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Uma noite de prazer

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Winnie_welley
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Resumo

Cassie, uma aspirante a escritora, buscava inspiração para escrever um artigo que valia sua carreira. Em uma noite no bar ela conheceu o homem dos seus sonhos, após uma intensa noite de prazer o misterioso dinamarquês Nial some sem deixar rastros, mas Cassie não esperava reencontrá-lo no local mais improvável de todos e perceber que está em uma completa enrascada após uma noite de prazer.

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Capítulo 01

Bato mais uma vez na porta, faltava apenas meia hora para eu conseguir me atrasar pela segunda vez só essa semana. Ouço a música aumentar do lado de dentro, ela sabia bem como me irritar todas as manhãs. Aysha sempre acordava mais cedo e se apossava do banheiro como se não fosse meu também.

Meu punho já estava vermelho de tanto esmurrar aquela porta, mas era inútil.

Ouço a porta sendo destrancada e por fim ela finalmente abre, quase passei por cima dela para entrar no banheiro.

— Calma, gata! — Aysha reclama — não precisa passar por cima de mim.

Olho a bagunça de cremes que ela deixou em cima da pia, hoje eu não tinha tempo para limpar, então co tranco a porta e começo a me maquiar, não restava mais tempo para tomar banho.

— Estou atrasada, para variar. — Resmungo.

Limpo os olhos, passo um batom qualquer nos lábios e um lápis debaixo da marca d'água, hoje seria um dia importante, eu merecia estar pelo menos arrumada.

Saí do banheiro bagunçando os cabelos para ver se conseguia disfarçar o quão sujo estava, bagunço a franja e olho para Aysha.

— Como estou? — Dou uma voltinha.

— Parecendo uma louca.

— Ótimo.

Procuro meus papéis e as chaves.

— Hoje vão dizer quem vai ser promovido? — Aysha pergunta enquanto revira os restos na geladeira. — Por isso sua agitação?

— Isso. Eu preciso mesmo que a Miranda diga que a vaga é minha, você sabe o quão isso é importante para mim.

Finalmente acho as chaves. Termino de guardar os papéis em uma pasta e coloco na minha bolsa.

— Beleza, trabalhar para uma sádica maluca deve mesmo ser o sonho de qualquer um.

Bato as mãos na bancada.

— É só questão de tempo até eu dar o pé de lá com um currículo cheio.

Ela arqueia uma sobrancelha.

— Você diz isso desde que saímos da faculdade.

Pego minha bolsa e coloco no ombro.

— Mas dessa vez é sério, esse ano vai ser incrível, eu juro. — Abro a porta.  — Torça por mim.

— Sempre! — A ouço gritar enquanto saio correndo pelos corredores.

Saio do apê que dividia com minha amiga, aceno para o primeiro táxi que vejo e dou partida até a revista que trabalhava há três anos. New moon era uma das revistas mais cobiçadas de Nova York, tive a oportunidade de fazer estágio lá depois da faculdade e não sai mais desde então. Muitas pessoas dariam suas vidas para ter essa oportunidade, mas ninguém realmente sabe como é exaustivo trabalhar lá.

Olhei meu reflexo no espelho do pó compacto, o rímel dos meus cílios escorreu para debaixo dos olhos, tentei limpá-los, mas só piorou a situação.

O táxi me deixou no meio da time square em horário de pico, era difícil acompanhar as multidões que atravessavam a ruas, porém eu já estava acostumada com ritmo agitado da cidade.

Corri até um café próximo da revista onde costumava tomar meu latte todos os dias, Jenny sorriu assim que me viu.

— Bom dia, Cassie. Vai querer o mesmo de sempre?

— Por favor. — Procuro o dinheiro na bolsa, mas acabo derrubando meus papéis no chão — droga!

Pego cada um com pressa, sem ver se sujaram ou amassaram.

— Aqui está. — Ela me entrega o copo  fechado de latte com chantilly e um saco de papel com o que parecia ser rosquinhas dentro. — As rosquinhas são por conta da casa, afinal hoje será um dia especial.

— Muito obrigada!

Saio correndo do café, indo direto para a editora. Deixo minha bolsa na minha sala, levo apenas o necessário para a sala de reuniões, quando chego lá já havia começado. O barulho que a porta de vidro fez interrompeu Lauren, todos — inclusive Miranda— olharam para mim como se eu fosse uma maluca, muito embora eu parecesse.

— Desculpem. — Me acomodo em um acento vazio ao lado do Alan, meu colega de trabalho.

— Você está ferrada. — Ele cochichou para mim.

— Eu sei. 

