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Terra da estaca

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Paula Tekila
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Resumo

Uma pandemia assolou o mundo em 2020, um ano depois os poucos sobreviventes lutam pelos escassos recursos em meio ao caos, tentando se manterem vivos. Uma mulher luta sozinha para se manter longe das criaturas e de seu maior inimigo: os homens. O vírus dizimou a maior parte das mulheres restando poucas, que são disputadas até a morte, mesmo as mais velhas. Elena é jovem e bela, o que a torna ainda mais vulnerável...mas ela aprendeu a lutar sozinha e se manter longe de tudo e se escondendo com uma capa, cobrindo-se inteira. Cruzará o caminho de um homem que descobrirá sua maior fraqueza. Heriberto perdeu toda a sua família e passa a lutar sozinho nesse mundo devastado onde a carne e o sangue humano são disputados pelos "transformados", assim que a noite cai.

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Capítulo 1

Em 2020 uma grande pandemia de covid-19 atingiu todo o planeta mudando nossa forma de levar a vida e fazendo-nos viver o distanciamento social. Isso fez com que a indústria farmacêutica buscasse incansavelmente uma maneira de desacelerar a contaminação, no ano seguinte, várias vacinas foram produzidas ao redor de todo o mundo...porém ao imunizar boa parte da população, os vírus inativos foram modificados pela vacina causando uma contaminação global ainda pior e sangrenta tendo o Brasil como o marco zero.

Os contaminados se tornaram comedores de carne humana e tinham sede de sangue, eram meio vampiros pois só saiam a noite e meio zumbis, eram chamados pelos poucos sobreviventes de "transformados" essas criaturas assim como o vírus que as modificou tinham aversão a luz...

Dezenas de milhares de pessoas foram atacadas e o vírus se espalhou em questão de dias sobrando apenas 8% da população mundial que vivia escondida, pois as criaturas saiam ao cair da noite procurando se alimentar dos poucos humanos que ainda restaram.

Flashback

Era um dia comum, talvez não tão comum assim. Em 25 de janeiro de 2021 a pandemia de covid-19 já estava em sua quarta onda de contaminação e muitos já haviam morrido, algumas pessoas resistiam em manter o distanciamento social e continuavam com as aglomerações. A ansiedade pelas vacinas fez com que a indústria de fármacos trabalhasse como nunca buscando fabricá-las em todo o planeta.

No Brasil a vacina coronavac foi desenvolvida e liberada pela Anvisa, vários brasileiros foram imunizados...porém semanas depois os primeiros sintomas da contaminação aconteceram. Febre intensa, dores pelo corpo e parada cardíaca...seguida por reanimação espontânea, porém isso acontecia apenas á noite.

Antes dos primeiros casos de reanimação aos poucos o mundo tentava voltar ao normal, pois com as vacinas os vôos tinham sido liberados e grandes shows e eventos também, as pessoas achavam que tudo estava seguindo normal e estavam voltando a rotina como antes da pandemia.

Porém quando a vacinação se iniciou pelo país, aqueles que morriam voltavam a vida em questão de segundos devorando as pessoas e sugando todo o seu sangue, todavia a luz os feria e os primeiros sinais eram as queimaduras de sol na pele quando expostas a iluminação.

Em questão de horas o Brasil estava tomado por mortos vivos e muitos que haviam saído do país tinham sido vacinados carregando a mutação do vírus que os transformaria em pouco tempo levando assim, a contaminação aos quatro cantos do planeta, pois com a mordida a mudança era instantânea e ainda mais rápida que a vacina, pois era direta.

Cidade do México - Mx, 19:30 da noite naquele mesmo dia, Elena trabalhava no aeroporto internacional Benito no departamento que realizava o check-in dos passageiros. Ela era bela e estava com 23 anos, morava com uma amiga, estudava de manhã e trabalhava a noite.

Naquele dia tudo parecia normal, porém os jornais na televisão já noticiavam que algo de muito errado acontecia no Brasil especificamente no Rio de janeiro. Todos pararam para ver o telão exposto no saguão do aeroporto.

"No Brasil estão ocorrendo casos suspeitos de assassinato e até mesmo relatos de canibalismo. Ainda não se sabe ao certo quantas vítimas fatais são contabilizadas, mas aconselhamos a todos que estiverem aqui no país que fiquem em suas casas e tranquem suas por..."

Naquele instante todas as luzes se apagam e o telão desliga deixando a multidão que estava no aeroporto apavorada e aos gritos.

-Meu Deus o que está acontecendo? - Pergunta Elena, assustada e do nada a luz volta revelando a expressão de pavor no rosto de todos naquele saguão.

Alguns passageiros desciam na escada rolante e de longe Elena viu uma aglomeração e um dos passageiros sendo mordido e em questão de segundos atacando uma mulher ao seu lado.

