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O mecânico?

Omar vai em direção a minha mãe e pega a bandeja das mãos dela e coloca na mesinha de centro, então se serve de uma xícara. Nessa hora reparo no físico dele. Ele está mais magro, deve estar trabalhando muito para o tal Sheik.

Eu pego o celular na mão e envio uma mensagem para Leo.

Vou demorar um pouquinho.

Você me espera?

Se quiser desistir tudo bem

—Filha, quer café? —minha mãe me pergunta.

Eu aceno um não já me sentindo irritada e leio a resposta.

Eu te espero

—Sente-se Omar —Ouço meu pai o convidar.

Omar se senta ao meu lado, e eu, ainda com o foco no celular, arrasto minha bunda para a outra extremidade do sofá de três lugares para ficar longe dele.

Obrigado Leonardo

Meu pai puxa o celular da minha mão e me entrega.

—Guarda isso. — diz me encarando. Sua expressão se fechando cada vez mais.

Omar limpa a garganta.

—Eu quero dizer que estou muito feliz em rever vocês. —ele então olha para mim. —Todos vocês. Como sabem, os considero como se fossem minha família.

Omar sempre gostou de meus pais. Isso sempre foi muito evidente. Ele nunca forçou uma situação para agradá-los. Era muito natural isso nele. Ele está sendo sincero quando diz isso.

Eu solto o ar entediada, pois isso não tem mais nada a ver comigo. Desvio meus olhos dos dele e olho o relógio me sentindo impaciente.

—Você é como um filho para nós...—meu pai diz com um sorriso emocionado.

Eu encaro meu pai. Ele enxuga algumas lágrimas. Minha mãe chora também se sentando ao lado do meu pai.

Omar por perto será uma espécie de consolo para eles.

Deus!

Encaro Omar. Ele está com o semblante carregado. Seus olhos procuram os meus e ele me dá um sorriso triste.

—Como sabem, fiquei chocado com a notícia. Eu gostava muito do Tiago.

—Ele também gostava muito de você —mamãe diz emocionada.

—Bem, mas não vamos falar de coisas tristes. O senhor contou do meu convite para passar o feriado?

Como?

—Eleonora sabe, mas eu não tive oportunidade para contar para Sofia.

Hoje é Sábado, eu fiquei em casa praticamente o dia inteiro, só saí para minha corrida matinal e ele não teve oportunidade?

—Eu comprei uma propriedade aqui em Floripa. —Omar diz com um sorriso orgulhoso.

Eu pisco para ele sem entender. Meu cérebro está meio lerdo. Será que é isso que eu estou entendendo?

Olho para meu pai que sorri para mim, encaro Omar.

—E?

—Vocês irão passar o natal comigo, na minha nova propriedade.

Deus! O circo tá armado. E eu estou sentindo uma marionete nessa história.

Eu me levanto.

—Que história é essa de passar o Natal longe de casa? —encaro meu pai e depois minha mãe, em seguida volto meus olhos para Omar. —E você não comemora o natal! Você nem é cristão! —eu o acuso.

—Sofia! —meu pai diz impaciente. —Sente-se!

Omar sorri para mim sem se constranger com meu acesso de raiva:

—Longe de casa? A barra da lagoa fica à trinta e um minutos daqui, pela Rodovia Admar Gonzaga. E realmente, Natal para mim é uma data comum, mas isso não impede de eu oferecer dias agradáveis a todos vocês.

—Dias?

Eu pisco os olhos achando tudo isso muito incrível.

—Sim, vocês passarão a semana comigo, do Natal até o Ano Novo.

Ele saiu da minha vida de um jeito intempestivo e da mesma maneira volta e quer mudar o meu Natal?

Eu encaro meu pai.

—Desculpe-me, mas eu não vou. Eu já tenho o meu natal planejado.

Meu pai endurece o olhar.

—Pois eu e sua mãe queremos ir e gostaríamos muito que você fosse conosco.

Eu pisco para ele.

—Pode ser nosso último natal, ninguém sabe o que pode acontecer...—minha mãe diz chorosa.

Eu olho para ela, que abraça meu pai e recebe um beijo na testa.

Deus! Isso é golpe baixo!

Eu encaro Omar que me olha fixamente, muito sério. E não sei por que vejo algo quente em seus olhos, mas isso só me revolta.

É ele graças a Deus não me afeta mais.

Incrível...

Acho que estou curada.

Eu retiro meus olhos dos dele e encaro meus pais.

—Tudo bem, pelo jeito estava tudo planejado entre vocês. Eu apenas fui a última a saber, porque vocês me tratam como se eu fosse uma menininha. E menininhas não opinam.

—Sofia. —Omar fala meu nome de um jeito suave e se levanta se agigantando na minha frente. Eu ergo meu rosto e o encaro. —Não veja tudo isso pelo lado ruim. O lugar é agradável, tranquilo...você irá gostar. A praia é linda.

Não?

Eles só planejaram tudo pelas minhas costas.

Dou um sorriso amargo para ele e meneando minha cabeça encaro meu pai.

—Tudo bem. Vocês venceram. E agora? Posso ir?

—Omar, tem algo a acrescentar? —meu pai pergunta contrariado com minha saída.

—Não!

—E aonde você vai?

—Vou sair com Leonardo. Eu já te disse isso.

—O mecânico?

—Sim. Eu já te respondi isso.

Meu pai meneia a cabeça com um sorrisinho do tipo "isso não vai pra frente".

Claro que ele vai puxar a sardinha para o cara que ficou rico ao trabalhar para Sheik negociando barris de petróleo com o mundo e não para o mecânico que conheci e me convidou para sair e que aliás, é um gato, pena que é comprometido.

—Boa noite a todos.

Eu me levanto e vou em direção a porta. No fundo estou me sentindo leve por ter entendido que Omar não significa mais nada para mim.

O passado está onde deveria estar, no passado.

Leonardo está fora do carro, apoiado nele. A perna esquerda está cruzada em cima da outra.

Sim, Leonardo é bonito.

Ombros largos e uma cintura estreita. Alto e tem presença. Frequentador de academia, é forte, mas não do tipo exagerado.

Seus músculos são definidos e sobressaem no ponto certo. Tudo isso revelado pela camisa branca que se ajusta perfeitamente em seus ombros e a calça jeans escura.

A bunda é a mais bonita em que eu já coloquei meus olhos.

Meu amigo não é fraco não....

Seu olhos verdes me olham curiosos. Relutantemente eu caminho até ele. O coração agitado.

Essa é a primeira vez que sairemos juntos, mas não sairemos sozinhos. Leo tem namorada. Infelizmente estou indo para segurar vela.

—Obrigado por ter me esperado —digo quando piso na calçada e fico de frente a ele.

—Por que a demora? Aconteceu alguma coisa?

Eu dou um sorriso triste.

—Problemas familiares.

—Que problemas? —Leonardo pergunta querendo entender mais.

—Sofia. —Ouço a voz de Omar me chamando da casa.

Eu não o olho. Num ímpeto eu avanço sobre Leonardo e o abraço, ele me olha confuso, mas seus braços me enlaçam também.

Deus! Ele cheira bem...

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