Lauren ignora minha presença voltando a falar, ela exalava tanta confiança que chegava a dar nojo, sua dicção era perfeita e seu cabelo loito estava sempre bem escovado, ela nunca tinha resto de rímel na linha do olhos e as roupas exalavam amaciante. Irritantemente perfeita.

— Senhores, a ideia que tenho é que nessa nova próxima fase da New moon, nós trabalhássemos mais com corpos verdadeiros. — Ela abre um croqui com várias ilustrações de modelos gordas em poses emponderadoras. — As pessoas estão cansadas do óbvio, estão cansadas de se comparar com modelos que vivem a base de água. Vamos trazer diversidade para a revista, somos ou não a melhor de Nova York? Sei que a ideia não é nenhum pouco original, mas somos Moon, tenho certeza que traremos o diferencial.

Todos na sala aplaudem, apesar de a ideia dela não ser verdadeira, Lauren estava pouco se lixando para os corpos verdadeiros e modelos que vivem a base de água, ela queria impressionar a Miranda, mesmo usando pautas tão sensíveis. Acho que todos éramos assim, um bando de ratos disputando.

Miranda também aplaudiu de maneira sofisticada.

— Certo. A próxima será você, Cassandra. — Monique, a assistente da Miranda, fala.

Pego meus papéis com dificuldade, quase derrubando tudo. Coloco o meu pen-drive no computador, abro na pasta que estava minha ideia, mas por algum motivo os slides não estavam lá. Sorrio amarelo para as pessoas que esperavam minha apresentação.

Procuro em todas as pastas, nada, absolutamente nada. Lembrei que a Aysha havia pegado meu pen drive na semana anterior.

Bato as mãos.

— Bem, parece que meu slide sumiu, mas não preciso dele. — Pigarreio. — A minha ideia para a nova fase da revista será algo inovador, mas que não vai tirar nossa ideia original. Podemos fotografar e escrever sobre mulheres que não gostam de revistas, para homens com masculinidade frágil, para crianças que não gostam de ler. Vamos abranger todas as pessoas. — Abro minha pasta, meu rosto arde quando vejo que estava sujo de café ou sei lá o quê. Algumas pessoas cochicham. — Digo, vamos trazer pessoas que pensam que revistas são coisas do passado.

O suor pingava da minha testa.

Miranda fala algo no ouvido da Monique.

Olhei para todos na sala, o nervosismo tomou conta de mim, der repente a belíssima ideia que tive no fim de semana, enquanto assistia um documentário sobre focas não pareceu ser tão boa.

Abri a boca para falar, mas não saiu nada.

— É isso. — Finalizo recolhendo os ombros.

As pessoas aplaudem por pena, visivelmente.

Sento na minha cadeira de cabeça baixa, com vergonha de mim.

Após algumas apresentações, Miranda finalmente se levantou para dizer quem seria promovido após essa semana intensa, apesar de hoje ter sido um fracasso, me dei muito bem com todas as pautas durante a semana, talvez eu ainda tivesse uma chance.

— Entendo como devam estar agora, ansiosos, então não vou prolongar. — Ela olha para mim de relance. — Por decisão minha, após analisar cada um de vocês, acredito que a decisão não seria mais justa do que colocar Lauren como a nova editora de modelagem da New Moon.

Lauren sorrir, seus colegas a parabenizam, eu faço o mesmo, arrasada.

— Muito obrigada, Miranda.

Ela deu de ombros empurrando os óculos com a ponta do indicador.

— Estão todos liberados. — Seus olhos mais uma vez vem para mim. — Menos você, Cassandra.

Assenti sentindo o nó na minha garganta aumentar.

Após todos saírem da sala, Miranda caminhou até a janela de vidro que ia do teto até o chão e observou a vista. O silêncio entre nós já passava a ser assustador. Se a Miranda me demitisse agora, eu estava ferrada, teria que voltar para Nashville e aturar meus pais ao pé do meu ouvido dizendo que essa foi a pior decisão da minha vida.

— Então, deseja conversar comigo?

Ela não respondeu.

Seu belíssimo terninho Prada estava passado perfeitamente enquanto eu usava a primeira camisa limpa que avistei pela frente.

— Sabe como cheguei até aqui, Cassandra?

— Sim, eu acho...

— Não, não sabe. Eu era pobre, extremamente pobre, do nível que não tem nada para comer. Tive que dar sangue e suor para erguer essa revista e torná-la um ponto de referência de notícias. — Ela volta-se para mim com os braços cruzados — acredita que mereça estar aqui?

Eu não sabia o que responder, me mantive em silêncio.