Elena corre para escapar enquanto o caos se instalava naquele lugar...gritos e sangue estavam por toda a parte, mordidas e gargantas sendo drenadas por seres famintos.

Longe dali alguns kms, Heriberto estava em casa com sua esposa e filhos. Era um famoso advogado, ele praticava tiro esportivo e colecionava armas. Era pai de Felipe um pré adolescente de 13 anos que amava videogame e Lúcia de apenas 6 anos. Como era janeiro estavam em férias escolares, sua esposa se chamava Sônia e estavam casados já a 15 anos e se amavam muito. Estavam todos tranquilos era uma noite como outra qualquer.

Heriberto estava limpando suas armas, quando percebe a queda de luz. A pequena Lúcia estava brincando com sua bicicleta esperava a mãe para lhe fazer companhia a luz do poste apagou e ela se assustou mas logo voltou deixando-a mais calma, Sônia iria ficar com a menina e ia apenas tirar um frango do forno.

Do lado de fora a menina vê um homem se aproximar...ele andava estranho parecia desorientado. Quando a vê parada ali corre alucinado em sua direção e ela grita.

Felipe corre para ver o que havia acontecido e quase desmaia ao ver sua irmã sendo devorada pelo pescoço por aquele homem enorme, ele grita e corre para a cozinha onde sua mãe estava.

Felipe - Mamãe, mamãe Lúcia foi atacada e ela vai morrer!

Sônia - Você enlouqueceu? Não brinque com uma coisa dessas.

Ela corre para fora e Lúcia estava de costas, deixando Felipe incrédulo pois havia visto sua garganta em pedaços a segundos atrás, como ela poderia estar de pé depois daquilo?

Felipe - Mamãe eu não entendo!

Felipe coloca rapidamente as mãos na cabeça.

Sônia - Vai me pagar caro por essa brincadeira estúpida!

Ela chegou bem perto da pequena e aos poucos ela foi se virando para a mãe, estava banhada em sangue e sua garganta aos pedaços.

Sônia grita e desta vez Heriberto que estava no porão limpando as armas ouviu e levou a arma carregada, subiu o lance de escadas e viu a esposa ferida na mão trancando a porta por dentro e o olhar apavorado de Felipe.

Heriberto - O que aconteceu? Onde está Lúcia?

Pergunta ele aos berros.

Felipe - Papai ela nos atacou!

Foi tudo o que Felipe pode dizer enquanto sua mãe se contorcia, ela estava contaminada pela mordida em sua mão. O garoto se afastou dando passos para trás.

Heriberto - Sônia o que você tem? o que aconteceu? me diga.

Pede Heriberto aos gritos.

Felipe - Papai não chegue perto dela! Foi assim que Lúcia ficou também antes de atacar a gente.

O garoto gritava tentando fazer o pai entender a situação.

Heriberto - Ela é sua mãe e não vai nos fazer mal.

Os olhos de Sônia embranqueceram, Felipe tentou correr até o pai mas ela o agarrou mordendo forte seu pescoço e arrancando um grande pedaço de pele enquanto Heriberto e o garoto gritavam. Só restou a ele no momento de desespero atirar na cabeça da esposa, fazendo-a soltar o garoto que jorrava sangue.

Em questão de segundos ela se levanta com o ferimento na testa que ainda fumaçava e esguichava sangue, ela olhou para ele sem qualquer expressão e fugiu quebrando o vidro e saltando pela janela da sala.

Heriberto foi socorrer o filho, ele chorava desesperado com aquilo que acontecia com seus filhos e sua mulher. Pegou um pano para estancar o sangue que saia aos baldes e o garoto chorava de dor e pavor.

Felipe - Papai eu sinto meu corpo queimar, aconteceu o mesmo a Lúcia.

Ele gritava e Heriberto chorava o amparando em seus braços. Ele sabia que não podia salvá-lo, olha para a arma em sua mão que ainda estava quente do tiro anterior.

Felipe já sentia seu corpo mudar...pega a mão de seu pai com a arma e coloca em sua própria cabeça. Cessando os gritos de dor por alguns instantes, queria que o pai lhe desse paz e ele fecha os olhos.

Heriberto sentiu uma lágrima escorrer, Felipe abre os olhos totalmente brancos como os de Sônia e antes que ele o atacasse Heriberto disparou em sua cabeça. Aquele momento era sem dúvidas o pior de toda a sua vida ver sua família dizimada....porém ele sabia que o filho iria "voltar" assim como sua esposa instantes atrás.

Ele correu para o porão e trancou a porta, iria pegar todas as armas que pudesse seu celular estava sem sinal porém tinha um velho rádio e tratou de ligar para tentar descobrir algo.

"Quem estiver ouvindo, não saia de onde estiver. Eles são fotossensíveis, temem a luz...só poderemos estar seguros com a luz...!"

Foi tudo o que conseguiu ouvir até cair a frequência, Heriberto ficou ali escondido e de coração partido por sua família a noite inteira.