Capítulo 6
Arrumei o vestido no meu corpo, ou melhor estou tentando. Não sou muito fã de vestido, mas usar às vezes não mata ninguém. Aceitei sair com Dominic hoje a noite e claro será a última. Não perderei meu tempo com ele, tenho coisas a se fazer e logo voltarei para casa, esquecendo de vez que um dia conheci Dominic. Aceitei sair com ele para dar a certeza que seria uma perda de tempo ficar nos vendo.
Deixei meu cabelo solto, nada de acessório. Sair do apartamento indo para o elevador. Apertei o botão para ir ao estacionamento, pegar meu carro, sair do elevador conferindo se meu celular estava na minha bolsa.
- Kendall?
Olhei para frente.
- O que você está fazendo aqui, Dominic?
- Vim te buscar. – Dominic falou como se fosse óbvio.
- Como você sabia que eu estava aqui?
- Eu te seguir. – Deu de ombros.
Se ele queria parecer natural com esse gesto, não conseguiu. Como eu não percebi isso? Será que Dominic sabe o que faço? Ou pode alguém ter mandando ele para me matar. Uma vingança. Suspirei irritada. Como pode ser tão burra, Kendall?! Dei meia volta indo para o elevador.
Faz mais de dois anos que comecei a matar as pessoas, vamos dizer virei uma “assassina de aluguel”. Uma hora ou outra mandariam alguém para me mata caso reconhecerem meu rosto, mas eu fui burra o suficiente a ponto de me envolver diretamente com ele.
- Ei, espera! – Dominic gritou e segundos depois estava na minha frente. – Ficou brava por que te seguir? – Ergui uma sobrancelha. Para um assassino ele é muito estranho. – Olha, não pense que sou um psicopata ou algo assim. – Dominic falou rapidamente. – Notei que você não é como as outras mulheres. Claro se fosse, talvez eu não tivesse tão interessado em você, mas é que eu queria vim te buscar e depois trazer. Apenas quero passar mais tempo com você, Kendall. É sério, eu não sou assim. Tenho agido diferente desde que te conheci.
Desviei o olhar. Eu deveria ter pesquisado sobre ele antes de ter aceitado.
- Dominic... Acho que...
- Depois dessa noite, caso você não queira me ver mais... Eu não pareço mais na sua frente. – Dominic falou. – Mesmo contra minha vontade.
- Tá bom.
Dominic sorriu e pegou na minha mão me levando na direção da sua Ferrari branca. Eu tento puxar minha mão, mas ele segurou firme. Entrei no lado do carona e Dominic sentou no banco do motorista, ele ligou o carro e começamos a sair do estacionamento. Fomos o caminho em silêncio talvez ele esteja esperando eu disser algo.
- Onde estamos indo? – Perguntei.
- Cinema.
- Por que?
- Você prefere cinema do que balada. – Dominic falou sem olhar para mim.
- Como que... Ah, na lanchonete.
- Isso.
Me ajeitei no banco mesmo que Dominic esteja dirigindo. Eu queria que ele olhasse para mim pelo menos algumas vezes. Sei lá, acho que gosto dos olhos esverdeados me olhando.
- Sabe qual filme vamos ver? – Continuei puxando assunto.
– Eu não sei quais estão em cartaz, mas você pode escolher.
Concordei e desisti de puxar assunto, ele nunca olhava para mim. Seguimos o resto do caminho em silêncio, mas não demorou muito para chegarmos. Saímos da Ferrari quando Dominic parou o carro no estacionamento do shopping. Fomos para o elevador e dessa vez ele não pegou na minha mão e saiu me puxando. Fiquei na dúvida entre terror, ação, comédia e suspense.
- Tem romance. – Dominic falou comendo a pipoca.
- Já tá comendo?
- Você demora um ano para escolher o filme. – Essa foi a primeira vez que Dominic demonstrou impaciência comigo. Uma coisa tão boba o tira do sério? – Tenho que me alimentar.
- Que tal, terror?
- Você tem medo?
- Não.
- Então não, escolhe outro.
Revirei os olhos.
- Ação?
- Não.
- Suspense?
- Não.
- Você não falou que eu iria escolher? – Perguntei erguendo uma sobrancelha.
- Qual vai ser a próxima opção?
- Comédia?
- Isso! Você raramente sorri. Vamos ver um filme de Adam Sandler, Gente grande 2. – Dominic disse.
Antes que eu pudesse protestar, Dominic segurou minha mão e entramos na sala. Ele pagou a entrada, a pipoca e o refrigerante, resumindo ele pagou tudo. Isso me incomodou e me deixou confusa ao mesmo tempo. Ele ignorou e fingiu que eu não estava estressada.
Minhas vítimas querendo se achar pagavam as coisas para mim. Agora é diferente. Dominic não é meu alvo, não estou saindo com ele para depois matá-lo. O que deixa tudo mais estranho, eu nunca saí com alguém assim. Isso poderia ser considerado um encontro? Dominic disse que está interessado em mim.
Sentamos nos últimos bancos onde não tinha ninguém. Preciso dizer que rir muito? Então minha barriga chegou a doer, apoiei minha cabeça no ombro do Dominic e com a mão na barriga.
- Você está bem? – Dominic perguntou rindo.
- Minha barriga... – Respirei fundo. – Está doendo.
Dominic passou o braço pelo meu ombro e ficou com os dedos no meu cabelo.
- Parece que conseguir ver você sorrindo ou melhor dando várias risadas. – Olhei para Dominic. – Deveria sorrir mais, você ficaria mais linda.
Não respondi.
