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Quero um casamento aberto

SARAH

— Quero um casamento aberto, Sarah.

Meus olhos se desviam de Aaron para a vadia dissimulada esparramada na cama atrás dele. Espero que ela saiba que está demitida. Espero que saiba que vou mover céu e terra para que nunca mais seja contratada por nenhuma das big 40 do país. Não sou uma mulher mesquinha, mas confiei o suficiente na minha assistente pessoal para achar que ela não rastejaria para a cama do meu marido.

Aparentemente, foi um erro.

Engulo seco e volto a encarar meu marido de seis anos. Ele está ali, de pé, usando apenas uma cueca preta da Calvin Klein. Sinto o gosto amargo da bile na garganta ao perceber que fui eu quem comprou aquilo pra ele.

— Por quê? — pergunto, lutando contra as lágrimas. — Eu te disse que quero o divórcio, Aaron. Não um casamento aberto. Recuso-me a me rebaixar ao seu nível.

Ele joga a cabeça para trás e ri. Reconheço esse som. Já houve um tempo em que me fazia corar e desviar o olhar, mas isso foi há muitos anos. Agora, tudo que quero é cravar meu salto na garganta dele e acabar com aquela risada para sempre.

Mas não faço isso. Permaneço imóvel e encaro bem fundo aqueles olhos verdes e ameaçadores.

— Você só pode estar brincando, Sarah. Se fizer isso, vou sair com toda a Wellspring. Vou te reduzir a nada, mulher. Você me conhece. — Ele começa a andar em círculos ao meu redor.

— Nós construímos essa empresa do zero juntos. São seis anos do meu suor, do meu dinheiro, do meu cérebro na Wellspring. Você é só a cara da marca. Se ousar me ameaçar com divórcio de novo... — ele coloca a mão no meu ombro, e eu me pego ponderando minhas chances de um veredito de "inocente" por homicídio... doloso ou culposo.

Inclino a cabeça para encará-lo. Seus lábios se esticam num sorriso fino.

— Eu vou tomar tudo, Sarah. Cada pedacinho. E vou te jogar na rua. Vamos ver se seu queridinho irmão consegue te salvar da ruína.

Cerro o maxilar ao ouvir o nome do Kevin. Se meu irmão soubesse o que Aaron fez comigo, com o laço sagrado do nosso casamento, esse homem já estaria num saco de cadáver, a caminho do próprio enterro.

Dou mais uma olhada para a loira vagabunda na minha cama e forço um sorriso.

— Muito bem. Você quer um casamento aberto? — viro-me para Aaron. O homem que eu amei, apoiei, encorajei por seis anos da minha vida. O único em quem confiei o bastante para entregar meu coração e meu corpo. E nada disso significou nada pra ele.

Por que eu deveria lutar pelo respeito de alguém que só me desrespeitou? Dormiu com mais da metade da minha equipe feminina? Deus...

— Eu vou te dar esse casamento aberto. Mas prometo que vai se arrepender disso.

— Arrepender? — ele pergunta, com um brilho de escárnio nos olhos.

Aquela risada irritante escapa da garganta dele de novo.

— O que você pensa que é? Por que eu me arrependeria disso? Estive esperando por esse dia durante todo o nosso casamento. Você... — ele aponta o dedo direto pra mim — ...é uma franga sem graça que só sabe fazer amorzinho de travesseiro. O que eu deveria lamentar? As estocadas que você não sabe receber? As posições que é preguiçosa demais pra manter? O meu pau que você nunca soube chupar direito?

Não consigo mais conter. As lágrimas descem, silenciosas, pelas minhas bochechas. Aperto os lados da minha calça social, cravando as unhas bem feitas na pele.

— Nenhum homem vai querer você. Eu só quis porque você era gostosa há seis anos, e achei que ia ser um furacão na cama. Eu, um cara comum, consegui comer a irmãzinha do Kevin Wellspring? Meus amigos me idolatravam. Mas você se revelou tão...

— Deixa ela, querido — interrompe a amante. Por um segundo, me pergunto se ela sente algum remorso ouvindo o homem com quem acabou de transar falar assim da esposa.

Ele dá de ombros e vira as costas pra mim.

— Você está com sorte de eu estar de bom humor hoje, Sarah. Agora vai. Vai incomodar outro com essa sua cara de derrotada.

Bem na minha frente, ele volta pra cama e recomeça a beijá-la. Viro o rosto na hora e me arrasto pra fora do quarto. Ao menos ele teve o mínimo de decência de não levá-la para o nosso quarto... certo?

Droga.

Subo as escadas pisando firme até a suíte master e entro no closet. Não tem a menor chance de eu passar esta noite nesta casa com Aaron e aquela fulana lá embaixo. Minhas chances de ir parar na prisão são altas demais.

Começo a procurar desesperadamente por um vestido "sexy" o suficiente pra usar em um bar, uma balada, ou qualquer lugar onde eu tivesse certeza de ser notada.

NENHUM HOMEM VAI QUERER VOCÊ.

As palavras de Aaron ecoam nos meus ouvidos, mas balanço a cabeça com força, tentando expulsá-las. Pego um vestido vermelho que não uso há tempos e coloco contra o corpo.

Olho pro espelho. Mal cobre minhas coxas. Eu parei de me vestir assim depois de casar, porque Aaron não gostava. E mesmo assim, ele me traiu com mulheres que se vestem bem pior. Rio da ironia disso tudo e volto pro quarto.

Uma hora depois, estou pronta: um vestido vermelho colado ao corpo, com decote em V valorizando meus seios, colar de pérolas combinando com brincos, sandálias de salto pretas. Meu cabelo ruivo cai em ondas até os ombros, e os lábios estão pintados de vermelho intenso.

Estou linda. Me sinto poderosa. Mas não o suficiente para manter meu marido ao meu lado.

Mas será que dá pra manter um homem que nunca quis ser mantido?

São trinta minutos até o Vincent’s, um clube frequentado pela elite da elite. Se eu for mesmo conseguir uma boa trepada vingativa, vai ter que ser aqui.

Sento de frente pra uma mesa com três garotas, e percebo que estão sorrindo e apontando na minha direção. Confusa, olho em volta. Para o meu vestido, minha maquiagem. Será que estou parecendo uma palhaça?

Só percebo que não é pra mim que estão olhando quando uma delas, a morena, pisca. Viro-me para a mesa atrás de mim... e vejo o que... não, QUEM elas estão olhando.

Três homens numa mesa, exalando riqueza, poder e elegância.

Meus olhos se fixam no primeiro. Uma sensação estranha e familiar toma conta do meu estômago. Ele veste um terno azul-marinho e camisa branca por baixo. O cabelo castanho-escuro está penteado para trás, e há uma pequena cicatriz no maxilar que consigo enxergar mesmo com a luz fraca. Quando os olhos azuis elétricos se fixam nos meus, meu fôlego trava na garganta.

Ele arqueia uma sobrancelha ao me reconhecer, e meus olhos se arregalam. Olho para os dois ao lado dele. O do meio veste uma camisa cinza com três botões abertos, combinando com a calça. Tudo combina com o tom acinzentado dos seus olhos. O último está com uma jaqueta de couro preta e jeans rasgados. Ele acena pra mim.

Meu coração dispara descontroladamente.

Ronan, Malachi e Jaxon HawkThorne. Os melhores amigos do meu irmão. Os empresários mais implacáveis, temidos e bem-sucedidos da cidade estão aqui. No mesmo clube que eu.

Sinto as bochechas queimarem quando Malachi sorri.

Merda. Quando foi que eles ficaram tão gostosos assim?

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