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Trajetória Entre Crimes e Amores

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Natasha Taylor
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Notas

Resumo

Letícia de Alcântara vive envolta ao crime mas passa despercebido aos olhos da sociedade. Após um término de relacionamento vai para longe e se aventura em novos caminhos e com outros amores.

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Capítulo 01

Letícia Alcântara 

Arrasada.

Só queria chorar, não falar com ninguém… Depois de tudo que perdoei, de tudo que fiz por ele na rua, de toda luta nesses três meses em que perdeu a liberdade, ele não tinha o direito de terminar comigo assim, do nada! Sem motivos, sem argumentos válidos… dizer que eu não sou mulher pra essa vida jamais me convenceria, afinal eu escolhi estar ali, contudo só me resta curar essa ferida e seguir.

Os dois dias após a visita em que ele terminou comigo passei alheia a tudo que me rodeia, chateada com tudo e não quero descarregar nos que me cercam, evitando até mesmo o celular, apesar de ser uma viciada na vida virtual me limitei somente a comunicar aos amigos sobre o fim da relação, e acompanhar alguns grupos da "família".

Meu celular vibra, mensagem de um número estranho, com saudações de quem é da caminhada. Não queria, mas eu preciso responder. Saco!!

(Número desconhecido) 08/09 - 19:00

Boa noite! Licença chegar no seu PV, com todo respeito a pessoa na foto é a senhora? Ou seria um perfil fake?? 

(Eu) 08/09 - 19:01

Olá boa noite, sou eu mesma! 

(Número desconhecido) 08/09 - 19:01

_Btf!!! Muito bonita, casada ou solteira? 

(Eu) 08/09 - 19:02

Solteira e não estou procurando ninguém, você não deveria chegar no meu PV com essas mensagens, essa conduta não procede!

(Número desconhecido) 08/09 - 19:02

Desculpe! não incomodarei mais.

Nada além de mais um emocionado sem noção, mas até que foi bom, me deu uma despertada pra vida. Preciso sair dessa angústia e dar rumo para os dias!! 

Levanto, tomo um banho, faço uma maquiagem, coloco uma roupa bonita, afinal é meu dia… hoje o almoço é na casa da minha mãe.

Eu chego toda felizinha e passamos a tarde toda reunidos, toda família! 

Fico olhando e me perco em pensamentos, em que momento da vida me perdi de todos os princípios em que fui educada? Ninguém aqui tem envolvimento algum no lado "errado", todos vivendo normalmente, trabalhando, estudando, construindo um futuro certo, sem medo, sem riscos e principalmente livres.

Tenho muito orgulho da minha família! Quero poder melhorar a vida deles um dia.

No celular chegam muitas felicitações, convites para sair, comemorar com a galera… rolo algumas mensagens e aceito um dos convites, sair para espairecer com pessoas que eu tenho afinidade pode me fazer bem.

Me despeço da minha família e volto pra casa, sozinha me vem a angústia da separação, mas não me deixo abater, sei que se eu me deixar levar por um sentimento ruim, aos poucos uma onda de pensamentos negativos vai me engolir e me afogar. Respiro fundo e balanço a cabeça, espantando esses pensamentos e vou me trocar rapidinho e saio. Decidida a ir em uma conveniência da cidade com algumas amigas.

Chegamos e o local já está bem movimentado, muita "gente do corre" e muita "gente da sociedade", sorrio com uma piada interna "equilíbrio é tudo!" 

Pedimos um combo e eu bebo como se o mundo fosse acabar em bebida. Dane-se hoje é o meu dia amanhã eu penso no que fazer.

Aos olhos da sociedade eu sou só mais uma jovem dentre tantos que estão ali bebendo e se divertindo, infelizmente a polícia não me vê dessa forma.

Saio do salão, preciso respirar um pouco, todo aquele barulho e fumaça tá me sufocando. Realmente passei da conta, melhor ir pra casa amanhã ainda é um longo dia. Caminho em direção ao carro e antes que eu o destrave sou abordada.

— Ora ora, se não é ninguém menos que Letícia de Alcântara — Escuto em bom tom e me viro para o lado que veio a voz. São dois Policiais Civis da cidade, não sei qual deles falou, mas não me importo muito, eles estão descaracterizados, provavelmente só acompanhando alguém nas festas e realmente espero que eu não esteja no topo da lista. 

— Então começou a frequentar os pontos onde abastece? Até pouco tempo você não vinha a lugares como esse! Isso tem a ver com o pé na bunda que levou do seu marginal? — Ele questiona em um tom claro de deboche e eu  respiro fundo para não perder a razão.