— Acredita que merece escrever para a minha revista? Pois, eu acho que não, agora, depois do descaso que fez com esse teste você demonstrou não merecer. — Seus olhos vidraram nos meus.

— Miranda, eu...

Ela fez um gesto com a mão para eu me calar.

— Sabe porque está aqui, mesmo depois dessa vergonha?

Balanço a cabeça.

— Porque li seus artigos, aqueles que você publicou em um blog quando ainda estava na faculdade.

A Miranda leu meus textos? Paralisei por alguns instantes.

— Te achei uma grande escritora, as suas palavras me fizeram sentir mais coisas que meus exs namorados. Mas de uns tempos pra cá, você pareceu se perder, anda preguiçosa e se contenta com o medíocre, mas aqui na New Moon nós não aceitamos o medíocre, é por isso que somos os melhores. — Ela vira as costas para mim de novo. — Vou te dar uma oportunidade de mudar meu pensamento sobre você, uma oportunidade de se tornar editora chefe da New Moon Canadá.

Meus olhos encheram de esperança por alguns segundos. Canadá era o sonho de todos aqui.

— Você terá que me impressionar de novo, me fazer sentir mais do que senti lendo aquele artigo. — Miranda se aproxima de mim. — Acredita que consegue?

Pisco algumas vezes.

— A-acho que sim.

— Eu espero mesmo que sim, caso contrário vai ter que arrumar outra coisa para fazer.

— Eu consigo.

— Enquanto isso não precisa vir aqui até trazer esse artigo, pode levar o tempo que precisar, mas não me decepcione novamente. — Pela sua expressão a coisa era séria.

— Não vou.

Miranda olha por alguns instantes para mim, mas der repente sai da sala batendo os escarpim no chão limpo.

Fico paralisada por alguns minutos.

Fazia anos que eu não escrevia, Miranda leu meu artigo? Meu deus, era muita coisa para assimilar.

Voltei para casa me sentindo um fracasso, me comparando com meu eu de 3 anos atrás, talvez a Cassie de antes conseguisse fazer isso sem muito esforço.

As luzes do apartamento estavam apagadas, Aysha ainda não voltou para casa.

Jogo-me no sofá soltando um longo suspiro.

As expectativas de Miranda sobre mim, parecia que o mundo estava sobre as minhas costas.

Pego meu celular e abro o Instagram para me desfocar daquilo, rolo o feed pulando alguns postings, pessoas felizes, Lauren comemorando com os amigos sua promoção e Miranda em um jantar chique com pessoas famosas. Abri meu perfil fake, o meu grande tiro no pé. Eu era uma escritora fracassada de 26 anos que tinha um perfil fake para espionar a vida do ex-noivo.

Pesquiso seu nome, é o primeiro a aparecer. Tinha uma nova foto no feed, ele com uns amigos jogando golfe, vou para seus stories, uma foto dele, passo meu dedo por seu rosto, o sorriso estava mais bonito, nem parecia o mesmo homem de anos atrás. Um vídeo dele jogando golfe e acertando o buraco, ele sempre foi ótimo com esportes. A próxima foto era dele segurando a mão de uma mulher com um belo anel de noivado no dedo anelar, a legenda: "Ela aceitou".

Meu coração disparou.

— Cheguei, vadia. — Aysha me tira dos meus pensamentos batendo a porta. Ela caminha na minha direção com algumas sacolas. — Trouxe champanhe, tava caro, mas quem se importa, podemos bancar com seu salário de editora.

Olho na sua direção com os olhos pesados, segurando as lágrimas.

O sorriso de Aysha se desfez.

— O que aconteceu? — Ela se aproxima de mim.

Entrego o meu celular para ela, a mesma clica em algumas coisas e faz cara feia.

— Já disse para você parar de estalquear ele!

— Olha os stories.

A cara feia da Aysha some, dando lugar a pena.

— Esse desgraçado! Como ele pôde?! Ah, mas ele vai ver só... — ela começa a digitar.

— Esquece, Aysha. Ele só não queria casar... comigo. Eu também não consegui a promoção, Miranda me deu outra tarefa, mas sinceramente, sinto que já perdi meu trabalho.

Ela me abraça, deito minha cabeça no seu ombro.

Mesmo anos depois, a rejeição do André ainda doía, a princípio eu pensei que ele voltaria atrás, mas agora iria se casar com outra.

— Quer saber? Vamos para a balada. — Ela joga meu celular para o lado. — Esquecer isso e achar homens para nós.

— Eu sinceramente não quero saber de homem.

— E sexo casual?