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Joaquim Ribeiro
Eu estava incomodado com a possibilidade de ser confrontado novamente por Edynei sobre minhas verdadeiras intenções com Teodora. Não queria lidar com a pressão e a complicação de ter alguém da família Guimarães tão perto, atrapalhando meus planos. Decidi buscar a ajuda de Lucilene, pois confiava em sua habilidade de resolver problemas delicados como esse.
Encontrei ela em um café discreto, longe dos olhares curiosos. Sentamos em uma mesa reservada, eu nervoso, enquanto ela mantinha a expressão tranquila de sempre. Expliquei toda a situação, ressaltando que o acordo inicial não envolvia ser pego de surpresa por alguém da família Guimarães.
Lucilene ouviu atentamente, observando cada palavra que eu dizia. Seus olhos brilhavam com uma mistura de astúcia e confiança. Ela compreendeu a gravidade da situação e sabia que precisávamos encontrar uma solução eficaz.
Após um breve momento de silêncio, ela sorriu de forma enigmática. Ela tinha um plano em mente. Falou com calma e convicção, detalhando cada passo que deveríamos tomar para evitar futuros confrontos com Edynei e conseguir vigiar Teodora sem complicações.
Enquanto ela explicava, senti um peso sendo retirado dos meus ombros. A confiança que Lucilene transmitia me acalmava, e eu sabia que estava em boas mãos. Juntos, traçamos estratégias cuidadosas para despistar Edynei, mantendo nossas verdadeiras intenções em segredo.
No final da conversa, ela estendeu a mão e eu a apertei, sentindo uma nova onda de confiança e determinação. Sabia que com ela ao meu lado, teríamos uma chance maior de alcançar nossos objetivos sem interrupções indesejadas.
Deixamos o café com uma sensação de propósito renovada. Agora, com o plano cuidadosamente delineado, eu me sentia mais preparado para enfrentar os desafios que estavam por vir. Com a ajuda de Lucilene, eu teria a oportunidade de continuar vigiando Teodora, como havia feito nos últimos anos.
Enquanto caminhava em direção ao apartamento de Teodora, acendi um cigarro e deixei a fumaça se misturar ao ar noturno. Meus pensamentos giravam em torno de maneiras de afastá-la de Edynei, pois sabia que se esses dois ficassem muito próximos, eu poderia perder meu verdadeiro trabalho, que era muito bem remunerado.
Enquanto tragava o cigarro, meu olhar se fixava nas nuvens que pairavam no céu, como se buscassem respostas para o dilema em que me encontrava. A situação era delicada, e eu precisava agir com cuidado para não levantar suspeitas nem despertar o interesse indesejado de Edynei.
Refletindo sobre as possibilidades, minha mente se enchia de estratégias. Eu precisava criar obstáculos sutis, desviar a atenção de Teodora para longe de Edynei sem levantar suspeitas. Pensei em incentivar encontros casuais, talvez apresentá-la a outras pessoas, que pudessem ocupar sua atenção e afastá-la do interesse que despertava em Edynei.
Enquanto caminhava pelas ruas, um vento suave soprava, levando consigo minhas preocupações. Eu estava determinado a proteger minha posição privilegiada e meu trabalho bem remunerado, que dependia do sigilo das informações que eu coletava há anos.
À medida que chegava ao prédio de Teodora, apagava o cigarro e jogava a bituca no chão, pisando nela com firmeza. Era como se estivesse pisando também nas incertezas que me assombravam. Sabia que precisava agir rapidamente, mas com cautela, para garantir que Teodora permanecesse distante de Edynei.
Adentrei o prédio com passos determinados, subindo as escadas com agilidade. A imagem de Teodora sorrateiramente se aproximando de Edynei era algo que eu não podia permitir. Meus olhos brilhavam com uma mistura de determinação e preocupação, enquanto eu visualizava os próximos passos que precisaria dar para proteger meus interesses.
Cheguei à porta do apartamento de Teodora e, por um breve momento, fechei os olhos e respirei fundo. Precisava me concentrar e agir com precisão, sabendo que a menor falha poderia comprometer todo o meu trabalho.
Ao abrir a porta, me deparei com Teodora.
— Joaquim, onde você estava? Procurei por você o dia todo e não consegui encontrar. Poderia pelo menos ter ligado para avisar.
— Desculpe, Dora, eu estava na casa de um amigo. Perdi a noção do tempo e acabei não percebendo que você estava preocupada. Foi uma falha minha, e peço desculpas por não ter avisado.
— Não é a primeira vez que isso acontece. Entendo que você tenha seus compromissos, mas é importante que mantenhamos uma comunicação clara. Fiquei realmente preocupada, pensando no que poderia ter acontecido.
— Eu entendo, e novamente peço desculpas pelo meu descuido. Reconheço que precisamos estabelecer uma melhor comunicação entre nós. Prometo que, daqui para frente, serei mais responsável em informar sobre meu paradeiro e qualquer mudança de planos.
— Espero que você cumpra sua promessa, Joaquim. Você é como se fosse um irmão para mim, portanto, não deixe de me avisar quando for sumir.
Teodora realmente tinha uma afeição de irmandade por mim. Era uma mulher ingênua, que não percebia que nossa aproximação fora cuidadosamente planejada e nada autêntica. Porém, isso não me preocupava, desde que continuasse recebendo dinheiro para ficar de olho nela. Eu não entendia por que ainda não haviam acabado com a vida dela, já que ela era considerada um incômodo para a família Guimarães.
Enquanto observava Teodora, eu me questionava sobre a razão pela qual ela ainda estava viva. Será que os Guimarães tinham algum plano secreto para mantê-la sob vigilância? Ou será que estavam esperando o momento certo para agir?
Minhas reflexões eram interrompidas pela voz de Teodora, que soava alegre e despreocupada enquanto conversava comigo. Ela confiava em mim, acreditava na nossa amizade falsa. Eu precisava manter essa farsa, pois era o meu ingresso para o mundo dos Guimarães.
Enquanto ela falava animadamente sobre seus planos futuros, eu a ouvia com atenção fingida, enquanto minha mente girava em torno dos motivos pelos quais os Guimarães não eliminavam sua presença incômoda. Será que ela possuía informações valiosas que os mantinham reféns da sua existência? Ou será que eles simplesmente desfrutavam do seu sofrimento?
A verdade é que eu não me importava com os motivos. Enquanto continuasse recebendo o pagamento generoso pelos meus serviços, manteria meus olhos atentos em Teodora. Ela era apenas mais um peão nesse jogo cruel e manipulador.
Enquanto Teodora sorria ingenuamente, eu forçava um sorriso de volta. Ela não fazia ideia de que eu era apenas um observador pagado para mantê-la sob controle. Era triste ver sua ingenuidade, mas não era algo que me afetava pessoalmente. Eu estava ali apenas para cumprir o meu papel e garantir que ela permanecesse dentro dos limites estabelecidos pela família Guimarães.
Enquanto nos despedíamos, eu guardava meus verdadeiros sentimentos e intenções a sete chaves. Teodora nunca saberia o quão falsa nossa suposta amizade era. Ela continuaria acreditando em mim, e eu continuaria a cumprir meu papel, esperando pelo momento em que minha utilidade chegasse ao fim.
Caminhando para longe de Teodora, eu sabia que estava envolvido em um jogo perigoso. Mas enquanto o dinheiro fluísse e eu mantivesse minha posição privilegiada, não importava o que acontecesse com Teodora. Ela era apenas uma peça descartável em um tabuleiro muito maior.