— Não sei do que estão falando! — Minto calma enquanto dou de ombros, e com o tom mais educado contínuo. — Apenas vim me divertir como a maioria das pessoas aqui. A minha vida afetiva não se enquadra em nenhuma infração da lei, e a menos que tenham algum mandado contra mim, estou de saída, tenham uma boa noite!

— Boa noite! — Soou em uníssono —  O seu está por vir, você não perde por esperar! Bom descanso Letícia Alcântara ou devo dizer, Sol?

Sem responder, entro no carro, minha visão está levemente turva e meus sentidos um pouco mais lentos, sei que não deveria dirigir depois de beber, mas no momento só quero ir para casa, deitar na minha cama e descansar.

Mal me deitei, já teria de levantar, e eu sei que isso se deve ao fato de eu ter ido dormir quando o dia já estava amanhecendo. A minha cabeça parece prestes a explodir, e eu não sei dizer se é a ressaca ou as palavras do policial que ficam remoendo dentro da minha mente. Eu preciso me precaver e ficar um passo à frente, mas a questão é: O que eu vou fazer?

Resolvo algumas coisas de casa mesmo e saio para trabalhar, antes passo na casa da minha mãe para almoçar, afinal, esse acolhimento faz bem para a minha alma e a comida é maravilhosa. Contudo, a tarde não é nada produtiva, o remédio não fez efeito e minha cabeça ainda dói, dentro de mim ainda habita um misto de sentimentos que me deixam atordoada, estou preocupada com o que pode me acontecer e triste com essa droga de término que me quebrou.

Como tudo que é ruim consegue piorar, a mercadoria que estava em andamento foi apreendida. Realmente os policiais não blefava ontem a noite quando disseram que eu não esperava o que estava vindo em minha direção. Faço algumas ligações para verificar as dimensões do prejuízo, e os riscos à minha integridade.

Felizmente não há nada que me ligasse diretamente aquela droga, isso é um alívio tudo que não preciso no momento é ser presa. Que dia complicado, que situação eu estou parece que o universo se voltou contra mim. Infelizmente a única pessoa que eu confiava foi presa, todo dinheiro que me restou estava investido nessa negociação eu preciso mesmo tomar uma atitude. 

Como diz a minha mãe, o que não tem remédio remediado está! Eu vou dormir, descansar e colocar as ideias no lugar, ontem praticamente não dormi e ainda bebi muito, nada vai ser claro nessas condições.

Acordo descansada, tomo um café reforçado e começo a resolver todos os problemas do dia anterior, nosso  advogado já tinha prestado toda assistência possível. Compro os kits higiênico de levar para nossa equipe na cadeia, como não havia quem o fizesse eu mesma vou deixar na portaria. Volto direto para casa, a verdade é que eu me sinto saturada de tudo nessa cidade. Assim que entro ligo para minha mãe, resolvo visitá-la.

—Mãe, vou passar aí agora, faz um café pra nós, tô chegando!! Beijos, te amo. — Desligo o celular e vou até lá, já com um destino traçado em minha mente. 

Ao entrar na casa já sinto o aroma reconfortante do café, abraço a minha mãe bem forte, afinal é o melhor abraço do mundo e daqui uns dias já não os terei quando quiser. 

Falo para a minha mãe que vou me mudar, e como ela não sabe dessa vida errada, invento uma história aleatória de que recebi uma proposta de emprego em outra cidade. A convenço de que esta é a melhor opção, afinal eu poderia cursar minha faculdade de Direito, e ter melhores oportunidades, e no fim, mesmo a contragosto, ela concorda porque sabe que é o melhor para mim no momento.

Em pouco mais de uma semana já providenciei o apartamento, mobílias, organizei tudo que gostaria de levar e em meio a tantos afazeres a dor da separação se perde e no meu coração nasce a esperança de dias melhores. Estou otimista quanto ao que está por vir em minha vida, mesmo que não tenha a menor ideia de como será ou sobre o que fazer quando chegar lá. 

Com tantos lugares conhecidos, nos quais eu poderia ter uma rede de apoio, escolhi uma cidade que nunca nem passei por ela, realmente um recomeço.

Óbvio que há um frio na barriga, embora tenha voado cedo do ninho dos meus pais eu nunca fui realmente para longe, sempre os tive em minhas vistas e sei que mesmo indo pra longe se tudo der errado eu tenho pra onde voltar. Sou muito sortuda em ter nascido nessa família.

O grande dia che, o dia da virada de página… a oportunidade de recomeçar do jeito certo, ou talvez não tão certo assim mas do zero com certeza.

Me despeço dos amigos e da família e embarco para um novo futuro, desejando-me muita boa sorte.