#2
Se passaram três meses desde que eu comecei a trabalhar aqui nesse apartamento enorme. Nunca vi a cara do tal dono do apartamento.
A mãe dele é um amor de pessoa, sempre liga pra saber se está tudo em ordem. E uma vez por semana ela passa aqui pra verificar tudo.
Não é difícil o trabalho. É aquilo que dizer né? Não existe trabalho complicado quando se tem necessidade.
Sempre mantenho o quarto limpo. Uma vez por semana arrumo o escritório e conforme Marlene me avisou, deixo todas as roupas sempre limpas, inclusive as pretas que parece ser o xodó dele.
Estava na área passando roupa quando o telefone tocou.
_ Alô?.
Marlene: Querida, tudo bem?
_ Tudo tranquilo Marlene.
Ela disse que era pra chamá-la assim, que de outra forma de sentia velha, coisa que ela não é.
Marlene: Então, desce no mercado e compra alguma coisa pra um almoço . Meu filho está no aeroporto e está indo pra casa.
_ Ok, alguma sugestão?
Marlene: Ele gosta de macarrão. Faz um macarrão.
_ Tudo bem.
Marlene: Ele vai chegar e vai direto pro quarto. Se ele precisar de você ele vai chamar tá. Deixa o almoço pronto caso ele queira comer. Não deixa a casa com cheiro de comida. Ele não gosta. E qualquer coisa me liga. Vou tentar passar aí no final da tarde.
Ela é dona de umas lojas de roupas no Brás. E tem uma filha que é linda. Só falei com ela uma vez, quando liguei pra Marlene e ela atendeu. Gabriela o nome dela.
...
Fui no mercado correndo e comprei macarrão e carne moída pra fazer um molho . Espero que meu tempero agrade.
Estava terminando de arrumar a mesa quando ouço o barulho do elevador principal.
Por ser apartamento que ocupa todo andar tem dois elevadores na casa. O de serviço e o principal que abre direto na sala.
Pensei em ir até lá, mas lembrei que a Marlene disse que se ele precisasse me chamava.
Arrumei a mesa que ficava na cozinha e continuei com o preparamento do macarrão.
Ouvi ele falando, uma voz grossa e rouca, falava em espanhol. Não compreendi nada, só sabia que era espanhol por causa da série La casa del papel.
O bella ciao, bella ciao, ciao, ciao.
Estava lavando as panelas que cozinhei quando ele entrou na cozinha, ainda com o celular no ouvido e falando em espanhol.
O cheiro do perfume chegou primeiro que ele, e que voz que fez minhas pernas tremer.
Ele estava com o cabelo molhado e sem camisa, apenas com um short moletom da Nike cinza e descalço.
Que visão.
Cai em mim rapidamente, pois é meu chefe, mesmo que a barriga dele seja definida e aqueles braços fortes chamasse bastante atenção.
Ele abriu a geladeira e pegou a garrafa d'água. Virou e me olhou.
Eu tímida, aposto que minhas bochechas estão vermelhas dei um breve aceno de cabeça e retornei a minha função na pia.
Ouvi o armário sendo aberto e logo em seguida ele parou ao meu lado na pia, ainda falando no celular e eu seguia sem entender nada.
Ele se escorou no outro lado do balcão e cruzou os braços e as pernas e deu um sorriso ainda no celular.
Eu não queria ter notado, mas que merda. Não conseguia não perceber.