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Capítulo um

— Vamos Sofia! Vai ser incrível! Vamos esfregar na cara desse povinho que aquilo não passa de uma casa abandonada.

— Todos sabemos que é somente uma casa abandonada.

Revirei os olhos quando Will disse isso.

— Eu sei, mas temos que registrar!

— Qual o seu problema com essas engenhocas mecânicas?

Josh revirou os olhos.

— Se tivermos provas de que não tem nada demais na casa, essas pessoas idiotas vão parar com essas histórias.

— E o que a gente ganha com isso?

Troquei olhares com Josh.

— Bem, ganhamos um pouco de fama por desvendar o mistério da casa número vinte — falou de forma dramática e eu revirei os olhos.

— Vocês são dois idiotas! Não precisamos gravar nada, nem ganhar alguma coisa para ir lá. Basta só aproveitar a adrenalina de fazer algo que ninguém tem coragem.

Os dois trocaram olhares e sorriram.

— Você tem razão — Will concordou —, mas talvez seja legal gravar sim. Não imagino as boas risadas que vamos dar com a cara de medo do Josh!

— Muito engraçado! — falou irônico.

— Vamos então? — perguntei animada.

— Vamos — responderam juntos.

Pegamos a câmera e fomos até a mansão.

Era a última casa da rua. Não tinha nenhuma casa em volta. As pessoas costumavam dizer que a rua acabava na casa dos Johnson, que é uns oitocentos metros antes da mansão, mas a última casa sempre será a última da rua e nesse caso, é a mansão número vinte.

Com todas essas histórias, ninguém queria morar perto da casa, então o espaço entre a casa dos Johnson e a mansão era realmente grande.

Caminhamos pela rua deserta. Já começava a escurecer, então levei lanterna porque se a casa é abandonada, não deve ter iluminação, mas para nossa surpresa, os postes de luz da rua estavam acesos. Continuamos nosso caminho e agora já conseguia ver a mansão. Era bastante velha e estava um pouco quebrada. As janelas tinham pedaços de madeira pregados, como se fosse para prender alguém. Já vi esse tipo de coisa em filmes de terror, onde os protagonistas pregavam as portas e janelas para não serem pegos, mas isso era feito pelo lado de dentro e não pelo de fora. A casa tinha cor cinza e o terreno estava cheio de mato em volta. Josh trouxe um facão para poder cortar, pois já imaginou que estaria assim.

Paramos em frente ao portão e observamos em silêncio. Era uma típica mansão mal-assombrada de filmes de terror, mas em vez de estarmos com medo, estávamos apreensivos e ansiosos para entrar logo. Isso porque as criaturas e fantasmas não existem! Só em filme mesmo. E na cabeça desmiolada das pessoas dessa cidade, é claro.

— Tem cadeado — resmungou Will.

— É só você quebrar ele — falei revirando os olhos. — Ou será que vou ter que fazer o trabalho braçal aqui?

Will resmungou e começou a bater no cadeado com um pedaço de ferro que encontrou ao lado do portão. Bateu uma, duas, três vezes e o cadeado quebrou.

— Já estava começando a achar que ia mesmo ter que pôr a mão na massa...

— Engraçadinha! Isso deve estar enferrujado.

— O cadeado ou você?

Ele não respondeu e entrou na frente. Fui atrás e Josh veio por último. Will foi cortando o mato com o facão e eu iluminei o caminho com a lanterna. Agora estava mais escuro e precisava de um pouco de luz. Chegamos em frente à escada da varanda e paramos um ao lado do outro.

— Agora deveria ser a parte em que o fantasma começa a mexer com nosso psicológico — Josh falou debochado e olhou para os lados.

— Você é tão ridículo!

— E você é muita chata, Sofia! Entra no clima.

Suspirei e subi a escada. Assim que pisei no degrau, um barulho horrível de coisa velha me fez parar. Não quero ficar com a perna presa nessa madeira podre!

— Vai ter que ir na frente. Você é a mais leve, senão afundar com você, está tudo certo.

