Ainda não tenho certeza se está acontecendo alguma coisa, mas vou descobrir! Meu pai anda esquisito demais, temo que seja problemas financeiros. — Falo triste.

— Financeiros! Será? Se for é horrível minha amiga.

— Sim, lá em casa começou a faltar alguns mantimentos e algumas contas começaram a chegar. Só lamento pela minha faculdade, o meu sonho é ser médica cirurgiã, se for comprovada a nossa falência terei que fechar o meu curso, me arrepio só de pensar.

— Vamos pensar positivo, Nataly Matioli, falta pouco para terminar.

— Quase dois anos daqui até lá posso estar falida e ainda sendo garçonete. — Falo e rimos juntas.

Jhon, nosso amigo de profissão, chega e se junta a nós duas.

— Como vão as minhas duas princesas? — Jhon fala.

— Estamos bem! Só Nataly que está um pouco preocupada com algo. — Lisa fala alisando os meus cabelos.

— E desde quando temos segredos, pode contar comigo para o que precisar, somos amigos. — Jhon fala.

— Tá bom, vou contar, como você mesmo falou, não temos segredos. — Falo.

Contei para Jhon o que me aflige, de nós três, ele é o mais rico, atentamente Jean me ouve e diz.

— Se o caso for dinheiro, não se preocupe, garantirei uma bolsa para você! — Jhon fala enquanto toma o seu suco.

— Sério que você faria isso por mim? — Pergunto com a boca aberta.

— Sim! Somos amigos, Lisa e Nataly farei tudo o que tiver ao meu alcance para ajudar as duas.

Nos três nos abraçamos, senti um alívio enorme ao desabafar com eles, voltamos para a nossa aula! Esqueço de tudo quando estudo.

Ao terminar minha aula sorri de felicidade, por mais um dia concluído e ao voltar para a casa sempre tive o costume de dar um abraço no meu pai, vi que a porta do escritório estava aberta e cada passo que eu dava em direção ao escritório foi inevitável não ouvir a conversa entre papai e a minha madrasta Livia.

— Que tanta conta é essa Gérard? — Lívia grita.

— Estou devendo demais Livia, essa casa será hipotecada, e entre todas essas dívidas a que mais me preocupa é o dinheiro que devo à família Montes.

— Montes, aquela gente! Você está devendo dinheiro para eles.

— Se não fosse eles, nós já teríamos falidos há muito tempo, eles me cederam um bom dinheiro.

Não quis mais ouvir nada, o sobrenome Montes não sai da minha cabeça, não os conheço o suficiente, mas sei que eles são extremamente poderosos e mal vistos por alguns. Mas o que Lívia quis dizer com a frase “aquela gente”! Pesquiso rapidamente no celular o sobrenome Montes, só aparece informações que eu já sei, que eles são donos de quase toda Austin.

Há suspeitas que o filho do todo-poderoso Fausto Montes, Romero Montes, seja o mandante e dono de uma das facções de contrabando de toda essa cidade. São só suspeitas segundo a matéria de jornal, mas nunca foi provado nada contra eles. Os mesmos seguem invictos.

Ponho as mãos na cabeça em desespero, agora entendo tudo, o porquê do desespero da minha madrasta. Como pode o meu pai recorrer a dinheiro sujo de sangue como esse, a coisa está pior do que pensei.

O que acontecerá se meu pai não pagar, fiquei bastante nervosa, tomei um banho rápido tentando manter a minha sanidade mental, quando desci! Meu pai estava na cozinha de cabeça baixa.

— Quer conversar? — Pergunto.

O meu pai levanta a cabeça devagar enxugando as lágrimas.

— Livia foi embora me deixou sozinho no momento em que eu mais precisei de apoio. — Meu pai fala enquanto enxuga as lágrimas.

— Ela é uma mulher legal, mas acima dela está o luxo e o dinheiro e pelo que entendi você não pode mais oferecer tantas regalias. Como vai ser daqui para frente pai? — Pergunto tentando ser forte.

— Não sei como vai ser, os empregados já demiti todos pela manhã, Livia se foi, sua faculdade ainda paguei esse mês, no outro não sei mais.

— O senhor deve só ao banco? Pergunto na tentativa de que ele me fale sobre a dívida dos Montes.

Mas papai desconversa, a coisa é séria, dói meu coração e sangra por dentro estarmos nessa situação, me agarro na esperança de que Jhon me garantirá uma bolsa, nem que eu vá morar num abrigo, mas serei corajosa até o fim de tudo.

Meu pai sai de casa, abro alguns armários e ainda encontrei macarrão, fiz a minha janta, mandei mensagens para Lisa e Jean confirmando a falência. Pelo menos a faculdade já está garantida, agora casa não sei, choro de desgosto, meu pai um administrador deixar as coisas chegar a esse ponto.

Vago por toda essa casa como uma alma penada, vivi momentos maravilhosos aqui, apesar de não lembrar muito da minha mãe, sinto saudades de quando era criança.

Sentada na escada, a porta se abre e é Livia voltando para casa.

— O que você ainda veio buscar aqui? — Pergunto impedindo ela de subir.

— Dinheiro é que não é! Seu pai faliu, se quer um conselho, faça como eu, vai embora também, seu pai está metido com gente da pesada, eu não quero pagar para ver. — Livia fala assustada.

— É os Montes? — Pergunto.

— Claro que é, essa gente é dona do maior contrabando dessa cidade, eles são mafiosos.

Abro passagem para ela passar, fico desesperada ao ouvir as suas palavras, é verdade o que aquele jornal não quis afirmar, o que será feito de mim e meu pai! Serei uma covarde se abandonar o meu pai no momento em que ele mais precisa de mim. Livia desce as escadas correndo arrastando outra mala e vai embora.

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