— Na verdade, você deveria ir na frente, Josh. Você pesa mais e se a madeira te aguentar, aguenta eu e o Will também.

Will deu uma risada debochada e olhou Josh, que fez cara feia.

— Tudo bem eu vou.

Josh pisou no mesmo degrau que pisei e depois no próximo. Em pouco tempo estava na varanda. Olhei Will e a gente seguiu Josh. Ele colocou a mão na maçaneta e girou, a porta se abriu com um barulho horroroso. Por um momento achei que ia cair de tão podre. Estava com a lanterna na mão.

Entramos um atrás do outro, com Will atrás de mim e Josh na frente. O lugar estava escuro e parecia vazio. Não achei tão velho como a parte de fora. Na verdade, parecia pintado e limpo, só não tinha móvel nenhum. Estava vazia. Trocamos olhares e entramos mais. Josh estava com a câmera. Um pouco mais à frente, tinha uma escada enorme e estava com um tapete vermelho impecável. Que coisa esquisita! Será que mora alguém aqui?

— Vamos subir ou olhar aqui embaixo primeiro?

— Melhor aqui e depois subimos, não é? — respondi à pergunta de Josh.

— Então vamos! — falou animado.

Seguimos para o lado esquerdo em silêncio. Josh gravava tudo. Ao passar por uma porta, iluminei com a lanterna. Ficamos em silêncio enquanto passava a pequena luz no local. Era uma sala de estar e estava impecável. Sofás vermelhos e novos, uma lareira aparentemente reformada, um tapete enorme com uma mesinha de centro de vidro em cima. Que diabos?

— O que é isso? — perguntei.

— Que loucura! — disse Will.

— Será que tem gente morando aqui? Ou morou aqui por agora? — perguntou Josh.

— Como? Todos dizem que a casa está abandonada — respondeu Will.

— Mas ninguém veio até aqui para dizer se era mesmo verdade o que falavam. Todos morrem de medo, esqueceu?

— Bom... Se alguém mora aqui, estamos invadindo, não acham?

Ficamos em silêncio por um momento. Quem moraria em um lugar como esse? E se reformou a casa por dentro, por que não por fora? Tem alguma coisa errada aqui...

— Vamos ver o resto? — disse Josh.

Concordamos e voltamos para o salão principal, onde tinha a escada. Passamos em frente a ela e fomos para o lado direito. Nesse cômodo estava tudo caindo aos pedaços. Era a cozinha. Os armários na parede estavam quebrados e as portas penduradas. A pia também estava quebrada e pelo jeito não tinha água ali. O chão estava sujo com algo preto e gosmento. Ninguém ousou se aproximar para saber o que era.

— Típica cozinha de casas mal-assombradas — Josh falou enquanto filmava o cômodo.

— Vamos logo! Esse lugar está fedendo! — reclamei com a mão no nariz.

Voltamos para a parte da escada e olhamos para cima. Será que os quartos estão sujos como a cozinha ou estão limpos como a sala de estar? Agora que a curiosidade era maior! Subimos um atrás do outro e seguimos o longo corredor. Tinha várias portas agora. Will se aproximou da primeira e abriu. O quarto estava bem escuro. Mirei a lanterna no local. Como a sala de estar, estava impecável. Um armário enorme, cama de casal nova, uma pequena mesinha de cabeceira e uma porta que Will abriu e era um banheiro. Também estava limpo e tinha uma enorme banheira.

— Só eu estou achando isso muito estranho? — perguntei com uma sensação esquisita no peito.

— Não vai começar a amarelar agora, né?

— Vai se ferrar, Josh!

— Vamos perder menos tempo brigando e explorar o resto logo — Will falou irritado.

Por que todos estão nervosos agora? Claro que mesmo não acreditando em fantasmas, ou demônios, ou o que quer que seja que inventaram sobre esse lugar, pensar que algum louco mora aqui me assusta. Isso porque tenho mais medo dos vivos do que dos mortos, principalmente os maldosos...

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